domingo, 13 de outubro de 2013

O holocausto americano: Coordinadora “Simón Bolívar”

Libertária, Revolucionária, Solidária, Indigenista, Popular e Socialista
11/10/2013, Coordinadora Simón Bolívar
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Por um presente de luta, com raízes num indigenismo digno e combativo, contra a injustiça, em irmandade com os negros e mestiços.
Igualdade na luta por uma sociedade sem exploradores. Igualdade sem exclusões divisionistas nem misticismos artificiais imobilizantes. Sem manipulações do pseudo indigenismo made in USAID-EU, sempre tão complacente com o servilismo e o divisionismo neo-racista do campo popular, tão funcional e útil ao Grande Capital. Às vésperas do 12 de outubro, comecemos a repensar nossa identidade com um eixo unitário na luta pela justiça social para todas e todos.

O Holocausto Americano

Desde crianças, há muitas gerações, nos ensinaram a celebrar o 12 de Outubro como “O Dia da Raça”... Esta distorção da história é apenas uma a mais, dentre tantas outras mentiras que nos fizeram repetir até acreditar que fossem verdades.

No início, essa celebração foi imposta a fogo e sangue. Foi imposta pelo genocida conquistador, como impôs sua língua, suas religiões, suas crenças, seu sistema político e econômico, sua cultura… Mediante o extermínio sistemático de 70 milhões de nativos que foram assassinados de vários modos, para que lhes roubassem suas terras, os despojassem de seus direitos ancestrais e também, muitas vezes, pelo único prazer de vê-los sofrer. É o que se lê num dos muitos relatos de Frei Bartolomeu de las Casas (Sevilha, 24/8/1474 (ou 1484)-Madrid, 17/7/1566). O frade foi empresário espanhol, depois frade dominicano, cronista, filósofo, teólogo, jurista, “Procurador ou protetor universal de todos os índios das Índias” – e é considerado um dos fundadores do Direito Internacional Moderno e grande protetor dos índios e precursor dos direitos humanos:

Uma vez vi que, queimando na trempe quatro ou cinco chefes e homens (e ainda creio que houvesse duas ou três outras trempes onde outros queimavam), e porque gritavam muito e davam pena ao capitão e o impediam de dormir, mandou o capitão que os afogassem, e o prefeito, que era pior que o carrasco que os queimava (sei seu nome e cheguei a conhecer sua família em Sevilha), não quis afogá-los, e com as próprias mãos meteu-lhes paus pela boca para que não gritassem e os repôs sobre o fogo, para que assassem devagar, como desejava. [1]

Nossa verdadeira história está carregada desses relatos de crueldades, violações, torturas, mutilações e humilhações atrozes que, com a distância a fazê-los esquecidos, hoje nos parecem inacreditáveis, embora não sejam muito diferentes da realidade atual mundial, quando o império – que hoje é euro-usamericano, aplica as mesmas táticas de conquista, com instrumentos modernos (drones, mísseis, bombas, armas químicas).

Muitos desses feitos sanguinários nunca foram noticiados, e muitos outros têm sido justificados sob os pretextos mais irônicos – inclusive “Deus” – e atualmente as invasões acontecem sob o pretexto da “Democracia”, ou se cometem assassinatos por causa do “Terrorismo”.

Esse processo de conquista, com a ajuda da ciência, da técnica e da tecnologia atuais, refinou-se a níveis surpreendentes, quando o dominado já sequer vê a própria condição, e chega até a defender os que o subjugam mentalmente, e é adestrado (“educado”) para denunciar, condenar e até combater contra os que visam a libertá-lo ou lutam contra o imperialismo e seus novos métodos, muitas vezes convertidos em “lei”.

Apesar de tantos séculos de dominação, primeiro física e agora mental, sempre sobreviveu no Povo Pobre aquele sangue rebelde, combativo e libertário dos nossos ancestrais originários, amantes da liberdade e da natureza, que nunca se rendeu à injustiça, sempre decidido a vingar seus mortos. Essa chama foi transmitida de geração a geração, pelos relatos orais e escrito e, sobretudo, pelo exemplo da luta.

Na Venezuela, temos de nos esforçar para resgatar do esquecimento, da censura imperialista e burguesa, e da alienação como forma de escravidão mental, e difundir para as novas gerações a nossa verdadeira história de resistência.
Devem voltar a aflorar em nossa identidade cultural e serem outra vez familiares, os nomes de nossos guerreiros indígenas, nossos caciques, como:

Aramaipuro, Arichuna, Baruta, Catia, Caricuao, Cayaurima, Chacao, Chacumbele, Chicuramay, Cuaicurián, Conopaima, Guaicaipuro, Guaicamacuto, Guaratarí, Queipa, Mamacurri, Guarauguta, Manaure, Mara, Maracay, Meregote, Murachí, Naiquatá, Paisana, Paramacay, Paramaconi, Pariata, Maiquetía, Prepocunate, Sorocaima, Tamanaco, Terepaima, Tiuna, Yaracuy, Yare, Yavire, Paramaiboa, Pariaguán e Yoraco.


No nosso afã para preservar nossa memória coletiva e histórica, de manter acesa a rebeldia latino-americana contra o invasor e, sobretudo, para construir uma sociedade com verdadeira justiça e verdadeiras liberdades iguais para todos, a Coordinadora Simón Bolívar propomos celebrar o 11 de outubro como o “Último Dia da América”; o 12 de outubro como “Início do Holocausto Americano” (ou do início da “Invasão Europeia na América”); e o 13 de outubro como “Início da Resistência Anti-imperialista na América”.

Toda a honra a Sabino Romero e a tantos irmãos que morreram em mãos do ainda conquistador.

Da Venezuela, Terra de Libertadores, ano 521 do Início da Resistência Anti-imperialista na América e ano 203 do Início de Nossa Independência.

Coordinadora “Simón Bolívar”
Libertária, Revolucionária, Solidária, Indigenista, Popular y Socialista.

Nota dos tradutores
[1] FREI BARTOLOMEU DE LAS CASAS. Liberdade e justiça para os povos da América. Oito Tratados impressos em Sevilha em 1552 – Obras completas. 2005. Coord. Frei Carlos Josaphat. São Paulo: Ed. Pia Sociedade de São Paulo, Paulus.

Um comentário:

  1. (comentário enviado por e-mail e postado por Castpr)
    Blood, Swag and Tears



    “The torment, the violence and the injustices perpetrated to these nations
    are so big, so huge, so public and so notorious, that the tears and the blood
    of those many innocent people are already in the ears of all foreign nations
    and it will follows that for those who hear about this great scandal,
    a great horror and detestation and hatred and infamy will be voted
    to the people and the kings of Spain.”
    fray Bartolome de Las Casas
    In Brief Relation of the Destruction of the Indies -1542


    From a simple mode and under the controversial viewpoint of Spengler and Toynbee, relatively to the Western Hemisphere (our Oriental heritage added) it is possible to outline the hegemony of different cultural mentalities along the time in eras arbitrary arranged the following way: Assyrian-Babylon (883-547 bC), Greco-Roman (539-9 bC), Roman-barbarian (9 bC-476) barbarian-Carolingian (482-843), Norman (845-1158), Hanseatic-Venetian (1160-1453), Iberian (1469-1579), Anglo Saxon (1580-?). Let’s not loose time discussing the Persian-Semitic fundamentals of the whole above nor the failed attempts of Dutches, Frenches, Germans and Russians to contrast Anglo-American hegemony along the last four centuries. These are not the point here. There is also the temptation of to make parallels between the ancient Greeks and the British, and between the Imperial Rome and the U.S. But lets refrain ourselves. The argument we need here is on the in-between lines of the arbitrary timetable above, drafted to show that (religious faith apart) until today there was not any hegemonic cultural mentality that prevailed by more than five centuries in History… just the business. As usual. Iron ore, wheat, spices, silver and gold, oil, those are the goods and commodities that we humans have been striving for, profited with and, yet not at least nor at last, killed. A lot. Maybe for the awe of all Christians -their birds and lilies included- as well as of the New World's Indians.
    It can be that the present socio-economic status of the U.E and the U.S. are just the History way to tell us that after so many centuries of exploitation of the Earth and its inhabitants there is no more sense in putting new cloth on old patch. It would be wise to their souls and wealthy to their hearts if the stakeholders of those insane ever-upward corporations put themselves to think about that the real name of what grows incessantly without end is cancer.
    Today without cuts in productivity is possible (and necessary) halving the work hours thereby reducing also unemployment and this way -by increased leisure time- attend the needs of a New (no way Industrial) Revolution demanding actors, designers, writers, dancers, musicians and not only the creative, the athletes or the artists but also technicians in publishing, editing (movie and sound), tourism, culinary, modeling, sports, people at last. People concerned with the caring of body and soul. People to whom to make profit is to make happier the other one. Happier in the utmost sense of the word Self.
    All we need is love.
    Homero Mattos Jr.
    http://505words.blogspot.com.br/2012/07/blood-swag-and-tears.html

    ResponderExcluir

Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.