6/12/2012, Pepe Escobar, Tom Dispatch Blog
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Pepe Escobar |
No debate-teatro-do-absurdo da campanha eleitoral
presidencial nos EUA-2012 sobre “política externa”, o Irã foi tema citado nada
menos que 47 vezes [1]. Apesar
do medo, das maldições, palavrões e ameaças [2], além
das mentiras, no circo bilionário da temporada eleitoral, os norte-americanos,
mesmo assim, nada ouviram de
substancial sobre o Irã, por mais que as tais (inexistentes) “armas de
destruição em massa” fossem sempre citadas e recitadas como principal questão da
segurança nacional dos EUA. (Como se não faltasse mais nada, o mundo,
embasbacado, ainda ouviu o candidato Romney dizer que a Síria – não o Golfo
Persa – seria a “saída [do Irã?!] para o mar”. [3]
Agora,
com a campanha eleitoral Sturm und
Drang [4] já
ultrapassada, mas com as ameaças ainda sempre repetidas, a pergunta é: “Obama
conseguirá cruzar a fossa abissal que separa a atual política externa dos EUA
(não queremos guerra, mas haverá guerra se vocês construírem aquela bomba) e a
ótica persa (não queremos a bomba – o Líder Supremo já disse – e queremos
acordo, mas só se vocês nos assegurarem o respeito, ou pelo menos boa parte do
respeito, que nós merecemos)? Não esqueçam que, em outubro, pouco antes de ser
reeleito, o presidente Obama acenara [5] com uma
micro nesga de abertura rumo à reconciliação, ao falar sobre a “pressão” que
aplicava contra o país e sobre “nossa política de (...) potencialmente virmos a ter conversações bilaterais com
os iranianos para pôr fim ao programa nuclear deles”. [6]
É claro que Teerã não “porá fim” ao seu programa nuclear
legal. Quanto àquele “potencialmente”, é como um lembrete desenhado ali, para
lembrar o quão furiosamente o
establishment em
Washington rejeita até a possibilidade de negociações bilaterais com o Irã.
Presidente
Obama, derrube esse muro!
Começemos com o óbvio, muito importante: quando entrou
no Salão Oval, em janeiro de 2009, o presidente Obama herdava um aparentemente
inexpugnável “Muro de Desconfiança” de três décadas, nas relações Irã-EUA.
Diga-se a favor dele que, em março, Obama falou diretamente [7] a todos
os iranianos, numa mensagem pelo
Nowruz, o Ano Novo iraniano, na qual sugeriu um “comprometimento
firme, baseado no respeito mútuo”.
Chegou a citar o poeta persa, do século 13, Sa’adi: “Os filhos de Adão
são braços do mesmo corpo, que Deus criou de uma única essência”.
Mas ainda assim, desde o início, Obama foi paralisado
por uma série de preconceitos que reinam em Washington, tão velhos quanto o muro
de desconfianças; e por um conceito que unia os dois partidos e que privilegiava
estratégia agressiva em relação ao Irã, que emergiu nos anos de George W. Bush,
quando o Congresso aprovou verba de $400 milhões [8] para
pagar várias “operações encobertas” planejadas para desestabilizar o país e que
incluíam ação nas fronteiras, de equipes das Operações Especiais. Tudo isso, já
decorrente dos perigos da “bomba iraniana”.
Relatório de setembro de 2008 [9] do
Centro Político Bipartidário [orig.
Bipartisan Policy Center],
think tank com sede em
Washington, bem típico, já assumia como fato consumado que o Irã já teria
capacidade para construir armas atômicas. Foi redigido por Michael Rubin para
o American Enterprise Institute,
neoconservador, o mesmo AEI que jamais se envergonhou de ter promovido a
desastrosa invasão e ocupação do Iraque em 2003. Os membros daquele centro,
vários dos quais viriam a ser assessores de Obama “aprovaram por unanimidade” o
relatório, entre eles Dennis Ross, o ex-senador Charles Robb, o então futuro
vice-secretário de Defesa Ashton Carter, Anthony Lake, a então futura
embaixadora dos EUA na ONU Susan Rice e Richard Clarke. O documento National Intelligence Estimate de 2007, em que se reúnem anualmente as
avaliações e os estudos prospectivos de todas as agências de inteligência dos
EUA – e que garantia que o Irã encerrara em 2003 qualquer programa que tivesse
para construir bombas atômicas – foi absolutamente desautorizado e ignorado. [10]
Copiando a abordagem “todas as opções estão sobre a mesa
(inclusive a ciberguerra [11])”, o
relatório de Rubin propunha – e o que mais seria?! – ataque militar no Golfo
Persa, que teria como alvo “não só a infraestrutura nuclear do Irã, mas também a
infraestrutura militar convencional, para impedir qualquer resposta iraniana”.
De fato, esse ataque foi pensado para começar antes de George W. Bush deixar a
presidência; nos anos Obama, apenas foi aumentado [12] na
relação de alvos e objetivos. [13]
O
ponto crucial é o seguinte: enquanto dezenas de milhões de eleitores nos EUA
elegiam Barack Obama em 2008, em parte porque prometia pôr fim à guerra do
Iraque, uma poderosa minoria ativa entre as elites de Washington já começava a
rascunhar uma primeira versão agressiva de uma futura estratégia dos EUA na
região que se estende do Norte da África à Ásia Central, região que o Pentágono,
então, ainda chamava de “arco de instabilidade”. A viga mestra dessa estratégia
era um programa para criar as condições para um ataque militar contra o Irã.
R.e.s.p.e.i.t.o???
Com o governo Obama 2.0 já às vésperas de tomar posse, a
hora para resolver o imensamente complexo drama nuclear iraniano é já. Mas, como
Gary Sick, da Columbia University –
que foi assessor chave da Casa Branca sobre o Irã durante a Revolução Iraniana e
a crise dos reféns em Teerã em 1979-1981 – sugeriu [14], nada
jamais dará certo, enquanto Washington não começar a pensar além do programa de
sanções cada dia mais duras [15]
e que,
agora, já está convertido em programa pétreo, imutável, considerado
“politicamente intocável”.
Sick
propôs via sólida e consequente – o que, na prática, significa: sem qualquer
esperança de vir a ser adotada em Washington. Envolveria
discussões bilaterais secretas, a serem conduzidas por negociadores que os dois
lados aceitassem como confiáveis, baseadas em agenda acertada pelos dois lados.
Essas discussões dariam lugar, em seguida, a negociações plenas e amadurecidas,
no contexto do grupo P5+1 que já existe (os cinco membros permanentes do
Conselho de Segurança da ONU – EUA, Rússia, China, França e Grã-Bretanha, mais
a Alemanha).
Se
se considera a frenética onda pós-2009 de sanções, ameaças, ciberataques
[16], ataques militares [17]
e a
colossal mútua incompreensão, ninguém, em sã consciência, poderia esperar que
brotasse algum padrão de “respeito mútuo”, da abordagem “de duas mãos” de
Washington.
Afinal, em agosto passado, o embaixador Hossein
Mousavian, professor da Escola Woodrow Wilson de Assuntos Públicos e
Internacionais da Universidade Princeton e porta-voz da equipe de negociadores
iranianos de 2003
a 2005, explicou tudo, numa única frase [18]: “A
história do programa nuclear iraniano sugere que o Ocidente, inadvertidamente,
está empurrando o Irã na direção de construir bombas atômicas”. Chas Freeman,
ex-embaixador dos EUA na Arábia Saudita, concorda; sugeriu [19], em
palestra recente, que o Irã, hoje, “parece estar reproduzindo os passos do
programa clandestino de desenvolvimento de armas de Israel, há 50 anos, quando
Israel desenvolvia capacidades para construir, transportar e detonar armas
atômicas, enquanto, simultaneamente, negava que tivesse qualquer intenção de
fazer o que já estava fazendo”.
O que torna esses desenvolvimentos mais absurdos a cada
dia, é que há solução para toda essa loucura. Como eu mesmo já
escrevi [20], para
atender às preocupações ocidentais sobre o estoque iraniano de urânio
enriquecido a 20%,
...
solução mutuamente aceitável no longo prazo deveria implicar o conceito de
“estoque zero”. Por essa abordagem, uma comissão conjunta constituída do grupo
P5+1 e de representantes do Irã calcularia e quantificaria as necessidades
domésticas, no Irã, de urânio enriquecido a 20%; o que ultrapassasse essas
quantidades teria de ser vendido no mercado internacional ou imediatamente
reconvertido para nível mais baixo de enriquecimento, a ser fixado em 3,5%.
Assim, ficaria assegurado que o Irã não manteria estoque excedente de urânio
enriquecido a 20%, o que atenderia às preocupações internacionais, porque
asseguraria que o Irã não poderia vir a construir bombas atômicas. Seria saída
honrosa para os dois lados, porque reconheceria o direito dos iranianos a
enriquecer seu urânio e esvaziaria as preocupações em torno de um Irã
“atômico”.
É hora
de pé-na-estrada, na(s) Nova(s) Rota(s) da Seda
A atual estratégia dos EUA não é exatamente sucesso
estrondoso. O economista Djavad Salehi-Esfahani explicou [21] como os
teocratas de Teerã continuam a conseguir gerir os piores efeitos das sanções e
uma moeda nacional em queda livre, usando
a imensa riqueza do petróleo e do gás natural iranianos, para subsidiar
importações essenciais. O que nos leva à questão basilar do momento: Obama 2.0
afinal admitirá que Washington não precise de mudança de regime em Teerã, para
melhorar seu relacionamento com aquele país?
Só
se admitir isso (para ele mesmo, se não admitir publicamente), serão possíveis
negociações reais que podem realmente vir a derrubar o Muro da Desconfiança. É
absolutamente necessário que haja
détente genuína, que os
EUA aceitem que é direito do Irã manter programa nuclear para finalidades
pacíficas. Só assim será possível garantir que o resultado não será um projeto
clandestino de produção de armas; só assim acabará qualquer possibilidade de uma
guerra devastadora no Golfo Pérsico e no coração petroleiro do Oriente Médio
Expandido.
Em termos teóricos, a coisa pode incluir um pouco mais:
um momento “Nixon na China” para Obama, uma jornada dramática, ou um gesto, pelo
presidente dos EUA, para, de uma vez por todas, pôr fim ao impasse. Mas, se
prosseguir a intensa barreira de fogo de desinformação comandada pelos falcões
anti-Irã em Washington, que ataca coordenadamente com o primeiro-ministro
Benjamin Netanyahu de Israel; se persistir a ofensiva gigante de “Relações Públicas” [22]
que
insiste na sempre mesma retórica incendiária, nas “linhas vermelhas”, nos prazos
fatais e em sabotar sempre, preventivamente, qualquer movimento do grupo P5+1 na
direção de negociações com o Irã, a possibilidade de um momento daqueles, de um
gesto daqueles, continuará a não passar de sonho ou delírio. Mas, de fato, nem
um momento tão pouco provável, do tipo “Obama em Teerã”, tem alta chance de pôr um ponto final ao drama. Seria,
mais, um pequeno gesto de cordialidade, no grande quadro.
Para
entender por quê, é preciso considerar o quanto a posição geopolítica do Irã é
absolutamente crucial. Afinal, em termos de energia e em outros termos, o Irã é
a mais radical encruzilhada da Eurásia; por isso, é o pivô do mundo.
Estrategicamente,
o Irã está em posição que lhe permite controlar as linhas de suprimento de parte
muito grande das reservas globais de petróleo e gás; é uma espécie de engrenagem
privilegiada para a distribuição da energia para o Sul da Ásia, Europa e Leste
da Ásia, num momento em que dois países – China e Índia – estão emergindo como
grandes potências do século 21.
No centro da política de Washington para a região, está
a absoluta necessidade de controlar tudo isso; não alguma “ameaça iraniana”, que
empalidece, se se comparam os gastos de Defesa dos dois países. Afinal de
contas, os EUA estão gastando quase $1 trilhão [23], por
ano, em “defesa”; o Irã gasta, no máximo,
$12 bilhões [24] – menos
que os Emirados Árabes Unidos; apenas
20% do total de gastos, na Defesa, das seis monarquias do Golfo Persa
reunidas no Conselho de Cooperação do Golfo (CCG).
Além do mais, a “ameaça” nuclear iraniana desapareceria
automaticamente, se Obama 2.0, algum dia, desse um passo, que fosse, para
converter o Oriente Médio em zona livre de armas atômicas. O Irã e o Conselho de
Cooperação do Golfo já apoiaram a ideia no passado. Mas Israel – potência
nuclear de facto
(embora jamais declarada), com arsenal de mais de 300 ogivas
atômicas [25]
– não
concordou.
O grande quadro é ainda maior e ultrapassa os jogos
estratégicos entre EUA e Israel sobre algum possível futuro arsenal atômico no
Irã. A posição do Irã, como encruzilhada-chave para todo o sudoeste da Ásia
determinará grande parte do futuro do Novo Grande Jogo na Eurásia. Determinará,
sobretudo, qual versão de uma moderna Rota da Seda prevalecerá no grande
tabuleiro de xadrez energético que chamo de Oleogasodutostão [orig. Pipelineistan] [26].
Há anos repito que todos esses desenvolvimentos
interligados têm de ser analisados juntos, inclusive o anunciado movimento
militar de “pivô” [27]
(também
chamado “reequilibramento” [28]) dos
EUA. Aquela estratégia, anunciada no início de 2012 pelo presidente Obama, tinha
o objetivo inicial de desviar a atenção de Washington, das duas desastrosas
guerras no Oriente Médio Expandido, para focá-la na região do Pacífico Asiático,
com especial atenção à questão de “conter” a China. Sim, mas...
Mais
uma vez, o Irã está exatamente no coração dessa nova política, se se considera
que grande parte do petróleo e do gás iranianos tomam o rumo da China, navegando
por águas patrulhadas pela Marinha dos EUA.
Em outras palavras, o que menos importa é que o Irã seja
potência regional dilapidada, governada por teocratas senis, com força militar
modesta. Claro que o relacionamento entre Obama 2.0 e o Irã sempre envolverá a
questão nuclear, mas também envolverá necessariamente (alguém reconheça
publicamente, ou não) o fluxo de energia pelo Oleogasodutostão; e as futuras
relações de Washington com a China e o resto da Ásia. E envolverá também os
movimentos concertados de Pequim, para promover o yuan, em relação ao dólar e, ao mesmo
tempo, para acelerar [29] a morte
do petrodólar. E por fim, por trás de todas as mentiras acima listadas, há a
questão de quem dominará [30] a
versão “século 21” e “energética” da velha Rota da Seda
eurasiana.
Na
reunião, em Teerã, em 2012, do Movimento dos Não Alinhados [orig. Non-Aligned Movement (NAM)], Índia,
Irã e Afeganistão trabalharam a favor da criação do que se pode chamar de uma
nova Rota da Seda do sul – de fato, uma rede de rodovias, ferrovias e grandes
portos que conectaria o Irã e sua imensa riqueza energética ainda mais
intimamente à Ásia Central e ao Sul da Ásia. Para Delhi (como para Pequim),
estar mais próximo do Afeganistão e, sobretudo, do Irã, é fator considerado
crucialmente decisivo em sua estratégia eurasiana. E pouco importa o quanto
Washington “desaprove”.
A Índia está apostando no porto de Chabahar no Irã; a
China, no porto de Gwadar, no Paquistão (e, é claro, num gasoduto dali até o
Irã) como elos de reembarque que unam a Ásia Central e o Golfo. Esses dois
portos serão peões-chaves no Novo Grande Jogo do Oleogasodutostão [31]
– que
está, muito rapidamente, escapando do controle de Washington. Nos dois casos,
apesar do ímpeto para isolar o Irã, há bem pouco que o governo Obama possa fazer
para impedir que aconteçam essas e outras instâncias de integração local mais
cerrada na Eurásia.
A grande estratégia de Washington para uma “Ásia Central
Expandida” que os EUA controlariam já teve centro no Afeganistão e na Índia. A
desastrada Guerra Afegã, contudo, cavou um buraco no centro de gravidade dos
planos dos EUA; também foi e é desastre crescente a obsessão dos EUA com criar
rotas de energia que ignorem o Irã (e a Rússia) –, obsessão vista no resto da
Eurásia, já, de fato, como movimento irracional. A única versão de alguma Rota
da Seda que o governo Obama foi capaz de conceber é rota de guerra ou
relacionada à guerra: a Rede de Distribuição Norte [orig. Northern Distribution
Network] [32], uma
maratona logística de estradas que cruzam e recruzam a Ásia Central, para levar
suprimentos militares até o Afeganistão, sem poder jamais confiar muito num
Paquistão cada dia menos confiável.
[33]
Desnecessário dizer que, no longo prazo, Moscou fará
qualquer coisa para impedir a presença da OTAN na Ásia Central. Como Moscou,
também Pequim, que vê a Ásia Central como área de retaguarda estratégica no que
tenha a ver com seu suprimento de energia e como espaço, também, para onde
expandir sua economia. Moscou e Pequim coordenarão suas políticas, para deixar
Washington sem chão, através da Organização de Cooperação de Xangai. É a via
pela qual Pequim também planeja canalizar sua solução para a guerra sem-fim no
Afeganistão, de modo a melhorar a segurança de seus investimentos de longo
prazo [34]
(minérios
e energia). Em resumo: ambas, a Rússia e a China, querem que o Afeganistão
pós-2014 seja estabilizado pela ONU.
A
ancestral Rota da Seda foi a primeira via de globalização que a humanidade
conheceu, centrada no comércio. Hoje, sobretudo a China trabalha para promover
sua própria ambiciosa versão de uma nova Rota da Seda focada no trânsito de
energia – petróleo e gás natural – de Myanmar ao Irã e à Rússia. No final,
conectará nada menos que 17 países, por mais de 8.000 km de rodovias de alta
velocidade (sem contar outros 8.000 km já construídos em território
da China). Para Washington, tudo isso só merece uma interpretação: um crescente
eixo Teerã-Pequim, que só visa a conseguir que o objetivo estratégico dos EUA,
de isolar o Irã e forçar ali uma mudança de regime, seja, para sempre,
absolutamente inalcançável.
Obama em
Teerã?
Assim
sendo, o que sobra do impulso inicial de Obama para construir, com o Irã “um
comprometimento baseado no mútuo respeito”? Não sobra muito, ao que parece.
A culpa – mais uma vez – é do Pentágono [35], para o
qual o Irã continua a ser sempre “ameaça” número 1, e inimigo necessário.
Culpe-se também a elite dos dois partidos em Washington, apoiada por legiões de
“especialistas” midiáticos e think
tanks, que não desistirão da inimizade contra o Irã e temem as bombas
iranianas. E deve-se culpar também Israel, ainda determinada a empurrar os EUA
para um ataque contra as instalações nucleares do Irã, que é o sonho dos
israelenses. Enquanto isso, aumenta a níveis assustadores a implantação militar
dos EUA no Golfo Pérsico, já descomunal [36].
Alguém, parece, terá de dar a notícia a Washington:
vivemos em mundo cada dia mais multipolar, no qual as potências eurasianas,
Rússia e China, e a potência regional, Irã, simplesmente jamais
aceitarão [37] os
cenários que Washington insiste em desenhar. No que tenha a ver com
a(s) Nova(s) Rota(s) da Seda ligando o Sul da Ásia, a Ásia Central, o Sudoeste
Asiático e a China, sejam quais forem os sonhos de Washington, essas novas rotas
serão modeladas e construídas pelas potências da Eurásia. Não serão construídas
pelos EUA.
Quanto
a um momento “Nixon na China” de Obama 2.0, transplantado para Teerã? Já
aconteceram coisas estranhas nesse planeta. Mas, nas atuais circunstâncias, que
ninguém conte muito com grandes acontecimentos.
Notas
de rodapé
[1] 22/10/2012, Foreign
Policy, Uri Friedman em: “Which country was
mentioned most at the foreign-policy debate?”
[2] 4/11/2012, TomDispatch, Jeremiah Goulka em: “Tomgram:
Jeremiah Goulka, The Urge to Bomb Iran”
[4]
Sturm und Drang
(literalmente
“tempestade e ímpeto”) foi um movimento literário romântico alemão, que ocorreu
no período entre 1760
a 1780, como reação ao racionalismo que o Iluminismo do
século 18 postulara, bem como ao classicismo francês que, como forma estética,
tinha grande influência na cultura alemã, naquele momento. A mesma expressão dá
nome também a uma banda de
rock heavy
metal finlandesa, formada em 2004,
que se ouve, por exemplo, a seguir: [NTs]
[5] 23/10/2012, The Hill,
Julian Pecquet, em: “White
House open to one-on-one talks with Iranians over nuclear
program”
[6] 22/10/2012, NYTimes,
Peter Baker e Helene Cooper em: “Sparring
Over Foreign Policy, Obama Goes on the Offense”
[7] 19/3/2009, White House, em: “VIDEOTAPED REMARKS BY THE PRESIDENT IN CELEBRATION OF NOWRUZ”
[8] 7/7/2008, The New Yorker, SEYMOUR M. HERSH em: “PREPARING
THE BATTLEFIELD”
[9] 9/2008, National
Security Iniciative, Michael Makovsky – Project Director em: “U.S.
policy toward iranian nuclear development”
[10] 3/12/2007, NYTimes, Mark Mazzetti em: “U.S.
Says Iran Ended Atomic Arms Work”
[11] 21/10/2012, TomDispatch,
Karen J.
Greenberg em: “Tomgram:
Karen Greenberg, Preparing for a Digital 9/11”
[12]
3/7/2012, NYTimes, Thom Shanker, Eric Schmitt e
David E. Sanger em: “U.S. Adds Forces in Persian Gulf, a Signal to
Iran ”
[13] 19/7/2012, Foreign Policy, John Reed em: “All Hands on Deck”
[14] 16/11/2012, CNN, Gary Sick em: “Mideast peace
starts with talking to Iran”
[15] 31/7/2012, Politico, Jennifer Epstein em: “White
House insists Iran sanctions are working”
[16] Idem nota [11]
[17] 16/9/2012, Israel Today,
Ryan Jones em: “Massive
naval buildup in Persian Gulf as Israel moves closer to war”
[18] 8/7/2012, Arms Control, Houssein Mousavian em: “The
Iranian Nuclear Dispute: Origins and Current
Options"
[19] 29/11/2012, ME Policy
Council, Embaixador Chas W. Freeman, Jr (aposentado) em: “Middle East
America and Emerging World Order”
(speech)
[22] Idem nota
[2]
[23] 22/5/2012, TomDispatch,
Chris Hellman e Mattea Kramer em: “Tomgram: Hellman
and Kramer, How Much Does Washington Spend on
“Defense”?”
[24] The U.S. Institute of Peace - THE Iran Primer,
Anthony H. Cordesman em: “The
Conventional Military”
[25] 10/4/10, Israel Net News, em: “Analysts:
Israel viewed as world's 6th nuclear Power”
[28] 3/3/2012, The Diplomat, Richard Weitz em: “Pivot Out, Rebalance In”
[29] 27/11/2012, Gold
Swtzerland, Lars Schall em: “The
Petrodollar is Either Dead or Dying”
[30] 18/1/2012, redecastorphoto, em: “Pepe
Escobar: O mito do Irã isolado”
[31] 12/10/2012, TomDispatch, Pepe Escobar em: “Tomgram:
Pepe Escobar, Pipelineistan's New Silk Road” .
Ver também 23/12/2011, redecastorphoto, Pepe Escobar em: “Jogo
de xadrez na Eurásia” [NTs].
[32] 7/12/2012, CSIS, Northern Distribution Network (NDN)
em: “Russia and Eurasia Program - Transnational Threats
Project”
[33] 12/6/2102, NY Times, Rod Nordland em: “U.S.-Pakistan
Freeze Chokes Fallback Route in Afghanistan”
[34] 8/9/2012, NY Times,
Graham Bowley em: “Potential
for a Mining Boom Splits Factions in Afghanistan ”
[35] 28/11/2012, Military News, Richard Sisk em: “Pentagon
Still Sees Iran as Threat No. 1”
[36] 20/7/2012, Foreign Policy, em: “This Week at War: If You Build Up, Who Will
Come?
[37] 16/9/2012, Al-Jazeera, Pepe Escobar, em: “All
aboard the New Silk Road(s)”
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