Os islandeses votaram, novamente em referendo, que o Estado não deve pagar a dívida de cerca de quatro bilhões de euros à Holanda e ao Reino Unido. De acordo com os resultados já anunciados, o “não” ganhou com quase 60 por cento.
Artigo | 10 Abril, 2011 - 11:05
Esta foi a segunda vez que os islandeses decidiram se queriam ou não que dos seus bolsos saísse uma parte significativa do valor total das indenizações que o governo da Islândia se comprometeu a pagar a Londres e a Haia. Foto LUSA/EPA/S Olafs |
Na Islândia, a palavra de ordem “não pagamos a crise deles” é mesmo o mote que indica o caminho. Segundo os dados já disponibilizados pela televisão islandesa, 58 por cento dos eleitores votaram “não” e 42 por cento votaram “sim” ao pagamento de quase quatro mil milhões de euros a credores externos, nomeadamente à Inglaterra e à Holanda.
O referendo foi convocado pelo presidente da Islândia, Ólafujr Ragnar Grímsson, que a 20 de Fevereiro deste ano vetou, pela segunda vez, a lei IceSave (que tinha sido aprovada pelo Parlamento islandês).
Em causa estão, nomeadamente, quatro bilhões de euros depositados em 700 mil contas bancárias na Holanda e Inglaterra, no agora falido banco online Icesave. Tratava-se de uma conta de poupança online, a Icesave, comercializada agressivamente no Reino Unido e na Holanda pelo banco Landsbanki - que foi o segundo maior da Islândia - prometendo juros acima de seis por cento.
Os depósitos de estrangeiros foram reembolsados pelos respectivos governos - 3,9 bilhões de euros - que agora os querem cobrar de Reiquejavique.
O acordo rejeitado permitiria escalonar o pagamento da dívida até 2045, com uma taxa de juro de 3,3 por cento ao Reino Unido e de três por cento no caso da Holanda. Uma parte seria paga com a venda dos activos do Landsbanki, mas não se sabe ainda quanto seria - embora os partidários do “não” defendam que deveria chegar para o reembolso.
Esta foi a segunda vez que os islandeses decidiram se queriam ou não que dos seus bolsos saísse uma parte significativa do valor total das indenizações que o governo da Islândia se comprometeu a pagar a Londres e a Haia.
Há um ano, um outro acordo, ainda menos favorável, tinha sido rejeitado com uma esmagadora maioria (93 por cento): previa uma taxa de juro de 5,5 por cento e o pagamento em 15 anos. Em 2010, tal como em 2011, o acordo foi enviado para referendo pelo Presidente da República, Ólafujr Ragnar Grímsson.
O Icesave foi uma das instituições financeiras que faliu na sequência da crise financeira mundial que atingiu com especial dureza a Islândia, com cerca de 320 mil habitantes, provocando a queda da moeda e da economia do país.
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Extraído de Esquerda.net
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