Traduzido pelo
pessoal da Vila
Vudu
O
presidente Obama assinou, no Havaí, onde passa os feriados de fim de
ano[1], a National Defense Authorization Act
(NDAA) [Lei de Autorização da
Defesa Nacional] [2]. Com a sanção do presidente, os
militares norte-americanos aproximam-se ainda mais de poder prender e manter
presos quaisquer cidadãos por tempo indefinido, dentro e fora dos
EUA.
Como se sabe, a
Casa Branca havia ameaçado vetar uma versão anterior dessa lei, mas mudou de
ideia logo depois de o Congresso ter aprovado a versão agora sancionada. Embora
o presidente Obama tenha distribuído uma declaração, em que diz que tem “sérias
reservas” sobre o conteúdo da nova lei, a declaração só se aplica ao seu
governo, e de modo algum afetará o modo como a lei será interpretada por outros
governos que venham depois desse.
Durante o governo
Bush, o mesmo princípio que agora está próximo de ser convertido em lei nos EUA,
para prender e manter sob custódia militar quaisquer cidadãos, sem processo e
sem qualquer acusação formalizada, foi usado até para prender cidadãos
norte-americanos em território dos EUA. Muitos, no Congresso, dizem hoje que a
nova Lei de Prisão Indefinida pode ser usada para a mesma finalidade.
A Associação
Norte-Americana de Direitos Civis, ACLU, entende que qualquer tipo de prisão
militar, de cidadãos norte-americanos ou quaisquer outros,, é inconstitucional e
ilegal nos EUA, mesmo depois de aprovada a Lei de Prisão Indefinida. Além disso,
a autoridade que a nova lei dá a militares norte-americanos viola a legislação
internacional, porque não se limita a autorizar a prisão de combatentes
capturados em contexto de guerra, como exigem as leis internacionais.
Desaponta-nos
muito que o presidente Obama tenha assinado essa lei, em momento que seu governo
já enfrenta processos em vários pontos do mundo, por prisões ilegais.
Felizmente, os EUA são governados por três poderes, e a palavra final sobre a
extensão do poder de prender cidadãos caberá à Suprema Corte. Mas o Congresso e
o Presidente também têm o dever de desfazer a confusão que criaram, para impedir
que todos os cidadãos, nos EUA e em todo o mundo, passem a viver sob o medo de
que o atual ou qualquer futuro presidente dos EUA dê mau uso ao poder que a Lei
de Detenção Indefinida lhes outorgue.
A
Associação Norte-Americana de Direitos Civis (ACLU) combaterá em todo o mundo a
Lei de Detenção Indefinida, por todos os meios e em todos os fronts, nos
tribunais, no Congresso e internacionalmente.
Notas
dos tradutores
[1] Já está virando
hábito, esse negócio de assinar leis horríveis e dar ordem para guerras
horríveis, quando está longe de casa! Obama
deu a ordem para que a OTAN invadisse a Líbia, quando tomava um
cafezinho com a presidenta Dilma, no Brasil, dia 19/3/2011. Ontem, tuíte vindo
da Praça Tahrir, no Egito, ia já direto ao ponto: Agora, isso!
[2] Dito com mais
precisão, Obama assinou uma “atualização” da Lei de Defesa Nacional, que já
existe. Detalhes sobre isso, em “Three
myths about the detention Bill”, Glenn Greenwald, Salon, 16/12/2011,
(em tradução).
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