quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Pepe Escobar: “Medo e ranger de dentes no Golfo Americano”


Pepe Escobar

2/2/2012, Pepe Escobar, Asia Times Online – 
The Roving Eye
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Golfo Persa? Khaleej-e-Fars? Esqueçam. O nome, agora, é Golfo Americano – para delícia dos abutres, chacais e hienas israelenses e anglo-americanos que querem guerra. E a Casa de Saud também está gostando. 

Deu nisso a estratégia do Pentágono de ‘mover-se’ do Oriente Médio para o Leste da Ásia – como o presidente Barack Obama dos EUA anunciou recentemente. A confrontação com a China começa no sudoeste da Ásia – no Golfo Americano; e vai bem além de Washington fazer-se de torcida organizada do grupo Jundallah pró-sunitas sectários linha dura e assassinos, na província iraniana do Sistão-Baloquistão; de agentes do Mossad israelense fantasiarem-se de agentes da CIA-EUA; dos assassinatos em série de cientistas iranianos; dos vírus de computador; das acusações ridículas de que Teerã estaria ajudando a al Qaeda e vice-versa. 

Bomba gigante MOP  [1] neles! 

É hora de reexaminar as provas. Em menos de um mês, nada menos que três porta-aviões dos EUA e respectivos grupos de ataque estarão agitando as águas do Golfo Americano, do Golfo de Omã e do Mar da Arábia: USS Abraham Lincoln, USS Carl Vinson e USS Enterprise, além do velho bom Charles de Gaulle (porta-aviões nuclear francês). E mais um porta-aviões dos EUA estacionado no Pacífico também pode ser rapidamente despachado para lá. 

Além dessa peregrinação naval de porta-aviões norte-americanos, o velho USS Ponce, de 40 anos, está sendo reformado e convertido em base de operações anfíbias – a ser despachado também para o Golfo Americano. 

O Comando Central (Centcom) do Pentágono está reformando rapidamente o monstro orwelliano explode-bunkers de 14 toneladas, conhecido como Massive Ordinance Penetrator (MOP), capaz – teoricamente – de alcançar as instalações nucleares subterrâneas do Irã. 

Um certo “Projeto de Segurança Nacional do Centro de Política Bipartidária” [orig. Bipartisan Policy Center's National Security Project] – uma das milhares de portas giratórias pelas quais, em Washington circulam deputados, senadores, políticos em geral e o pessoal do complexo militar – quer entregar a Israel mais 200 bombas MOPs e três aeronaves KC-135 para reabastecimento em voo, para “aumentar a credibilidade de um ataque militar” contra o Irã. 

A rede DEBKA-Net front digital que distribui propaganda/desinformação a favor de Israel – absolutamente não é confiável. Mas a mais recente leva de desinformação que de lá saiu deve ser examinada com atenção. A rede DEBKA tem noticiado que o Pentágono está operando em ritmo “velozes & furiosos” em duas ilhas estratégicas: a paradisíaca Socotra, 380 quilômetros a sudeste do Iêmen (onde desde 2010 o Pentágono está construindo uma base gigante); e em Camp Justice, em Masirah, 70 quilômetros ao sul do Estreito de Ormuz, em Omã. 

Socotra portanto se une a outros nódulos chaves do Império de Bases dos EUA, como Jebel Ali e al-Dahfra nos Emirados Árabes Unidos (EAU), al-Udeid no Qatar e Arifjan no Kwait. E é crucialmente importante não esquecer os 15 mil soldados extras que os EUA deslocaram para o Kuwait há apenas algumas semanas. O Pentágono, claro, mantém estrondoso silêncio sobre as bases de Socotra e Masirah; bem como iemenitas e omanitas. 

DEBKA anda repetindo que, em duas semanas, cerca de 50 mil soldados dos EUA, vindos de Diego Garcia, a 3.000 km dali, serão desembarcados nessas duas ilhas – para somar-se aos mais de 50 mil soldados que já estão no Golfo Americano. Acrescentem a isso forças aéreas, navais e especiais de Grã-Bretanha e França que nunca param de chover sobre Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Não é suficiente para invadir o Irã por terra – mas dá e sobra para garantir suporte logístico ao cenário de “todas as opções permanecem sobre a mesa” (copyright Obama). 

Receita de guerra: ameace sem parar e reze 

DEBKA tem distribuído material sobre esses desenvolvimentos – nenhum dos quais pôde ser confirmado por fonte independente – para dar consistência à firme disposição de Obama “para atacar as instalações nucleares iraniana, ainda em 2012”, o que é perfeita sandice. 

O frenesi belicista faz eco ao desejo (histérico) do governo de Benjamin Netanyahu em Israel, mas nada tem a ver com a estratégia do governo Obama, cuja meta é impor ao Irã sua “diplomacia” de “atropelar e matar” (sanções/embargo + o Pentágono bem visível no Golfo Americano), como meio para conseguir a capitulação dos iranianos na questão nuclear. 

Pensamento desejante-delirante é também a arma da hora do The New York Times, que parece já ter terceirizado o serviço de escrever sobre o Irã, entregue agora diretamente a autores israelenses, excluído o intermediário norte-americano. 

Um tal de Ronen Bergman escreve que “em contato direto com altos líderes, chefes da inteligência e comandantes militares israelenses, estou convencido de que Israel, sim, atacará o Irã ainda em 2012”. Gary Sick desmontou completamente essa loucurada, mostrando que “as conclusões de Bergman contradizem praticamente todas as provas que ele diz ter”.[2] 

A única coisa boa nessa orgia armamentista armada é que Teerã e Washington continuam em conversações – ou praticamente isso – usando os proverbiais canais alternativos: em Bagdá (os embaixadores dos dois países estão em contato); via a Turquia (o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan está servindo de intermediário); e em Viena, nos escritórios da Agência Internacional de Energia Atômica (via diplomatas). Há uma janela de cinco meses para que prevaleça o bom-senso, até 1º/7/2012 – quando entrará em vigência o embargo do petróleo iraniano imposto por EUA/União Europeia. 

E há também por aí, voltando à tona, a operação “Austere Challenge 12” [Desafio Austero 12] – os massivos jogos de guerra promovidos conjuntamente por Israel-EUA, que envolvem milhares de soldados norte-americanos, para testar alguns dos sistemas de mísseis de defesa de Israel e dos EUA. 

A operação “Austere Challenge” foi remarcada para outubro, menos de um mês antes das eleições presidenciais nos EUA, quando Mitt Romney, a gangue neoconservadora e os evangélicos-doidos estarão bombardeando o Irã pelas televisões a cabo, dia e noite. 

Até lá, cabe à opinião pública mundial, como Percy Bysshe Shelley escreveu em O cortejo mascarado da anarquia  [3] , “levantar-se em invencível número, como leões depois do sono”... e expulsar para longe do Golfo Americano o medo e o ranger de dentes. 



Notas dos tradutores
[1]  Massive Ordinance Penetrator (MOP) [ap. “bomba massiva de penetração”] GBU-57A/B. 
[3] Orig. The mask of Anarchy (escrito em 1819 e publicado em 1832).

Um comentário:

  1. Como é que se mantém esse aparato GENOCIDA???? Prensando DÓLAR???? E o ROMBO de US$ 15 trilhões dos CARNICEIROS ianques, como fica??????

    Das inúmeras grandes postagens que eu li sobre o tema eu vou separar duas: Paul Craig Roberts e MK Bhadrakumar

    30/01/2012: A Próxima Guerra na agenda dos EUA

    "...É por isso que nada que o governo dos EUA faça beneficia o povo norte-americano.
    A atual colheita de candidatos presidenciais, com excepção de

    Ron Paul,

    representa os interesses no controlo. A guerra e a fraude financeira são os

    únicos valores

    norte-americanos que restam.

    Voltarão os norte-americanos a dar o esplendor da “democracia” a governar por uns poucos,

    participando

    nas próximas eleições manipuladas?

    Se tiver que votar,

    vote em

    Ron Paul

    ou num candidato de um terceiro partido mais radical. Mostre que não apoia a

    mentira que é este sistema.

    Deixe de ver televisão.

    Deixe de ler os jornais.

    Deixe de gastar dinheiro. Quando faz qualquer destas coisas, está a apoiar o mal."

    http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=174374&id_secao=9

    - - - - -

    Comentário publicado no China Daily:

    “A paisagem política no Oriente Médio e no Norte da África passa realmente por mudanças dramáticas, o que piora o ambiente para Israel.

    Os governos pró-EUA e pró-Israel no Egito e na Tunísia caíram, e o conflito árabe-israelense foi reativado. Forças islâmicas crescem, nas eleições na Tunísia. O Egito endureceu em relação a Israel. Por sua vez, Israel quer atacar o Irã para consolidar sua segurança nacional e obter vantagens no Oriente Médio.

    E tudo

    parece

    confirmar que

    Israel

    conseguirá

    sequestrar a política dos EUA para o Irã, em ano de eleições presidenciais norte-americanas.

    Hoje, é

    dever de Irã e EUA

    resolverem a questão por meio

    pacífico.

    Se

    a opinião pública

    nos

    EUA

    opuser-se

    firmemente

    à ação militar

    contra

    o Irã, o governo Obama poderá

    impedir que

    Israel

    inicie uma

    guerra. Afinal, fazer-se surdo à opinião pública pode custar a Obama a reeleição.

    Mas,

    em sentido oposto,

    se lançar o país em uma

    guerra

    puder

    ajudar

    Obama a

    obter

    seu segundo mandato na Casa Branca, o Irã

    não

    escapará de ser atacado militarmente.”

    Que cruel ironia! Dado o sistema político

    disfuncional

    dos EUA,

    será o

    povo norte-americano,

    enganado,

    mal informado,

    semianalfabeto,

    autocentrado,

    sem visão ampla de mundo, quem, em

    última instância,

    decidirá

    entre guerra e paz no Oriente Médio!

    De que adiantou elegerem presidente intelectual cerebrino, mas que tanto

    teme

    perder o emprego?

    (18/01/2012: Os EUA carecem de (e merecem) presidente menos assustadiço)

    Por MK Bhadrakumar, Indian Punchline

    U S. needs (deserves) a fearless president

    Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

    http://redecastorphoto.blogspot.com/2012/01/os-eua-carecem-de-e-merecem-presidente.html

    ResponderExcluir

Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.