21/8/2012, Pepe Escobar, Asia Times Online – The Roving
Eye
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Pepe Escobar |
Dado
que não é possível acompanhar pessoalmente o robô Curiosity em suas andanças em
Marte, não há como escapar da histeria do “Bombardeiem o Irã” que emana,
incansável, de Telavive e dos sentinelas avançados de Telavive em Washington.
Agora já há até opinionismo de terceira classe, a sugerir que o presidente
Barack Obama dos EUA voe pessoalmente a Israel, para acalmar o duo pirado
Bibi-Barak. [1]
Assim
sendo, é hora de tomar rumo completamente diferente – e totalmente ausente das
páginas da mídia-empresa ocidental – e ouvir o pensamento iraniano qualificado
que se dedica a analisar o que realmente fermenta por baixo do rugido dos
tambores de guerra – no que diga respeito a Irã, Turquia, mundo árabe e toda a
Eurásia.
Hossein Mousavian |
Pode-se
começar com o embaixador Hossein Mousavian, pesquisador do Woodrow Wilson School of Public and
International Affairs da Universidade de Princeton; ex-porta-voz da equipe
de negociadores iranianos para a questão nuclear de 2003 a 2005; e autor de
The Iranian Nuclear Crisis: A Memoir.
Escrevendo
na página internet da Arms Control
Association [2], Mousavian vai
diretamente ao ponto: “A história do programa nuclear do Irã sugere que o
ocidente, inadvertidamente, está empurrando o Irã na direção de armas
nucleares”.
Em
sete passos
chaves , Mousavian mostra didaticamente como o processo se
desenrolou – começando pela “entrada do Irã no campo nuclear”, possibilitada,
aliás, por Washington: “nos anos 1970s, o Xá [do Irã] tinha planos ambiciosos
para explicar o programa nuclear, prevendo 23 usinas nucleares até 1994, com
apoio dos EUA”.
Mousavian
mostra como, de 2003
a 2005, durante o primeiro governo
Bush,
O
Irã apresentou várias propostas [nucleares], que incluíram o compromisso
declarado de que limitariam o enriquecimento no nível de 5%; de que exportariam
todo o urânio baixo-enriquecido [orig. low-enriched uranium (LEU)] ou
bastões de combustível nuclear que produzissem; de que assinariam um protocolo
adicional aos acordos de salvaguardas com a AIEA e com o Código 3.1 dos arranjos
subsidiários, que assegurariam nível máximo de transparência; e autorizavam a
AIEA a inspecionar instalações não declaradas. Essas propostas visavam a superar
as preocupações do ocidente sobre a natureza do programa nuclear iraniano,
garantindo que nenhum urânio enriquecido seria desviado para algum programa de
armas atômicas. A proposta iraniana também teria facilitado o reconhecimento,
pela comunidade internacional, do direito de o Irã enriquecer urânio, nos termos
do Tratado de Não Proliferação. Em troca desses compromissos que o Irã assumia,
o dossiê iraniano na AIEA seria normalizado e o Irã teria acesso a uma mais
ampla cooperação política, econômica e de segurança com a União Europeia. Além
disso, também interessava ao Irã garantir o suprimento de combustível para o
reator nuclear de pesquisas em Teerã, motivo pelo qual estava disposto a enviar
o urânio enriquecido para algum outro país onde pudesse ser convertido em
bastonetes/combustível.
O
governo Bush recusou todos os oferecimentos do Irã. Mousavian recorda “encontro que tive naquele momento com o
embaixador francês no Irã, Francois Nicoullaud, que me disse: Para os EUA, o Irã
enriquecer urânio no próprio país é a linha vermelha que a União Europeia não
pode ultrapassar”.
De
onde se pôde concluir que “o ocidente não
está interessado em resolver a questão nuclear. A única coisa que o ocidente
deseja é obrigar o Irã a abandonar completamente seu programa de
enriquecimento”. Efeito disso foi, como não poderia deixar de ser, que o Irã
foi compelido a “modificar sua diplomacia
nuclear e a acelerar o programa de enriquecimento, para assegurar-se a
autossuficiência na produção do combustível nuclear”.
“Estoque
zero”, quem se candidata?
Rode
o filme para a frente, até fevereiro de 2010. Teerã propôs “manter o enriquecimento abaixo de 5%, desde
que o ocidente assegurasse o combustível necessário para manter em atividade o
reator de Teerã. O ocidente recusou essa proposta”.
Charge do Bira |
Novamente,
rodem o filme à frente, até setembro de 2011, “quando o Irã já dominava a tecnologia de
enriquecimento a 20% e já acumulava estoque considerável; foi quando o Irã
propôs suspender as atividades de enriquecimento a 20% e aceitar que o ocidente
fornecesse os bastonetes-combustível para o reator de Teerã. Mais uma vez, o
ocidente rejeitou a proposta; o que obrigou os iranianos a dar um passo adiante
e passar a produzir seus próprios bastonetes-combustível”.
Sobre
as conversações desse ano em Istambul e Bagdá , Mousavian
destaca que “depois de cada bloqueio, de
cada ação ocidental punitiva, o Irã fez avançar o seu programa nuclear”.
E
a coisa ainda piora: “Comparação entre a
declaração de 19 de junho, em Moscou, feita por Catherine Ashton, chefe da
política externa da União Europeia e principal negociadora no grupo P5+1, e a
declaração da mesma Ashton dia 14 de abril em Istambul mostra uma grande
diferença. O P5+1, em junho, dá mais importância ao Irã cumprir suas obrigações
internacionais, a saber, obedecer a resoluções do Conselho de Segurança da ONU,
do que a que cumpra os deveres a que se obriga por ser signatário do Tratado de
Não Proliferação. Vê-se hoje claro retrocesso em relação à posição em Istanbul.
Indica que o foco volta, agora, a ser a suspensão das atividades iranianas de
enriquecimento, demanda que sempre aparece para interromper quaisquer
negociações, desde 2003” .
O
resumo é que “não só o ocidente empurrou
o Irã a buscar a autossuficiência, mas, em todas as circunstâncias, tentou
privar o Irã de seu inalienável direito de enriquecer urânio. Esse movimento
impulsionou o Irã a buscar, a todo galope, controlar toda a tecnologia
nuclear”.
A
conclusão é inevitável: “Os progressos
que o Irã obteve em seu programa nuclear é produto dos esforços do ocidente para
isolar o Irã, ao mesmo tempo em que se recusou a reconhecer os direitos do
Irã”.
Washington
e seus seguidores europeus simplesmente não conseguem entender que “sanções, isolamento e ameaças não obrigarão
o Irã a ajoelhar-se. Ao contrário, essas políticas só levaram a avanços no
programa nuclear iraniano”. Mesmo sob as mais devastadoras sanções e a febre
de “Bombardeiem o Irã” já chegando ao
surto convulsivo, só uma consequência é garantida, diz Mousavian: “o Irã tende hoje a retirar-se do Tratado
de Não Proliferação e a buscar sua bomba atômica”.
O
que torna tudo isso ainda mais absurdo é que há solução que pode por fim a toda
essa loucura:
Para
atender às preocupações do ocidente sobre o estoque iraniano de urânio
enriquecido a 20%, solução mutuamente aceitável para o longo prazo implicaria
“estoque zero”. Sob essa abordagem, um comitê conjunto (Irã e P5+1)
quantificaria as carências domésticas do Irã, em termos do quanto de urânio 20%
o país carece para finalidades de pesquisa; e tudo que ultrapassasse essa
quantia seria vendido no mercado internacional, ou imediatamente ‘empobrecido’
até voltar ao nível de 3,5%. Assim se asseguraria que o Irã não pudesse formar
estoque permanente de urânio enriquecido a 20%, o que atenderia às preocupações
internacionais sobre a possibilidade de o Irã construir bombas atômicas. Seria
solução que salvaria as posições de todos, ao mesmo tempo em que reconheceria o
direito dos iranianos de enriquecer seu urânio, assegurando ao país meios para
negar qualquer interesse em construir armas atômicas.
Washington
– e Telavive – algum dia aceitarão? Claro que não. Os cães da guerra continuarão
a ladrar.
Um novo
jogo de segurança
Também
é reconfortante examinar a análise iraniana da situação síria.
Mehdi
Mohammadi, na página internet IranNuc.IR [3] escreve:
“....o
medo que a maioria sunita tem, de uma minoria salafista, não é fator a
desprezar; e é realidade muito frequentemente censurada, relevante para entender
a situação em campo na
Síria. É a mesma realidade que impediu a oposição de aceitar
quaisquer formas de negociações e, até, eleições livres”.
Esse
fato é absoluto anátema na cobertura que a imprensa-empresa ocidental tem dado à
situação na Síria.
Mehdi Mohammadi |
O
xis da questão é que, mesmo no melhor cenário, a FM “está cometendo gravíssimo erro estratégico
(...). Ainda que o governo de Assad seja deposto, os EUA jamais permitirão que o
governo sírio caia nas mãos da parte da Fraternidade Muçulmana que aspira a
manter e, se possível, aprofundar ainda mais, o atual conflito com Israel”.
Mohammadi
observa, também corretamente, como EUA, Israel, Arábia Saudita e Turquia “chegaram à conclusão de que o melhor modo de
impedir que desenvolvimentos da Primavera Árabe ajudassem a aumentar o poder do
Irã na região seria converter todo o real conflito em luta entre xiitas e
sunitas”.
No
fundo, como o Irã interpreta tudo isso? Segundo Mohammadi, “há alto grau de confiança em que o governo
sírio não se deixará depor, no mínimo num prazo médio”. Além disso, “é muito pouco provável que Rússia e China
cheguem a algum acordo com o ocidente sobre a Síria” e inclusive “sobre o dossiê nuclear iraniano”.
Teerã,
pois, está apostando na possibilidade de que “Rússia e China consigam construir um front
estratégico confiável, anti-ocidente”. E o autor conclui: “A equação estratégica da região, como
resultado dos eventos hoje em curso na Síria , absolutamente
não mudou em qualquer direção que possa prejudicar o Irã”.
Mohammad Farhad Koleini |
Koleini
observa que, “enquanto o ocidente busca
criar novo arranjo de segurança no Mediterrâneo”, Moscou tenta “não deixar que o ocidente imponha ali seu
monopólio geopolítico”. Por isso, a abordagem russa “não está necessariamente focada no que
realmente esteja ocorrendo dentro da Síria, mas tem em vista um pacote regional
e o projeto de Moscou para regular esse pacote nas suas interações com o
ocidente”.
Isso
explica por que a Rússia “jamais
permitirá que estados ocidentais imponham qualquer tipo de zona aérea de
exclusão sobre a Síria”. É atitude confrontacional? Não, de modo algum: “A Rússia está fazendo o máximo possível para
evitar, a qualquer preço, qualquer tipo de confrontação. A China sempre
demonstrou, em todos os seus movimentos, que segue a mesma política”.
Mehdi Sanaei |
Quer
dizer: podem todos esquecer o famoso “reset” das relações entre
Washington e Moscou.
Sanaei
refere-se ao famoso artigo sobre política externa que Putin publicou [6] às vésperas da eleição presidencial
na Rússia: “Putin visou diretamente os
EUA, acusando Washington de mentir e manipular a estrutura e as resoluções da
ONU, servindo-se de dois pesos e duas medidas em inúmeras questões globais em
diferentes países, além de perseguir interesses só seus, enquanto prega
democracia”.
Sanaei
descreve, também corretamente, o modo como os analistas russos veem a política
externa do governo Obama, como “resultado
de dois tipos de teorias: “realismo de última moda” e “neoliberalismo”. Por
causa disso, os EUA realmente creem que todos os países do mundo possam ser
classificados ou como “amigos” ou como “inimigos” dos EUA. Países hostis,
portanto, têm de ser enfraquecidos, e a presença deles nas arenas estratégicas
regional e global deve ser contida e, se possível, suprimida, em termos
políticos, econômicos e culturais”.
Portanto,
para Moscou, “uma nova onda da ordem do
mundo foi iniciada pelos EUA para criar nova versão do velho sistema unipolar.
Os principais alvos dessa onda, Moscou insiste, incluem o Norte da África, o
Oriente Médio, o Irã, a Eurásia e, finalmente, China e Rússia”.
Koleini,
dessa vez em artigo para o jornal Emrooz de Teerã [7], introduz o tema do
Oleogasodutostão no relacionamento Irã-Rússia: “Apesar da cooperação com o programa de
energia nuclear iraniano, a Rússia sempre desejou cortar a mão do Irã no mercado
europeu de gás natural. Nessa direção, a Rússia interagiu com Turquia e alguns
países do Leste Europeu no projeto Blue Stream. Isso prova, acima de qualquer
dúvida, que a Rússia tenta alcançar a liderança na engenharia da estrutura de
segurança na Europa, mediante sua política de energia, e reduzir a dependência
da Europa de outras fontes de energia”.
Tudo
isso, enquanto “tenta desempenhar papel
de equilibração no caso nuclear do Irã”.
Koleini
também oferece esboço do principal desafio para a “política eurasiana” que Putin
explicitou antes de eleito: “O ponto é
que o ocidente está projetando novos jogos políticos, sobretudo na Ásia Central,
para criar problemas novos para a Rússia e afastar da Eurásia a atenção de
Moscou, atraindo-a para esferas tradicionais da extinta União Soviética”.
Egito
e Irã trocam beijos
Intelectuais
iranianos têm monitorado atentamente a vizinha Turquia. Especialista
em Turquia e
Cáucaso , Elyas Vahedi observa como “o governo turco surgiu com conceitos como
“nem religião de estado, nem estado religioso”, “governo secular, não homem
secular”, “civilizar a Constituição”, “abertura democrática/abertura
curda/abertura alawita” e “controle e supervisão civis sobre o exército”, e
tem-nos usado para fortalecer e manter o controle político sobre o Partido
Justiça e Desenvolvimento (AKP)”.
E,
claro, antes da Primavera Árabe, toda a conversa girava em torno de “zero
problemas com nossos vizinhos” e a doutrina da “profundidade estratégica” da
Turquia.
Mas
agora que a Turquia está metida na Síria, o governo do AKP “tenta justificar o próprio fracasso,
declarando que a política de minimizar os problemas com países vizinhos teria
entrado na segunda fase (...). A Turquia acredita que o principal traço da
segunda versão de sua política é interação com povos de países vizinhos, não
mais com governos vizinhos”.
Simplesmente
não se sustenta, diz Vahedi: “Esse ponto
de vista, apesar de algumas limitações, seria ainda, de certo modo, justificável
em alguns países como Líbia, Egito e Tunísia; mas absolutamente não se aplica à
Síria”. Além disso, Ankara “manteve-se em silêncio ante o suplício do
povo do Bahrain, sob o pretexto de que os protestos políticos no Bahrain não
seriam populares”.
Sobretudo,
a política exterior da Turquia “também
alimentou especulações de que Ankara participava do conflito xiita-sunita
provocado e encenado pelo ocidente. O dano que essa ideia causará à posição e ao
prestígio regionais e internacionais da Turquia custará caro demais a
Ankara”.
Vahedi
vê a Turquia, bem como a Arábia Saudita e o Qatar, como seguidores do ocidente,
que lidera da retaguarda, no estilo típico de Obama. A Turquia “parece ter lido a mente do ocidente e tenta
aceitar o papel que entende como o seu, a serviço do ocidente, à espera de obter
algumas concessões do ocidente”. Mas não funcionará – por exemplo, a entrada
da Turquia na União Europeia não acontecerá, ante a gigantesca oposição de
França e Alemanha.
Para
não falar que Ankara “enfrenta graves
críticas que lhe vêm de figuras nacionalistas. Dizem que, o governo da Turquia
fala da defesa dos direitos do povo sírio como sua primeira e principal
prioridade, ao mesmo tempo em que direitos dos turcos são ignorados em Karabakh
e nos Bálcãs, com a conivência das potências ocidentais”.
Ali
Akbar Asadi, do Departamento de Relações Internacionais da University of Allameh Tabatabaei,
discorre sobre os eventos chaves das semanas vindouras: o renovado
relacionamento diplomático entre Irã e Egito – objeto da mais furiosa ira de
Washington; o Departamento de Estado, em movimento infantilóide, insiste que o
Irã “não merece” ser anfitrião da reunião do Movimento de Não Alinhados em
Teerã, do qual participará o presidente Mohamed Morsi do Egito. [8]
Asadi
vai direto à jugular – as petromonoarquias do Conselho de Cooperação do Golfo
(CCG) estão aterrorizadas ante a possibilidade de que “o Egito retome suas relações com a República
Islâmica do Irã, ou, mesmo, de que estabeleça relações estratégicas com a
Turquia, minando o poder e a influência do próprio CCG no novo equilíbrio do
poder regional”.
Assim
sendo, o GCC está fazendo o que costuma fazer: deixando jorrar um pouco de
dinheiro. “Querem manter o Egito, como
ator político grande e importante no mundo árabe, do lado deles”.
Estão
também exigindo de Mursi e da FM que “não
tomem qualquer medida para exportar sua revolução ou para ativar outros
afiliados” da FM no GCC. E esperam que “o Cairo evite adotar nova abordagem para
fortalecer o Hamás contra o Fatah, ajudando a população palestina e de Gaza, e
mostrando-se em aberta e firme oposição contra o regime israelense”.
A
política do GCC, apoiada pelo ocidente e por Israel, é “manter o Egito estrangulado em seus desafios
domésticos” e, assim, incapaz de exercer “a liderança histórica que aspira a
recuperar, no mundo árabe”.
Eis,
então, apenas uma amostra da discussão intelectual em curso hoje no Irã.
Comparada à histeria bombardeativa de que Telavive e Washington estão
acometidas, soa como se esses analistas pensassem e escrevessem em Marte.
______________________
Notas de
Rodapé
[1].
20/8/2012, Bloomberg -
Jeffrey Goldberg em: “An Obama Visit
to Israel Could Stall Iran Attack”
[2].
Julho/agosto 2012, “Arms Control Assaciation”
[3].
Ver “Iran
Nuc”, em persa
[4].
Ver “Iranian Diplomacy”, em
persa
[5]. Ver em “Tabnak
Professional News”, em persa.
[6].
27/2/2012, “Russia and the changing
world”, Ria Novosti. Sobre esse artigo e a “volta de Putin” ao poder na
Rússia, ver também: 6/3/2012, redecastorphoto em: PEPE
ESCOBAR, “Agora é encarar: o czar voltou”, em
português.
[7]. Ver em “Tehrooz” (Jornais de Teerã - jornal em persa e
distribuído em .pdf)
[8].
20/8/2012, Washington Post
(Associated Press) em: “EUA says Iran
doesn’t deserve to host summit of Non Aligned Movement”.
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