Os 5 heróis cubanos |
Publicado
em 26/02/2012por *Mário Augusto Jakobskind
Quando
se aproxima a visita do Papa Bento XVI a Cuba, já se falando inclusive de um
possível encontro entre o chefe da Igreja Católica e Fidel Castro, um tema pode
entrar na pauta de discussões: os quatro cubanos presos nos Estados Unidos. O
que seria o quinto foi solto, mas impedido de voltar para Cuba durante três
anos.
Além
de terem sido condenados sob a absurda alegação de serem espiões, os cinco foram
julgados sob pressão de extremistas vinculados a grupos do exílio cubano em
Miami mobilizados há anos com o objetivo de desestabilizar o governo da ilha
caribenha.
O
cubano solto e sem poder regressar para o seu país de origem, além de ser
obrigado a usar um objeto eletrônico no tornozelo para controle de seus passos,
continuará vivendo por três anos na mesma cidade onde moram os extremistas
responsáveis por atentados ocorridos em Cuba e que foram denunciados exatamente
pelos cinco. Trata-se de uma das maiores aberrações jurídicas no mundo nos
últimos tempos.
O
senador Eduardo Suplicy, do PT de São Paulo, assumiu compromisso público de
sugerir que a Presidenta Dilma Rousseff peça ao Presidente dos Estados Unidos
Barack Obama que faça justiça e ordene a libertação deles. É difícil, mas tentar
não custa, apesar dos votos de Miami que Barack Obama quer
abocanhar.
A
promessa foi feita durante o o lançamento do livro de Fernando Morais, Os
últimos Soldados da Guerra Fria, realizado por ocasião do Fórum
Social Mundial Temático, em Porto Alegre, no Sindicato dos Bancários. A sugestão
foi aplaudida pelos presentes, um deles o ex-Governador do Rio Grande do Sul
Olívio Dutra.
Suplicy
achou a ideia “excelente” e se comprometeu a falar com Dilma Rousseff sobre o
tema, bem como fazer um pronunciamento no Senado em favor dos cinco cubanos
presos nos Estados Unidos. Aguarda-se então que o parlamentar cumpra sua
palavra.
Não
custa nada lembrar a Suplicy da importância de Dilma Rousseff fazer a sugestão a
Obama, com quem se encontrará no próximo dia 14 de abril, pois com uma canetada
do Presidente da República os cinco poderão voltar para Cuba
imediatamente.
Quem quiser se comunicar com o
senador petista para lembrá-lo pode mandar um correio eletrônico para eduardo.suplicy@senador.gov.br ou então pelo telefone (61)
3303-3213 ou fax (61) 3303-2816.
Dilma
Rousseff agora tem de mostrar que o seu governo não está sendo submetido a
pressões, como alguns acreditam acontece. Tal argumento é levantado, sobretudo
depois do voto do Brasil na Organização das Nações Unidas ao lado dos Estados
Unidos, Reino Unido, França etc culpando apenas o governo sírio pelo banho de
sangue que acontece naquele país árabe, absolvendo totalmente a oposição, que
segundo denúncias estaria recebendo ajuda de forças estrangeiras dos EUA a Al
Qaeda, passando pelo Mossad e M-16 britânico.
Já
o Ministério do Exterior russo informou, através do porta-voz Alexánder
Lukashévich, que o Observatório Sírio de Direitos Humanos, que informa
diariamente ao Ocidente sobre os acontecimentos na Síria, é integrado por duas
pessoas, o diretor R. Abdurajmán e um tradutor. Ambos vivem em Londres e o
diretor é proprietário de uma cafeteria. Fica como sugestão de pauta para os
jornalões entrevistarem o “bem informado” Abdurajmán.
Outro
tema que de um modo geral a mídia de mercado tem ignorado são os recentes
acontecimentos na Líbia, onde o país retornou à Comissão de Direitos Humanos das
Nações Unidas, depois de excluído nos últimos meses do governo de Muammar
Kadafi.
O
representante do Conselho Nacional de Transição fez um pronunciamento nesta
esfera posicionando-se contra os gays, dizendo que esse grupo é pernicioso à
humanidade. Na prática, o governo líbio imposto pela OTAN está reforçando a
homofobia.
Como
se não bastasse, notícias procedentes da Líbia dão conta que seguem as violações
dos direitos humanos praticadas pelo governo títere da OTAN. Há informações
segundo as quais os 35 mil habitantes da localidade de Tauerga, a maioria
negros, vivem atualmente em campos de refugiados. Estão sendo vítimas das
milícias de Misrata por terem apoiado Muammar Kadafi.
Os
líbios de Tauerga descendem de escravos levados à Líbia no século XVIII. Eles
são agradecidos a Kadafi por terem as suas condições de vida melhorada. O
governo anterior possibilitou aos habitantes da cidade, que dista pouco mais de
30
quilômetros de Misrata, educação e ainda por cima tiveram
integrantes nomeados para altos postos no Exército.
Durante
a guerra civil combateram contra Misrata, cujas milícias agora estão cometendo
atrocidades sob o beneplácito dos dirigentes líbios atuais e o silêncio da
aliada Organização do Tratado do Atlântico Norte.
Outro
fato que indica como está a situação no país bombardeado durante mais de oito
meses pela OTAN é o de uma jornalista. Hala Misrati, de 31 anos, apresentadora
de TV, conhecida defensora do governo Kadafi, foi presa pelo governo do Conselho
Nacional de Transição e assassinada depois de sofrer torturas e estupros,
segundo relato de jornalistas.
Misrati
era militante e quando da captura de Trípoli pelo CNT apareceu na TV desafiando
de arma na mão os que tomavam o poder com a ajuda da OTAN. Agora, para se
vingar, os “democratas” líbios a assassinaram. O atual governo confirmou a morte
da jornalista, mas sem entrar em detalhes.
Pode-se
imaginar como serão as eleições na Líbia marcadas para o segundo semestre deste
ano.
Enquanto
isso, Israel anunciou a aprovação da construção de 500 casas adicionais na
colônia de Shilo, localizada entre as cidades palestinas de Ramallah e Nablus,
na Cisjordânia.
E
o governo de Benyamin Nethanyahu continua a dizer cinicamente que almeja a paz.
O troglodita que comanda Israel criticou o recente acordo da Al Fatah com o
Hamas e usa o pretexto como justificativa para interromper qualquer tipo de
negociação.
Trata-se
de sofisma, porque na prática com a construção de novos assentamentos, Israel
demonstra que não quer mesmo nenhum tipo de acordo. Muito pelo contrário, quer
levar adiante o projeto bíblico da Grande Israel. E quem sofre com isso são os
palestinos, um povo que há anos tenta em vão ter uma pátria livre e
soberana.
E
além do mais, setores da ultra direita de Israel, cujo representante mais
notório é o atual Ministro do Exterior, Avigdor Lieberman, defendem um ataque ao
Irã, É possível que estejam informados que o Hezbollah, segundo o professor Luis
Alberto Moniz Bandeira, possui 10 mil mísseis escondidos em residências
particulares apontadas para Israel.
Como
desprezam a vida humana, pode ser que queriam mesmo correr o
risco.
*Mário
Augusto Jakobskind
écorrespondente no Brasil do semanário uruguaio Brecha. Foi colaborador do
Pasquim, repórter da Folha de São Paulo e editor internacional da Tribuna da
Imprensa. Integra o Conselho Editorial do seminário Brasil de Fato. É autor,
entre outros livros, de América que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes -
Fantástico/IBOPE
Enviado
por Direto
da Redação
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