14/6/2012, MK Bhadrakumar*, Indian Punchline
Traduzido pelo pessoal da Vila
Vudu
Entreouvido na Vila
Vudu: Fato é que todos os
BRICS são muito mais parecidos uns com os outros do que supõe a nossa vã
imprensa brasileira e os muito mais vãos celsoslafers e demétriosmagnollis que
entediam semanalmente os assinantes da Globo News & William
Waack...
Se Rússia, China e
Índia vão, aos poucos, entendendo que ninguém precisa, de fato, temer tanto o
sinistro lobby sionista, o mais provável é que ninguém (exceto Obama e,
mesmo assim, só em ano eleitoral) precise, afinal de contas, temer tanto o
sinistro lobby sionista.
São tigres de
papel.
Sic transit gloria mundi. Quem
diria?
Há reflexões
interessantes aí, de fato, pra todos os
BRICS...
Sergey Lavrov |
Ali Akbar Salehi |
O presidente
Barack Obama dos EUA está sem meios para negociar com o Irã, nesse escorregadio
ano eleitoral. E o Congresso não o perde de vista, atento para impedir qualquer
concessão que Obama pense em fazer ao Irã.
Essa pressão do Congresso não diminuirá. A matrix é mais ou menos a
seguinte: Obama tem interesse em relaxar as tensões com o Irã, temeroso de que o
preço do petróleo e da gasolina cause alvoroço na opinião pública nos EUA; mas
para relaxar as tensões, teria de negociar alguma concessão, o que não pode
fazer, apesar da manifesta disposição dos iranianos para retribuir concessão com
concessão.
Resultado: as
sanções dos EUA contra o Irã só aumentam.
A história demonstra que sanções
jamais funcionaram. Mas a discussão, em tom sempre crescente, ajuda o governo
Obama a fazer crer, pelo discurso de especialistas e pela mídia, que sua
política para o Irã está(ria) gerando algum efeito. Coluna publicada hoje
no New York
Times, assinada por Trita Parsi [1], iraniano criado na Suécia e premiado
especialista em Oriente Médio, que trabalha hoje nos EUA, analisa a fracassada
política dos EUA para o Irã.
S.M. Krishna |
Funcionários dos
EUA já sinalizam que é impensável, para Washington, impor sanções contra a
China, caso não se deixe pautar pelas sanções norte-americanas contra ao Irã.
Por que os indianos estamos falando como poodles que tivessem satisfações a dar, ao decidir
sobre nossas posições? Convenhamos: quais seriam as tais “situações
internacionais” às quais se referiu em tom enigmático o ministro dos Assuntos
Internos da Índia, que obrigariam a Índia a reduzir as importações de petróleo
iraniano e a aumentar as importações da Arábia
Saudita?
Quanto ao sempre
referido e temido lobby israelense, que a Índia não quereria
incomodar, e se o problema é esse, por que não pedimos que os judeus
norte-americanos garantam à Índia a posição de membro permanente do Conselho de
Segurança da ONU, em troca do que façamos no caso do Irã? Pois se tanto já nos
exaurimos em rompantes de que nunca mais deixaríamos a cadeira no Conselho de
Segurança à qual chegamos ano passado, com mandato de dois
anos!
Recep Tayyip Erdoğan |
E mais importante:
a atitude da Turquia contra o governo israelense maculou as relações
EUA-Turquia? Exatamente o contrário: as relações EUA-Turquia são hoje as
melhores e mais sólidas de toda a era pós-guerra
fria.
Às vezes tenho a
impressão de que nosso próprio pessoal indiano, que pode ter sido “conversado”
por Israel por vias obscuras, está deliberadamente espalhando essa lorota, para
assustar nossos ministros com a tese risível de que os EUA buscam parceria com a
Índia por sugestão de algum lobby israelense. Que sandice! As relações
EUA-Índia são baseadas em interesses mútuos.
E a Índia deve confiar nela mesma, o
suficiente, pelo menos, para entender a raison d’etre do relacionamento
EUA-Índia.
Notas de
rodapé
[1] 14/6/2012, “Abram espaço para Obama, na negociação
com o Irã”, Trita Parsi, (em
inglês).
[2] 16/6/2012, “A Rússia rejeita quaisquer sanções
unilaterais contra o Irã”, FarsNews, Teerã, (em
inglês).
*MK Bhadrakumar foi diplomata de carreira do Serviço
Exterior da Índia. Prestou serviços na União Soviética, Coreia do Sul, Sri
Lanka, Alemanha, Afeganistão, Paquistão, Uzbequistão e Turquia. É especialista
em questões do Afeganistão e Paquistão e escreve sobre temas de energia e
segurança para várias publicações, dentre as quais The
Hindu, Asia
Online e Indian Punchline. É o filho mais velho de MK Kumaran (1915–1994), famoso
escritor, jornalista, tradutor e militante de Kerala.
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