domingo, 31 de agosto de 2014

“Pivô” de Washington bate num muro de tijolos − “Derrota catastrófica” de Obama na Ucrânia

29-31/8/2014, [*] Mike WhitneyCounterpunch − Weekend Ediction
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Barack Obama empurrou a Ucrânia para a beira de um colapso político, econômico e social. Agora quer culpar a Rússia pelo dano que causou. É absurdo. Moscou não é de modo algum responsável por a Ucrânia estar no rumo da anarquia. É Washington. Washington já fez o mesmo no Iraque, no Afeganistão, na Líbia e agora faz na Síria, sempre Washington. Quem queira o culpado, culpe Obama.

Estamos no momento assistindo a um evento histórico e épico. O exército ucraniano regular e os batalhões punitivos estão sofrendo derrota catastrófica no sul de Donetsk (...). Ainda não se sabe com clareza como a Junta planeja evitar derrota total por aqui. (...) Ao desperdiçar as brigadas mais capazes, em termos de capacidades de combate, em operações sistemáticas de ofensiva, a Junta sofreu perdas enormes e, ao mesmo tempo, sofreu derrota puramente militar acachapante. O front sul colapsou. The Southern Front Catastrophe – 27/8/2014, Colonel Cassad Military Briefing, Novorossiya, Ucrânia

As notícias que chegam da Novorússia são incríveis (...) fontes noticiam que as forças da Novorússia já contornaram Mariupol vindas do norte e entraram na região de Zaporozhie!  News from the Front, The Vineyard of the Saker


Entreouvido na Vila Vudu: Obama não é mais aquele. Olhassó a cara dele, sô! Comé? Pensou que tuuudo o que fez de mal ao mundo lhe sairia de grátis?! Impressionante. Dá dó. /o\ /o\

Barack Obama empurrou a Ucrânia para a beira de um colapso político, econômico e social. Agora quer culpar a Rússia pelo dano que causou. É absurdo. Moscou não é de modo algum responsável por a Ucrânia estar no rumo da anarquia. É Washington. Washington já fez o mesmo no Iraque, no Afeganistão, na Líbia e agora faz na Síria, sempre Washington. Quem queira o culpado, culpe Obama.

A desgraça da Ucrânia começou quando o Departamento de Estado dos EUA derrubou o presidente eleito em fevereiro e substituiu-o por um pateta servil, que obedecia o que Washington mandasse. O novo governo da “junta” imediatamente iniciou guerra total contra os ucranianos falantes de russo no leste, o que dividiu a população civil e levou o país à ruína. O plano para “pacificar” o leste do país foi concebido em Washington, não em Kiev, não, com certeza, em Moscou.

Moscou pediu repetidas vezes o fim da violência e o reinício de negociações, mas cada pedido foi descartado pelo fantoche de Obama em Kiev, o que levou, sempre, a novas rodadas de hostilidades. Washington não quer paz. Washington quer a mesma solução que impôs no Iraque, Afeganistão, Líbia e Síria, quer dizer: um estado caótico falido, no qual animosidades étnicas e sectárias são mantidas em ponto de ebulição, de modo que seja possível fazer avançar sem resistência a implantação de bases norte-americanas operacionais, para que os países possam sem sangrados, seus recursos extraídos à vontade, e mais uma nação formalmente independente possa ser reduzida a “estado permanente de dependência colonial” (Chomsky). Esse é o plano de jogo básico, onde quer que Washington ponha a mão. Vale também para a Ucrânia. A única opção que resta às pessoas é armarem-se e resistir. Foi o que fizeram.

Donetsk e Lugansk formaram milícias e devolveram a guerra aos inimigos. Enfrentaram o exército-por-procuração de Obama em combate e fizeram dele picadinho. Por isso Obama mandou seus propagandistas inventarem uma “invasão russa”. O governo precisa distrair as massas, porque as forças da Novorússia (também chamadas “separatistas pró-Rússia”) estão aplicando surra gigante nas legiões obamistas. Eis por que Washington e Kiev estão em modo de pânico total, porque não era para acontecer o que está acontecendo. Obama imaginou que o exército esmagaria a insurreição, atropelaria a resistência e o levaria um passo mais perto de conseguir implantar bases da OTAN e mísseis de defesa no flanco ocidental da Rússia.

Pois e não é que... Adivinhem! Nada está acontecendo desse modo e provavelmente nunca acontecerá desse modo. Os combatentes pró Novorússia são gente dura demais, esperta demais, motivada demais para deixar-se assustar pelos soldados frouxos de Obama (assistam, para conhecer o comando da Novorrússia, a essa entrevista de 15 minutos. Vocês verão por que os rebeldes estão vencendo [do blog Vineyard of the Saker traduzido na redecastorphoto]).

Mapa da "oblast" de Donetsk no Donbass
Putin não mandou tanques nem artilharia para a Ucrânia. Não precisa mandar. As milícias são constituídas de veteranos que sabem combater e combatem muito bem. Perguntem a Poroshenko, cujo exército já entendeu, ao longo das semanas recentes. Leiam o que Itar-Tass noticiava anteontem, 5ª-feira (28/8/2014):

Entre 16-23/8, os insurgentes capturaram 14 T-64s (carros), 25 VCI (Veículos de Combate de Infantaria), 18 VTT (Veículos de Transporte de Tropas), um sistema “Uragan” de lançamento simultâneo de foguetes, 2C1 “Gvozdika”, 14 howitzers D-30, 4 morteiros de 82-mm, um sistema de defesa aérea 23-mm ZU-23-2 e 33 veículos.

Estão vendo o quadro? O exército ucraniano está sendo batido como massa de bolo, o que implica dizer que a gloriosa “estratégia de pivô” de Obama deu de cara contra um muro de tijolos.

Resumo da história: a Rússia não invadiu a Ucrânia. Os propagandistas na imprensa-empresa só estão tentando ocultar o fato de que as Forças Armadas da Novorússia (FAN), que os “jornalistas” insistem em chamar de “separatistas pró-Rússia”, estão chutando traseiros, por lá, a valer. Isso é o que está realmente acontecendo. Por isso Obama e sua gangue de gângsteres neoconservadores estão em fúria. Porque não sabem o que fazer na sequência; então, voltaram à posição-padrão em todos os casos: mentir, mentir, mentir sem parar, até que consigam inventar algum plano.

Naturalmente, vão culpar Putin pela confusão em que se meteram. O que mais poderiam fazer?

Encontraram pela frente exército muito superior. OK. Como é que explicam “lá em casa”? Observem o que escreve Michael Gordon, principal ficcionista a serviço do “jornalismo” doThe New York Times (homem que, não surpreendentemente, assinou colunas ditas “jornalísticas” com a infame Judy Miller, que empurraram os EUA para a guerra do Iraque):

Michael Gordon
Determinada a proteger a revolta pró-Rússia no leste da Ucrânia, Rússia ampliou o que funcionários ocidentais e ucranianos descreveram como invasão invisível na 4ª-feira (27/8/2014), enviando tropas blindadas através da fronteira, expandindo o conflito para nova seção do território ucraniano.

A mais recente incursão, que segundo militares ucranianos incluía cinco veículos blindados para transporte de pessoa, foi no mínimo o terceiro movimento de tropas e de armas da Rússia que cruzaram a parte sudeste da fronteira essa semana, comprometendo assim os ganhos que as forças ucranianas vinham obtendo na ação de enfraquecer os insurgentes em seus redutos de Donetsk e Lugansk bem mais ao norte. Evidência de que está acontecendo alguma coisa ali foi a retirada em pânico de soldados ucranianos na 3ª-feira (26/8/2014), ante um exército que, segundo eles, avançava da fronteira russa(Ukraine Reports Russian Invasion on a New FrontThe New York Times)

“Invasão invisível”? É simples: Gordon já inventou um substituto para as Armas de Destruição em Massa. Grande novidade!

Não é sequer boa ficção: está mais para Contos de Fadas de Grimm. Provas? Fotos? Se há imagens, publique, Gordon, queremos ver. Mas, por favor, cuide para fazer melhor do que da outra vez, com as fotos falsificadas que vc publicou, de soldados russos que estariam “operando” na Ucrânia. Mais mentiras, não é? (Ver Another NYT-Michael Gordon Special?, Robert Parry, Consortium News).

John "Mentiroso Patológico" Kerry
Ou, então feito o caso do avião malaio. Lembram como Kerry acorreu a mostrar a cara em cinco programas de TV já logo no dia seguinte, para fazer as mais espúrias acusações sobre mísseis terra−ar e comboios fantasmas russos, sem um fiapo de prova? E depois, já logo no dia seguinte, especialistas militares russos sérios, falando com calma e precisão, mostraram impressionante coleção de provas muito fortes, de dados de radar e satélites, que esclareciam que, sim, um jato de combate ucraniano foi fotografado bem próximo ao MH17, momentos antes de o avião ser derrubado. (E a BBC entrevistou testemunhas oculares que viram o jato ucraniano SU 25 ao lado do avião de passageiros.) Por tudo isso, em quem você acredita: em Kerry ou nos fatos?

E, dessa vez, vai acreditar em quem? Em Gordie do NYT ou no monitor Andrey Kelin da Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), que disse ontem:

Já dissemos que não há registro de nenhum tipo de envolvimento dos russos, nem há soldados ou equipamentos por aqui.

Acusações sobre comboios de carros blindados de transporte de tropas foram ouvidas semana passada e na semana anterior. Todas essas acusações comprovaram-se falsas naquele momento e novamente se comprovaram falsas agora. (RT)

Andrey Kelin
Repitam: “nenhum tipo de envolvimento dos russos”. “Todas essas acusações comprovaram-se falsas”. “Falsas” significa: falsas, falsificadas, mentirosas, inventadas, propaganda, conversa fiada, mentira – precisamente a área de especialização “jornalística” de Gordon do NYT.

Qualquer pessoa que esteja acompanhando o conflito sabe que a Junta apoiada por Washington em Kiev fez guerra contra o próprio povo no leste; e que bombardearam hospitais, escolas, bibliotecas, residências, prédios públicos, bairros residenciais, etc., tudo isso para arrastar Putin para uma guerra que sabotaria a integração econômica entre União Europeia e Moscou e promoveria “interesses” dos EUA na área. É tudo, geopolítica. Lembram-se do pivô para a Ásia? Em tempo real, significa bombardeio contra civis na Ucrânia. Montanhas de cadáveres, para que os rapazes do big Money em Washington consigam continuar com as garras fincadas no poder global por mais um, dois séculos.

OK, OK, podem depor o cachimbo do crack, porque as coisas não saíram bem como o delírio de vocês, principalmente porque um grupo de ex-militares escolados no leste da Ucrânia organizaram eles mesmos suas milícias efetivas e letais, que em pouco tempo puseram em fuga os golpistas. Se você acompanha os eventos em blogs que veiculam informação real, dia a dia, você sabe que o que aqui escrevo é a mais pura verdade. As gangues desorganizadas e desmoralizadas que alguns ainda chamam de Exército Ucraniano foram postas em fuga, em praticamente todos os encontros que tiveram com as milícias novorussas. Eis o que escreveu o blogueiro de Moon of Alabama, na 5ª-feira, 28/8/2014:

Petro Poroshenko
O moral deles está péssima, o equipamento é velho, a munição é pouca e todo o objetivo da campanha deles é duvidoso. Agora, qualquer ameaça de resistência e contra-ataque já os põe em correria.

Poderia acrescentar à litania o fato de que são governados pelo mais perfeito idiota que algum dia foi presidente de alguma coisa, Petro Poroshenko, bufão obeso que pensa que é um Heinz Guderian distribuindo suas divisões Panzers pelas florestas de Ardennes rumo a Paris. Que piada!

O Times até admite que o exército ucraniano está com o moral baixíssimo. Observem:

Alguns soldados ucranianos parecem desinteressados da luta. O comandante dessa unidade, parte da 9ª Brigada de Vinnytsia, no oeste da Ucrânia, berrou o mais que pôde para os seus soldados, sem conseguir que ninguém se movesse. “Certo”, disse ele. “Os que se recusam a lutar sentem-se desse lado, separados dos demais”. 11 homens mudaram de lugar, e os demais voltaram à cidade.

Há soldados em plena debandada: um ônibus urbano lotado deles foi visto na estrada em direção oeste, com cortinas vermelhas baixadas sobre as janelas com vidros quebrados por tiros (New York Times).

Alguém algum dia ouviu falar de comandante que pergunta quem quer combater e quem não quer? É ridículo. Esse é exército derrotado, e qualquer um vê. Não é difícil compreender o estado de espírito do recrutado mediano. A maioria dos rapazes recrutados não tem nem vontade nem estômago para matar seus próprios conterrâneos. Só quer que a guerra acabe, para poder voltar para casa. Por isso são tão facilmente derrotados: porque o coração deles não está nessa luta.

Por sua vez, os agricultores, donos de lojas e os mineiros que constituem as milícias de defesa do Donbass, esses, sim, estão altamente motivados. Para eles, a coisa não é só geopolítica. Muitos desses homens viveram toda a vida nessas cidades. E agora veem vizinhos assassinados nas ruas ou retiram cadáveres de amigos, conhecidos e parentes, dos escombros de prédios bombardeados. Para eles, a guerra é real. E é pessoal. Estão defendendo a cidade deles, a família deles, o modo como sempre viveram ali. Dessa matéria prima se faz a coragem e a decisão de não ceder. (...)

Sergey Lavrov
Eis como o ministro Sergei Lavrov, de Relações Exteriores da Rússia, respondeu aos boatos de que teria havido “invasão russa”:

Não é a primeira vez que ouvimos esse opinionismo desenfreado, e, até agora, não se viu jamais fato algum, ninguém apresentou qualquer fato, qualquer prova de coisa alguma (...).

Houve quem falasse de imagens de satélite que mostrariam movimentação de tropas russas. Foi-se ver, eram imagens de videogames. Novas acusações que apareceram foram desse mesmo tipo, dessa qualidade.

Reagiremos, persistindo em nosso esforço para reduzir o derramamento de sangue e apoiar negociações sobre o futuro da Ucrânia, com participação de todas as regiões e todas as forças políticas da Ucrânia, termos que já haviam ficado acertados em abril, em Genebra, mas que estão agora sendo deliberadamente desrespeitados por nossos parceiros ocidentais.

Aí está, portanto; não há qualquer invasão russa, assim como não havia Armas de Destruição em Massa, nem laboratórios móveis no Iraque, nem “tubos de alumínio”, nem gás Sarin na Síria, etc., etc., etc. Só papo-merda, distribuído por empresas-imprensa de uma “mídia” servil que só faz promover a agenda de um establishment político-industrial fazedor-de-guerras que deseja ver escalar a qualquer custo, a conflagração no leste da Ucrânia. Mesmo que leve a uma terceira guerra mundial.
__________________

[*] Mike Whitney é um escritor e jornalista norte-americano que dirige sua própria empresa de paisagismo em Snohomish (área de Seattle), WA, EUA. Trabalha regulamente como articulista free lance nos últimos 7 anos. Em 2006 recebeu o premio Project Censored por uma reportagem investigativa sobre a Operation FALCON, um massiva, silenciosa e criminosa operação articulada pela administração Bush (filho) que visava concentrar mais poder na presidência dos EUA. Escreve regularmente em Counterpunch e vários outros sites. É co-autor do livro Hopeless: Barack Obama and the Politics of Illusion (AK Press) o qual também está disponível em Kindle edition.
Recebe e-mails por: fergiewhitney@msn.com.

Ucrânia : pôr a política no posto de comando

29/8/2014, [*] Jacques Sapir, Russeurope  (fr., ing., esp., ru.)
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Bandeira rebelde do Donbass 
É mais que hora de a política reassumir seus espaços na crise ucraniana. Mas isso implica, em primeiro lutar, que se conclua rapidamente um cessar-fogo entre os governos de Kiev e os insurgentes. Todas as energias deveriam estar empenhadas nessa direção. Mas não é o que se vê; a histeria anti-Rússia está ativada em todos os veículos de toda a imprensa-empresa.

É preciso lembrar aqui vários pontos que parecem estar sendo sistematicamente esquecidos nos comentários que se leem/ouvem sobre a situação na Ucrânia.

(1) O governo de Kiev empregou força desproporcional, que levou a morte de civis e vasta destruição nas cidades ocupadas pelos insurgentes. Foram muito numerosos os bombardeios que não discriminavam entre alvos militares e civis. Pode-se mesmo suspeitar que os chefes militares das forças de Kiev quiseram deliberadamente punir as populações e visaram a alcançar efeito de limpeza étnica, provocando o êxodo de populações russófonas. Tudo isso configura “crimes de guerra”. Chama a atenção que até a bem pouco tempo, de fato até sábado, 23 de agosto de 2014, não se leu/viu/assistiu a qualquer matéria sobre esses morticínios nas “grandes” cadeias de TV.

A imprensa-empresa francesa como de hábito – e tanto se orgulha disso –, sempre pronta a emocionar-se ante mortes e martírios e execuções, manteve-se, nesse caso, estranhamente silenciosa. Talvez porque as vítimas fossem “etnicamente” russos – como dizem? Acreditar que a Rússia, fosse o Estado ou a população russa, se desinteressaria da sorte de suas próprias populações foi ilusão e, pior, erro profundo.

De fato, crer que a Rússia poderia adotar atitude de estrita neutralidade ante esses eventos jamais teve qualquer fundamento. Até os dias mais recentes, a Rússia tomou uma posição de não beligerância. A presença de voluntários russos, cerca de 3.000, nas forças insurgentes, testemunha o profundo movimento de simpatia suscitado entre os russos pelo que foi feito contra as populações do leste da Ucrânia.

(2) Autoridades da OTAN têm alegado a presença de tropas russas; o mesmo tem feito, claro, o governo de Kiev. O governo russo desmente. A OTAN estima que, hoje, haja ali mil soldados russos. Vale a pena anotar desde já que, ainda que a OTAN tivesse razão quanto à presença de soldados russos, mil soldados não bastam para explicar o desmonte das forças militares de Kiev, observado nos últimos dias. Estima-se, de fato, em 50 mil o número de soldados (do Exército e da Guarda Nacional) ucranianos engajados nos ataques contra os insurgentes. Esses últimos não chegam a 15 mil homens. Se a presença de tropas russas fosse confirmado, só poderiam ter tido papel local e marginal nos combates acontecidos nesses últimos dias. A presença deles não explicaria as grandes derrotas que as forças de Kiev sofreram. Tampouco explica por que as forças ucranianas naufragam cada dia mais completamente ao sul de Donetsk e em torno de Mariupol.

Front sul da Novorússia em 30/8/2014
(clique na imagem para aumentar)

Deste ponto de vista, é significativo que o Departamento de Estado do Governo dos EUA fala hoje de “incursão” e não, como tantos jornalistas, de “invasão”. Significa que o problema é político, não militar. É claro que, se for confirmada, essa presença de tropas russas não é aceitável; é claro que a Rússia deve retirar suas tropas imediatamente. A Rússia deve voltar a uma posição de não beligerância e os países da União Europeia e os EUA não se devem deixar arrastar para a armadilha que Kiev está criando: Kiev, bem evidentemente, está querendo internacionalizar o conflito.

(3) Palavras têm significado. Ao repetir incansavelmente a palavra “invasão”, alguns jornalistas franceses cometem duplo erro. De um lado, reativam em nossa memória coletiva a imagem de invasões de que nosso país foi vítima em tantas circunstâncias da história. Quando se fala de invasão, pensa-se imediatamente em centenas de milhares de homens rompendo nossas fronteiras. Ora, isso, como se vê bem claramente, não é o que está acontecendo na Ucrânia. Por sua vez, ao fazê-lo, aqueles jornalistas abraçam a “causa” do governo de Kiev. É o problema do pluralismo de opiniões dentro dos diferentes veículos das empresas-imprensa, sejam escritos ou audiovisuais.

(4) Esses mesmos jornalistas insistem que haveria material “russo” em mãos dos insurgentes, o que “provaria” envolvimento da Rússia a favor dos insurgentes. O que o “jornalismo” não noticia é que os insurgentes já há vários meses vêm capturando quantidades importantes de equipamentos e de material de forças de Kiev. Os insurgentes falam de mais de 200 blindados (carros de transporte, mas também veículos de combate da infantaria e canhões automotores) capturados em combate.

Entre 16-23/8/2014, os insurgentes capturaram 14 T-64s (carros), 25 VCI (Veículos de Combate de Infantaria), 18 VTT (Veículos de Transporte de Tropas), 1 ARV, 1 lança-foguetes “Uragan”, 2 obuseiros automotorizados “Gvozdika”, 4 obuseiros D-30, 4 morteiros de 82-mm, 144 ZU-23, 33 veículos.

Entre 20/6 e 23/8/2014, foram capturados (além dos materiais destruídos) das forças de Kiev: 79 T-64s (carros), 94 VCI (essencialmente BMP-2s et BMP-3s), 57 VTT (essencialmente BTR-70s et 80 de oito rodas), 3 veículos blindados especiais, 24 lança-foguetes múltiplos (de 122-mm) BM-21 “Grad”, 3 lança-foguetes “Uragan”, 2 automotores de artilharia 2C4 “Tulip”, 6 obuseiros automotores 2C9 “Nona”, 27 obuseiros automotores 2C1 “Gvozdika”, 14 obuseiros D-30, 36 morteiros de 82-mm, 19 carros duplos de DCA de 23-mm ZU-23-2, 157 viaturas e caminhões.

Cada vez mais, desde o início da insurreição, os insurgentes têm tomado arsenais e depósitos de armas do exército e da polícia, onde se depositava material – em geral antigo. No total, são quantidades significativas, o que permitiu-lhes equipar forças com as dimensões das dos insurgentes (cerca de 15 mil homens). Esses materiais são soviéticos, produzidos nos anos 1980e e no início dos anos 1990. Diferentes imagens que há mostram esse tipo de equipamento e, mesmo, materiais ainda bem mais antigos. Ninguém acreditaria na ideia de que a Rússia teria enviado aquele tipo de armamento aos insurgentes. Mas, sim, deve-se dizer que pode ter havido entregas pontuais de armas russas, seja em ação empreendida pelo governo, seja resultado de negócios ilegais e contrabando. É possível. Mas, até agora, o material que os insurgentes têm exibido parecem, sim, ter sido capturado em combate, das forças de Kiev.

A urgência de um cessar-fogo

Já disse aqui inúmeras vezes que é necessário um cessar-fogo e que é preciso encontrar soluções políticas, para evitar que essa crise se alastre. É preciso que o governo de Kiev aceite discutir com os insurgentes, o que equivale a reconhecer a legitimidade deles. Enquanto se recusarem, a situação só piorará, não só em solo, mas também politicamente. As tropas de Kiev, em vários pontos do front, estão em debandada, abandonando equipamento e munição. Outros estão, ainda hoje, cercados. O presidente Vladimir Putin da Rússia pediu aos insurgentes que abram um corredor pelo humanitário, pelo qual a Rússia possa evacuar os milhares de desertores. Fácil entender que a situação é absolutamente dramática.

Ao mesmo tempo, as forças de Kiev continuam a bombardear populações civis. É, pois, absolutamente urgente suspender os combates. Mas, embora talvez seja possível suspender o fogo pelos próximos dias, nada estará resolvido e será preciso cuidar para que os combates não recomecem. Isso implica que serão necessárias tropas de interposição, sob mandado da ONU, para estabilizar a situação em solo e evitar novas provocações dos dois lados – o que bastaria, como pretexto, para recomeçar os combates. Mas essas tropas não podem ser tropas de países da União Europeia, nem da OTAN, nem da Rússia.

Tropas de países da União Europeia e da OTAN seriam inaceitáveis para os insurgentes, e tropas russas, para Kiev. Será preciso, pois, recorrer aos países emergentes (Brasil, Índia, mesmo a China). É preciso aferir o peso da simbologia. Se “capacetes azuis” de países emergentes vierem a cumprir as funções de interposição na Europa, ser a demonstração mais clara, brilhante, a mais perfeita, do fracasso da União Europeia; e de sua incapacidade – exatamente na direção oposta de suas pretensões – para assegurar a paz. Será também demonstração da realidade do mundo multipolar do século XXI.

E qual solução política?

Um cessar-fogo não é objetivo em si mesmo, por mais que, hoje, seja urgente parar os combates. O cessar-fogo deve permitir que surja uma solução política para essa crise. Ora, podem-se listar, desde o final do mês de fevereiro, a amplidão de erros, cada qual mais trágico que o anterior, que foram cometidos, pelos dirigentes seja em Kiev seja na União Europeia.

Ao recusar, nos primeiros dias de março, garantias sobre os direitos culturais e linguísticos das populações do leste da Ucrânia, os dirigentes em Kiev tornaram inevitável a insurreição. E ao recusar a hipótese de um federalismo ampliado, e engajar-se em hostilidades com a falsa “Operação antiterroristas”, os mesmos dirigentes em Kiev provocaram uma ruptura, talvez definitiva, com os insurgentes.

Quanto aos países da União Europeia, demoraram demais para dizer ao governo ucraniano que não se tratava de recebê-lo na UE. Por isso, deixaram que crescessem ilusões perigosas dentro do governo em Kiev. Recusaram-se também, além disso, de fazer pressão decisiva sobre o governo em Kiev para que aceitasse, quando ainda era tempo (em abril ou em maio de 2014), um  federalismo estendido, conforme o federalismo assimétrico canadense (que beneficia o Québec). Nisso, esses dirigentes têm sua parte de responsabilidade da crise ucraniana.

Por fim, terceiro e decisivo erro, os dirigentes europeus tomaram como verdade demonstrada as mentiras de Washington sobre responsabilidades no drama do avião da Malaysia Airlines(MH17) – e precisamente quanto há as provas mais resistentes contra a tese de Washington. – Com isso acabaram de convencer o governo russo de que há má fé sistemática da União Europeia, para tudo que tenha a ver com o dossiê ucraniano.

Hoje, quando já é absolutamente claro que nem EUA, nem OTAN, nem União Europeia irão militarmente ao socorro de Kiev, as opções abertas para negociações são, de fato, mínimas.

Essas opções reduzem-se a duas figuras: o reconhecimento da existência das autoridades que se insurgiram e da autonomia da Novorússia no quadro da nação ucraniana (pelo modelo da província autônoma do Curdistão, hoje, no Iraque); ou uma independência de facto da entidade chamada Novorússia, mas que não será reconhecida pela comunidade internacional. Teríamos então um novo “conflito gelado” [uma “guerra fria”, dentro da Europa]; e esse conflito gelado dentro da Europa viria acompanhado de tensões de longa duração com a Rússia. Isso, por sua vez, aceleraria o movimento pendular dos russos na direção da Ásia – com consequências comerciais importantes para os países da União Europeia.

Já disse e já escrevi muitas vezes e continuo convencido disso, que a melhor solução é uma grande autonomia no quadro nacional ucraniano. Essa solução permite que haja relações econômicas importantes. Ora, sem o carvão do Donbass, com situação de conflito gelado, as perspectivas econômicas para a Ucrânia são catastróficas. A União Europeia não terá meios para carregar a Ucrânia no colo. Os insurgentes devem também, por sua vez, aceitar o fato de fazerem parte nominalmente da Ucrânia, assim como o governo do Curdistão aceitou sua subordinação nominal ao governo do Iraque. Inúmeras razões sociais e humanas militam fortemente a favor dessas ideias.

Uma vez que a União Europeia fracassou na gestão do dossiê ucraniano, como também fracassou na gestão de muitos outros casos, a França criaria para si mesma uma posição honrosa (e lucrativa: nada impede que se aliem o útil e o honrado), se o mais rapidamente possível se posicionasse inequivocamente a favor de uma opção como a acima exposta. Se não o fizer, deve-se esperar que, passo a passo, imponha-se, como inevitável, a independência de facto da Novorússia, com todas as consequências desastrosas que se pode prever que daí advenham, para toda a Europa.

[*] Jacques Sapir (nasceu em 24/3/1954 em Puteaux, França) é um economista francês. Lecionou na Universidade de Paris-X Nanterre. Depois ele se tornou Diretor da École des Hautes Études en Sciences Sociales, logo após sua entrada como professor em 1990 e comandou o Centre d'études des modes d'industrialisation onde foi chefe do programa de Recherches comparatives sur le développement entre 1996 e 2006 onde era responsável pela formação de doutoramento. É um expert em problemas de economia da Rússia e assuntos estratégicos, mas também um teórico de Economia Geral onde marcou posição pró doutrinas heterodoxas muito firmes em vários tópicos, assumindo sempre comprometimento político. Assumiu sua contrariedade quanto a globalização e questionou a criação da Zona do Euro e recomendou que a França abandonasse a União Europeia e a moeda única.

sábado, 30 de agosto de 2014

Tudo sugere ação da CIA e assassinato de candidato à presidência, no Brasil

30/8/2014, [*] Wayne MadsenStrategic Culture
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Marina Silva e Eduardo Campos
A queda do avião que matou o candidato à presidência do Brasil, Eduardo Campos, que estava em segundo, na disputa eleitoral, atrás só da atual presidenta, abalou fortemente as chances de reeleição de Dilma Rousseff. Sucessora de Campos na corrida presidencial, ex-líder do Partido Verde, Marina Silva – “homem” de George Soros, está agora com alguma chance de vir a derrotar Rousseff, no caso de a eleição chegar a um segundo turno. O fim do governo de Rousseff sinalizaria vitória para as atividades clandestinas do governo Obama para eliminar de cena vários governos progressistas em toda a América Latina.

Revisão do período pós-IIª Guerra Mundial revela que, de todos os meios que os serviços de inteligência usaram para eliminar pessoas que viam como ameaças econômicas e políticas, o assassinato por derrubada de avião está em segundo lugar; antes, só assassinatos por armas de fogo; depois, vêm acidentes de automóvel e envenenamento, como modus operandi preferencial da Agência Central de Inteligência dos EUA, CIA, para seus assassinatos políticos.

Os seguintes casos são os principais sobre os quais pesam muitas suspeitas de terem sido resultado de ação de uma ou mais agências de inteligência dos EUA, para pôr fim a carreiras políticas que ameaçavam o avanço dos EUA como potência imperial:

●– a morte do secretário-geral da ONU Dag Hammarskjold;
– do presidente de Ruanda Juvenal Habyarimana;
●– do presidente do Burundi Cyprien Ntaryamira;
●– do primeiro-ministro português Francisco Sá Carneiro;
●– do presidente do Paquistão Muhammad Zia Ul-Haq;
●– de Sanjay Gandhi, pouco antes de ser oficializado no posto de primeiro-ministro da Índia;
●– do presidente do Sindicato Norte-Americano Unido dos Trabalhadores da Indústria Automobilística, Walter Reuther;
●– do ex-senador pelo Texas John Tower; e
●– do senador por Minnesota Paul Wellstone.

A América Latina, em particular, tem sido atacada pela praga de desastres de aviões que mataram líderes que ameaçavam afastar o continente da influência política dos EUA: os presidentes Jaime Roldós Aguilera do Equador e Omar Torrijos do Panamá. Esses dois presidentes morreram em 1981; Roldós morreu apenas uns poucos meses antes de Torrijos. John Perkins, autor de Confissões de um Assassino Econômico e ex-membro da comunidade de inteligência dos EUA, apontou os EUA como ativos nesses dois assassinatos por derrubada de avião.

Jaime Roldós Aguilera do Equador e o avião...
Esse histórico do envolvimento dos EUA e assassinatos aéreos torna ainda mais suspeito o que aconteceu dia 13 de agosto de 2014 com o Cessna 560XLS Citation em Santos, Brasil, incidente no qual morreram Eduardo Campos, do Partido Socialista Brasileiro, mas homem pró-business, assessores seus e a tripulação do avião. O momento em que aconteceu, em plena campanha eleitoral, que então indicava vitória fácil para a atual presidenta, levantou questões significativas entre investigadores no Brasil e no público em geral.

Desde a introdução do modelo em 1996, o modelo Cessna 560XLS Citation mantém currículo de aeronave perfeitamente segura. A morte repentina de Campos mudou o rumo da campanha presidencial no Brasil, para uma direção que pode ser benéfica para os EUA e a agenda de longo curso da CIA na América Latina.

Até aqui, já surgiram questões sobre a legalidade da documentação e da propriedade da aeronave (prefixo PR-AFA). O histórico da propriedade e dos registros da aeronave é extremamente “anormal”; e, além disso, não há nenhuma gravação de conversas acontecidas na cabine, aparentemente por mau funcionamento do gravador de vozes da cabina. Muitos brasileiros já começam a perguntar se o avião teria sido sabotado: em vez de mostrar gravações da conversa da tripulação que levava o candidato Campos, o gravador só conservou gravações de voz de um voo anterior. O avião voava uma rota Aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, para a cidade de Guarujá, no estado de São Paulo, quando caiu sobre um quarteirão residencial na cidade de Santos.

O avião de Eduardo Campos
O avião era operado pela empresa Af Andrade Empreendimentos & Participações Ltda., que tem sede em Ribeirão Preto, estado de São Paulo, mas cedido, em operação de leasing, pela Cessna Finance Export Corporation, uma divisão da Textron, dos maiores fornecedores para o Departamento de Defesa dos EUA. A empresa Cessna é divisão da Textron. O gravador de vozes que não funcionou na cabine foi fabricado por outro fornecedor contratado da Defesa e Inteligência dos EUA, L-3 Communications. Os negócios da AF Andrade são centrados na propriedade de uma destilaria. Porta-voz da AF Andrade disse que a aeronave, de US$ 9 milhões, não havia passado por qualquer inspeção recente, mas assegurou que a manutenção era feita regularmente.

O porta-voz da AF Andrade não soube especificar quem é, afinal, o proprietário da aeronave, só falou do leasing; disse que a aeronave estivera à venda e fora comprada por um grupo de “empresários e importadores” de Pernambuco, estado do qual Campos foi governador.

Acabou-se por descobrir que o avião fora comprado por um consórcio que incluía Bandeirantes de Pneus Ltda de Pernambuco. Essa empresa disse que havia negociações em andamento para transferir a propriedade do avião, quando aconteceu o acidente; e que a Cessna Finance Export Corporation ainda não aprovara os direitos finais de leasing. Observadores brasileiros creem que o Cessna sinistrado seria um “avião fantasma”, com propriedade “confusa”, precisamente para ser usado em operações clandestinas que envolveriam a CIA. Aviões cuja situação de propriedade e dos documentos de registro era também quase inextrincável eram usados pela CIA no processo de “entregas especiais” de muçulmanos sequestrados para serem interrogados e “desaparecidos” nos “pontos negros” de prisões norte-americanas por todo o mundo. 

A Comissão Nacional de Segurança de Transportes dos EUA [orig. U.S. National Transportation Safety Board (NTSB)] enviou uma equipe ao Brasil para investigar a queda do avião. Mas, se o trabalho da NTSB em acidentes como dos voos voos TWA 800 American Airlines 587 indica alguma coisa, a agência só tem fama por encobrir ações criminosas.

Presidentes dos BRICS - Julho de 2014
Campos foi substituído na chapa eleitoral por Marina Silva, do movimento financiado e dirigido por George Soros e suas “sociedade civil” e “globalização”. Silva, que milita no movimento religioso pentecostal “Assembleia de Deus”, é militante pró-Israel e muito mais pró-business e pró-EUA que Rousseff, do Partido dos Trabalhadores do Brasil que se posiciona bem à esquerda da Assembleia de Deus. Recentemente, Rousseff, com os demais presidentes dos países BRICS (Rússia, Índia, China e África do Sul) criaram um novo banco de desenvolvimento que desafia a supremacia do Banco Mundial, controlado pelos EUA. A criação desse banco enfureceu Washington e Wall Street. (...)

Pesquisas recentes têm apontado avanço de Marina Silva. Evidentemente, essas pesquisas de “intenção de voto” nada têm nem de científicas nem de independentes, e são ferramentas que as agências de inteligência e as empresas comerciais sempre usam para influenciar a opinião pública e gerar “programação preditiva” em populações inteiras. (...)

Marina Silva está sendo apresentada como candidata da “Terceira Via” (chamada, agora, em 2014, “Nova Política”) no Brasil.

“Terceira Via”/”Nova Política”  é movimento internacional que tem sido usado por políticos associados a grandes empresas, muitos dos quais financiados por Soros, para infiltrar-se e assumir o controle de partidos historicamente trabalhistas, socialistas e progressistas. Alguns dos nomes mais notáveis da “Terceira Via” são Bill Clinton; Tony Blair; Gerhard Schroeder, da Alemanha; Justin Trudeau, do Canadá; presidente François Hollande, da França; primeiro-ministro francês, Manuel Valls; primeiro-ministro, Matteo Renzi e ex-primeiro-ministro Romeo Prodi da Itália; José Sócrates, de Portugal; Ehud Barak, de Israel; e inúmeros nomes do Partido Verde (PV), do Partido Socialista (PSB) e do Partido da Social-Democracia no Brasil (PSDB), dentre os quais Marina Silva, Aécio Neves, o falecido Eduardo Campos e o ex-presidente [e atual NADA] Fernando Henrique Cardoso.

George Soros criador da "Terceira Via/"Nova Política" 
Mas, quando se mostra mais vantajoso do ponto de vista eleitoral assassinar um “Novo Político” para promover o avanço de outro, não parece haver problema algum nessa “Nova Política”, em eliminar alguém como Campos, para fazer avançar político mais populista (e mais controlável), como Marina Silva, sobretudo se estão em jogo interesses de Israel e de Wall Street.

O Cessna no qual viajava e no qual morreu o primeiro-ministro de Portugal Sá Carneiro voava para um comício eleitoral, em campanha de reeleição, no Porto. Esse desastre de avião destruiu as possibilidades futuras de uma Aliança Democrática de esquerda, porque os seguidores de Sá Carneiro que o sucederam não tinham, nem de perto, o carisma do primeiro candidato.

Na sequência, um Mario Soares pró-OTAN e “socialista-só-no-nome” tornou-se primeiro-ministro e empurrou Portugal pela tal “Terceira Via”, subserviente à União Europeia e à globalização. À época da morte de Sá Carneiro, o embaixador dos EUA em Portugal era Frank Carlucci, funcionário da CIA, cujas impressões digitais foram encontradas, em 1961, no assassinato do ex-primeiro-ministro Patrice Lumumba no Congo. No governo Reagan, Carlucci foi nomeado vice-diretor da CIA, Conselheiro de Segurança Nacional e Secretário da Defesa. Carlucci é também presidente emérito do Carlyle Group, conhecido pelas ligações com a CIA.

A suspeita morte de Campos no Brasil-2014 parece ser cópia-carbono do assassinato e descarte rápido de Sá Carneiro, com Rousseff como alvo final da ação e Marina Silva e seus financiadores globais como principais beneficiários.


[*] Wayne Madsen é jornalista investigativo, autor e colunista. Tem cerca de vinte anos de experiência em questões de segurança. Como oficial da ativa projetou um dos primeiros programas de segurança de computadores para a Marinha dos EUA. Tem sido comentarista frequente da política de segurança nacional na Fox News e também nas redes ABC, NBC, CBS, PBS, CNN, BBC, Al JazeeraStrategic Culture e MS-NBC. Foi convidado a depor como testemunha perante a Câmara dos Deputados dos EUA, o Tribunal Penal da ONU para Ruanda, e num painel de investigação de terrorismo do governo francês. É membro da Sociedade de Jornalistas Profissionais (SPJ) e do National Press Club. Reside em Washington, DC.