sexta-feira, 14 de junho de 2013

Programa de vigilância é um teste para as relações China-EUA

A China, afinal, se manifesta sobre o affair Edward Snowden

14/6/2013, China Daily, Chen Weihua (Washington) e Pu Zhendong (Pequim), China
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Comentário da redecastorphoto: Esta notícia (e todo o noticiário em inglês emitido pelos jornais e agências chineses) chama essa CIBERESPIONAGEM massiva e CANALHA praticada pelo governo dos EUA contra seus próprios cidadãos e contra os de outros países de “VIGILÂNCIA”... Eufemismo ridículo!

Manchete de jornal chinês sobre o escândalo de ESPIONAGEM dos EUA
Chen Weihua
O programa dos EUA de vigilância massiva revelado por um ex-funcionário de empresa que presta serviços terceirizados à Agência de Segurança Nacional (NSA), atualmente em Hong Kong, com certeza mancha a imagem de Washington no contexto internacional e testa as relações China-EUA, atualmente em construção – dizem analistas chineses.

Li Haidong, pesquisador da área de estudos norte-americanos na Universidade de Assuntos Internacionais da China, disse que os EUA meteram-se na incômoda posição de ter de dar explicações aos próprios norte-americanos e ao mundo, depois que se descobriu o vasto programa de escutas clandestinas pela Internet patrocinado por Washington.

Os EUA dedicaram-se durante meses a acusar a China de estar fazendo ciberespionagem. E, vai-se ver, a mais grave ameaça contra as liberdades individuais e a privacidade dos cidadãos nos vem dos EUA – do Estado e do governo dos EUA – que opera sem qualquer controle democrático, disse Li.

Zhang Tuosheng
Zhang Tuosheng, pesquisador da Fundação China para Estudos Estratégicos e Internacionais, disse que, apesar das controvérsias, vê-se que o campo da cibersegurança é, comprovadamente, um novo espaço para cooperação entre China e os EUA, sobretudo agora, depois da discussão em curso em todo o mundo sobre o estado de vigilância nos EUA.

Pequim e Washington, em vez de criticarem-se uma a outra e esconder os próprios problemas, devem trabalhar juntas para viabilizar uma série de bem-vindas regulações, disse Zhang.

Segundo a mídia norte-americana, a Agência de Segurança Nacional dos EUA e o FBI mantêm escutas clandestinas e sistema de captura de informações que extraem diretamente dos servidores centrais de nove grandes empresas norte-americanas de internet, dentre as quais Apple e Google, vídeochats, fotos, e-mails, documentos, logs de conexão e outras informações que permitem que os analistas rastreiem também alvos estrangeiros.

Snowden viajou do Havaí para Hong Kong dia 20 de maio, com uma massa de documentos secretos recolhidos dos servidores da Agência de Segurança Nacional, segundo informou o jornal britânico The Guardian.



Notícias sobre o programa de vigilância dos EUA dispararam acalorado debate sobre privacidade e liberdades civis nos EUA. Grupos que militam a favor das liberdades civis exigem que o governo Obama rompa o véu dos segredos que encobre seu governo.

Mas o governo dos EUA defendeu o programa, dizendo que seria necessário para manter o país livre de terroristas. Alto funcionário da inteligência dos EUA disse na 2ª-feira que não há planos para alterar o programa. Apesar das críticas que recebeu, o programa de vigilância total continua a receber apoio, embora cauteloso, do Congresso norte-americano.


Zhang disse que Washington deve desistir da prática de buscar “segurança absoluta” só para os norte-americanos, ao mesmo tempo em que, no processo, agride interesses e direitos de outras nações.

Muitos, fora dos EUA, manifestaram-se indignados ante o sigilo e a amplidão da operação de escutas clandestinas. A União Europeia exigiu garantias, na 3ª-feira, de que os direitos de países e cidadãos europeus não estão sendo nem serão agredidos pelos programas massivos de vigilância dos EUA.

Crescem também as preocupações com a segurança de Edward Snowden. Há notícias de que ele permanece em Hong Kong, fora do alcance de Washington, mas desde o final da 2ª-feira, quando deixou o hotel onde estava hospedado, não há notícias de seu paradeiro. Nos EUA, especula-se sobre a possibilidade de Snowden ser extraditado de Hong Kong para os EUA, nos termos de um tratado de extradição entre os dois países vigente desde 1998.

Nos EUA, um abaixo-assinado de cidadãos que pedem que a Casa Branca perdoe Snowden já recebera, até a 4ª-feira, 60 mil assinaturas. O abaixo-assinado diz:

Edward Snowden é herói nacional dos EUA e deve receber perdão completo, pleno e absoluto de qualquer crime que tenha cometido ou venha a cometer relacionado à divulgação de programas secretos de vigilância massiva em operação na Agência de Segurança Nacional dos EUA.

Apesar da incerteza sobre o paradeiro do “vazador”, apoiadores de Snowden em Hong Kong organizam manifestação de protesto, que acontecerá na tarde do próximo sábado, 15/6, em frente ao Consulado dos EUA na cidade.

Dmitry Peskov
Na 3ª-feira, a Rússia noticiou que está disposta a considerar um pedido de asilo, caso Snowden o requeira.

Se houver pedido de asilo, nós consideraremos a possibilidade. Agiremos conforme os fatos determinem – disse Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, a um jornal russo.

Para vários observadores, o modo de conduzir esse caso é um duro teste pelo qual terá de passar a boa-vontade que começa a aparecer entre Pequim e Washington, dado que Snowden está hoje em território chinês e a questão da cibersegurança é das mais sensíveis, nas relações China-EUA.

Se esse caso for satisfatoriamente encaminhado, o sucesso servirá como importante precedente entre os dois países, uma vez que não há leis internacionais que regulem as questões da segurança global na internet, disse Zhang.



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