Uma atmosfera de tensão envolve nos EUA a campanha para as eleições legislativas de Novembro.
A crise económica e financeira evoluiu nas últimas semanas para uma crise global na qual a componente militar assume crescente importância.
Nesse contexto a perda de prestígio do Presidente Barack Obama é transparente, o que favorece o Partido Republicano e penaliza o Democrata, ameaçado perder a maioria no Congresso.
O aumento da violência no Iraque e no Paquistão e a caótica situação existente no Afeganistão agravaram o mal-estar nas Forças Armadas. Os grandes media estadounidenses reconhecem que a ofensiva de Marjah foi, afinal, um fracasso e a anunciada campanha em Kandahar tem sido sucessivamente adiada. O país está atolado num lago de corrupção – a produção de ópio nunca foi tão elevada – e o presidente fantoche Hamid Karzai, em vésperas de uma nova farsa eleitoral, permite-se criticar a politica de Washington para a Região.
A famosa entrevista em que o general Stanley McChrystal, comandante supremo no Afeganistao, desaprovou em termos chocantes a estratégia de Obama traduziu o mal estar no exército de ocupação norte-americano. O general foi demitido, mas o seu substituto, o general Petraeus, repetiu, usando outra linguagem, as críticas à politica do Presidente para a Região . E a Casa Branca não reagiu. Outros generais imitaram-no, em flagrante violação do regulamento de disciplina militar. Nenhum deles foi punido.
O clima de derrotismo entre as forças da NATO alastra a cada semana e alguns dos aliados dos EUA fixaram já datas para a retirada das tropas que mantêm no país.
O silêncio do Presidente Obama perante os actos de indisciplina dos seus generais é interpretado por analistas prestigiados como prova da sua fragilidade.
Num recente Seminário promovido em Caracas pelo Centro de Estudos Latino-americanos Rómulo Galegos, o vice-presidente do Parlamento Latino-americano, o venezuelano Carolus Wimmer, definiu como golpe de estado virtual contra Obama a situação criada pela atitude assumida por chefes militares que há poucos meses eram apresentados como heróis nacionais.
É inocultável hoje que o Pentágono tem uma influência cada vez maior na Administração, reduzindo o Presidente, na expressão de Wimmer, a figura decorativa.
Lisboa, 29 de Agosto de 2010
OS EDITORES DE ODIÁRIO.INFO