15/6/2012, Chris Marsden,
Countercurrents
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Jon Williams |
O
mais discretamente possível, o editor de noticiário internacional da BBC, Jon
Williams, admite afinal que a cobertura que a emissora e agência noticiosa
britânica distribuiu, do massacre em Houla, Síria – matéria
selecionada de agências e trabalho dos próprios jornalistas “da casa” – não
passou de seleto compêndio de mentiras.
Em postado do dia 7/6, 16h23, em
seu blog pessoal [1],
Williams afinal confessa o que vários críticos já haviam observado e
denunciado [2]: que
não há qualquer prova que permita afirmar que o massacre do dia 25/5, no qual
morreram mais de 100 pessoas, tenha sido perpetrado pelo Exército Sírio ou por
milícias apoiadas pelo governo alawita de Al-Assad.
Fortemente
sugerida nas entrelinhas no mesmo postado, há também a confissão de que o
noticiário da BBC reproduziu material de propaganda distribuído pelos sunitas,
que operam para derrubar o governo do alawita Bashar al-Assad.
Depois
de algumas linhas introdutórias de autojustificação “preventiva”, em que fala da
“complexidade da situação em campo na Síria ”; da
“necessidade de tentar separar fato e ficção”; e da “longa tradição síria
[sic]” de “noticiar boatos como se fossem fatos”, Williams
escreve:
Logo
depois do massacre em Houla mês passado, as primeiras notícias falavam de cerca
de 49 crianças e 34 mulheres decapitadas. Em Damasco, agentes ocidentais
disseram-me que investigações posteriores não encontraram qualquer vestígios
desse tipo de atrocidade. E que, porque o Exército Sírio havia bombardeado a
área pouco antes, não havia absolutamente nenhuma certeza sobre a autoria do
massacre ou sobre o que realmente aconteceu em Houla.
Por
isso, conclui o jornalista e editor da BBC – em conclusão que chega, de fato,
muito atrasada:
Nessas
circunstâncias é mais importante do que nunca informar também sobre o que não
sabemos, não só sobre o que se sabe. Em Houla, e agora também em Qubair, todas
as evidências sugerem que os responsáveis pelo massacre em Houla tenham sido
membros da milícia Shabiha. Mas, à parte o trágico número de vítimas,
praticamente não há certeza de nada, nem sobre quem ordenou as mortes, nem por
quê.
Infelizmente,
a BBC, até agora, sempre noticiou [e vendeu suas notícias! E a Folha de
S.Paulo, o Estadão e O Globo COMPRAM essas notícias e as
REVENDEM a leitores brasileiros incautos!] como se tivesse certeza de tudo, da
autoria e dos motivos de tudo que se passa na Síria; a BBC e, aliás, todos os
grandes jornais britânicos [e dos brasileiros, então, que vivem de requentar
noticiário internacional requentado, desses NEM SE FALA! Vide Notas de rodapé].
Em
lugar de operar como agência de produção e distribuição de informação
aproveitável, a BBC operou como ativo braço de propaganda de uma falsa
indignação “humanitária” e correspondentes “certezas” fabricadas em Londres,
Washington - e até, na ONU – em todos os casos divulgando, como
se fosse fato, que o Exército Sírio ou milícias armadas que operariam sob as
ordens do governo, ou ambos, seriam responsáveis pelo massacre.
Exemplo típico desse jornalismo de
desinformação é a matéria publicada dia 28/5, “Syria Houla massacre: Survivors
recount horror” [3],
[reproduzida sem tirar nem por, título e tudo, no Brasil, pela Folha de
S.Paulo, e, pra piorar, em TRADUÇÃO HORRÍÍÍÍÍÍÍÍVEL!]:
Os membros da milícia “Shabiha”
atacou (sic) as casas. Eles não tiveram compaixão. Nós fotografamos crianças com
menos de 10 anos de idade, com suas [4] mãos
amarradas e mortas com tiros à queima-roupa, a 10cm de distância, apenas
10 cm .
Eles cortaram seus [5] pescoços
com facas, não todo o pescoço, mas eles fizeram um buraco no pescoço, um buraco
nos olhos. [6]
Em
momento algum se cogita de lembrar os leitores da possibilidade – se os
“depoimentos” não forem integralmente inventados! – de esses “depoimentos” virem
de pessoas politicamente alinhadas com a oposição síria, agindo e falando sob
instruções de um ativo programa de propaganda.
E, só
agora, Williams/BBC [mas não os jornais e os jornalistas do Grupo GAFE
(Globo/Abril/FSP/Estadão), no Brasil, pelo menos até esse
momento] lembra de lembrar que:
Dadas
as dificuldades para o trabalho de reportagem na Síria, vídeos postados
em Twitter, Facebook e YouTube
podem servir como guia para conhecer os
fatos em campo. Mas os fatos nunca são branco ou preto – quase sempre são cheios
de nuances cinzentas. Os que se opõem ao presidente Assad têm agenda própria. Um
alto funcionário ocidental chegou a descrever a estratégia de comunicação da
oposição síria pelo YouTube, como
“brilhante”. Mas lembrou também das técnicas de “guerra psicológica” e de
lavagem cerebral, de propaganda, que militares norte-americanos e outros usam
frequentemente, para convencer pessoas de versões que nem sempre são verdadeiras. [7]
Williams
sabe bem do que está falando.
Dia
27/5, a BBC distribuiu uma foto, apresentada como se fosse recente e tirada em
Houla, para “comprovar” o show: “corpos de crianças em Houla, ainda
insepultos”.
A foto mentirosa da BBC denunciada por di Lauro |
Mentira.
Nada além de exemplo da propaganda a favor do golpe contra o governo de Assad, e
que nada tem de “brilhante”. A foto de corpos enrolados em mortalhas brancas foi
tirada pelo fotógrafo Marco di Lauro no Iraque, há quase dez anos, dia
27/3/2003. E eram ossadas descobertas num deserto, ao sul de Bagdá.
Di
Lauro comentou:
O que muito me surpreende é que
uma agência de notícias como a BBC não verifique suas fontes. Alguém está usando
trabalho do outros para fazer propaganda de mentiras. Mas... A
BBC?! [8] (...)
É
perfeitamente possível que o mea culpa de Williams tenha motivos dignos,
de preocupação com o papel que ele e outros jornalistas desempenham, de
porta-vozes de uma campanha para derrubar mais um governante no mundo árabe,
conhecida hoje, eufemisticamente, como “troca de regime”. Mas de pouco servirá a
“confissão”, lá, escondida num blog da empresa (BBC British Broadcasting
Corporation).
Porque
fato é que, na BBC [como na Folha de S.Paulo, no Estadão e n’O
Globo, no Brasil! (NTs)] a mesma propaganda – vendida como se fosse
jornalismo a consumidores PAGANTES – continua, sem qualquer modificação, como se
vê na cobertura, dia 6/6, de outro massacre, dessa vez na vila de Qubair.
Dessa
vez, o correspondente da BBC, Paul Danahar, que viaja no comboio dos monitores
da ONU, “noticiou” que escrevia “de uma casa devorada pela chamas”, “sentindo
cheiro de carne calcinada”, cercado de “pedaços de cadáveres”. “Noticia” também
que “massacrar o povo não satisfaz a fúria do exército de Assad. Agora matam
também os animais”. E a matéria é ilustrada pela foto de um burro morto, que
nada mostra, além do burro morto. Em seguida, sobre imagens de marcas de pneus
numa estrada de terra, o mesmo Paul Danahar “noticia”: “Veem-se evidentes
tentativas para apagar rastros de pneus e outros detalhes das atrocidades”. É
possível que haja as tais “evidentes” tentativas. Mas nada, no jornalismo da BBC
comprova o que o jornalista “noticia”. (...)
E
é desnecessário lembrar que a BBC (a Folha de S.Paulo, O Estado de
S.Paulo e O Globo, claro!) não dizem uma palavra sobre matéria
publicada dia 7/6 pelo Frankfurter Allgemeine Zeitung, com muitas
evidências de que o massacre de Houla tenha sido cometido pelo Exército Síria
Livre.
A
matéria oferece depoimentos recolhidos entre os habitantes da região, por
grupos que se opõem ao governo de Assad e também se opõem ao Exército Síria
Livre e a outras milícias também pagas e armadas (e noticiadas) pelo
ocidente.
Notas de rodapé
[1] 7/6/2012, Jon Williams,
Blog, BBC-Londres em: “Reporting
conflict in Syria”
[2]
Em Portugal, o blog “Clube dos Jornalistas”
já sabia das mentiras da BBC.
[3] 28/5/2012, BBC - Londres, em: “Syria Houla massacre:
Survivors recount horror”. E
idêntico besteirol aparece copiado-publicado e REVENDIDO a leitores consumidores
PAGANTES, no Brasil:
(1) Na FOLHA DE S.PAULO, no mesmo dia 28/5/2012
em: “Sobreviventes
relatam horrores de massacre na Síria”. E,
claro, aparece também repetido...
(2) N’O ESTADO DE S.PAULO, dia 31/5, em: “Perigo
de guerra civil na Síria aumenta após massacre de Houla”. E também,
porque a copiação, por aqui, nunca falha, o mesmo besteirol TAMBÉM está
publicado, igualzinho,
(3) N’O GLOBO, dia 1/6/2012 em: “Perigo
de guerra civil na Síria aumenta após massacre de
Hula”
[4]
E de quem, diabos, seriam as mãos?! Tradução ginasiana, amadora, infantiloide,
debiloide... E os assinantes da Folha de S.Paulo PAGAM pra ler esse lixo!
[5]
E de quem, diabos, seriam os pescoços?! Tradução ginasiana, amadora,
infantiloide, debiloide e errada... E os assinantes da Folha de S.Paulo
PAGAM pra ler esse lixo!
[6] 28/5/2012, Folha de S.Paulo/UOL, em: “Sobreviventes
relatam horrores de massacre na Síria”
[7]
28/5/2012,
BBC -Londres, em: vide nota [3]
[8] Do Blog VigilantCitizen, 29/5/2012, em: “BBC Uses a 2003 Picture from Iraq to Incite War Against Syria”
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