22/3/2014, The Saker, The Vineyard of the Saker
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
The Saker |
Amigos,
Vários de
vocês perguntam minha opinião sobre o artigo de Glenn Ford “U.S.
Prepares to Gas Russia Into Submission” [EUA prepararam-se para submeter a
Rússia, com os campos de gás (de xisto)]. Não tenho tempo para resposta
detalhada, mas digo o seguinte: tudo, na ideia de que os EUA venham a
exportar gás de xisto produzido por fracking para a Europa e que assim
conseguirão atropelar a Rússia, é pura, pura, puríssima conversa fiada.
Não apenas
toda a infraestrutura para esse projeto terá ainda de ser construída – e é
caríssima – como, além disso, a construção demorará muitos anos. E são anos
absolutamente críticos, agora que a crise na Crimeia obrigou Putin e seus “soberanistas
eurasianos” [1] a “sair do armário” e confrontar abertamente o Império
Anglo-sionista, e, agora, é uma corrida contra o tempo:
– Será que o Império terá o tempo e os meios
para separar a Rússia do ocidente, antes que a Rússia se realinhe com a China e
o resto da Ásia? Ou o ocidente continuará a depender da Rússia por tempo
suficiente que permita que a Rússia se realinhe?
Pessoalmente,
estou confiante que a Rússia vencerá essa corrida, o que torna IRRELEVANTE todo
esse assunto do gás de xisto.
Esquema de produção de "shale gas" ou Gás de xisto e seus riscos e poluição inerentes (clique na imagem para aumentar) |
Por falar
de China e Ocidente: considerem que as necessidades chinesas de
energia são imensas, como o são em toda a Ásia; e acrescentem a isso que,
durante todo o governo Obama (será que esse sujeito só faz coisas, assim,
sempre descomunalmente estúpidas?!) os EUA adotaram abertamente uma nova
política anti-China que visa sempre a “conter” a China, quer dizer, a impedir
que a China alcance o tipo de influência que a China está fadada a ter na
região do Pacífico Asiático.
Os chineses
não são estúpidos. Os chineses sabem que são os próximos na linha da “democracia”
e da “liberdade”. Os chineses, portanto, entendem que sem a ajuda da Rússia
(energia, armas, apoio político) não podem resistir contra o Império. Resumo da
ópera: China e Rússia têm de entrar numa simbiose
profunda (não em alguma “aliança” formal) e ajudarem-se uma a outra. Não há
nem sombra de dúvida, para mim, de que Putin e Xi Jinping, ambos, estão fazendo
exatamente isso.
Quanto à
Europa – é economia deprimida e continente em total bancarrota
social; e não passa de protetorado dos EUA. O Kremlin compreende tudo isso, e,
por mais que muito agrade aos russos vender energia (e o que mais for) à União
Europeia, a Rússia SABE que não pode construir NENHUM plano de longo prazo com
aqueles “parceiros”: o Império Anglo-Sionista é ameaça existencial contra a
Rússia, e a Europa não passa de protetorado dos EUA sem opinião própria, sem
identidade e sem política que não seja de “sim, Mr. President, como o
senhor mandar, Mr. President”.
A China, a
Índia, a Ásia, a América Latina e, especialmente, o Norte Russo – aí está o
futuro para a Rússia, não no Ocidente. Por tudo isso, as tais sanções só
produzirão um resultado: acelerarão esse processo.
Os que
suponham que poderiam “submeter” a Rússia deliram total e completamente, como
Hitler em 1945 e suas conversas sobre “contraofensiva estratégica”. Ignorem
essa gente.
Saudações,
The Saker
PS: Dois artigos interessantes sobre energia:
- Shale Gas: The View from Russia [Gás de xisto: a visão da Rússia] (ing.)
- Ukraine, Russia and the nonexistent U.S. oil and natural gas “weapon” [Ucrânia, Rússia e a “arma” de petróleo e gás natural dos EUA que não existem] (ing.)
Nota dos
tradutores:
[1] Sobre
essas expressões, ver:
·
17/10/2013, redecastorphoto, The Saker (trad.): “O
longo (20 anos!) pas de deux de Rússia e EUA está chegando ao fim? 1/2”,
e
·
12/10/2013, redecastorphoto, The Saker (trad.) “O
longo (20 anos) pas de deux de Rússia e EUA está chegando ao fim? 2/2”
·
9/3/2013, The
Saker, The Vineyard of the Saker (ing):
“Russia and Islam, part six: the
Kremlin” e
·
17/4/2013, The Saker,
The Vineyard of the Saker (ing): “The power struggle inside the
Kremlin is gradually emerging into the open”
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