3 de Julho de 2012 - 14h23
Por Eduardo Guimarães, no blog da
Cidadania
Enviado por Evaristo Almeida
Leia também: 22/5/2012, redecastorphoto: Assange
entrevista No. 6 – “Rafael Correa , presidente do
Equador”
Rafael Correa - Presidente do Equador |
Quem exprimiu a premissa que
intitula este texto, ainda que em outros termos, não foi qualquer um. Seu autor
é o presidente do Equador, Rafael Correa. Foi dita em visita recente que o
mandatário fez ao Brasil durante entrevista que concedeu ao jornalista Kennedy
Alencar em programa que este mantém na televisão aberta.
Correa disse ainda mais. Afirmou
que, ao deixar o poder, pretende se dedicar integralmente à missão de combater o
que pode ser chamado de imperialismo midiático, ou seja, o massacre
comunicacional que um reduzido contingente de impérios de comunicação produz ao
esconder, minimizar, aumentar, distorcer ou inventar fatos, além de, não raro,
censurar divergências.
A grande dificuldade que se
apresenta hoje para acabar com a figura supranacional que é a do “dono” da
comunicação (algumas dezenas de grupos empresariais, familiares ou não, que
decidem o que a humanidade deve ou não saber) é a de que esses impérios
absolutistas se escudam naquilo que mais ferem: a liberdade de expressão.
Para tanto, esses mega grupos
empresariais espertalhões procuram manter viva uma situação que vigeu nos
primórdios da imprensa, quando ela não tinha o poderio que tem hoje nas
democracias e, assim, era o último bastião contra o despotismo de Estado.
Isso durou até que os setores
beneficiários da concentração de renda em todo o mundo descobrissem que melhor
do que mandar espancar ou assassinar jornalistas que quisessem questionar o
poder econômico seria cooptá-los, assenhorando-se da propriedade da imprensa e
convertendo-a em uma imensa indústria.
A possibilidade de censurar hoje
uma imprensa que dispõe de inúmeras plataformas para difundir seu trabalho é
praticamente nula não só nas democracias, mas, até, nas ditaduras. Na Primavera
Árabe, as redes sociais mostraram que não é mais possível impedir o livre fluxo
de informações, mesmo quando alguém tenta controlá-lo com mão-de-ferro.
Contudo, é evidente que a
capacidade de comunicar depende da dimensão do aparato comunicacional. Como
blogs ou perfis em redes sociais podem enfrentar impérios de comunicação que
dispõem de TODAS as plataformas possíveis e imagináveis em termos de transmissão
de informações?
O poder inaceitável que foi dado a
esses impérios de comunicação, portanto, é o de hierarquizarem notícias, fatos e
opiniões e até mesmo de escondê-los. E como não há meios de questionar em tom
semelhante o que esses impérios dizem, pois mesmo quando usam concessões
públicas simplesmente se negam a dar espaço até a autoridades, a inundação de
suas teses sufoca qualquer divergência e pauta a agenda pública.
Agora mesmo, no Brasil, estamos
vendo efeitos revoltantes do poder da mídia. Recentemente, dois ex-ministros do
governo Dilma foram absolvidos nas investigações sobre denúncias da mídia de que
foram alvos. Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda, e Orlando Silva,
ex-ministro do Esporte, foram derrubados sob denúncias de corrupção sem
fundamento sólido.
No caso de Palocci, ainda havia um
questionamento de fundo moral sobre ter se aproveitado (como tantos outros
fizeram sem questionamento da mídia) do cargo de ministro da Fazenda para
auferir lucros em negócios após deixar esse cargo, mas, no caso de Silva, não.
Foi acusado por um meliante que, da época em que a mídia lhe conferiu
credibilidade para cá, passou de acusador a réu.
Palocci, porém, teve a legalidade
de seus negócios avalizada, ainda que restem os questionamentos morais. Todavia,
para tais questionamentos se sustentarem eles teriam que ser feitos a todos os
outros ex-ministros da Fazenda que enriqueceram muito mais do que ele após
deixarem o cargo, sobretudo os ministros dos governos anteriores ao de Lula.
Já o caso de Orlando Silva é mais
grave. Foi alvo de uma trama sórdida. A mídia transformou um bandido perigoso –
por ter problemas mentais evidentes – em um “herói” em luta contra o poderoso
vilão corrupto encastelado no poder em que o ex-ministro foi convertido. Esse
golpe fez o governo Dilma cometer um de seus maiores erros: imolar um inocente
sem razão plausível.
Quanto já custou ao país a
politicalha partidarizada e os chiliques ideológicos dos seus impérios
midiáticos locais? Ministérios foram paralisados, a agenda pública foi
tumultuada por denúncias que eram marteladas diariamente até atingirem o
objetivo político-ideológico de seus autores. E depois se descobre que não
continham fundamento algum.
Políticas públicas
deixam de ser ou são adotadas por pressão do imperialismo midiático. É a
comunicação que permite aos Estados Unidos massacrarem mulheres, crianças e
velhos de países longínquos “em nome da democracia” e que transforma a reação a
esses massacres em “terrorismo”. Tudo graças à interpretação que os impérios ...
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