Nem “pacifista” nem “diplomático”! P#rra niúma!
26/11/2013, [*] The Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
"Pela primeira vez em uma década tivemos algum progresso nas negociações com o Irã", disse Obama em 25/11/2013 |
O povo nos
EUA tem visão muito diferente sobre guerra e paz, da visão dos políticos, dos “especialistas” de academia, e de jornalistas em geral em Washington DC.
Mark Landler |
Considerem,
por exemplo, o que Mark
Landler escreveu em coluna no The New York Times sobre a
tão falada mas ainda não confirmada “mudança”, que teria acontecido em Obama,
da fúria militarista, para a diplomacia:
É muito mais difícil para qualquer presidente
conduzir a opinião pública para que apoie uma negociação bilateral, do que um
ataque com mísseis, embora a forte rejeição de mais guerras, pelos
norte-americanos, tenha reforçado o instinto de Obama a favor de acordos negociados, não de ação unilateral.
Essa frase
está completamente errada. [1]
É muito
mais fácil convencer a opinião pública nos EUA sobre a importância de
negociações, do que sobre a necessidade de ataques com mísseis ou drones.
A
barulheira que políticos e jornalistas conservadores fazem em Washington –
barulheira “midiática”, que Landler [e toooooooda
a imprensa-empresa no Brasil e seus profissionais incompetentes] parece
estar confundindo com opinião pública – absolutamente não oferece imagem
correta do que realmente está acontecendo. É o que se comprova por duas
pesquisas recentemente divulgadas.
Quando
Obama quis atacar a Síria, 59%
dos norte-americanos opuseram-se ao ataque; só 36% apoiaram Obama.
E só 20% dos norte-americanos algum dia opuseram-se a negociações: 75%
dos norte-americanos sempre preferiram a via das negociações!
Não é
verdade que, como pretende Landler, o povo norte-americano desejaria ataques e
mísseis e seria contra a via diplomática.
Sempre foi
Obama quem quis atacar militarmente a Síria. E foi a opinião pública que
pressionou o Congresso e o próprio Obama para que não inventassem mais uma
guerra.
Foi a
diplomacia russa, não alguma diplomacia de Obama, que criou e ofereceu aos EUA
uma explicação para não atacar, quando tudo que Obama e os militares
norte-americanos queriam era atacar a Síria, como já estava planejado.
Assim
também, foi a pressão da opinião pública que forçou a via das negociações com o
Irã. Porque o povo dos EUA não suportaria qualquer nova guerra.
Landler
parece querer dizer que Obama estaria no comando, em direção a alguma política
externa norte-americana menos enlouquecida e mais diplomática.
Não. Isso
absolutamente não é verdade.
É bastante
provável que Obama talvez esteja usando alguma diplomacia hoje, no caso do Irã,
para que haja um acordo preliminar, o qual, no futuro, poderá ser usado para
justificar ataque militar e mais guerra.
O povo
norte-americano é muito menos violento e belicista que Obama e o grupo que
governa em Washington.
Obama está,
hoje, seguindo a opinião pública, não porque a respeite, mas, exclusivamente,
porque – como se viu claramente na guerra contra a Síria, que ele não conseguiu
iniciar – Obama já não está conseguindo ignorá-la completamente.
Nota dos tradutores
[1] Errada, a frase é. Mas aquela mesma frase errada publicada no The New
York Times e imediatamente distribuída pela Agência France Presse para o planeta, já está macaqueada
pela imprensa-empresa em português do Brasil, quase literalmente do Oiapoque ao
Chuí, como se fosse frase certa!
Com certeza, está publicada no Diário
de Pernambuco e no Zero
Hora de Porto Alegre – para demarcar extremos. E a mesma frase errada
está copiada/colada também, infalível, é claro, n’O Globo, na revista
(não)Veja, na Folha de S.Paulo e n’O Estado de S.Paulo: no
Grupo GAFE inteirinho!
______________________
[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama
Song” (também conhecida como“Whisky Bar” ou “Moon over Alabama”)
dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de
Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois
autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny.
Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no
primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre
aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os
quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). No Brasil, produzimos versão
SENSACIONAL, na voz de Cida Moreira, gravada em “Cida Moreira canta Brecht”,
que incorporamos às nossas traduções desse blog Moon of Alabama, à guisa
de homenagem. Pode ser ouvida a seguir:
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