“Sobre
os governos progressistas latino-americanos pende a ameaça golpista da
UNOAMÉRICA, uma organização supranacional militar de
ultra-direita”
Entrevista
com a jornalista argentina Stella
Calloni
Fernando
Arellano Ortiz
(Entrevistador)
Observatório
Sociopolítico Latino-Americano
Fonte: Cronicon
Virtual (em español)
Traduzido por Vera Vassouras
Stella Calloni e Fernando Arellano Ortiz |
Na
América Latina se configura uma ameaça latente de setores militares de
ultra-direita que buscam reeditar a OPERAÇÃO CONDOR contra os governos
progressistas, a mesma que nas décadas dos anos 70 e 80 e com o auspício de
Washington assolou os países do Cone Sul no sentido de realizar um trabalho
supranacional de desestabilização com os auspícios de dirigentes da espécie do
ex-presidente colombiano Álvaro Uribe Vélez, denuncia a jornalista argentina,
investigadora e ativista de direitos humanos, Stella Calloni.
Com
apoio da CIA, fundações norte-americanas, assim como do neofranquista Partido
Popular da Espanha, a ultra-direita latino-americana está empenhada em como
propiciar golpes de Estado ou criar circunstâncias de choque naqueles países da
região governados por líderes de esquerda.
O foco
está fundamentalmente dirigido contra os governos de Hugo Chávez, na Venezuela;
Rafael Correa, no Equador; Evo Morales, na Bolívia; Christina Fernández
Kirchner, na Argentina; e Daniel Ortega, na Nicarágua; ao mesmo tempo em que
lança fogos contra os presidentes Dilma Rousseff, do Brasil e José Mujica, do
Uruguai, a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL) e, claro está, contra o Foro
de São Paulo, que reúne os partidos de esquerda do hemisfério.
Calloni,
experimentada investigadora dos horrores cometidos pelas ditaduras militares da
América do Sul, autora do livro “Operação Condor, pacto criminoso” (Edições La
Jornada, México, 2001), assinala que a UNOAMÉRICA nasceu
na Colômbia em dezembro de 2008 e está integrada por militares acusados de
violação de direitos humanos e comprometidos com as ditaduras latino-americanas
que buscam reeditar o apodrecido discurso anticomunista da Guerra
Fria.
Em
consonância com a Uno-América, o ex-presidente Uribe Vélez criou recentemente
sua Fundação
Internacionalismo Democrático e uma
de suas primeiras tarefas é trabalhar pelo desprestígio dos governos de Chávez e
Correa, na Venezuela e Equador, respectivamente.
A
jornalista e escritora argentina conta que a frente da direção da Uno-América
está o golpista venezuelano Alejandro Pena Esclusa, atualmente na cadeia por ter
sido encontrado em junho de 2010 em sua residência, material explosivo e estar
vinculado com o terrorista salvadorenho Francisco Chávez Abarca, deportado pelas
autoridades de Caracas à Cuba, em julho desse ano.
Para
falar sobre os planos da ultra-direita latino-americana que é um instrumento de
Washington na região e analisar a atual conjuntura política do continente, o Observatório Sociopolítico
Latino-Americano dialogou
em Buenos Aires com Stella Calloni.
Ao
calor de um bom café no Centro Cultural de Cooperação Floreal Gorini, em plena
Avenida Corrientes, a investigadora nos fez uma conscientizada análise da
realidade latino-americana e a ingerência estadunidense.
Stella Calloni |
Calloni
é uma experimentada jornalista, escritora e poetisa. Foi correspondente de
guerra na América Central e se especializou em política internacional. Em sua
vasta obra publicada se incluem crônicas, ensaios e livros, entre outros:
“Torrijos e o Canal de Panamá” (1975); “La guerra encoberta contra Contadora”
(1993); “Nicarágua: o terceiro dia” (1986); “Panamá, pequena Hiroshima” (1992);
“Os anos do lobo: Operação Condor” (1999); “Operação Condor, pacto criminal”
(2001); “Argentina: da crise a resistência” (2002); “A invasão do Iraque, guerra
imperial e resistência” (2002); “América Latina século XXI” (2004); “Evo na
mira. CIA y DEA na Bolívia” (2009).
Atualmente
é correspondente do Cone Sul para o diário La Jornada do México e desenvolve
carreira como docente universitária. Entre as múltiplas distinções que tem
recebido, se destacam o Prêmio Latino-Americano José Martí (1986); Prêmio Madres
de Plaza de Mayo (1998); Prêmio Margarita Ponce Derechos Humanos de la Unión de
Mujeres Argentinas e Prêmio Latino-Americano de Periodismo Samuel Chavkin, da
revista Nacla Report of the Americas de Nueva York, ambos em 2001; ademais o
Premio Escuela de Comunicaciones da Universidad de la Plata, Argentina
(2002).
Em
função jornalística tem percorrido praticamente toda a América Latina, assim
como vários países da Europa e África, motivo pelo qual suas análises são feitas
a partir do contato com a realidade. É conferencista internacional sobre temas
de geopolítica latino-americana e direitos humanos.
A
INVASÃO SILENCIOSA DOS ESTADOS UNIDOS NA AMÉRICA LATINA
- Você
considera que se tem reconfigurado de uma maneira mais sutil a ingerência dos
Estados Unidos, ou segue mantendo a mesma estratégia dos finais do século XX
para dominar os povos?
-
Sim. Em todos os seus documentos de política exterior eles começaram a
considerar que deveria estar presente a Doutrina Monroe (“América para os
americanos”), o que equivale assinalar que ela segue como base de muitas coisas
que fazem, com algo muito mais grave e que agora se tem transformado em “o mundo
para os americanos”. Tudo isso, mais a reconfiguração que tem lugar depois do
atentado às Torres Gêmeas, que é um fato que não sabemos ainda quem o fez,
porque poderão dizer o que digam, porém não prova de nenhuma espécie, é como se
você me dissesse que alguém me pode dar uma prova de que a pessoa que mataram no
Paquistão era Bin Laden. Não há provas, não existem e o que diga os Estados
Unidos para mim não tem nenhuma veracidade porque tem mentido eternamente.
Depois
de se configurar essa doutrina de segurança hemisférica, também começa a nova
doutrina de guerra preventiva, de guerra sem fronteiras e sem limites,
desconhecendo as soberanias nacionais, ao mesmo tempo em que colocam em marcha
outra vertente de trabalho que é sutil: o envio de todas essas fundações que
nasceram durante o esplendor conservador de Reagan para evitar a presença direta
da CIA, sobretudo depois de 1975, quando se formou a Comissão Church no Senado
estadunidense que investigou o papel desta agência de inteligência no golpe de
Estado no Chile, motivando que se renovasse nos anos 80 a estratégia de conflitos e
de guerra de baixa intensidade que tem como base o que é a contra-insurgência
que na linguagem norte-americana é a permissão aberta para todo tipo de
ilegalidade no plano militar, político, cultural, social, econômico,
etc..
Quando
já se recicla para o período dos anos 90, se formam NED, a National Endowment for Democracy,
fundação para a democracia, porém, deveríamos perguntar que tipo de democracia;
a USAID, a agência internacional para o desenvolvimento que nunca teve esse
papel, senão que todos sabem que onde se encontre este organismo há uma
interferência direta dos Estados Unidos e a CIA está atrás. Com isto lograram a
invasão silenciosa da América Latina. Eu pude verificá-lo diretamente no próprio
terreno, na Bolívia, e observei como trabalham estas fundações que por sua vez
criam ONGS que cumprem um papel chave no que é a guerra de baixa intensidade;
quer dizer, desestabilização de governos, intromissão em lugares, trabalho com
grupos indígenas como no caso boliviano no qual têm buscado um líder indígena
para fazer figura com o propósito de substituir Evo Morales. Desafortunadamente
os governos são muito débeis na América Latina e não têm suficiente clareza no
sentido de que há de deter este intervencionismo que podem levar a situações
muito complicadas. De fato, no golpe de Estado na Venezuela estavam a NED, a
USAID e outras fundações inclusive social-democráticas da Europa que ficaram
metidas dentro do esquema internacional da CIA.
A
ULTRA-DIREITA MILITAR LATINO-AMERICANA
- E no
golpe de Estado em Honduras contra o presidente José Manuel Zelaya?
- Em
Honduras também e neste país centro-americano interveio ademais uma fundação que
se chama UNO-AMÉRICA, sobre a qual a Colômbia tem que ter muito cuidado e
colocar os olhos sobre suas atuações. Esta é uma fundação que nasceu na Colômbia
com um grupo de militares da ultra-direita e com vários dos ex-militares de
todas as ditaduras da América Latina.
- E
qual é o propósito?
- O
propósito é praticamente executar a Operação Condor levada a outro plano. Ainda
que a Operação Condor não se possa repetir como tal, naquilo que coincide, a
Uno-América pratica um trabalho supranacional para poder se mover sem nenhum
limite nos distintos países. Estes militares de ultra-direita sustentam o mesmo
pensamento da época do Plano Condor no sentido de que, assim como o Cone Sul
tinha que combater a coordenadora guerrilheira que se tinha integrado nos anos
70, agora tem que enfrentar tanto os governos de esquerda que pertencem ao Foro
de São Paulo, como a UNASUL, a qual consideram igualmente uma organização
supranacional e, portanto, eles devem atuar para evitar o comunismo, porque
falam do comunismo como se fosse a Guerra Fria. E por isso tem contratado o pior
que encontram de militares envolvidos nas ditaduras latino-americanas e realizam
um trabalho especial dentro dos grupos de segurança dos exércitos e das
polícias, reciclando o discurso anticomunista do passado. Fazem um trabalho de
escavação nas Forças Militares da região porque têm suas velhas conexões e por
isso jogaram um papel determinante no golpe de Estado em Honduras. Alejando Peña
Esclusa que hoje está detido na Venezuela e que é o presidente da Uno-América,
foi condecorado por Roberto Micheletti por sua colaboração para dar o golpe. Uno
América provêem mercenários, faz contra-insurgência para as necessidades da CIA,
move-se por toda a América latina, vários de seus integrantes estiveram na
Bolívia metidos no golpe de Estado que se quis dar em Evo Morales e, sobretudo,
na tentativa de assassiná-lo.
-
Conhecendo a máscara de um presidente colombiano como o tão questionado Álvaro
Uribe Vélez, que papel ele joga na Uno América de acordo com suas
investigações?
-Vários
daqueles militares que fazem parte da Uno América, segundo os registros que
tenho, apóiam aos grupos paramilitares na Colômbia e são muito próximos de
Uribe. Na Argentina temos a lista dos vinculados com essa fundação, a qual é
encabeçada pelo coronel do grupo de caras-pintadas, Jorge Mones Ruiz, assim como
há militares da ultra-direita boliviana, uruguaia, eles buscaram os
remanescentes das velhas ditaduras latino-americanas e se apóiam politicamente
nos grupos ultra-direitistas da região.
-
Geopoliticamente falando, nas atuais circunstâncias, quais são os aliados mais
importantes dos Estados Unidos na América Latina?
-
Geopoliticamente enquanto ocorre a invasão silenciosa, estão enviando tropas e
porta-aviões dos Estados Unidos na região que obviamente é a Colômbia com todas
suas bases militares e suas estruturas, ademais, o golpe em Honduras conservou a
base de Palmerola e as novas, como a base de Gracia de Dios que lhes permite
controlar a Nicarágua.
-
Segundo suas investigações, estas bases militares estão operando na
prática?
-Aqui
na Argentina existe o convencimento de que na Colômbia estão operando as sete
bases que no governo de Uribe Vélez foi entregue ao Comando Sul dos Estados
Unidos. Sem dúvida, a Corte Constitucional proibiu a utilização dessas
bases.
Na
realidade estão ai. É algo muito similar com o que ocorre com a base Mariscal
Estigarribia do Paraguai, ou a base de Palmerola em Honduras. Ali o que há são
pistas nas quais podem aterrizar aviões grandes como tem feito na Colômbia.
Essas bases não estão ocupadas permanentemente por soldados norte-americanos
porque eles nunca permanecem em lugares fechados. Agora, os Estados Unidos não
necessitam enviar soldados para colocar a funcionar as bases militares, senão
que as têm a sua inteira disposição. Obviamente têm tudo preparado se acaso
necessitem enviar tropas. Ou como ocorria na Bolívia, onde colocavam uma
estrutura do DEA dentro de uma base, que utilizaram quando quiseram matar Evo
Morales na época em que era deputado. Algo assim esta ocorrendo na
Colômbia.
JUAN
MANUEL SANTOS E SUA RELAÇÃO COM O MOSSAD
- Na
Colômbia também operam o Mossad (agência de segurança israelense) e o M16
(serviço de inteligência inglês). Operam também em outros países
latino-americanos?
- O
Mossad está no Paraguai, Bolívia, Venezuela e Guatemala. Na Venezuela sua
presença é muito forte e na Colômbia opera há muitos anos, inclusive antes da
chegada de seu agente Yair Klein que treinava e trazia da Jamaica armas para os
grupos paramilitares. O problema é que o Mossad hoje em dia tem mais força que a
CIA, vários de seus membros se infiltraram nas comunidades judaicas dos países
latino-americanos, porém e ademais, estão presentes no Iraque e na Líbia. Nas
tarefas e na direção de todas as mobilizações de guerra suja, o Mossad é a
chave. No caso colombiano, o presidente Santos é filho do Mossad e ele não pode
se separar de Israel. Não se pode esquecer o papel que jogou Santos no ataque a
Raúl Reyes. Recordo o sorriso de hiena de Santos quando mataram esse chefe
guerrilheiro. Eu não acredito que Santos queira a paz na Colômbia como Israel
tampouco quer, o que ele deseja unicamente é como exterminar um grupo político-
militar insurgente.
- E no
México, cuja situação social é muito explosiva?
-
Nesta ocupação geopolítica com o Plano Colômbia que é um plano de recolonização
do continente, se passou ao Plano Mérida do México. Este plano é uma cópia do
Plano Colômbia e de fato em seis anos o México caiu em uma violência atroz.
Nesse lapso temos o mesmo número de mortos que na Colômbia e a isso há de
adicionar a destruição do campo mexicano e da cultura profunda dos povos com o
Tratado de Livre Comércio que tem com os Estados Unidos e o Canadá
(ALCA).
DESINFORMAÇÃO,
ARMA DE GUERRA
-
Falemos de outro aspecto fundamental contra-insurgente aos povos que é a guerra
mediática...
- A
guerra mediática é parte do projeto contra-insurgente. A desinformação é uma
arma de guerra hoje, utiliza-se para armar um projeto de guerra como ocorreu no
Iraque com a invenção das armas de destruição em massa, ou com o que ocorreu na
Líbia, onde nunca houve um bombardeio de Kadafi contra a população civil, o qual
está totalmente provado. Para controlar o mundo, necessitam controlar a
informação.
- Você
tem denunciado o aproveitamento das máfias durante a etapa de esplendor do
neoliberalismo...
- Um
dos aspectos que temos que identificar neste período histórico é a presença
mafiosa nos governos. Os Estados Unidos estão sob o poder das máfias, sempre as
tem usado para seus jogos. Necessitam da máfia, o esquema não pode sobreviver
sem elas. Quem recebe a droga nos Estados Unidos? Onde se recebe? Resulta que
vêm matar no México, porém, por que não se dedicam a pescar do outro lado a quem
recebe a droga? Por que os aviões carregados de drogas chegavam às bases do
Comando Sul na Flórida? E não era Manuel Antonio Noriega quem a enviava, porque
ele não tinha nenhuma capacidade de operar no Comando Sul. Mentiram de uma forma
descarada na invasão do Panamá e me dei conta de tudo o que montaram porque eu
estava ali. O gênesis de todas as intervenções tem uma mentira atrás e um
aparato de desinformação, que agora resulta mais fácil porque controlam
tudo.
A
LIDERANÇA DE CHÁVEZ
-
Embora exista uma matriz de manipulação midiática, boa parte das pessoas na
América Latina já não acredita, e isso se observa em países como a Venezuela,
Equador, Bolívia, Argentina, Uruguai... Não o vê assim?
- O
que ocorre é que não entenderam que o processo neoliberal traria uma realidade
social terrível e as pessoas começaram a ter um olhar distinto. Isso ocorreu nos
países como a Venezuela com Chávez, cujo povo passou a ser pensante e
consciente.
-
Falando da Venezuela, você esteve recentemente em Caracas. Como está a liderança
de Chávez, tem possibilidade de reeleger-se em outubro de 2012?
- Sim,
sim, tem possibilidade de se reeleger, inclusive tem aumentado os índices de
popularidade e de apoio a seu governo. Vejo que há uma grande consciência das
pessoas a respeito dos alcances positivos do processo político que lidera
Chávez. As coisas e os grandes avanços que se tem feito na Venezuela não são
difundidos, porém há uma recuperação do sentido de pátria, de defesa, de
dignidade, e a enfermidade de Chávez produziu uma urgência nas bases para
solidificar a unidade e a organização.
-
Processos integracionistas que estão ocorrendo na América Latina como a Unasul e
a Celac constituem uma pedra no sapato para Washington?
-
Sim, qualquer coisa que seja unidade e integração é uma pedra no sapato. A
unidade africana e a intenção que tinha Kadafi de concretizar uma moeda comum na
África molestaram os Estados Unidos. São coisas que não podem aceitar. Agora tem
uma América Latina com uns países com modelos distintos.
A
princípio não lhe davam importância porque sempre os Estados Unidos conseguia
interferir, por exemplo, nos processos como o MERCOSUL, porém agora o assunto é
a outro preço e no caso de Chávez tem uma presença histórica porque tem sido a
cabeça para produzir uma federação distinta.
Esta
nova integração política e comercial dos países da América Latina é algo
terrível para os Estados Unidos e, sobretudo os fatos que vão produzindo
presidentes como Hugo Chávez e Evo Morales. No caso da Bolívia, Morales excluiu
a CIA e o DEA. Desde que o DEA saiu da Bolívia, e isto para os colombianos é
essencial, o país deixou de ter uma violência de pico que tinha antes, deixou de
morrer pessoas pela suposta guerra contra o narcotráfico.
A
embaixada norte-americana contava com um escritório na casa do governo junto ao
escritório do presidente da Bolívia. Quando Evo Morales subiu ao poder indagou
sobre uma porta fechada junto ao seu gabinete que conduzia aos escritórios do
DEA e da CIA. Para que nos conscientizemos até onde chegou a ingerência
norte-americana sem que os países da América Latina soubessem.
O
BLOQUEIO A CUBA, DELITO DE LESA HUMANIDAD
-
Falemos de Cuba. Hoje a revolução cubana não é nenhuma ameaça para os Estados
Unidos. Sem embargo, em pleno século XXI, como se explica que Washington siga
mantendo o bloqueio econômico à ilha? Não é acaso um delito de lesa
humanidade?
-
Claro, é um delito de lesa humanidade. Ademais, tudo o que tem produzido o
bloqueio, o que tem causado as agressões como a guerra química e biológica
contra Cuba, o número de doentes, o número de mortos pela dengue hemorrágica,
mais a invasão da Baía dos Porcos, está reconhecido pelo próprio Congresso dos
Estados Unidos. E Cuba segue sendo um exemplo de como poder resistir a noventa
milhas de império para manter uma revolução que não quer sair do socialismo. Em
contraste, os Estados Unidos ficaram nas mãos de uma máfia que eles mesmos
criaram. Uma máfia cubana que inclui senadores, representantes, governadores,
prefeitos, todos com um passado espantoso e com relações profundas com o
narcotráfico. Tentam destruir Cuba por todos os meios, tem acirrado o bloqueio,
inclusive mais forte, porém não têm podido asfixiá-la e não creio que o
consigam.
AMÉRICA
LATINA E SEU MELHOR MOMENTO HISTÓRICO
- Com
exceção de países como o México, a Colômbia e o Chile, algumas nações
centro-americanas, a América Latina está passado por um bom momento histórico.
Não acredita?
-
A América Latina está passando por seu melhor momento historicamente, antes de
tudo tem conseguido se salvar da crise econômica e mostrar diante do mundo que o
remédio que estão utilizando na Europa não serviu para nada aqui, podemos dizer
que estamos na vanguarda da resistência, com lideranças como as de Chávez e
Kirchner, Evo e Correa, que nasceram dentro do jogo eleitoral que os Estados
Unidos impunham como salvação. Quantas tropas vão necessitar para poder
controlar o mundo? O certo é que os Estados Unidos estão no caminho da ruína. E
em relação à América Latina há que dizer que nossos governos não podem mostrar
nem o mínimo de debilidade, porque qualquer rachadura de debilidade é motivo
para que se intrometa esse poder imperial, temos tudo para evitá-lo e uma mostra
disso é no que aconteceu com a OEA que já não tem voz, está falando como um
afônico porque a Unasul a substituiu e isso ainda não é um aparato
sólido.
Muy poco se habla del Opus Dei una organización infiltrada en la vida ideológica, los organismo de seguridad militar y del estado y la economía.
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