terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Santa Maria, Brasil: Crônica de um crime anunciado



Publicado em 28/01/2013 por Bob Fernandes
Enviado por Sílvio de Barros Pinheiro

Existem acidentes. E existem tragédias, fatos terríveis como esse, que quando acontecem provocam dor imensa, comoção, e perguntas: como deixaram isso acontecer? Onde mais isso pode acontecer? E como isso não aconteceu antes?

Alguém ai em casa tem dúvida de como NÃO É feita a fiscalização em milhares de casas noturnas Brasil afora? Quem frequenta a noite em São Paulo, por exemplo, não sabe que a maioria das casas de balada têm as mesmas características da "Kiss" de Santa Maria?

Boates com o mesmo tipo de segurança -capaz de barrar quem tenta escapar; com medo de que não paguem a conta. Casas com uma única entrada, mas sem saída. Baladas que costumam aceitar muito mais público do que o previsto pela lei.

Quem, em São Paulo ou Brasil afora, não sabe que filhos frequentam grandes festas de estudantes que não têm autorização legal para acontecer? Festas que levam o nome de uma escola ou de uma universidade que nada têm a ver com as festas, ou que por elas se responsabilizem.

Baladas para menores acontecem sem que o juizado tenha sido ao menos comunicado. Qualquer um que tenha filhos adolescentes, com condições financeiras para frequentar tais baladas, sabe que é assim.

Presença de bombeiro, funcionário treinado para acidentes em festas com mais de 500 ou de mil pessoas? Esqueçam. Isso só acontece no papel e nos discursos.

Como esperar fiscalização de festas numa cidade, como São Paulo, onde um funcionário, o tal Saab, autorizava alvarás ilegais para construção de prédios inteiros? O cidadão fez fortuna de R$ 50 milhões, tinha mais de 100 apartamentos e o prefeito diz que não sabia de nada. Alguém, num lodaçal desses, vai fiscalizar casa noturna?

Na véspera do Ano Novo, máquinas derrubaram matas, aterraram lagoas na avenida Paralela, no coração de Salvador. Ao que se sabe, autorizados por alguém da prefeitura que deixava o poder. O que aconteceu na cidade vítima de enorme estupro imobiliário? Nada.

Na mesma Salvador a camatoragem de carnaval invade espaços públicos desde o Natal. Como? Em conluio com quem tem poderes para impedir. Por todo o Brasil a sociedade aceita cenários como esse. Por inércia, medo ou desinteresse. Até que venha a próxima tragédia.

Uma blitz em qualquer cidade encontraria poucas casas desse gênero em plenas condições de funcionamento.

Agora veremos um surto de anúncios de medidas preventivas. O que se espera é que, em nome de seus filhos, a sociedade cobre. Cobre para que medidas sejam implantadas e para que uma fiscalização real evite tragédias como a de Santa Maria. 

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