“Conhecimento
Internacional” [só rindo]
13/12/2012,
Aram Roston, US Army Times
Traduzido
pelo pessoal da Vila
Vudu
Em
2010,
a população dos Emirados Árabes Unidos era estimada em 8,2
milhões de habitantes, dos quais apenas 13% nativos dos Emirados – e a grande
maioria constituída de trabalhadores asiáticos migrantes.
Os
EAU são hoje o 9º maior importador de armas do mundo, segundo o Stockholm International Peace Research
Institute, grandes compradores de fornecedores do Departamento de Defesa.
Entre
janeiro de 2008 e junho de 2012, o valor revelado do total das licenças
aprovadas pelo governo britânico para vendas de armas aos EAU foi de
2.546.370.458
de Libras
esterlinas [8.657.659.557 de Reais].
De
um pequeno conjunto de escritórios poucos quilômetros ao sul do aeroporto
Reagan, em Washington, uma pequena empresa, praticamente desconhecida, chamada
Knowledge International [Conhecimento
Internacional] LLC faz negócios
anuais de $500 milhões de dólares.
É
uma das empresas do grupo Emirates
Advanced Investments, que faz negócios com o Departamento de Defesa; o grupo
pertence à família real dos Emirados Árabes Unidos. Mas, diferente de outras
empresas da rede, como a rede C4 Advanced
Solutions, de Abu Dhabi, a empresa Knowledge International é empresa
norte-americana.
Com
autorização plena como vendedora e corretora de vendas de armas, a empresa envia
instrutores norte-americanos e armas para os Emirados Árabes, acompanhados de
todas as indispensáveis autorizações e licenciamentos emitidos pelo Departamento
de Estado e pelo Departamento da Defesa.
Stanley McChrystal |
O
Conselho Estratégico Consultor da empresa reúne alguns dos mais afamados
comandantes de guerra em
solo dos EUA : general de exército [aposentado] Bryan “Doug”
Brown, que comandou o Comando de Operações Especiais dos EUA; general
[aposentado] James Conway, ex-comandante do Marine Corps, muito em evidência, como
figura carismática, durante a invasão do Iraque em 2003; e o general de exército
[aposentado] Stanley McChrystal, que comandou a Força Internacional de Suporte à
Segurança da OTAN, comando do Afeganistão.
Ex-general
das Forças Especiais, com carreira considerada brilhante, McChrystal foi o
arquiteto da estratégia de guerra do presidente Obama no Afeganistão em 2009.
Mas caiu em desgraça em 2010, depois de a revista Rolling Stones publicou
entrevista em que fazia comentários sobre funcionários do governo Obama.
A
controvérsia o pôs nas manchetes, obrigou-o a demitir-se e abriu caminho para a
crítica contra a doutrina da contraguerrilha no Afeganistão. Mas não impediu
McChrystal de seguir o caminho sempre trilhado pelos generais de quatro estrelas
nos EUA, na direção de empresas privadas fornecedoras do Estado.
O
general recentemente aposentado fundou o McChrystal Group, empresa de
consultoria, e foi indicado para a presidência do Conselho de Administração da
empresa Siemens Government Systems,
grupo alemão; além de já ter assento assegurado no Conselho das empresas JetBlue e Navistar.
Mas,
diferente dessas empresas, a Knowledge
International [Conhecimento Internacional] é empresa privada discreta,
sempre distante dos holofotes. A empresa-mãe, EAI, mantém relacionamento próximo
com o governo dos EAU e controla grandes negócios de compra de armas para os
militares dos EAU.
Procurado
para comentar a notícia, o gabinete de McChrystal encaminhou a consulta a Daniel
Monahan, diretor-gerente de Knowledge
International.
Por
e-mail, Monahan escreveu:
O
general McChrystal é um grande americano e trouxe à nossa empresa seu
consistente compromisso com a excelência. Valorizo seus conselhos e a capacidade
para ver soluções simples em cenários em geral muito complicados. Beneficiei-me
muito, ao longo do ano passado, das suas opiniões e de seu aconselhamento.
A
biografia de McChrystal, muito aguardada, My Share of the Task [Minha
parte da tarefa], deve ser lançada dia 7/1/2013.
Al Hammadi |
O
registro da empresa mostra que a Conhecimento Internacional foi registrada em
Delaware em 2010, como propriedade de Hussein Ibrahim Al Hammadi, CEO da EIA,
educado nos EUA. Hammadi, segundo um dos telegramas diplomáticos distribuídos
por WikiLeaks, “é coronel aposentado do Comando das Operações Especiais dos
Emirados Árabes Unidos, com laços próximos com a família real Al Nahayan, de Abu
Dabi”.
EAI
não respondeu nosso telefonema, nem mensagem enviada por e-mail.
A
principal missão da Conhecimento Internacional era ajudar a organizar as forças
terrestres do exército dos Emirados Árabes Unidos, pelos moldes do exército dos
EUA.
“Estamos
focados na transformação – transformação total – das forças armadas deles. Há
várias empresas lá, já fazendo isso, mas somos a primeira empresa, nos EUA, de
propriedade de cidadãos dos EAU” – disse Monahan, em entrevista.
Ex-piloto
da Força Aérea, Monahan foi alto conselheiro militar para assuntos europeus e
eurasianos, segundo a biografia divulgada pela empresa. Além de ter trabalhado
como vice-diretor de operações do Gabinete Militar da Casa Branca.
Monahan
disse que, até aqui, a Conhecimento Internacional tem tido papel limitado nos
esforços dos EAU para desenvolver tecnologia avançada. “Ainda nada temos em
andamento no campo ‘ciber’” – disse ele.
Monahan
disse que a empresa tentou construir um negócio de equipamento para fibra ótica,
para sua empresa-irmã nos Emirados Árabes Unidos, C4 Advanced Systems, mas a transação não
prosperou.
Quanto
ao papel do conselho estratégico, Monahan disse que McChrystal, Brown e Conroy
têm reuniões trimestrais e já visitaram juntos, uma vez, os Emirados Árabes
Unidos. Não conseguimos fazer contato com Brown e Conroy.
Ricos
em dinheiro do petróleo, e situados do outro lado do Golfo Persa, de frente para
o Irã, os Emirados Árabes Unidos compraram quantidades gigantescas de armas, e
dependem pesadamente de estrangeiros – incluindo empresas norte-americanas e
europeias – para treinamento e operação do armamento comprado.
Eric Prince (Blackwater) |
Alguns
dos contratos de treinamento já estiveram nas páginas dos jornais, como grandes
escândalos. Em 2011, o New York Times escreveu sobre os $529 milhões que
o Tesouro gastara, com envolvimento do fundador da Blackwater, Erik Prince, para
treinar um batalhão de mercenários colombianos numa base localizada nos Emirados
Árabes Unidos.
Os
EAU são hoje o 9º maior importador de armas do mundo, segundo o Stockholm International Peace Research
Institute, grande comprador de fornecedores do Departamento de Defesa. Um
dos recentes negócios entre governos foi o acordo firmado, com os EUA, no valor
de $3,5 bilhões de dólares, para comprar sistemas de mísseis “Terminal High Altitude Area Defense”
Que
os EAU sejam aliados dos EUA é questão controversa. Quando a empresa Dubai Ports World, empresa estatal dos
EAU, tentou assumir o controle dos seis principais portos dos EUA em 2006, o
negócio gerou oposição que se transformou em tempestade política. O
senador Carl Levin (D-Mich.) considerou o negócio “estarrecedor”; e o deputado
John Boehner (R-Ohio) manifestou “profunda preocupação”.
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