4/6/2012, “The World
Tomorrow”, Russia Today, 8º Programa (que irá ao ar
amanhã)
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Jeremie Zimmermann e Julian Assange |
Está em curso uma furiosa guerra invisível. Todos os
dias surgem novas tecnologias cada vez mais refinadas para recolher dados
privados dos netcidadãos – e o que, hoje, significa(ria) a
privacidade? Julian Assange pergunta aos ciberpunks seus convidados: o futuro do mundo está
ligado à Internet?
Fundador de WikiLeaks, Julian Assange volta a fazer
contato com o movimento Cypherpunks, para discutir o campo invisível onde
se trava a guerra invisível – a internet: as ciberguerras já não são fantasia
paranóica; a vida de todos gira em torno de bens vendidos nos mercados. Por que
um problema matemático não é apenas um problema matemático, quando se trata de
dados privados e o melhor antídoto é a narrativa política?
“Uma furiosa guerra invisível” já não é apenas
metáfora, como você descobrirá, mais dia menos dia, e essa é batalha que se
disputa no quintal de casa.
Cypherpunks é movimento que se originou da e-lista “Cypherpunks’ Electronic Mailing
List”, criada por ativistas para
melhorar as condições de privacidade e de segurança (dos cidadãos) na internet,
mediante o uso proativo da criptografia. É movimento ativo desde os anos
1980s. WikiLeaks é um dos muitos
projetos que brotaram da lista Cypherpunks.
Jacob Appelbaum |
“Hoje expomos nossa vida pessoal no Facebook. Nos comunicamos por
Internet ou telefones celulares, que estão, todos, conectados à Internet. E as
agências militares ou de inteligência controlam todos esses dados e os estão
examinando. Houve, de fato, uma militarização da vida civil” – diz Jacob
Appelbaum, conhecido defensor independente das ciberliberdades, que representou
WikiLeaks na Hope Conference, em
2010.
As ciberguerras há muito tempo não se
travam só entre governos: hoje se disputam meios para coleta em massa de dados
privados.
As empresas que administram as chamadas “redes
sociais” conhecem muita gente melhor que a mãe de cada um; e conhecem cada um,
no mínimo, tão bem quanto cada um se conhece. Os usuários distribuem
despreocupadamente todos os tipos de dados pessoais, e as redes sociais vão
tocando seu negócio de “apagar a linha que separa privacidade, amizade e
publicidade”, diz Jeremie Zimmermann, porta-voz do grupo francês La Quadrature du
Net.
Andy Muller-Maguhn |
Manter privados dados privados é o objetivo ao qual
se dedica hoje o movimento Cypherpunks. “O problema matemático”
criado pela decodificação de criptografia é uma das últimas fechaduras que as
agências oficiais de vigilância e controle ainda não conseguiram
arrombar.
“Minha ideia é que, com essas forças econômicas e
políticas tremendamente fortes e as tecnologias ou eficiências naturais
comparáveis ao número de seres humanos, lentamente nos converteremos numa
sociedade de vigilância global totalitária. Entendo por “totalitária” a
vigilância total. Talvez ainda haja seres vivos livres, e esses últimos seres
vivos livres são os que sabem usar a criptografia. A criptografia é a ferramenta
que existe para nos defender contra a vigilância total” – diz
Assange.
Assista amanhã à 1ª parte do episódio
“Cypherpunks” e conheça:
-
Andy Muller-Maguhn, membro do coletivo alemão de hackers “Chaos Computer Club”;
-
Jeremie Zimmermann, um dos cofundadores do grupo francês La Quadrature du Net, que defende a livre circulação do conhecimento na internet; e
-
Jacob Appelbaum, pesquisador independente de segurança de computadores, norte-americano, ativista que atualmente trabalha no projeto Tor, que visa a criar um sistema que assegure o anonimato online.
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