31/3/2014, [*] Paul Craig Roberts, Couterpunch
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Barack Obama - The Warlord ( Barack Obama - O Senhor da Guerra |
Será que
Obama dá-se conta de que está arrastando os EUA e seus estados-fantoches rumo à
guerra com Rússia e China? Ou estará sendo manipulado nessa rota de desastre
pelos seus funcionários e redatores de discursos neoconservadores? A Iª Guerra
Mundial (e também a IIª Guerra Mundial) foi resultado das ambições e erros de
um número bem pequeno de pessoas. Só havia um Chefe de Estado realmente envolvido:
o presidente da França.
Em The
Genesis of the World War, Harry Elmer Barnes mostra que a Iª Guerra
Mundial foi obra de quatro ou cinco pessoas. Três se destacam: Raymond
Poincaré, Presidente da França; Sergei Sazonov, Ministro de Relações Exteriores
da Rússia; e Alexander Izvolski, Embaixador da Rússia na França. Poincaré queria
arrancar da Alemanha a Alsácia-Lorena; e os russos queriam Istambul e o
Estreito do Bósforo, que conecta o Mar Negro ao Mediterrâneo. Logo perceberam
que suas ambições exigiam uma grande guerra europeia e trabalharam até
conseguir sua desejada guerra.
Formou-se
uma aliança franco-russa. Essa aliança foi o veículo para obter a guerra. O
governo britânico, graças à incompetência ou à estupidez, o que fosse, de seu Ministro
de Relações Exteriores, Sir Edward Grey, foi empurrado para a Aliança
franco-russa. A guerra foi iniciada pela mobilização da Rússia. O kaiser
alemão, Guilherme II, levou a culpa pela guerra, apesar de ter feito todo o
possível para evitá-la.
O livro de
Barnes foi publicado em 1926. Sua recompensa por denunciar e confrontar com a
verdade todos os corruptos historiadores da corte foi ser acusado de ter
recebido dinheiro dos alemães para escrever o que escrevera. 86 anos depois, o
historiador Christopher Clark, em seu livro Sleepwalkers, [1] chega, essencialmente, à mesmíssima
conclusão que Barnes.
Na história
que me ensinaram, a guerra foi culpa da Alemanha, por ter desafiado a
supremacia naval britânica (porque construíra navios de guerra “demais”). Os
historiadores de corte que nos contaram essa fábula ajudaram a empurrar o mundo
para a IIª Guerra Mundial.
E agora
estamos outra vez na trilha rumo a mais uma guerra mundial. Há cem anos, uma
guerra mundial teve de ser inventada com muitos cuidados, para que não se
vissem imediatamente todos os interessados nela. A Alemanha teve de ser
apanhada de surpresa. Os britânicos tiveram de ser manipulados e, claro, o
povo, em todos esses países, teve de ser intoxicado com muita propaganda e
incansável lavagem cerebral.
Hoje, se
anda em direção à guerra desavergonhadamente à vista de quem queira ver. As
mentiras são descaradas, os mentirosos são ainda mais descarados, e todo o
ocidente está participando ativamente: tanto os estados quando as
empresas-imprensa.
Stephen Harper - MENTIROSO |
O
Primeiro-Ministro do Canadá, fantoche dos EUA, Stephen Harper, mentiu
descaradamente pela televisão canadense que o presidente Putin da
Rússia invadira a Crimeia, ameaçara a Ucrânia e estaria agora reiniciando a
Guerra Fria. O jornalista entrevistador lá estava e lá ficou, acenando com a
cabeça, para que não restasse nenhuma dúvida sobre o quanto concordava
integralmente com todas aquelas mentiras enunciadas desavergonhadamente à
frente das câmeras.
O roteiro
que Washington entregou ao seu servo canadense foi entregue também a todos os
serviçais de Washington e por todos os cantos no ocidente a mensagem é
idêntica. “Putin invadiu e anexou a Crimeia, Putin só pensa em reconstruir o
Império Soviético, temos de deter Putin”.
Ouço muitos
canadenses ultrajados, porque o governo que elegeram representa Washington e
não representa os canadenses, mas por pior que Harper seja, Obama e a rede Fox”News”
são piores que ele.
Dia 26/3/2014,
contra minha vontade, assisti a um fragmento das “notícias” distribuídas pela
rede Fox. O órgão de propaganda de Murdoch “noticiava” que Putin reiniciara a
prática soviética de exercícios físicos obrigatórios. A rede Fox de “notícias”
converteu a matéria em gesto ameaçador e perigosíssimo contra o ocidente. A
rede Fox inventou até um “especialista”, cujo nome, se ouvi bem, é alguma coisa
parecida com “Eric Steckelbeck”. O “especialista” disse que Putin estava criando “a
juventude de Hitler”, de olho na reconstrução do império soviético.
A mentira
extraordinariamente descarada de que a Rússia teria enviado um exército à
Ucrânia e anexado a Crimeia é agora aceita como fato em todo o ocidente, até
entre gente que critica a política dos EUA para a Rússia.
Obama, cujo
governo dos EUA derrubou governo democraticamente eleito na Ucrânia e nomeou um
governo de doidos que ameaçou as províncias russas da Ucrânia, mente cada vez
que acusa Putin de “invadir e anexar” a Crimeia.
Obama, ou
os que mandam nele e o programam, estão confiando na total ignorância histórica
dos povos ocidentais. A ignorância e a credulidade mal informada dos povos
ocidentais permitem que neoconservadores norte-americanos modelem a seu gosto
as “notícias” que controlam as mentes e enchem as cabeças.
Obama
declarou recentemente que a destruição que Washington levou ao Iraque – mais de
um milhão de mortos, quatro milhões de desalojados, infraestrutura em ruínas,
violência sectária explodindo, o país em total ruína – não chegaria nem perto
da desgraça que seria a Rússia ter aceito a autodeterminação dos crimeanos. O Secretário
de Estado dos EUA John Kerry chegou a ordenar (?!) a Putin que impedisse o
referendo e não deixasse que os crimeanos exercessem a própria
autodeterminação.
O discurso
de Obama dia 26 de março no Palácio das Belas Artes em Bruxelas é evento
surreal. Está muito além da hipocrisia. Obama diz que os ideais ocidentais são
desrespeitados pela autodeterminação na Crimeia. A Rússia, diz Obama, tem de
ser punida pelo ocidente, por ter permitido que os crimeanos exercessem seu
direito à autodeterminação. A volta de uma província russa, por decisão de seu
próprio povo, à Federação à qual viveu integrada por 200 anos, é apresentada
por Obama como ato ditatorial, antidemocrático, de tirania. É ouvir e não
acreditar nos próprios ouvidos.
Barack Obama no Palais de Beaux Arts (BOZAR) em Bruxelas (26/3/2014) |
Lá estava
Obama, cujo governo acabava de derrubar o governo eleito e democrático da
Ucrânia e de substituí-lo por doidos selecionados por Washington, a falar do
ideal de que “as pessoas, nas nações, podem tomar suas próprias decisões sobre
o próprio futuro”. Isso, precisamente, foi o que fez a Crimeia. Contra isso,
precisamente, os EUA promoveram o golpe em Kiev. Na mente distorcida de Obama,
autodeterminação é aceitar governos impostos por Washington.
Lá estava
Obama, que reduziu a farrapos a Constituição dos EUA, falando de “direitos
individuais e estado de direito”. Onde está esse estado de direito? Não em
Kiev, com certeza, onde governo eleito foi derrubado pela força. Não nos EUA,
tampouco, onde o Executivo desperdiçou completamente o recém nascido século XXI,
impondo um governo que não conhece a lei e se vê como se vivesse acima da lei. Habeas
corpus, o devido processo legal, o direito a julgamento público, a
determinação da culpa sempre por jurados independentes e antes, claro, de o
suspeito ser preso ou executado, e o direito à privacidade, todos esses
direitos foram atropelados pelos governos Bush/Obama. A tortura agride tanto a
lei internacional quanto agride a lei nos EUA; pois Washington implantou
centros de tortura por todo o planeta.
Como é
possível que o representante dos criminosos de guerra dos EUA fale a público
europeu, pregue respeito ao “estado de direito”, “direitos individuais”,
“dignidade humana”, “autodeterminação”, “liberdade”... sem que os presentes
explodam em gargalhadas?
Washington
é o governo que invadiu e destruiu o Afeganistão e o Iraque, à base de
mentiras. Washington é o governo que financiou e organizou a derrubada dos
governos da Líbia e de Honduras e que está hoje tentando fazer a mesma coisa na
Síria e na Venezuela. Washington é o governo que mata com aviões e com drones
populações inteiras nos estados soberanos do Paquistão e do Iêmen.
Washington
é o governo que mantém soldados por toda a África. Washington é o governo que
cercou Rússia e China com bases militares. E são essas gangues de criminosos de
guerra em Washington que, agora, dizem que defendem ideais internacionais
contra a Rússia.
Ninguém
aplaudiu o discurso ensandecido e sem sentido de Obama. Mas a evidência que a
Europa aceite sem protestar tais e tantas mentiras, de mentiroso conhecido,
indica que cresce o impulso em direção à guerra, a favor da qual Washington
tanto trabalha.
Obama quer
mais tropas da OTAN estacionadas na Europa Oriental para “conter a Rússia”.
Obama disse que reforçar a presença militar nas fronteiras da Rússia daria
segurança à Polônia e aos estados do Báltico de que, como membros da OTAN,
estariam protegidos contra agressão da Rússia. Essa absoluta sandice foi dita
por Obama, embora ninguém tema que a Rússia venha a invadir a Polônia ou os
países do Báltico.
Obama não
diz é que efeito a presença aumentada de EUA/OTAN e infindáveis jogos de guerra
na fronteira russa terão sobre a Rússia. Será que o governo russo concluirá que
a Rússia está na iminência de ser atacada e atacará primeiro? Postura
temerária, descuidosa, irresponsável, como a de Obama, é ingrediente sempre
presente quando começam todas as guerras.
Ao dizer
que “a liberdade não é grátis”, Obama pressiona a Europa Oriental para que
ponha mais dinheiro para construir-se militarmente para confrontar a Rússia.
A posição
do governo dos EUA e de seus estados fantoches (Europa Ocidental e Oriental, a
Grã-Bretanha, o Canadá, a Austrália, a Nova Zelândia, a Geórgia, o Japão) e
outros aliados comprados com sacos cheios de dinheiro é a de que a violação,
pelos EUA, da lei internacional – tortura, invasão de estados soberanos, por
invasores acobertados por mentiras, golpes e mais golpes mais derrubar governos
eleitos democraticamente que não se curvem aos EUA – nada é senão “o país
indispensável e excepcional”, levando “liberdade e democracia ao mundo”. Mas a
Rússia, ao aceitar a autodeterminação do povo crimeano, que livremente opta por
se ligar à Federação Russa, seria “violar a lei internacional”.
Mas e que
lei internacional os EUA e seus fantoches ainda não violaram?!
Barack Obama - Mentiroso patológico |
Obama, cujo
governo nos últimos poucos anos violentou o Afeganistão, o Iraque, a Síria, a
Líbia, o Paquistão, o Iêmen, a Somália, o Líbano, o Irã, Honduras, Equador,
Bolívia e Venezuela e que agora tenta violentar a Rússia, foi a Europa para
dizer, lá, que “grandes nações não podem violentar nações menores”. E o que
Obama e seus escrevinhadores de discursos pensam que os EUA fizeram sem parar,
até hoje, todos os dias do século XXI?
Quem, algum
dia, seja onde for, poderia acreditar que Obama, cujo governo é responsável por
mortes de inocentes todos os dias, no Afeganistão, no Iraque, no Paquistão, no
Iêmen, na Líbia e na Síria, dê alguma importância a alguma democracia na
Ucrânia?!
Obama
derrubou o governo ucraniano para conseguir meter o país na OTAN, expulsar a
Rússia de sua base naval no Mar Negro e pôr bases de mísseis dos EUA junto às
fronteiras da Rússia. Agora, Obama está furioso, porque seu plano não saiu como
o previsto. E joga sua ira e sua frustração contra a Rússia.
Com o
delírio que toma conta dos EUA, de que o país representaria o idealismo contra
a agressão russa – delírio estimulado pela imprensa-empresa, a mídia presstituta
– a votação na Assembleia Geral da ONU, do colar de estados fantoches, o
autismo mais autorreferente, mais arrogante infla os peitos em Washington.
Com a
crescente arrogância, crescem os clamores para punir a Rússia, demoniza-se cada
dia mais a Rússia e Putin, mais mentiras ecoam pela mídia presstituta na
voz dos palhaços de sempre. A violência ucraniana contra residentes russos
provavelmente crescerá, com a propaganda anti-Rússia. Putin pode ser forçado a
enviar tropas russas para defender russos.
Assim como
Obama traveste sua agressão contra a Rússia como idealismo que resiste a
ambições territoriais do “inimigo”, assim também os ingleses, franceses e norte-americanos
apresentaram sua “vitória” na Iª Guerra Mundial, como o triunfo do idealismo
contra o imperialismo e as ambições territoriais de alemães e austríacos.
Mas, na
Conferência de Versailles, os bolcheviques (o governo do czar não conseguiu
ganhar o Estreito e, em vez disso, perdeu o país para Lênin),
(...), revelaram a existência dos notórios
“Tratados Secretos” que constituíam o mais sórdido programa de saque
territorial que jamais se viu na história da diplomacia. Viu-se que o
verdadeiro motivo da Entente na
Grande Guerra foi a tomada de Constantinopla (Istambul) e dos Estreitos, pela Rússia;
não só a volta da Alsácia-Lorena para a França, mas a militarização de toda a
margem ocidental do Reno, que implicou a tomada de um território historicamente
muito mais, e há muito mais tempo, conectado com a Alemanha, do que a Alsácia-Lorena
jamais fora conectada com a França; a Itália foi recompensada por ter entrado
na guerra, com vastos territórios roubados à Áustria e aos iugoslavos; e
sequestraram-se as posses do império alemão, e roubaram a marinha mercante
alemã, e a marinha de guerra alemã foi destruída, no interesse do poder
crescente do Império Britânico. (Barnes, pp. 691-692).
A parte que
coube aos norte-americanos desse butim foram os investimentos alemães e austríacos
congelados nos EUA.
Os
objetivos secretos de britânicos, russos e franceses naquela guerra foram
ocultados da opinião pública, que foi tornada cega e surda por propaganda a
favor de uma guerra cujos resultados foram absolutamente diferentes das
intenções dos que causaram a guerra. Parece que ninguém consegue aprender com a
história.
Hoje,
estamos assistindo ao mundo ser outra vez arrastado para a guerra, por mentiras
e propaganda, dessa vez em nome da hegemonia mundial dos EUA.
_____________
Nota dos
tradutores
[1]
Orig. “The
Sleepwalkers: How Europe Went to War in 1914” e tradução para o
espanhol em: “Sonámbulos:
cómo Europa fue a la guerra em 1914”. Pode-se ler ainda uma
resenha (em espanhol) do livro escrita por Alejandro San Francisco para
o El Imparcial.
___________________
[*] Paul Craig Roberts (nascido
em 03 de abril de 1939) é um economista norte-americano, colunista do Creators
Syndicate. Serviu como secretário-assistente do Tesouro na administração
Reagan e foi destacado como um co-fundador da Reaganomics. Ex-editor e colunista
do Wall Street Journal, Business Week e Scripps Howard News
Service. Testemunhou perante comissões do Congresso em 30 ocasiões em
questões de política econômica. Durante o século XXI, Roberts tem
frequentemente publicado em Counterpunch, escrevendo extensamente sobre
os efeitos das administrações Bush (e mais tarde Obama) relacionadas com a
guerra contra o terror, que ele diz ter destruído a proteção das liberdades
civis dos americanos da Constituição dos EUA, tais como habeas corpus e
o devido processo legal. Tem tomado posições diferentes de ex-aliados
republicanos, opondo-se à guerra contra as drogas e a guerra contra o terror, e
criticando as políticas e ações de Israel contra os palestinos. Roberts é um
graduado do Instituto de Tecnologia da Geórgia e tem Ph.D. da Universidade de
Virginia, com pós-graduação na Universidade da Califórnia, Berkeley e na
Faculdade de Merton, Oxford University.
Castor, sei que é completamente "off-topic" mas, essa eu não aguentei.
ResponderExcluirLi no "Business Insider" que a NASA cortou relações com a Rússia (menos no que interessa a ela como sempre).
"Memorando interno da NASA que explica o cessar de comunicação com a Rússia:
Caros colegas,
Dada violação contínua da Rússia da soberania da Ucrânia e da integridade territorial, até nova ordem, o governo dos EUA determinou que todos os contatos da NASA com representantes do Governo russo estão suspensos, a menos que a atividade tenha sido especificamente exceção. Esta suspensão inclui viagem NASA para a Rússia e as visitas de representantes do governo russo para instalações da NASA, reuniões bilaterais, e-mail e teleconferências ou videoconferências. No presente momento, apenas as atividades da Estação Espacial Internacional operacionais foram exceção. Além disso, as reuniões multilaterais realizadas fora da Rússia, que podem incluir a participação da Rússia não está excluída em virtude da presente orientação. Se desejar, o nosso escritório irá ajudar na comunicação com entidades russas em relação a esta suspensão das atividades. Questões específicas relativas à implementação desta orientação pode ser direcionado para a Sra. Meredith McKay, 202.358.1240 ou meredith.mckay @ nasa.gov, em nosso escritório."
Putin poderia fazer duas coisas que seriam hilárias:
1- Tomar posse da Estação Espacial visto que há mais astronautas russos que norte-americanos (que façam uma votação como na Criméia) e, mandar os norte americanos descerem de para-quedas ou;
2- Trazer de volta as naves Soyuz que estão acopladas na Estação Espacial (deixando os astronautas norte-americanos lá, eles que se virem para buscar seu pessoal)
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk!
Atenciosamente.
Alexandre.