29/6/2014, [*] Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Bandeira do novo Califado |
Já não existe
nem ISIS nem ISIL jihadista na Síria e no Iraque. O pessoal que
lidera a coisa declarou hoje, no altamente simbólico início do Ramadã, que eles
são um novo califado:
Assim sendo, tendo o Conselho Consultivo, a Shūrā do Estado Islâmico, estudado a
questão, depois que o Estado Islâmico – pela graça de Alá – ganhou os atributos
necessários para o khilāfah [califado],
os muçulmanos estão em pecado se não tentam estabelecer-se. À luz do fato de
que o Estado Islâmico não tem impedimento legal ou desculpa que justifique
adiar ou descuidar do estabelecimento do khilāfah
sem cair em pecado, o Estado Islâmico – representado por ahlul-halli-al-‘aqd (seu povo de
autoridade), que consiste de seus anciãos, líderes e o Conselho Shūrā – resolve anunciar o
estabelecimento do khilāfah Islâmico,
a criação de um califado para os muçulmanos e o juramento de fidelidade ao shaykh (xeique), ao mujāhid, o professor que pratica o
que prega, o zelador, o líder, o guerreiro, o ressuscitador, descendente da
família do Profeta, o escravo de Alá, da linhagem de Ibrāhīm Ibn ‘Awwād Ibn
Ibrāhīm Ibn ‘Alī Ibn Muhammad al-Badrīal-Hāshimī al-Husaynī al-Qurashī, de
Samarra por nascimento e criação, de Bagdá [al-Baghdādī] por residência
e formação. E ele aceitou o bay’ah [juramento
de fidelidade].
Assim sendo, é ele imã e califa de todos os
muçulmanos em todos os lugares. Por isso, a expressão “Iraque e Levante” no
nome do Estado Islâmico foi removido de todas as decisões e comunicações
oficiais e, a partir da data dessa declaração, o nome é Estado Islâmico.
Esta é a Promessa de Alá [ing. (pdf). This is the
Promise of Allah]
Área estimada do Iraque e da Síria que abrange o novo califado (em vermelho) |
O “califado”, na sua própria autoconcepção, é a única
entidade legal que governa sobre todos os muçulmanos.
Com essa
declaração, al-Baghdadi também declarou guerra a todos os monarcas e outros
governantes no Oriente Médio. O mais provável é que ele ordene jihad de
ataque contra todos eles. Agora é possível que todos os países do Golfo que
discordam desse novo Estado Islâmico unam-se.
Já há sinais
disso. Já circulam notícias de que, ante o perigo, os sauditas
até já aceitam deixar lá o primeiro-ministro Maliki do Iraque, para um novo mandato. O que porá os
sauditas em oposição a Washington a qual, por
estúpido que seja, já “exige” outra vez “mudança de regime” no Iraque.
Será interessante
ver a reação da Turquia, que serviu de base de retaguarda logística para o ex-ISIS,
hoje ES [Estado Islâmico; ing. IS Islamic State]. Erdogan
com certeza não se incomodaria por causa de um novo califato, mas com certeza
se incomodará se o califa não for ele. Assim sendo... Pode-se – pergunto! –
esperar agora uma real resposta unificada, de todos os países do Oriente Médio,
contra esse novo perigo?
[*]
“Moon of Alabama” é título popular de “Alabama
Song” (também conhecida como “Whisky Bar” ou “Moon over Alabama”) dentre outras
formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de Bertolt
Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em
1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa
utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no
primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre
aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os
quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). A seguir podemos ouvir versão em
performance de Tim van Broekhuizen.
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