Traduzido
pelo pessoal da Vila Vudu
Imran Khan |
ISLAMABAD –
Em mais um movimento importante, Imran Khan, presidente do Partido Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI),
anunciou na 2ª-feira que ampliou por mais 15 dias o prazo para iniciar o
bloqueio das linhas de suprimento da OTAN que atravessam a província Khyber
Pakhtunkhwa. Mas repetiu que ou os EUA param completamente os ataques com drones em território do Paquistão, ou as linhas de
suprimento para a OTAN no Afeganistão serão bloqueadas.
Em inflamado
discurso à Assembleia Nacional, Khan disse que dia 20/11 a província Khyber
Pakhtunkhwa, governada por seu partido, suspenderá todas as autorizações para
que comboios de suprimento que vão e vem para e do Afeganistão, para as tropas
dos EUA-OTAN, atravessem aquele território. E conclamou o primeiro-ministro
Nawaz Sharif a obter a confirmação e garantias dos EUA de que nenhum futuro
ataque do programa norte-americano de drones voltará a ameaçar o processo de conversações
de paz com os Talibã. (...)
Khan disse
que há poucas ou nenhuma chance de paz, e que o ataque norte-americano semana
passada praticamente destruiu as poucas possibilidades ainda existentes.
“Tinham de
matar Mehsud, exatamente quando havia uma chance de paz? Significará que os EUA
não “autorizaram” a paz no Paquistão?” – perguntou Khan, que insistiu em que o
país vive “momento de definição”, embora, mesmo assim, as chances de paz
continuem praticamente fechadas. Mas disse que esforços concentrados e
dirigidos ainda podem mudar os resultados.
Um drone idêntico a este foi a arma que os EUA usaram para assassinar Mehsud |
Khan disse
claramente que compreende muito bem a situação e que não tem “intenção” de
entrar em guerra com os EUA. Mas, disse ele, só uma nação unida e mobilizada
poderá convencer os EUA a respeitarem a soberania do Paquistão. Para Khan, o
ataque de drones que assassinou Mehsud às vésperas do início
das conversações matou também, de fato, o processo de paz.
Maulana Fazlur Rehman |
“Agora, quem vencerá a desconfiança e as
suspeitas e convencerá os Talibã a sentarem à mesa de negociações?” (...) “Temos de nos manter unidos e dizer aos EUA
que eles destruíram uma chance para a paz no Paquistão. E temos de assumir
posição firme quanto a isso (...). Condenamos
os ataques dos drones há nove anos.
Mas só as condenações não mudaram coisa alguma. Agora, temos de enviar um sinal
forte e claro” – disse Khan, que prosseguiu. “Estou pronto a procurar todos e qualquer grupo, até mesmo Maulana
Fazlur Rehman, com quem minhas relações há algum tempo já não são boas”.
Khan disse
também em discurso à Assembleia Nacional, que correr aos EUA a suplicar por
dólares jamais ajudará o Paquistão a livrar-se da “mentalidade de escravo. Os patrões não levam a sérios os próprios
escravos”.
“Jamais seremos nação respeitada se
continuarmos a mendigar como pedintes, aos pés dos EUA. Se queremos ser nação
respeitada, temos de nos unir. E, se a união não funcionar para sustar os
ataques dos drones, o Paquistão terá de cortar as linhas de suprimento das
forças de EUA-OTAN e denunciar no Conselho de Segurança da ONU os ataques de drones em território paquistanês”.
Nisar Ali Khan |
Imran
reconheceu os esforços feitos pelo ministro do Interior Nisar Ali Khan, que
trabalhou para assegurar o sucesso do processo de paz.
“Todos os esforços feitos por Nisar nos
aproximaram de conversações de paz, mas, agora, a jirga[assembleia]
de paz está outra vez parada. E eu pergunto: os EUA são amigos ou inimigos do
Paquistão?” – disse Khan.
“Agora, faça o que faça o ministro do
Interior, será extremamente difícil conseguir que algum novo comandante dos
Talibã-No-Paquistão aceite voltar à mesa de conversação”.
No mesmo
dia, mais cedo, Nisar informou a Assembleia sobre os esforços do governo para
manter as conversações de paz com os Talibã, e as dificuldades surgidas. Outra
vez, disse que o ataque pelos drones dos
EUA, que na 6ª-feira matou o comandante dos Talibã-No-Paquistão, foi “conspiração para fazer desandar o processo
de paz”.
Mas o
ministro prometeu “prosseguir nos
esforços para organizar conversações de paz com os Talibã”. “Mas só será possível depois que os
militantes tiverem eleito o novo comandante” – acrescentou.
Lamentando
que uma conspiração maior tivesse em vista interromper as conversas com os
Talibã, Nisar disse que “infelizmente” não há no momento possibilidade de
diálogo com os militantes.
Disse que a
equipe formada para iniciar o diálogo com os Talibã-No-Paquistão marcara
encontro com representantes do grupo, um dia antes do ataque de drone que assassinou Mahsud. Nisar conclamou
todos os partidos políticos a unir-se em busca das conversações de paz, e a
cultivar a paciência nos próximos tempos.
Informou que
prosseguem as investigações sobre os ataques contra Qissa Khawani, contra a
igreja em Peshawar e sobre o assassinato do major-general Sanaullah Niazi;
acrescentou que o timing desses atos terroristas foi, em todos os
casos, muito suspeito. E agradeceu ao exército, por ter avançado “um quilômetro
a mais” nas ações para proteger o diálogo de paz, apesar da grave situação de
segurança que o país enfrenta.
____________________________
[*] Mian Abrar é repórter de política
nacional e internacional dos jornais paquistaneses online Pakistan
Today e The News
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.