7/3/2013, Chris Nineham,
Information Clearing House
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Leia mais sobre a morte e o legado
de Hugo Chávez:
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5/3/2013, redecastorphoto, Atílio Borón em: “¡Gloria al bravo Chávez!”
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6/3/2013, redecastorphoto, Laerte Braga em: “Hugo
Chávez”
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6/3/2013, redecastorphoto, em: Pepe
Escobar: “El comandante” deixou o prédio
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7/3/2013, redecastorphoto, Greg Grandin em: “Sobre
o legado de Hugo Chávez”
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7/3/2013, redecastorphoto, George
Ciccariello-Maher em: “Nem
um passo atrás: Rumo à Venezuela pós-Chávez”
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7/3/2013, redecastorphoto, em: Mark
Weisbrot: “Uma América Latina mais independente dos EUA e o legado de
Chávez”
Chris Nineham |
Morreu
uma das maiores figuras do século 21. Em tempos de universal mediocridade e
ortodoxia neoliberal à venda por toda parte, o Presidente Hugo Chávez da
Venezuela impôs-se pela personalidade de independência, princípios e coragem.
Não apenas falou sobre socialismo e justiça social: tomou medidas para que, em
seus vários governos, houvesse meios para melhorar de fato a vida de milhões em
seu país, sobretudo dos mais pobres. Foi homem de tal carisma e tão radical, que
não seria exagero dizer que produziu governos e movimentos progressistas por
toda a região.
Sua
presença e sua política de esquerda já eram, elas mesmas, produto de ampla
radicalização nos movimentos de base. As políticas neoliberais que Pinochet
começou a implantar brutalmente no Chile nos anos 1970s, começaram a ser
difundidas para todo o continente, a partir do início dos anos 1980. Na
Venezuela, foi o Presidente Carlos Andrés Pérez quem introduziu o programa,
gerido pelo FMI, “A Grande Virada”, no final dos anos 1980s. Entre 1981 e 1997,
os 10% mais ricos na Venezuela viram sua fatia da renda bruta nacional crescer,
de 22 para 33%. Os pobres venezuelanos responderam àquela “virada” com
ocupações, protestos de massa e agitação: o “Caracazo”.
Inspirado
por esses movimentos, o jovem Hugo Chávez, então jovem oficial do exército
venezuelano, lançou uma tentativa de golpe, longamente planejada, em 1992. O
golpe tinha apoio popular, mas foi contido pelo governo de Pérez. Ao ser preso,
Chávez fez uma de suas típicas declarações de coragem: “Infelizmente”, disse,
“não alcançamos, por hora, os objetivos que definimos. Novas possibilidades
surgirão, e o país conseguirá andar na direção de futuro melhor”.
Instantaneamente, a boina vermelha do uniforme do regimento de paraquedistas que
Chávez usava e a expressão “por hora” tornaram-se símbolo de resistência para os
pobres do país.
Marcha
à esquerda
O
golpe falhado desestabilizara o regime. A esquerda cresceu e a classe rica
dividiu-se internamente. Chávez saiu da prisão em 1994 e lançou o Movimento 5ª
República, que concorreu e venceu as eleições de 1998 e fez dele, filho de
professores que sobreviviam com salários de miséria, o símbolo da oposição à
austeridade que os EUA haviam conseguido impor ao país: era Presidente da
Venezuela. Diferente de tantos líderes progressistas, Chávez moveu-se para a
esquerda depois de eleito e empossado.
Um
dos pontos cruciais desse processo foi a tentativa de golpe contra seu governo,
em 2002. O golpe foi coordenado por generais, líderes religiosos e grandes
empresários, com ativo apoio das empresas de imprensa e discretamente apoiado
pelos EUA. Chávez foi sequestrado no palácio e levado de lá num helicóptero que
decolou da cobertura do próprio prédio. Mas o golpe foi contido pela mobilização
espontânea de dezenas de milhares de moradores dos barrios. Em cenas
magnificamente gravadas e reunidas no documentário “Por dentro do golpe” [orig.
Inside the Coup (2003), divulgado sob o título A revolução não será
televisionada - assista logo
abaixo edição legendada em português], a multidão cercou o palácio
presidencial onde os líderes do golpe festejavam. À vista daquelas centenas de
milhares de pessoas, o clima de festa mudou rapidamente. Houve negociações e
Chávez foi trazido de volta ao palácio, no mesmo helicóptero que o sequestrara,
para alegria da multidão.
Uma
segunda tentativa de golpe aconteceu no final daquele ano, ligada a um movimento
de lockout das grandes petroleiras que operavam no país. Dessa vez, um
movimento de massa de trabalhadores restabeleceu condições para que o governo,
afinal, assumisse o controle sobre o petróleo nacional.
Depois
disso, e beneficiando-se dos preços crescentes do petróleo, Chávez lançou vários
programas sociais que em muito melhoraram a vida dos pobres da Venezuela.
Programas de moradias, de subsídios para alimentação, novos centros médicos e um
programa de alfabetização em massa, todos organizados através de “missões”
populares, e que tiveram impacto gigantesco na vida de milhões de pessoas. Quase
metade da população, em momentos diferentes, por exemplo, passaram a receber
subsídios estatais regulares para alimentação.
Chávez
tomou, é claro, várias medidas para proteger-se contra golpes e golpistas. Mas o
segredo de seu sucesso político nunca dependeu disso. Sempre foi homem de imensa
energia. Manteve um programa semanal de televisão, “Alô Presidente”, no qual
cantava, lia, contava histórias e falava, literalmente, por horas. Dizer que
sabia falar ao povo é subquantificar e subqualificar esse processo. Mas nem por
isso Chávez descuidou da atenção sempre ativa que sempre dedicou aos movimentos
internacionais.
Conheci
Chávez pessoalmente em 2006, como membro de uma delegação internacional de
ativistas antiguerra. Típico dele, havia conseguido que Caracas recebesse aquela
edição do Fórum Social Mundial, imenso conclave internacional antiglobalização.
Falou-nos por quase uma hora, sobre socialismo, a história do movimento sindical
nos EUA, as ideias de Chomsky, a questão campesina na América Latina e muito
mais.
Entendia
como poucos a dinâmica do imperialismo. Reconheceu, com alguma humildade, que a
guerra do Iraque e os movimentos antiguerra dentro dos EUA haviam sido fatores
determinantes, que de fato impediram que os EUA agissem mais ativa e mais
diretamente contra seu governo
Eleito
e reeleito
A
imprensa o acusa de autoritarismo, provavelmente porque Chávez venceu mais
eleições que qualquer outro presidente eleito, no mundo. Foi apoiado, consciente
e profundamente por seus eleitores até seu último dia. Em dezembro passado, seu
partido venceu as eleições regionais em todos os governoratos, exceto num. Hoje,
até os jornalistas mais empenhados em derrotá-lo reconhecem que seu
vice-presidente Nicolas Maduro dificilmente será derrotado nas novas eleições
marcadas para dentro de 30 dias.
Chávez
nunca atuou diretamente contra a elite de direita na Venezuela – nem por isso
ela lhe fez oposição menos feroz. Quando nos recebeu, contou que o bem protegido
palácio presidencial era o único local satisfatoriamente seguro, onde podia
trabalhar. Sua força sempre veio de sua conexão com os pobres e os
trabalhadores. Chávez foi presidente posto e mantido no poder por um sentimento
popular de solidariedade, que periodicamente emergiu como movimento de massas. A
continuação de seu trabalho e a transformação da sociedade venezuelana estão em
andamento, longe de estarem concluídos e terão de continuar a ser disputadas.
Chávez faz corar de vergonha muitos líderes ditos progressistas em todo o mundo,
que se escondem atrás da opinião pública fabricada, para justificar a
subserviência aos mercados e à direita reacionária. Provou que suas políticas
radicais funcionam e geram votos. Mostrou que é possível – e muito popular –
desafiar o império norte-americano.
É
homem que será lembrado por muito tempo em cada esquina do mundo dos pobres
[assim, portanto, os ricos não conseguirão esquecê-lo].
Comunicado
da Vila Vudu: Aqui
damos por encerrada a nossa homenagem ao Presidente Hugo Chávez Frías; todos
trabalhamos sem parar durante mais de 48 horas, para encontrar e traduzir,
distribuir e postar informação séria e pensamento progressista sobre o
presidente Chávez. Pequena homenagem, para homem tão
grande
Os
pobres resistimos e vencemos, simplesmente, cada vez que não nos deixamos matar,
nem calar, nem engambelar... Mas uma coisa é certa: em nenhum veículo da dita
“grande imprensa” -- a imunda imprensa-empresa brasileira -- alguém encontrou
melhores análises, melhor jornalismo e melhores comentários sobre o presidente
Chávez, do que aqui, nessa blogosfera de trabalho comunista, voluntário e
solidário, onde operamos. Só a luta ensina!
Todos nós, que lutamos por um mundo melhor, somos muito gratos ao trabalho maravilhoso do Vila Vudu.
ResponderExcluirA Vila Vudu, via redecastorphoto, agradece. Só a luta ensina... e continua.
ExcluirCastor