Izaías Almada |
Por *Izaías Almada Ter, 07 de Junho de 2011 10:40
Neste último final de semana almocei com o meu filho mais velho, o André, para comemorarmos o seu aniversário. Ele é designer e trabalha num escritório de arquitetura e decoração de São Paulo.
Conversa vai, conversa vem, entre uma boa perna de cabrito e uma caipirinha, ele me contou a história de uma sua nova colega de trabalho, que voltou há pouco tempo da Inglaterra.
Em resumo, sua colega resolveu, após cinco anos na Europa, voltar para o Brasil e disse que no momento o nosso país é “a bola da vez” na Europa.
Irônico, perguntei: Mas por quê? Samba, carnaval, futebol, corrupção? Não, disse o meu filho, ela diz que por lá o Brasil apresenta um novo perfil: um país que está vencendo a crise econômica, que apresenta um bom índice de empregos formais, que apresenta índice de crescimento compatível com a sua economia, que tem liderança na América Latina sem ambições expansionistas, etc..
Um exemplo, afinal.
Curioso, pensei. Não é exatamente o quadro que o velho e insistente PiG, com seus jornalões, revistões e televisões nos querem fazer crer. Aliás, como já o fizeram durante os oito anos do governo do presidente Luis Inácio Lula da Silva.
A mesma técnica do, sempre e quando puder, se criar fatos que possam ser explorados como uma perspectiva de crise política, encobrindo os fatos relevantes de programas do governo como o novo “Minha Casa, Minha Vida”, o “Brasil sem Miséria” (programa que atinge a 16 milhões de brasileiros), a defesa da indústria naval e petroleira do país, entre outros. Ou seja, a velha e surrada tentativa de esconder a incompetência de governos anteriores como os de FHC, Collor, Sarney et caterva…
A presidenta Dilma Rousseff tomou posse há seis meses para um mandato de quatro anos. Com grande experiência em gestão e administração dos negócios públicos, depois de passar pelo Ministério das Minas e Energia e pela Casa Civil da Presidência, Dilma – pelo seu próprio currículo – ainda precisava ser testada num dos aspectos mais sensíveis para quem exerce a presidência de uma nação: as questões políticas. Nestas, muitas vezes, políticos mais experientes já escorregaram. Formar um ministério, por exemplo, é uma questão complexa num quadro de democracia representativa, onde o interesse do país é obrigatoriamente permeado por interesses e alianças que se fazem para alcançar a vitória, no caso, diante de adversários inescrupulosos, conservadores e de viés nitidamente antinacionais.
Há um compromisso da presidenta Dilma Rousseff com o país e com os mais de 60 milhões de eleitores que a sufragaram. Esse compromisso passa pelo aprofundamento das políticas sociais de inclusão, pela defesa da indústria nacional, pela defesa da nossa soberania, pela integração sul americana, pela autodeterminação dos povos, pela paz mundial, para ficarmos nos exemplos mais sonantes.
Dilma Rousseff honrará esses compromissos, o seu passado político aponta nessa direção.
No momento em que parte da esquerda e da direita brasileira trocam acusações e afagos inconscientes (para gáudio da imprensa venal e calhorda) no afã de transformar o secundário em principal, mesmo que o ator coadjuvante seja passível de críticas ou de elogios, conforme o ponto de vista de seus autores, o país real vê-se refém de um matraquear infindável de argumentações do lado mais pobre do fazer político: a acusação sem provas e a defesa sem convicções. A esperteza é inerente ao ser humano. O uso que se faz dela é que poderá diferenciar um canalha de um homem de bem. E canalhas os há à direita e à esquerda. Não são poucos os Iagos que por aí transitam e que procuram um novo Otelo para a morte de Desdêmona.
Preservar a presidenta Dilma Rousseff é confiar na sua capacidade política de reverter situações que, porventura, escapem ao seu controle imediato ou a uma eventual assessoria equivocada. Ou, o que é pior, mas não menos verdadeiro, de não se perceber numa ou noutra questão os inúmeros interesses que circulam pelas salas do poder e que nem sempre são os interesses da maioria da população brasileira.
O Brasil, como todo adolescente, vive uma crise de crescimento. E de contestação da autoridade. Estamos no caminho de nos tornarmos, de fato, um país respeitado por todos. Os votos que depositamos nas urnas é sempre um voto de esperança e também de responsabilidade para quem os recebe. A convivência de Dilma Rousseff com um governo exitoso como o de Lula da Silva irá sobressair mais dia, menos dia.
Os apaixonados debates que invadiram a blogsfera nos últimos cinco meses dão bem a idéia do que pode ser uma comunicação de ideias para um debate democrático, pois entre críticas e elogios ao novo governo, duras aquelas ou excessivamente encomiásticos esses, não macularam a comandante do processo. E ela precisará, com toda certeza, da compreensão e do apoio dos que, mesmo discordando de uma ou outra decisão, ainda confiam nas significativas promessas da sua campanha.
O confronto de opiniões nos chamados “blogs sujos” (que é o melhor que se pode ler hoje em dia) vem mostrando, na prática, como se convive em democracia, numa demonstração inequívoca de como o velho jornalismo brasileiro se mostra cada dia mais ultrapassado e mofado, com jornais revistas e televisões repetindo-se uns aos outros, numa cantilena que começa a dar sono em anfetamina. A tal ponto, que basta alguém escrever umas páginas contra o ex-presidente e já ganha uma vaguinha na embolorada Academia Brasileira de Letras.
No vizinho Peru, esse mesmo tipo de jornalismo dava como certa a vitória da candidata conservadora Keiko Fujimori como vencedora nas eleições presidenciais do último domingo. Foi o que se viu…
Junho começa bem. Ollanta Humala é o novo presidente peruano. Chávez vem ao Brasil para dar continuidade às suas reuniões trimestrais com o governo brasileiro, assim como fazia com o presidente Lula… e Dilma começa a mostrar a que veio.
A América Latina mostra, em definitivo, que não é mais a mesma dos desastrados governos neoliberais, cujos patrões e ideólogos renitentes do hemisfério norte lutam desesperadamente para encontrar uma solução para a crise econômica em que se meteram.
Izaías Almada é escritor, dramaturgo, autor – entre outros – do livro “Teatro de Arena: uma estética de resistência” (Boitempo) e “Venezuela povo e Forças Armadas”. Atualmente reside em Portugal.
Extraído do Planeta Osasco
Enviado por Jotamorim
(comentário enviado por e-mail e postado por Castor)
ResponderExcluirNecessaríssima! Divisionismos, agora e durante todo o quadriênio, não passam de revisionismos pequeno-burgueses, coisa de esquerdinha chinfrim. A Presidenta Dilma Rousseff foi nossa melhor escolha, depois das eleições de 2002 e 2006, sem dúvida.
Abraços do
Arnaldo C.