Amigos
Um dos perigos da Crise da Dívida
e do Euro na União Europeia, é precisamente o de criar um clima de hostilidade
entre os europeus, despertando fantasmas e sentimentos negativos que em nada
ajudam a superar os problemas.
Julgo até que estas coisas não
estão a acontecer por acaso... Alguém quer ver o circo a arder e não mede as
consequências...
A carta aberta de um alemão ao
povo grego e a respectiva resposta de um grego, ambas publicadas no Stern, são o
exemplo desse perigo...
Há em ambas um equivoco
fundamental: não são os povos responsáveis pelas opções politicas não
escrutinadas, mas os respectivos governos, que cada vez mais obedecem a
desígnios deletérios ditados pela Elite Global.
Abraços.
Artur Rosa
Teixeira
P.S. - Absolutamente a ler até ao
fim, esta resposta de um grego a uma carta enviada para a revista Stern escrita
por um alemão que se sente ofendido com o "estilo de vida" grego.
“Carta aberta” de um cidadão alemão, Walter Wuelleenweber, dirigida a “caros gregos”, com um título e sub-título:
“Carta aberta” de um cidadão alemão, Walter Wuelleenweber, dirigida a “caros gregos”, com um título e sub-título:
______________________________________________________
Depois da Alemanha ter tido de
salvar os bancos, agora tem de salvar também a Grécia.
Os gregos, que primeiros fizeram
alquimias com o euro, agora, em vez de fazerem economias, fazem
greves.
Caros
gregos,
Desde 1981 pertencemos à mesma
família. Nós, os alemães, contribuímos como ninguém mais para um Fundo comum,
com mais de 200 mil milhões de euros, enquanto a Grécia recebeu cerca de 100 mil
milhões dessa verba, ou seja a maior parcela per capita de qualquer outro povo
da U.E.
Nunca nenhum povo até agora ajudou
tanto outro povo e durante tanto tempo.
Vocês são, sinceramente, os amigos
mais caros que nós temos. O caso é que não só se enganam a vocês mesmos, como
nos enganam a nós.
No essencial, vocês nunca
mostraram ser merecedores do nosso Euro. Desde a sua incorporação como moeda da
Grécia, nunca conseguiram, até agora, cumprir os critérios de estabilidade.
Dentro da U.E., são o povo que mais gasta em bens de
consumo.
Vocês descobriram a democracia,
por isso devem saber que se governa através da vontade do povo, que é, no fundo,
quem tem a responsabilidade. Não digam, por isso, que só os políticos têm a
responsabilidade do desastre. Ninguém vos obrigou a durante anos fugir aos
impostos, a opor-se a qualquer política coerente para reduzir os gastos públicos
e ninguém vos obrigou a eleger os governantes que têm tido e
têm.
Os gregos são quem nos mostrou o
caminho da Democracia, da Filosofia e dos primeiros conhecimentos da Economia
Nacional.
Mas, agora, mostram-nos um caminho
errado. E chegaram onde chegaram, não vão mais adiante!
Na semana seguinte, o Stern
publicou uma carta aberta de um grego, dirigida a Walter Wuelleenweber:
Caro Walter
Chamo-me Georgios Psomás. Sou
funcionário público e não “empregado público” como, depreciativamente, como
insulto, se referem a nós os meus compatriotas e os teus
compatriotas.
O meu salário é de 1.000 euros.
Por mês, hem!... não vás pensar que por dia, como te querem fazer crer no teu
País. Repara que ganho um número que nem sequer é inferior em 1.000 euros ao
teu, que é de vários milhares.
Desde 1981, tens razão, estamos na
mesma família. Só que nós vos concedemos, em exclusividade, um montão de
privilégios, como serem os principais fornecedores do povo grego de tecnologia,
armas, infraestruturas (duas autoestradas e dois aeroportos internacionais),
telecomunicações, produtos de consumo, automóveis, etc..
Se me esqueço de alguma coisa,
desculpa.
Chamo-te a atenção para o facto de
sermos, dentro da U.E., os maiores importadores de produtos de consumo que são
fabricados nas fábricas alemãs.
A verdade é que não
responsabilizamos apenas os nossos políticos pelo desastre da Grécia. Para ele
contribuíram muito algumas grandes empresas alemãs, as que pagaram enormes
“comissões” aos nossos políticos para terem contratos, para nos venderem de
tudo, e uns quantos submarinos fora de uso, que postos no mar, continuam
tombados de costas para o ar.
Sei que ainda não dás crédito ao
que te escrevo. Tem paciência, espera, lê toda a carta, e se não conseguir
convencer-te, autorizo-te a que me expulses da Eurozona, esse lugar de VERDADE,
de PROSPERIDADE, da JUSTIÇA e do CORRECTO.
Estimado
Walter,
Passou mais de meio século desde
que a 2ª Guerra Mundial terminou. QUER DIZER MAIS DE 50 ANOS desde a época em
que a Alemanha deveria ter saldado as suas obrigações para com a
Grécia.
Estas dívidas, QUE SÓ A ALEMANHA
até agora resiste a saldar com a Grécia (Bulgária e Roménia cumpriram, ao pagar
as indemnizações estipuladas), e que consistem em:
1. Uma dívida de 80 milhões de marcos
alemães por indemnizações, que ficou por pagar da 1ª Guerra
Mundial;
2. Dívidas por diferenças de clearing,
no período entre-guerras, que ascendem hoje a 593.873.000 dólares
EUA.
3. Os empréstimos em obrigações
que contraiu o III Reich em nome da Grécia, na ocupação alemã, que ascendem a
3,5 mil milhões de dólares durante todo o período de
ocupação.
4. As reparações que deve a
Alemanha à Grécia, pelas confiscações, perseguições, execuções e destruições de
povoados inteiros, estradas, pontes, linhas férreas, portos, produto do III
Reich, e que, segundo o determinado pelos tribunais aliados, ascende a 7,1 mil
milhões de dólares, dos quais a Grécia não viu sequer uma
nota.
5. As imensuráveis reparações da
Alemanha pela morte de 1.125.960 gregos (38,960 executados, 12 mil mortos como
dano colateral, 70 mil mortos em combate, 105 mil mortos em campos de
concentração na Alemanha, 600 mil mortos de fome, etc.,
etc.).
Amigo Walter, sei que não te deve
agradar nada o que escrevo. Lamento-o.
Mas mais me magoa o que a Alemanha
quer fazer comigo e com os meus compatriotas.
Amigo Walter: na Grécia laboram
130 empresas alemãs, entre as quais se incluem todos os colossos da indústria do
teu País, as que têm lucros anuais de 6,5 mil milhões de euros. Muito em breve,
se as coisas continuarem assim, não poderei comprar mais produtos alemães porque
cada vez tenho menos dinheiro. Eu e os meus compatriotas crescemos sempre com
privações, vamos aguentar, não tenhas problema. Podemos viver sem BMW, sem
Mercedes, sem Opel, sem Skoda. Deixaremos de comprar produtos do Lidl, do
Praktiker, da IKEA.
Mas vocês, Walter, como se vão
arranjar com os desempregados que esta situação criará, que por ai os vai
obrigar a baixar o seu nível de vida, perder os seus carros de luxo, as suas
férias no estrangeiro, as suas excursões sexuais à Tailândia? Vocês (alemães,
suecos, holandeses, e restantes “compatriotas” da Eurozona) pretendem que
saíamos da Europa, da Eurozona e não sei mais de onde.
Creio firmemente que devemos
fazê-lo, para nos salvarmos de uma União que é um bando de especuladores
financeiros, uma equipa em que jogamos se consumirmos os produtos que vocês
oferecem: empréstimos, bens industriais, bens de consumo, obras faraónicas,
etc.
E, finalmente, Walter, devemos
“acertar” um outro ponto importante, já que vocês também disso são devedores da
Grécia:
EXIGIMOS QUE NOS DEVOLVAM A
CIVILIZAÇÃO QUE NOS ROUBARAM!
Queremos de volta à Grécia as
imortais obras dos nosos antepassados, que estão guardadas nos museus de Berlim,
de Munique, de Paris, de Roma e de Londres.
E EXIJO QUE SEJA AGORA! Já que
posso morrer de fome, quero morrer ao lado das obras dos meus antepassados.
Cordialmente,
Georgios
Psomás
Enviado por Artur Rosa Teixeira, correspondente da
redecastorphoto em Portugal, Ultramar e arrabaldes
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