Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
George Washington (22/2/1732 - 14/12/ 1799)
1º Presidente dos EUA
|
George
Washington alertou os EUA contra “envolvimentos estrangeiros”. Teria
tido uma premonição da falta de visão, da inépcia de seus sucessores,
nos anos Bush e na Era Obama?
Se
aconteceu assim, a Guerra ao Terror de Bush-Cheney – agora, de Obama –
comprova o quão certo estava. Pode ter sido concebida também
deliberadamente, para estimular islamistas a atacar alvos ocidentais. A
má vontade que engendrou será fator ativo na política mundial ainda por
muitas e muitas gerações.
Também
reduziu as proteções liberais que George Washington e seus
contemporâneos tanto prezavam. Os que mais sofreram foram os direitos
relacionados à privacidade.
Teria sido esse o plano, desde o começo? É possível.
Bush
e Cheney com certeza cuidaram para que seu sucessor encontrasse
extremas dificuldades para mudar de curso. Mas Obama, algum dia, quis
mudar algum curso? Não se veem sinais de qualquer empenho dele nessa
direção. Obama e equipe seguiram a velha trilha com desembestada fúria.
Quem
teria suposto que o candidato da paz desenvolveria tal gosto por
assassinato e massacres, ou que o professor de Direito Constitucional
encilharia e montaria e com tanto prazer a Carta dos Direitos Civis?
Mas
a Guerra ao Terror já vai ficando velha, e Obama já está perdendo a
paixão por ela. Até os neoconservadores já andaram adiante; hoje, estão
muito mais ocupados detonando o movimento BDS (Boicote, Desinvestimento,
Sanções contra Israel). Claramente, o tempo está maduro para novos
desmandos.
E
assim encontramos a Casa Branca e o Congresso avançando em passos
largos rumo ao atraso – despejando vinho novo (os desmandos pós 11/9)
nos velhos odres [1] que restaram da Guerra Fria.
Todas
as indicações são de que Obama sonha com acertar um ou dois golpes
também à China. E por que mais “se pivotearia” rumo à Ásia? Mas ainda
falta Obama achar um modo de “pivotear-se” para lá sem, simultaneamente,
ferir os interesses da fração do 1% que ele se dedica a proteger e a
servir.
As
muitas ONGs norte-americanas “pró-democracia” também devem estar bem
frustradas. Por mais que elas se esforcem para criar problemas, o estado
chinês parece sempre inexpugnável. As chances de as ONGs dos EUA
conseguirem destroçar o estado chinês, ou empurrá-lo para o fundo do
poço de uma guerra civil são necas, zero.
Há
movimentos separatistas na China – o mais importante dos quais, claro,
no Tibete. E agora, graças a um muito propagandeado incidente terrorista
no sul da China, os uigures (muçulmanos e falantes do turco) na região
de Xinjiang, na franja mais ocidental do norte da China, estão no
noticiário.
Mas tentar tumultuar e romper o status quo na
China é empreitada para malucos − e ideia idiota – porque, hoje e por
todo o futuro perscrutável, o comunismo chinês é presente que deus manda
aos capitalistas norte-americanos e ocidentais em geral.
Para
eles, não haverá nem uma beiradinha de qualquer porcentagem, por
tentarem espatifar a China: as regiões onde vicejam sentimentos
separatistas não são suficientemente importantes do ponto de vista
econômico.
Mas a Rússia, sim, a Rússia é outra história.
As garotas do conjunto Pussy Riot |
Ali,
as forças separatistas são fortes, e as apostas econômicas, altas. E,
por menos que alguém venha a ser informado sobre essa verdade pela
“mídia” da imprensa-empresa ocidental, abundam as oportunidades para
inventar tumultos, porque o nível de repressão pelo estado é baixo.
Considere-se o ponto ao qual o grupo “Agito das Bucetas” [orig. Pussy Riot] teve de ir, para gerar reação não liberal (chamada, no ocidente, de “autoritária”).
Na
China, o serviço de inventar o caos, que as ONGs existem para prestar,
tem as asas cortadas curtas; na Rússia e nas ex-repúblicas soviéticas, o
trabalho delas é facilitado.
Assim
sendo, se a ideia é fazer reviver a Guerra Fria, o lugar para fazê-lo é
a Rússia. O caminho é aquele, que Bill Clinton ensinou.
Nos
anos 1990s, a Iugoslávia foi presa fácil. Com o marechal Tito, as
tensões étnicas diminuíram, mas, partido ele, e com o comunismo nas
cordas, o pêndulo foi empurrado outra vez.
Essa
possibilidade fez babarem os capitalistas e os guerreiros da Guerra
Fria. Qualquer Iugoslávia ainda que só vagamente socialista, era
obstáculo no caminho deles. Para eles também, as partes valiam muito
mais que o todo.
Bill Clinton |
Clinton
deixou que os alemães iniciassem o processo: os bancos alemães tinham
muito, a maior parte, a ganhar. Além disso, as partes da Iugoslávia mais
inclinadas a quebrar – Eslovênia e Croácia – sempre estiveram,
historicamente, na esfera de influência dos alemães.
Mas
na sequência, antes que aqueles europeus metidos a besta esquecessem
quem é o verdadeiro chefão, Clinton assumiu o comando da operação.
Com
a esquerda anti-imperialista diminuída, e atrocidades cometidas e
sofridas pelos dois lados, a propaganda ocidental facilmente implantou
uma narrativa que bem servia aos interesses do ocidente; e contaram com
amplos recursos para isso, e para muito mais.
Foi
simplíssimo, porque Clinton tinha a opinião pública ao lado dele. Fora
dos círculos dos emigrados, as lembranças do fascismo croata estavam
fanadas, e nunca houve lobby sérvio
eficaz nos EUA. Foi facílimo pintar os sérvios como vilões
sanguinários; e seus líderes, à frente dos quais, Slobodan Milošević,
sobretudo, como demônios.
Não
só os norte-americanos foram cúmplices do golpe: os europeus fizeram
pior. E a Esquerda, nos dois continentes – a parte que se afastara da
luta anti-imperialismo – essa, foi a pior de todas.
A Iugoslávia foi pois desmembrada, e um impedimento que havia no caminho da hegemonia neoliberal foi, sim, afastado para longe.
O
modelo Clinton já funcionara uma vez; por que Obama, presidente
totalmente clintonizado, não poderia tirar-lhe a poeira e tentar outra
vez?
Vladimir Putin |
Vladimir
Putin é talhado para ser convertido em outro Milošević. Meter os
ucranianos no papel que foi dos croatas é mais difícil, porque eles não
têm lobby já
montado nos EUA e porque há poucos católicos por lá, para que a Igreja
Católica se intrometa. Mas há alguma compensação, porque os russos já
são mais demonizados e demonizados há mais tempo, que os sérvios.
Demonizar russos essa é, sim, uma longa, duradoura, tradição
norte-americana.
E
para manter enquadrados os liberais, além de uma imprensa-empresa a
mais servil, Obama tem excelente questão marginal a explorar: os
direitos dos gays.
Não
me venham com hipocrisias. Em alguns dos estados Republicanos dos EUA, a
lei é mais homofóbica que na Rússia. E os norte-americanos
corneteadores de Bíblias são muito mais reacionários que os mais
reacionários clérigos ortodoxos russos. Mas a sorte é que nos EUA está
tudo melhorando, enquanto, como se lê nos jornais e vê-se pela
televisão, na Rússia está tudo piorando.
Ruim
então para os novos Guerreiros da Guerra Fria, que, até o fim de semana
passada, ainda não se vissem sinais de sangue na água. As hordas Pink enviadas
para os Jogos Olímpicos de Sochi, embora espertas, não obtiveram o
efeito cênico esperado; com certeza não cresceram a ponto de virar
“notícia” e/ou boato.
Mas
agora que o caos já permitiu encenar um golpe – como acontece sempre
que a intervenção dos EUA é “bem-sucedida”, como, atualmente Obama &
Co. estão tentando fazer-acontecer na Venezuela – a água já está
espessa de muito sangue, metaforicamente e literalmente. E o
“jornalismo” de boataria e futricas, esse, chega a dar falta de ar.
Não
há canto de página ou fim de linha em que não se leia que Putin, o
neo-Milošević que Obama quer inventar, “violou lei internacional” – como
se Obama não vivesse de violar lei internacional – porque Putin meteu
na própria cabeça que vai restaurar o poder e a influência de que a
União Soviética gozou um dia. Talvez, até, Putin tenha planos para
reemendar junta toda a velha União.
E
quer combater a decadência ocidental. O ocidente, parece, é
excessivamente tolerante, para o gosto de Putin. O ocidente aceita a
homossexualidade, por exemplo. E Putin – diz a lenda – odeia qualquer
desvio das normas estabelecidas; multiculturalismo e livre-pensar o
deixam doente. É feito o Grande Inquisidor. Ou um Hitler, como Hillary
Clinton já disse. [2]
Hilário Hitler |
Como
se podia prever, liberais, muitos dos quais não são, nem de perto, tão
reacionários como os Clintons, também já subiram na mesma canoa, como
fizeram quando o cara metade de Hillary supervisionava o desmembramento
da Iugoslávia. De fato, estão-se superando, mesmo pelos padrões que
fixaram quando as bombas de Bill choviam sobre a Iugoslávia.
Há
uma história bem conhecida, que ilustra o que significam propaganda e
boatos: sobre um homem que, acusado de ter assassinado pai e mãe,
suplicou clemência ao juiz, apresentando-se como órfão.
Quando todos os fatos vierem à luz, culpar Putin pelos eventos na Ucrânia fará a história do órfão parecer conto de fadas.
Mas
por hora ainda há muitos “sabidos não sabidos”, como diria Donald
Rumsfeld. Mas há também muitos sabidos sabidos, e muita coisa que se
pode pressupor com segurança.
Mikhail Gorbachev |
Sabemos, por exemplo, que os EUA vêm-se fazendo de picador,
cutucando o touro russo, pelo menos desde que Ronald Reagan mentiu
descaradamente a Mikhail Gorbachev (disse-lhe que os EUA não tinham
intenção de levar a OTAN até as fronteiras da Rússia).
Por que Gorbachev deixaria de acreditar em Reagan? Porque sem adversário soviético, a OTAN já não teria razão de ser.
Mas o complexo industrial-militar e o establishment da
Guerra Fria não cederiam facilmente, e Bush Pai era homem fácil de
convencer. Com os vetos no Conselho de Segurança, e nações do Terceiro
Mundo incluídas como membros, a ONU tornou-se absolutamente inútil para o
serviço de apoiar projeções do poder dos EUA. Com a OTAN, os EUA podiam
fazer o que bem entendessem.
Sabe-se também que na Guerra ao Terror, a CIA assumiu muitas missões que, antes, foram dos militares – deslocar e usar os drones de Obama, por exemplo. E sabemos que, quando se trata de fabricar o caos em países distantes, o Departamento de Estado é a nova CIA.
A coisa opera principalmente através da National Endowment for Democracy (NED) e outras organizações ostensivamente “não governamentais”. A NED sempre atuou por toda a Ucrânia e outras repúblicas ex-soviéticas. Opera até dentro da própria Rússia.
Mas ainda não se sabe com certeza qual o papel que a NED e
as demais ONGs tiveram na instigação dos eventos que começaram nas ruas
de Kiev. Sabemos que serviram como catalisadoras, mas não sabemos sobre
a extensão do envolvimento daquelas ONGs.
Sabemos,
isso sim, que, no mínimo, e aparentemente em nome de alguma democracia,
norte-americanos e europeus apoiaram um golpe contra governo
democraticamente eleito; sabemos também que, nesse processo, deram
renovado vigor aos demônios longamente reprimidos, da direita europeia
no leste da Europa.
Desnecessário
dizer que o povo ucraniano tinha objeções legítimas contra o governo
deles; era governo corrupto, suas políticas econômicos eram ruinosas. O
povo líbio tinha objeções legítimas contra o governo deles e, também os
sírios e os egípcios e outros.
A
questão é que, por projeto e plano, ou por inépcia, sempre que EUA e
União Europeia metem-se em assuntos de outros povos, as coisas sempre
pioram muito; quase sempre pioram muito mais que muito.
Daí a situação que se vê fermentar hoje na Crimeia.
Ainda é cedo para pânico. Afinal de contas, Obama recuou de uma guerra contra o Irã, apesar de toda a pressão que o lobby israelense conseguiu mobilizar. Foi caso em que o interesse nacional predominou sobre a covardia política.
No
caso atual, o interesse dos EUA é ainda mais claro: fazer guerra à
Rússia seria muito pior que total loucura. Por isso, ninguém obra a
favor disso, exceto a camarilha de sempre, de senadores Republicanos e
os “especialistas” imbecis que os cercam.
Ainda assim, Obama deve considerar tentadora a ideia. Afinal, ele tem de zelar pelo seu “legado”: quem quer ser lembrado por drones, impasses por todos os lados, vigilância 24 horas/dia sete dias por semana contra tudo e todos, e Obamacare?
Obama
quebrou a “muralha da cor”. Se tivesse renunciado no 1º dia depois da
posse, teria deixado legado realmente glorioso. Mas, como logo todos
descobriram, Obama nunca foi um Jackie Robinson.
Jackie Robinson, o 1º jogador negro a atuar na principal liga de beisebol dos EUA (1947)
|
A
glória abundou na Guerra da Crimeia, ou, pelo menos, é o que deve ter
passado pela cabeça de muitos rapazes com interesse em história. E se o
jovem Barry Obama assistiu à “Carga da Brigada Ligeira” em idade ainda
impressionável? Não sei, não faço ideia, mas é conjectura plausível o
suficiente para despertar muita preocupação.
Fato
é, contudo, que aquela aventura da Brigada Ligeira, muito diferente da
Guerra Fria, não pode ser ressuscitada. A Guerra da Crimeia foi criatura
de outra época, não se repetirá, sequer como farsa. Se Obama está à
cata de glória, terá de procurar noutro lugar.
Na
verdade, há semelhanças superficiais. Também foi o ocidente – França e
Grã-Bretanha – contra a Rússia; e a Rússia ter acesso a porto de águas
temperadas no Mar Negro também era motivo se preocupação. E sempre,
então, como hoje, abundavam pretextos e racionalizações ocas e tolas.
Mesmo
assim, os tempos eram outros. Hoje é difícil de imaginar, mas nos anos
1850s jamais teria passado pela cabeça de alguém na Grã-Bretanha ou na
França, e menos ainda nos EUA – e não passou – que algum dia o ocidente
teria de se defender contra o oriente muçulmano. Não esqueçam: o Império
Otomano era aliado de Grã-Bretanha e França.
Naqueles
tempos, o choque de civilizações se dava entre a cristandade do
ocidente e do oriente. Aí, precisamente, os belicistas procuravam e
obtinham os seus pretextos. A questão que supostamente teria
desencadeado a Guerra da Crimeia foi o controle sobre santuários
cristãos em Jerusalém – cidade eternamente disputada e problemática.
Franceses e britânicos uniram-se aos otomanos, alegadamente para impedir
que a Igreja Russa Ortodoxa deslocasse várias seitas Protestantes e a
Igreja de Roma.
Desnecessário
dizer que o pretexto central tinha tanto a ver com aquela Guerra da
Crimeia quanto a democracia tem, hoje, a ver com as maquinações de EUA e
Europa na Ucrânia. Naquele momento, como hoje, tudo era, como sempre,
manobra geopolítica.
As
potências ocidentais nos anos 1850s nunca tinham ouvido falar, nem
davam qualquer importância ao petróleo do Oriente Médio. Mas muito se
interessavam, sim, por suas várias “possessões” asiáticas – sobretudo a
Índia. Queriam promover o evanescente Império Otomano, para conseguir
manter ao largo o Império Russo. O Império Otomano podia ser controlado;
o Império Russo era rival que os europeus queriam destruir.
Hoje,
claro, a Rússia não tem interesse algum pela Turquia, nem quer dominar o
leste do Mediterrâneo. Muito lhe agrada deixar Constantinopla
(Istambul) para os turcos. Quer pacificar os muçulmanos em seu
território, mas não quer somar os muçulmanos à população da Rússia.
John Kennedy |
Mas
a Rússia, sim, sim, quer segurança nas suas fronteiras. George
Washington e os homens e mulheres que pensavam à volta dele compreendiam
esse desejo; lembrem-se da Doutrina Monroe. Até John Kennedy entendia:
quase pôs fim ao mundo como o conhecermos, e pela mesma razão (quando os
soviéticos instalaram mísseis em Cuba) que hoje mobiliza os russos.
A
Rússia quer também proteger os direitos e as propriedades de russos que
vivam no exterior. Os fundadores da república norte-americana
aprovariam imediatamente também essa ideia (o que os piratas da Barbary Coast logo
perceberam, para muito lamentarem), como também logo perceberam (e
muito lamentaram) os mexicanos e os norte-americanos nativos e
incontáveis outros povos, com o passar dos anos.
Até
Ronald Reagan entendia bem tudo isso. Quando Reagan e seus conselheiros
decidiram que a “Síndrome do Vietnã” já estava a atrapalhar por tempo
demais o ímpeto predador do império, usaram pretextos inventados (que de
que estudantes norte-americanos, que estudavam Medicina em Grenada,
estariam sendo ameaçados), para remobilizar seus soldados.
Fato
é que, não se sabe por que, Putin é hoje o único demônio ativo no
planeta. Não é coisa que só senadores Republicanos e “especialistas” da
direita estejam dizendo. NÃO! Pergunte a qualquer liberal! Se conseguir
aguentar sem vomitar, sintonize a rádio NPR ou o canal MSNBC.
No
caso do Vietnã, muitos liberais no final da guerra já estavam mais
espertos e começavam a ver os fatos. Hoje, só tipos irrecuperáveis como
John McCain ainda defendem aquela guerra. E, embora a imprensa-empresa
liberal tenha sido tão servil ao governo depois do 11/9 como é hoje
sobre os eventos na Ucrânia e na Crimeia, ninguém, hoje, fora do círculo
familiar dos Cheney e dos Bush, ainda pensa que a Guerra do Iraque foi
boa ideia.
Sobre
a Iugoslávia, os liberais continuam tão cegos como sempre. E, porque
foi Obama quem bombardeou, ainda há liberais em torno dele que pensam
que bombardear a Líbia foi boa ideia. Que bando de gente lamentável,
lastimável, sem salvação possível, tornaram-se os liberais
norte-americanos!
Por
tudo isso, não contem com os liberais para ajudá-los a compreender como
e por que – quando Obama e seus agregados culpam Putin por tudo que
eles mesmos fizeram – o que mais se vê são liberais que se se apresentam
à opinião pública como se fossem o “órfão” da piada. No futuro, os
historiadores verão, assim como tantos hoje veem já bem claramente o
Vietnã e o Iraque; mas “no futuro” talvez já seja tarde demais.
Por
sorte, a política exterior russa está em mãos muito mais inteligentes,
lúcidas, espertas que a dos EUA. Faz pouco tempo, os russos – de fato,
foi Putin em pessoa – salvaram Obama de meter-se numa guerra
catastrófica contra a Síria, depois de o próprio Obama ter armado a
arapuca para si mesmo, com declarações imbecis sobre uma “linha
vermelha” que Bashar Al-Assad não poderia atravessar.
Agora,
outra vez, as melhores esperanças dos EUA estão nas mãos dos russos. Se
o que acontece na Crimeia ficar na Crimeia, os EUA ficaremos devendo
mais essa aos russos.
______________________
Notas dos tradutores
[1] “Ninguém
põe vinho novo em odres velhos, porque arrebentam os odres e derrama-se
o vinho e estragam-se os odres. Vinho novo é para odres novos, e ambos
se conservam” (Bíblia, Mateus 9:14-17).
[2] A notícia apareceu em 5/3/2014, NBC News: “Report: Hillary Clinton Says Putin Behaving Like Adolf Hitler”. Dia seguinte, OBVIAMENTE, já estava, requentada e REPETIDA, n’O Estado de S.Paulo, o jornal que só MACAQUEIA “noticiário” de agências norte-americanas.
___________________
[*] Andrew Levine é professor sênior do Institute for Policy Studies, e autor de THE AMERICAN IDEOLOGY (Routledge) e POLITICAL KEY WORDS (Blackwell), bem como de muitos outros livros e artigos em filosofia política. Seu livro mais recente é In Bad Faith: What’s Wrong With the Opium of the People. Foi professor de Filosofia) na University of Wisconsin-Madison e professor pesquisador (filosofia) na University of Maryland-College Park. Foi também co-autor de Hopeless: Barack Obama and the Politics of Illusion (AK Press).
Amigo Castor,
ResponderExcluirDe uma olhada na contra ofensiva da Rússia, onde está ocorrendo. Os russos jogam xadrez, como você sabe.
http://ilmanifesto.it/bosnia-a-fuoco-e-rivolta-sociale/
a versão em português aqui:
ResponderExcluirhttp://www.diarioliberdade.org/mundo/laboral-economia/46093-revolta-popular-na-bósnia-herzegovina.html
O neo-liberalismo carrega a sua semente da auto-destruição.
E os russos vão explorá-la. Viraram o jogo na Síria. Toynbee disse que o cerco ao oriente pelos piratas europeus um dia seria quebrado. A história em fluxo.
Quanto ao catolicismo na Ucrânia, vale lembrar que na parte ocidental do país tem uma Igreja que tem considerável força naquela região, que é a Igreja Uniata greco-latina, e que é ligada ao Vaticano e não a algum patriarcado ortodoxo.
ResponderExcluirmuito obrigado por sua traducção!
ResponderExcluirEstou de acordo, que o caso de Iugoeslávia é o caso que esta desenhado para a Rússia também!
Alem de isso:
eu acho que os ucranianos têm seu lobby já montado nos EUA!
e o fator católico também é muito importante no caso ucraniano: na parte oeste da Ucrânia a Igreja Uniata greco-latina tem uma força considerável (essa igreja forma parte da Igreja Católica). Outro momento importante é que a igreja ortodoxa da Ucânia esta dividida: há igreja ortodoxa ucraniana do patriarcado de Kiev e há igreja ortodoxa ucraniana do patriarcado de Moscou. Esse cisma também pode ser aproveitado pelos católicos. O patriarcado de Kiev é auto proclamado em 1992, nenhuma das igrejas ortodoxas do mundo reconhece esse patriarcado, mas é reconhecido pela Igreja Uniata Greco-Latina e calro que pela Igreja Católica! Assím que esse fator católico é muito importante: vocês sabem a historia da Igreja Uniata Greco-Latina - é um argumento chave da orientação europeia dos ucranianos!