“Os EUA usaram Sabu e, por extensão, me
usaram, para fazer ilegalmente o que não podiam fazer legalmente”
16/11/2013, Dell Cameron, The DailyDot
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Ver também:
17/11/2013, redecastorphoto em: “Declaração
de Jeremy Hammond ao Tribunal de New York em 16/11/2013”
12/11/2013, redecastorphoto em: “Os
revolucionários que vivem entre nós”
Jeremy Hammond por Molly Crabapple |
Jeremy
Hammond, hackativista de 28 anos, foi sentenciado a 10 anos
de prisão, na 6ª-feira, por participação no hacking da empresa privada
de inteligência Stratfor. Mas a extensão da pena imposta a ele acabou por
encobrir a acusação que ele fez contra o FBI durante a audiência de sentença.
Conforme documento
distribuído por pastebin, postado
por importante pesquisador de segurança, Hammond foi convencido por um
informante do FBI a empreender ações de hacking contra vários governos
estrangeiros. Foi o que ele tentou dizer, na declaração que leu na audiência de
sentença, na 6ª-feira.
O documento
ainda não está integralmente confirmado, mas testemunhas presentes na sala de
audiência dizem que quando Hammond estava lendo sua declaração à Corte, a juíza
Loretta Preska o interrompeu. As testemunhas dizem que a juíza Preska o
interrompeu no meio da frase, depois que ele já citara três países – Turquia,
Irã e Brasil. A juíza disse: “Sr. Hammond, acabamos de falar sobre omitir os
países. Gostaria que o senhor não citasse países”.
Loretta Preska |
Imediatamente
depois de anunciada a sentença de Hammond, Sparrow
Media e outros blogs publicaram o texto
de sua declaração – mantendo as omissões que a juíza ordenara,
por temor de que qualquer ação diferente dessa pudesse prejudicar Hammond.
Uma hora
depois de anunciada a sentença, Jacob
Appelbaum, conhecido pesquisador de segurança de computadores e
associado a WiliLeaks distribuiu um documento por pastebin, que se supõe que
seja uma versão não censurada da declaração de Hammond ao tribunal.
Ver tuítes em:
Jacob Appelbaum |
Conforme o
documento de pastebin, o FBI, servindo-se de um informante, entregou chaves a
Hammond que lhe permitiram invadir sistemas de computadores de governos
estrangeiros. Hammond, sem saber que recebera do FBI aquelas chaves, baixou
todos os dados que obteve para um servidor controlado pelo FBI. Os agentes
federais repetiram o mesmo processo várias vezes, tomando como alvo vários
diferentes países.
Antes que a
juíza o mandasse calar, tudo leva a crer que Hammond tentava revelar essa
informação e os nomes dos países atacados, na presença da imprensa.
Hammond
disse ao tribunal:
Essas intrusões, as quais foram todas
sugeridas por Sabu quando já cooperava com o FBI, afetaram milhares de nomes de
domínio; na grande maioria eram páginas oficiais de governos estrangeiros.
Adiante, se
soube que Sabu, conhecido hacker cujo verdadeiro nome é Hector Xavier
Monsegur, era informante do FBI.
Sabu também forneceu a Hammond listas de
alvos vulneráveis a “zero day exploits” usadas para invadir sistemas, inclusive
uma poderosa vulnerabilidade de raiz que afeta o conhecido e popular programa
Plesk – lê-se no documento que Appelbaum publicou por pastebin. A pedido de Sabu, aquelas páginas foram
invadidas, e os e-mails e
bancos de dados descarregados no servidor FBI que Sabu usava, e foram-lhe
fornecidas informações de senhas e a localização das “root backdoors”.
Desenhos de Molly Crabapple feitos na corte durante o julgamento (Clique na imagem para visualizar e ler os "balões") |
O documento
diz que mais de 2.000 domínios foram atacados entre janeiro e fevereiro de 2012
por instruções do FBI. Brasil, Turquia, Síria, Porto Rico, Colômbia, Nigéria,
Irã, Eslovênia, Grécia e Paquistão são nomeados ali como países alvos de
ataques, e o documento diz que houve ainda outros países. (...)
“Tudo isso
aconteceu sob controle e supervisão do FBI” – diz o documento, que acrescenta
que essas declarações são comprovadas em documentos que a defesa de Hammond
apresentou ao tribunal durante o processo. A extensão total dos “abusos”
cometidos pelo FBI, diz o documento, talvez jamais seja revelada, porque muitas
das provas exibidas durante o julgamento foram protegidas por uma ordem de
sigilo, da juíza.
O documento
de pastebin conclui solicitando que todas as provas exibidas durante o
julgamento de Hammond sejam tornadas públicas.
Runa Sandvik repórter |
Acredito que esses documentos comprovarão que
as ações do governo dos EUA vão muito além de caçar hackers e impedir crimes “de computador”.
À repórter
que lhe perguntou, pelo Twitter, sobre a autenticidade do documento publicado
por pastebin, Appelbaum respondeu:
Foi vazado por gente que sabe. É verdadeiro.
Ver tuíte em:
Embora a
autenticidade do documento distribuído por pastebin não tenha sido confirmada e
deva ser tratado com extrema cautela, Hammond já fez, antes, declarações semelhantes
sobre Sabu e o FBI.
O que poucos sabem é que Sabu também foi
usado por gente que o controlava, para conseguir invadir alvos que o governo
selecionava – inclusive inúmeras páginas oficiais de governos estrangeiros – Hammond
escreveu em agosto em FreeJeremy.net. O que os EUA não conseguiam fazer legalmente, usaram Sabu e, por
extensão, eu e outros acusados agora no mesmo processo, para fazer ilegalmente.
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