Syed Saleem Shahzad |
3/5/2011, Syed Saleem Shahzad, Asia Times Online
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
O assassinato de Bin Laden, 54 anos, cuja cabeça valia prêmio de 50 milhões de dólares, marcará, segundo informantes da organização ao jornal Asia Times Online, o início da transferência do teatro de guerra, do Afeganistão para o Paquistão.
Contatos do jornal Asia Times Online na área tribal do Waziristão Norte – celeiro de militantes – confirmaram que já houve várias reuniões na cidade de Mir Ali, para formular estratégias. Todos confirmaram imediata ação de retaliação contra o Paquistão e o fim de todos os acordos de cessar-fogo firmados com os militares paquistaneses e ainda vigentes.
Os EUA procuraram por Bin Laden, sempre sem sucesso, desde que ele deixou o Afeganistão, quando os EUA invadiram o país, em 2001, para guerra de extermínio contra os Talibã, em retaliação pelos ataques do 11/9/2001 em Nova Iorque e Washington. Bin Laden e sua al-Qaeda planejaram aqueles ataques, durante o tempo que viveram como hóspedes dos Talibã.
“Posso informar ao povo dos EUA e do mundo, que os EUA executaram operação que matou Osama bin Laden” – disse da Casa Branca o presidente Barack Obama, também comandante-em-chefe dos exércitos dos EUA. – “Houve troca de tiros, antes de matarem Osama bin Laden e assumirem a custódia do cadáver” – Obama prosseguiu. – “A morte de bin Laden assinala o mais importante feito de nossa nação, até o presente momento, em nossos esforços para derrotar a al-Qaeda.”
Há notícias de que também foram assassinados um dos filhos de bin Laden, duas de suas esposas e vários auxiliares, no ataque que incluiu helicópteros armados com metralhadoras.
O assassinato de Bin Laden foi confirmado pela inteligência do Paquistão. O tenente-general Ahmad Shuja Pasha, diretor-geral do Inter-Services Intelligence (ISI), disse que a inteligência do Paquistão sabia do plano e participou de todo o processo.
Os EUA puseram em alerta todas as embaixadas no mundo e avisaram os cidadãos, da possibilidade de haver retaliações. Esses alertas confirmam informações que Asia Times Online obteve de várias fontes, segundo as quais o assassinato de Bin Laden provocará o reinício de ações do terrorismo internacional contra capitais do ocidente, suspensos desde o início da grande revolta árabe de 2011.
No final do mês passado, Bin Laden avisou que a al-Qaeda desencadearia um “inferno nuclear” se ele fosse capturado, segundo telegramas diplomáticos secretos publicados por WikiLeaks.
Obama disse que a CIA sabia desde outubro de 2010 que estava mais próxima de encontrar a trilha que a levaria a Bin Laden, e que o alvo já aparecia nos radares da inteligência desde o início de 2011; notícia inúmeras vezes divulgada por Asia Times Online:
“Depois de prolongada pausa, a CIA-EUA reiniciou várias operações clandestinas nas montanhas escarpadas do Hindu Kush, pelo Paquistão e Afeganistão, seguindo uma repentina onda de informes de que Osama bin Laden, líder da al-Qaeda, andaria pela área, indo e vindo nas últimas semanas, para várias reuniões de alta cúpula em redutos dos militantes” (“Bin Laden volta a disparar os alarmes”, 24/3/2011, em português).
Os próximos passos
A partir dos levantes populares no Oriente Médio e Norte da África, Bin Laden entrou em ação, para construir uma frente unida dos quadros islâmicos do Paquistão e do Afeganistão, na batalha afegã contra os EUA. Por isso, viajou recentemente ao Afeganistão, para reunião com Gulbuddin Hekmatyar, o legendário comandante mujahid afegão e fundador e chefe do partido político e grupo paramilitar afegão Hezb-e-Islami, e vários outros altos comandantes jihadis. Acredita-se que se tenha deslocado há cerca de dez dias para Abbottabad, de onde estaria às vésperas de sair, várias fontes informaram a Asia Times Online.
As mesmas fontes dizem que o conselho (shura) de comandantes da al-Qaeda passam automaticamente a comandar a organização, até que, adiante, escolha-se outro comandante. Há à espera uma nova geração de comandantes, entre os quais Sirajuddin Haqqani, Qari Ziaur Rahman, Nazir Ahmad e Ilyas Kashmiri, que se uniram à al-Qaeda.
Ao longo dos últimos anos, Bin Laden já se convertera mais em figura popular icônica e deixara a função de comandante de guerra – muitas ações já estavam entregues ao comando de seu representante, Dr. Ayman al-Zawahiri, egípcio, e a outros ideólogos. Por tudo isso, nada autoriza a pensar que haja alguma modificação importante nos processos e mecanismos operacionais.
Consideradas as informações e os muitos contatos que esse jornal mantém com líderes da al-Qaeda, não temos qualquer dúvida de que a Operação Osama Bin Laden marca a transferência do principal teatro de guerra, que sairá do Afeganistão e invadirá o Paquistão; e que todos os esforços já empreendidos para reconciliar os militantes paquistaneses e o governo do Paquistão voltarão à estaca zero. A partir de agora, a al-Qaeda passará a ter como inimigos declarados, além dos EUA, também todo o establishment militar paquistanês.
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