25/5/2014, [*] Nikolai Bobkin, Strategic Culture
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Fotos do referendo de 9/5/2014 em Donetsk e Lugansk |
A atenção do
mundo está focada na luta da resistência, que efetivamente está conseguindo
fazer retroceder os bandidos e mercenários arregimentados contra as repúblicas
populares de Donetsk e Lugansk. Os planos dos EUA para a Ucrânia estão fazendo
água. O massacre de Odessa e os crimes cometidos na sequência pelo governo
neonazista de Kiev no Donbass inspiraram a luta dos ucranianos nas regiões
leste do país, e a resistência cresceu. Não se trata de um grupo de ativistas
que se opõem a um governo provisório. É movimento apoiado pela maioria da
população. Os EUA perderam a disputa do campo moral e já não podem continuar a
chamar a resistência nas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk de “separatismo”.
Não é
exagero dizer que estamos em situação emergencial, que impõe reavaliar todas as
abordagens.
A esperança
que Kiev ainda acalenta, de reaproximação com os EUA, é vã. A política dos EUA
visa a criar conflitos cada vez mais candentes na Eurásia, para desestabilizar
a Rússia. A Ucrânia é um elo na cadeia dos preparativos para montar uma grande
armadilha anti-Rússia, em andamento já há dúzias de anos. Washington
converteu-se em patrocinadora do regime dos golpistas, para reforçar a própria
presença nas margens do rio Dnieper. Os norte-americanos fazem o que podem para
agravar as dificuldades e empurrar o estado ucraniano para o colapso total.
Cerca de 90%
da população apoiou a independência política do Donbass, que se consagrou nos
referendos realizados recentemente simultaneamente nas regiões de Donetsk e Lugansk.
Os resultados mostram que, de fato, a Ucrânia é país dividido.
O povo no
sudeste da Ucrânia não quer viver conforme as regras fixadas pelos
patrocinadores que vivem além-mar. E jamais reconhecerá o governo dos
marionetes dos EUA em Kiev.
República de Donetsk no Donbass desde 9/5/2014 |
Os EUA vivem
do delírio de que todos os problemas serão resolvidos pelas eleições
presidenciais, motivo pelo qual querem vê-las realizadas o mais depressa
possível, mesmo que nenhum dos candidatos tenha qualquer possibilidade de
unificar o país. A Ucrânia já é país dividido. O povo já não vive pelas mesmas
leis em todo o espaço que foi, mas já não é, qualquer “Ucrânia”. As pessoas têm
visões diferentes sobre o futuro do próprio país e não querem viver juntas.
Nenhuma eleição, em nenhum caso, jamais conseguirá legalizar o regime interino
que os EUA implantaram em Kiev.
Nem
mercenários contratados e pagos como exércitos privados comandados por
oligarcas, nem qualquer pacote de sanções a ser inventado contra a Rússia
ajudarão os EUA a apagar o fogo que geraram na Ucrânia. Fotos de John McCain e
Victoria Nuland, lado a lado com fascistas ucranianos contra os quais luta o
povo do Donbass, só fazem acrescentar mais gasolina às chamas da indignação da
população.
John
Brennan, diretor da CIA, diz que sua agência coopera com contrapartes
ucranianas para devolver a “estabilidade” à Ucrânia. Parece piada macabra. Quem
são/seriam esses combatentes por alguma “nova Ucrânia”? Não passam de bandidos
mercenários arregimentados e pagos pela CIA, e Roman Kupchinsky (morto em jan/2014) foi um deles.
Roman Kupchinsky (1944-2014) |
Roman
Kupchinsky dirigiu a Rádio Liberdade [orig. Radio Liberty/Radio Free Europe]
durante vários anos. O pai dele – Roman Kupchinsky Sênior, cooperou intimamente
com a SD nazista de Heinrich Himmler, para treinar
pessoal para atividades subversivas em território soviético. Na sequência,
serviu na divisão Galichina SS,
envolvida em massacres de civis na União Soviética, Tchecoslováquia e
Iugoslávia. Em 1949, a
família Kupchinsky fugiu para os EUA. No início dos anos 1980s, Roman
Kupchinsky já trabalhava para a CIA no Afeganistão, coordenando as atividades dos mujahedeen que combatiam contra tropas soviéticas.
Teve participação na criação da Al-Qaeda e coordenou atividades terroristas em
várias partes do mundo.
Esse tipo de
gente trabalhou para manter os laços com os neonazistas ucranianos que lutam
contra a população civil ucraniana no sudeste do país. Ao longo da história, os
EUA ajudaram Hitler a chegar ao poder, porque planejavam convertê-lo em força
de ataque a ser usada contra a Rússia. Todos sabemos no que deu esse “plano” –
o Exército Vermelho derrotou Hitler e, em vários sentidos da expressão,
derrotou também os EUA. Agora, os EUA repetem erro depois de erro, sem parar,
outra vez, na Ucrânia.
Valentin Nalivaichenko |
O alvo
principal é a Rússia; e o emergente nacionalismo ucraniano é a arma. Agora,
Dmitry Yarosh, líder do Setor Direita, é candidato à presidência! O homem que
tem laços muito próximos com Valentin Nalivaichenko, chefe do Serviço de
Segurança da Ucrânia, que trabalhou para a CIA; e com Andrei Parubiy,
presidente do Conselho de Segurança Nacional, e suspeito de ser o responsável
pelos assassinatos na Praça Maidan, em fevereiro.
O fato de
formações do Setor Direita terem-se convertido no exército privado chamado
“Guarda Nacional” – um grupo constituído de vários esquadrões-da-morte – com
acesso liberado a armamento pesado e a aviões de guerra, deram a Yarosh alto
posto na hierarquia do regime. Como candidato à presidência, Yarosh promete
combater o “imperialismo russo”, o “separatismo regional” e fazer da Ucrânia
estado nuclear.
Os eventos
na Ucrânia são ação de intimidação montada pelos serviços especiais dos EUA.
Todas as regiões estão sendo aterrorizadas. Se esse processo não for
imediatamente contido, continuará depois das eleições de domingo, 25 de maio –
e se terá chegado precisamente ao cenário que a CIA planejou. O alvo a atacar é
a Rússia – mas todos os principais países da União Europeia estão sendo
afetados.
Tudo é feito
em nome do “excepcionalismo” dos EUA e da crença da “grandeza” norte-americana.
Na Ucrânia, essa fé arcaica e arcaizante no papel central que os EUA teriam no
mundo multipolar está empurrando os EUA para o fundo de um beco sem saída.
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[*] Nikolai
Bobkin é Ph.D. em
Ciências Militares, professor associado e pesquisador sênior no Center for
Military-Political Studies, Institute of the U.S.A. & Canada. Colaborador
especialista na revista online New Eastern Outlook. Escreve habitualmente para diversos sites e blogs tais como:Strategic
Culture, Troubled Kashmir, Make Pakistan Better e muitos outros.
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