27/10/2013,
Noor Jaisal entrevista Thomas Ferguson (vídeo TRNN )
Transcrição
traduzida por João Aroldo
Bem-vindo a The Real News Network. Eu
sou Noor Jaisal em Baltimore.
Bush e Cheney podem ter inventado,
mas os líderes nacionais do Partido Democrata são jogadores exímios no estado
nacional de vigilância do século 21. E as pressões de grupos de interesse que
agora ajudam a sustentar os seus defensores em Washington funcionam tão
poderosamente tanto sobre os democratas quanto os republicanos. Isso é de acordo
com Thomas Ferguson, Paul Jorgensen e Jie Chen. Eles acabaram de postar uma
versão curta de seu novo relatório na AlterNet e um paper de trabalho
para o Roosevelt Institute intitulado Party Competition and Industrial
Structures in the 2012 Elections: Who's Really Driving the Taxi to the Dark
Side?
Estamos agora com um dos autores,
Thomas Ferguson. Ele é professor de ciência política na Universidade de
Massachusetts Boston, um membro sênior do Instituto Roosevelt, e um editor
contribuinte da AlterNet.
Muito obrigado por estar conosco.
TOM
FERGUSON, Prof. Ciência política, University of Massachussets, Boston: Olá.
NOOR:
Então, professor Ferguson, o que estamos discutindo aqui vai contra a sabedoria
convencional e a narrativa oficial da eleição de 2012. Você pode resumir
exatamente o que você está dizendo?
FERGUSON: Certo. Bem, nós
estamos dizendo um monte de coisas, mas vou me concentrar nas coisas
relacionadas diretamente ao estado de vigilância nacional. Começamos tentando
simplesmente fazer uma análise direta de dinheiro na política na eleição.
Agora, eu digo isso plenamente consciente da ironia, porque não há nada de
direto nisso.
Nós não usamos dados de ninguém. Eu baixo tudo da
Comissão Eleitoral Federal (Federal Election Commission) e da Receita Federal
(IRS), que faz as chamadas 527 contribuições, que são grandes - é um monte de
dinheiro. E, então, passamos uma espécie de peneira e aplicamos várias técnicas
de computador que ninguém aplica. Quer dizer, eu já falei sobre isso antes
neste programa - não sinto particularmente a necessidade de fazê-lo novamente.
E então estávamos sentados, sabe, analisando. E
nossas primeiras fases do estudo são praticamente as mesmas. Você meio que
senta lá e tenta descobrir, ok, vamos pegar toda a comunidade empresarial,
então vamos dividi-la em grandes empresas e o resto e ver essas duas amostras,
uma das empresas em geral e a outra de grandes empresas. Então, fazemos isso.
E quando olhamos a amostra das empresas em geral,
o que descobrimos é simples, o apoio a Obama nesse segmento não era muito forte.
Apenas contando percentuais de empresas que contribuíram, cerca de 24% o
fizeram. O percentual republicano para Romney era, tipo, 46% - muito maior.
E quando olhamos para a amostra de grandes
empresas, encontramos, sabe, mais uma vez a desproporção entre republicanos e
democratas, embora desta vez tudo mudou.
Ou seja, 76% das grandes empresas de negócios em
nossa amostra estavam contribuindo para Romney, e cerca de 56% para Obama.
Agora, você sabe, o que isso parecia para nós foi a história de sempre, que é,
sim, os republicanos são o partido das grandes empresas, embora, pensamos que
isso era realmente muito interessante. E esse é um lugar onde começamos a nos
afastar da narrativa costumeira. Obama tinha um grande apoio das grandes
empresas, muito mais do que qualquer discussão sobre a campanha que eu conheço
poderia sugerir.
Mas onde a história ficou muito interessante para
nós foi quando fizemos o nosso movimento habitual, que foi começar a olhar para
partes da comunidade empresarial, geralmente setores em primeiro lugar. E lá
descobrimos rapidamente que o apoio a Obama de certas indústrias está muito
maior do que a média. E essas indústrias são seis, em especial:
telecomunicações, eletrônica, defesa, software na web, computadores e
fabricação para a web.
Em junho de 2013, quando saíram as revelações de
Snowden, você sabe, a partir de Glen Greenwald & Cia. no The Guardian
e, até certo ponto, no The Washington Post, nós estávamos olhando para
estes resultados e dissemos, “sabe , isso é realmente muito interessante”. Esses setores que estão mostrando porcentagens
extremamente altas de contribuição para Obama são justamente os setores em que
um grande número dessas empresas que são mencionadas são ativas realmente. E
nesse ponto, você sabe, nós sabemos que temos uma conclusão muito interessante,
que muitos dos bastiões de apoio a Obama, talvez a maior de todas, são
precisamente essas empresas, as responsáveis pela vigilância - deveria dizer, os setores em que
essas empresas predominam. Por
outro lado, eu também posso dizer, sem tentar ir empresa a empresa, um monte de
gente discutiu no The Guardian e em outras publicações, Google, Facebook, Apple, por
exemplo, todos eles contêm contribuições substanciais ou colaboradores, porque
você pode ter tanto as empresas quanto os executivos contribuindo de acordo com
nossas regras nestes dias. Eles aparecem
para os democratas em quantidades substanciais.
NOOR: E
como você aponta, muitos simpatizantes de Obama estavam esperando que o
presidente Obama fosse frear você sabe, o que poderia ser visto como a
vigilância desenfreada e as escutas telefônicas nos anos Bush-Cheney. Então, o
que precisa ser feito para colocar as rédeas nessas empresas e algum tipo de
controle?
FERGUSON: Sabemos pelo
excelente livro de Tim Shorrock sobre este assunto que constantemente a partir
da era Reagan, o governo privatizou mais e mais operações de inteligência. E,
você sabe, o pessoal de Clinton foi muito grande nisso. Mas, então, o tipo de
grande mudança é depois do 911. Todo o tipo de operação recém-privatizada,
então aumenta enormemente. E por isso estamos a ponto de agora, digamos, assim,
dois terços de todos os gastos de inteligência, as estimativas de Shorrock, vão
para o setor privado.
E, você sabe, eu tenho que dizer, considerando o
passado, isto se parece com uma enorme quantidade de outros esforços de
privatização que eu vi, onde começa uma política de clientela. E, certamente,
há pressões de grupos de interesse poderosos. Se você olhar - quero dizer, há
alguns estudos - há pelo menos um estudo da emenda que quase passou na Câmara
dos Deputados, não muito tempo após as revelações iniciais para conter a NSA, e
eles mostravam que houve - a correlação entre os distritos e defesa e que eles
estavam chamando dinheiro do setor de vigilância, o que provavelmente é mais
restrito do que o que eu sou, era muito elevado. E é - isso é muito
interessante e é muito assustador.
Mas a minha opinião é que o tipo real de
interesses industriais aqui é agora muito profundo muito grande. E o que parecia
ser um problema de ideologia, ou seja, o que políticos líderes ou burocratas
achavam que era legal ou moralmente aceitável é apenas a ponta do iceberg. Agora você tem um enorme
problema de grupos de interesse.
Mas penso eu que isso coloca a questão de controle
novamente. Quer dizer, parece bastante óbvio para mim, olhando
agora de novo em tudo isso com olhos mais atentos, que é óbvio que, quando
Obama chegou, sim , como você disse , nós todos esperávamos que ele iria frear
a espécie
de superestado nacional de vigilância prolongada da era Bush-Cheney , em vez
disso o que ele fez foi corrigir alguns erros mais graves, mas nós sabemos que
ele estava de fato secretamente expandindo o que estava acontecendo sob a
vigilância.
O
governo até mesmo estava se oferecendo para pagar parte dos custos das
empresas, quando eles tiveram que mudar o seu equipamento, o que naturalmente
torna absurdas suas negações de que eles não sabiam de nada. E o que
há é, eu diria - muito assustador, certo? Quero
dizer, você tem um governo que quer coletar quase tudo sobre você, trabalhando
com empresas que também gostam dessa ideia. E,
o que de fato eles gostariam de fazer é vender essas informações. Este é um tipo de circuito fechado.
Isto
é - você sabe, eu não diria que esse era problema principal. Você
sabe, eu fui, claro, como um monte de outras pessoas, ingênuo.
NOOR: Então, Thomas Ferguson, nós
certamente temos muito o que falar, mas nós vamos terminar esta parte da
conversa. Muito obrigado pela sua participação
FERGUSON:
Obrigado.
NOOR: Obrigado pela participação na
Real News Network.
Fim
da entrevista.
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