domingo, 1 de setembro de 2013

Que vida dura, dos trilhonários do AIPAC!


Os judeus dos EUA empurram Obama para a guerra

1/9/2013, Andrey Melekhov, Strategic Culture
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Barack Obama, estafeta do AIPAC
A vida é coisa esquisita! Sobretudo se você é trilhonário norte-americano do Comitê EUA-Israel de Assuntos Públicos, American Israel Public Affairs Committee (AIPAC). Por um lado, você quer ficar cada vez mais rico. Por isso os EUA usam tão freneticamente as campanhas militares de curto prazo, sempre vitoriosas: para lembrar a todos quem é o patrão do mundo. E nesse campo, o capital reunido no AIPAC não se dá jamais por satisfeito: a super produção é proibida; o que eles produzem tem de ser consumido, para ser rapidamente reposto, vale dizer, armas e munição. São rápidos, por isso nos planos para consumir armas e munição redundante, além de fazer seu show pelo mundo, em regiões ricas em petróleo, gás e outros itens.

Meio sempre útil e à mão para consumir bombas e até caríssimos Tomahawks e fazer baixar os estoques no mundo é despejá-los sobre a cabeça de aborígenes tolos o suficiente para não ver quais são os interesses dos EUA.

Por outro lado, se você é norte-americano trilionário membro do AIPAC, você é obcecado defensor de Israel. (...)

Há aí um paradoxo: os israelenses dependem dos EUA, façam o que fizerem, mas todos os dias, e cada vez mais, vão-se tornando vítimas da ganância e das ambições de seus patrícios co-norte-americanos do AIPAC que consideram os EUA exclusivamente como instrumento do gerenciamento financeiro global. É o que os eventos na Síria comprovam.

A guerra no país vizinho já tem dois anos, mas nunca, até agora, ameaçou diretamente a segurança de Israel. Porém, no instante em que Washington tornou pública sua intenção de usar força militar e fazê-lo a favor (imaginem só!) dos arqui-inimigos de Israel – os islamistas – imediatamente os cidadãos israelenses, que têm lastimável experiência de outras aventuras dos EUA, puseram-se a comprar máscaras antigás e preparar abrigos antibombas e calafetar janelas e verificar o funcionamento dos sistemas de alarme para o caso de ataque químico.

O AIPAC diz que: “O estado judeu é nosso único aliado e o único país do mundo cujos cidadãos estão recebendo máscaras antigás em massa”. Quer dizer, todos têm de defender Israel. É fácil ver que o AIPAC está preocupadíssimo. Mas nenhum judeu israelense jamais teria de cheirar o perfume das especiarias asiáticas através dos filtros de uma máscara antigás, se os trilionários do AIPAC não metessem o nariz em tudo, pelo mundo, e se não usassem seus Tomahawk para meter-se em assuntos de outros países, fingindo que administram conflitos que eles mesmos provocaram.

O paradoxo mais espantoso nessas circunstâncias é que os israelenses sempre estiveram expostos, como agora estão, ao risco de se tornarem vítimas de armas químicas, caso aliados dos EUA – os islamistas – decidissem usá-las, como as usaram agora, recentemente. (Ninguém concebe que governantes sírios se exporiam ao risco de ter de encarar um tribunal internacional, acusados de crimes contra a humanidade).

Amos Yadlin
A situação não poderia ser mais favorável para os radicais islamistas que acorrem à Síria, respondendo à convocação dos EUA para defenderem “a democracia”. Quando tiverem lançado um ou dois ataques com gás sarin contra Israel, então terão criado, para o ocidente, o contexto indispensável para derrubar o governo legal da Síria, por ação militar. Simultaneamente, os mesmos islamistas radicais muito apreciarão assistir pela televisão aos israelenses, que eles odeiam figadalmente, nas vascas da morte...

Israel compreende isso? Que ninguém duvide: compreende perfeitamente. Os mais importantes especialistas do Instituto para Estudos de Segurança Nacional de Israel, Amos Yadlin e Avner Golov explicaram claramente, em artigo do dia 29/8/2012, intitulado “Intervenção Militar dos EUA na Síria: o interesse estratégico maior, por trás da ação punitiva” [orig. “US Military Intervention in Syria: The Broad Strategic Purpose, Beyond Punitive Action”, INSS Insight, n. 459, 29/8/2013:

O principal temor é que a ação norte-americana na Síria venha a ter consequências não esperadas que expandam o objetivo e a duração de uma operação militar. Por exemplo, qualquer operação militar contra Assad pode fortalecer as organizações jihadistas.

Avner Golov
Mas... vejam só! Os militares norte-americanos não fazem outra coisa, há dois anos, que repetir exatamente isso! Os militares norte-americanos têm alertado seguidas vezes sobre, precisamente, esse risco. [1] Além dos muitos alertas que vieram de países considerados os principais opositores ao modo como os EUA tentam implementar sua política para o Oriente Médio, Rússia e China. E de nada adiantaram tantos alertas.

Paira no ar uma impressão de que os que governam “a única potência global” são arrastados pelos próprios planos e não há o que os detenha. Não, pelo menos, com armas convencionais. Só a bomba atômica consegue impedir as agressões dos abutres norte-americanos. Por isso, precisamente, o programa nuclear iraniano tanto irrita Washington. E os trilhonários do esquizofrênico AIPAC, apesar dos temores hoje em Israel, continuam a empurrar Washington na direção do conflito armado. (...)

Assim, afinal, se pode começar a compreender melhor as declarações do AIPAC: querem atacar imediatamente a Síria, antes que o Irã construa capacidade nuclear. Seria uma lição para os persas: a tentativa síria de deter os EUA terminou como tudo termina(ria), em intervenção armada. Como se os EUA cogitassem de deixar em paz o Irã, se não construir capacidade nuclear. Aí está o exemplo do Iraque, que conta outra história.

O mundo caminha para o caos. A razão é o vai-e-vem na cabeça da elite que governa os EUA, que já começam a bater cabeça entre elas mesmas, na sanha de dominar o mundo.

Um dia, armam islamistas para derrotar a União Soviética no Afeganistão. Em seguida, são vistas em prantos sobre as ruínas das torres gêmeas destruídas por jihadistas em New York. Um dia, põem a Fraternidade Muçulmana na presidência do Egito. Em seguida o depõem, com a ajuda de um golpe militar. Agora, Washington provoca islamistas para que ataquem a Síria, sem saber, as próprias elites governantes norte-americanas, o que fazer se os seus novos “aliados” usarem o gás sarin que lhes chegou tão facilmente, para envenenar israelenses, europeus e os próprios norte-americanos.


Washington não entende que é a política imperial dos EUA que empurra as nações a procurarem meios possíveis para se autodefender, inclusive armas de destruição em massa?
Washington não entende que foi a política norte-americana que fuzilou o “reset” com os russos? Ou que as contradições entre China e EUA são exacerbadas pelas tentativas norte-americanas para converter competição econômica em ação militar e confronto político?

Os EUA forçam outras nações a entrar na corrida armamentista e unir esforços para manter à distância os enlouquecidos trilhonários norte-americanos-israelenses do AIPAC. Por quanto tempo mais sobreviverá a loucura geral? O que acontecerá se mais dia,menos dia, Washington pisar “a linha vermelha” da paciência do mundo, depois de ter atropelado todas as oportunidades diplomáticas?

Ainda não aconteceu. Com isso em mente, difícil resistir à tentação de dizer ao povo dos EUA: acordem, contenham, pelo menos, esse “Prêmio Nobel [Bomba!] da Paz” aí, de vocês! Será que já não têm aí problemas que chegue? Será que o presidente eleito de vocês nada tem com que se preocupar, das dificuldades dos norte-americanos, a ponto de só pensar e falar sobre o destino da “democracia” no Oriente Médio?

E se tanto só pensa nisso, como é possível que a melhor solução que achou, até agora, seja aliar-se à Al-Qaeda, à Fraternidade Muçulmana e a outros jihadistas mantidos e armados com dinheiro dos cidadãos contribuintes norte-americanos? Se os EUA não estiverem tentando abocanhar as riquezas do Irã, que diferença fará se o Irã for nuclear ou não? E Israel, se parar de roubar terras palestinas e de matar palestinos, talvez até ainda consiga viver lá mesmo, e em paz. Se Israel sente-se ameaçada hoje, quem a ameaça são os mesmos islamistas que o presidente Obama continua a alimentar e armar à custa do minguado Tesouro dos EUA, com a incansável ajuda dos trilhonários do AIPAC.

Acordem, povos dos EUA! Ainda não é tarde demais!



Nota dos tradutores

[1] Hoje, o movimento dos Veteranos da Inteligência em Defesa da Sanidade (orig. Veteran Intelligence Professionals for Sanity) enviou carta aberta ao general Martin Dempsey, comandante do Estado-Maior das Forças Conjuntas dos EUA, em que pedem que, se os EUA atacarem a Síria, contra todos os alertas que o general encaminhou a Washington sobre os riscos dessa ação militar, o general Dempsey alegue “impedimento de consciência” para continuar naquele comando, e renuncie.

Um comentário:

  1. (Comentário enviado por e-mail e postado por Castor)

    Obama, isolado, recua no ataque à Síria

    Abandonado até mesmo pela OTAN em seu plano de atacar militarmente a Síria, pressionado por manifestações populares em todo o mundo e sem chão depois de os próprios "rebeldes" sírios terem assumido a autoria do mais recente ataque químico à população civil -- possivelmente com gás sarin, de uso proibido --, o presidente Barack Obama foi salvo pelo Congresso, que resolveu fincar pé na decisão de autorizar ou não o ataque ao país árabe -- o que, por sinal, significa apenas exigir o cumprimento da lei segundo a qual é o Congresso dos EUA que dá o sinal verde, ou o vermelho, para a realização de intervenções militares.

    Obama esperava contar com a aprovação e o apoio material de seus parceiros de sempre para atacar a Síria. Mas o plano, tão caro a Israel e aos neocons sionistas que controlam o governo estadunidense, falhou. A verdade é que os EUA estão desacreditados internacionalmente. Ninguém mais leva a sério as justificativas do governo estadunidense para invadir nações e destruí-las depois da mentira sobre a existência de armas de destruição de massa no Iraque, motivo alegado para a intervenção militar naquele país (reforçada pelo ataque ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001, que a comunidade internacional sabe tratar-se de outra mentira, embora ainda silencie sobre isso).

    Metido numa sinuca de bico, como já havíamos apontado aqui, Obama encontrou na lei de seu próprio país, que seu governo vem violando sistematicamente, uma espécie de boia de salvação. Por isso cedeu aos apelos do Congresso e vai aguardar que o legislativo decida se o país deve ou não iniciar mais uma guerra. Como deputados e senadores estão em recesso e só voltam ao batente em 9 de setembro, há tempo suficiente para Obama desistir da empreitada com base nas provas levantadas pela Comissão de Investigação da ONU -- que extra-oficialmente levam à conclusão de que o governo Assad não teve nenhuma responsabilidade no lançamento de gás sarin na população civil -- e na recente declaração de "rebeldes" e suas famílias de que o ataque foi perpetrado por eles, "involuntariamente".

    Sob a batuta dos neocons sionistas, os EUA afundam cada vez mais em todos os sentidos, do econômico ao moral. Seu percurso para o estabelecimento de um Estado policial, fascista, foi cuidadosamente planejado pelos think-tankers cuja única pátria é o poder que o controle dos recursos naturais e energéticos do planeta lhes dará. Isso, claro, se chegarem lá. O caso Síria é ilustrativo de que a oposição ao domínio sionista da economia mundial, feito na base de ameaças nucleares e da força bruta.

    Baby SA

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