24/7/2014, [*] Mauro Santayana −Jornal do Brasil
Enviado por Xica Veira – Modelo
de alta costura na Vila Vudu
Comentário da Xica Veira: Taí! Pura verdade! O Brasil hoje é um
gigante. Mas o Brasil já foi, sim-senhor, país de sub-nanicos sub-morais, sim,
no tempo de Oswaldo Aranha subornado
para coordenar e oficializar, na Assembleia da ONU, a invenção da Israel dos
sionistas – desgraça e vergonha para toda a humanidade. Graaaaaaaande Santayana!
Rua do anão Oswaldo Aranha na cega Israel |
Se não me engano, creio que foi em uma aldeia da Galícia que
escutei, na década de 70, de camponês de baixíssima estatura, a história do
cego e do anão que foram lançados, por um rei, dentro de um labirinto escuro e
pejado de monstros. Apavorado, o cego, que não podia avançar sem a ajuda do
outro, prometia-lhe toda sua fortuna, caso ficasse com ele, e, desesperado,
começou a cantar árias para distraí-lo.
O outro, ao
ver que o barulho feito pelo cego iria atrair inevitavelmente os monstros, e
que o cego, ao cantar cada vez mais alto, se negava a ouvi-lo, escalou, com
ajuda das mãos pequenas e das fortes pernas, uma parede, e, caminhando por cima
dos muros, chegou, com a ajuda da luz da Lua, ao limite do labirinto, de onde
saltou para densa floresta, enquanto o cego, ao sentir que ele havia partido, o
amaldiçoava em altos brados, sendo, por isso, rapidamente localizado e devorado
pelos monstros que espreitavam do escuro.
Ao final do
relato, na taberna galega, meu interlocutor virou-se para mim, tomou um gole de
vinho e, depois de limpar a boca com o braço do casaco, pontificou, sorrindo,
referindo-se à sua altura: como ve usted,
compañero... com o perdão de Deus e dos cegos, ainda prefiro, mil vezes,
ser anão...
Lembrei-me
do episódio — e da história — ao ler sobre a convocação do embaixador
brasileiro em Telavive para consultas, devido ao massacre em Gaza, e da
resposta do governo israelense, qualificando o Brasil como irrelevante, do
ponto de vista geopolítico, e acusando o nosso país de ser um “anão
diplomático".
Sionismo = Nazismo |
Chamar o
Brasil de anão diplomático, no momento em que nosso país acaba de receber a
imensa maioria dos chefes de Estado da América Latina, e os líderes de três das
maiores potências espaciais e atômicas do planeta, além do presidente do país
mais avançado da África, país com o qual Israel cooperava intimamente na época
do apartheid, mostra o grau de
cegueira e de ignorância a que chegou Telavive.
O governo
israelense não consegue mais enxergar além do próprio umbigo, que confunde com
o microcosmo geopolítico que o cerca, impelido e dirigido pelo papel executado,
como obediente cão de caça dos EUA no Oriente Médio.
O que o
impede de reconhecer a importância geopolítica brasileira, como fizeram milhões
de pessoas, em todo o mundo, nos últimos dias, no contexto da criação do Banco
do BRICS e do Fundo de Reserva do Grupo, como primeiras instituições a se
colocarem como alternativa ao FMI e ao Banco Mundial, é a mesma cegueira que
não lhe permite ver o labirinto de morte e destruição em que se meteu Israel,
no Oriente Médio, nas últimas décadas.
Se quisessem
sair do labirinto, os sionistas aprenderiam com o Brasil, país que tem
profundos laços com os países árabes e uma das maiores colônias hebraicas do
mundo, como se constrói a paz na diversidade, e o valor da busca pacífica da
prosperidade na superação dos desafios, e da adversidade.
O Brasil
coordena, na América do Sul e na América Latina, numerosas instituições
multilaterais. E coopera com os estados vizinhos — com os quais não tem
conflitos políticos ou territoriais — em áreas como a infraestrutura, a saúde,
o combate à pobreza.
Árabes e judeus no Brasil |
No máximo,
em nossa condição de “anões irrelevantes”, o que poderíamos aprender com o
governo israelense, no campo da diplomacia, é como nos isolarmos de todos os
povos da nossa região e engordar, cegos pela raiva e pelo preconceito, o ódio
visceral de nossos vizinhos — destruindo e ocupando suas casas, bombardeando e
ferindo seus pais e avós, matando e mutilando as suas mães e esposas,
explodindo a cabeça de seus filhos.
Antes de
criticar a diplomacia brasileira, o porta-voz da Chancelaria israelense, Yigal
Palmir, deveria ler os livros de história para constatar que, se o Brasil fosse
um país irrelevante, do ponto de vista diplomático, sua nação não existiria, já
que o Brasil não apenas apoiou e coordenou como também presidiu, nas Nações
Unidas, com Osvaldo Aranha, a criação do Estado de Israel.
Talvez, assim, ele também descobrisse por quais
razões o país que disse ser irrelevante foi o único da América Latina a enviar
milhares de soldados à Europa para combater os genocidas nazistas; comanda
órgãos como a OMC e a FAO; abre, todos os anos, com o discurso de seu máximo
representante, a Assembleia Geral da ONU; e porque — como lembrou o ministro
Luiz Alberto Figueiredo, em sua réplica — somos uma das únicas 11 nações do
mundo que possuem relações diplomáticas, sem exceção, com todos os membros da
Organização das Nações Unidas.
[*] Mauro Santayana (Rio Grande do Sul, 1932) é um jornalista brasileiro.
Embora tenha estudado apenas até o segundo ano do antigo primário, o
equivalente ao atual terceiro ano do ensino fundamental, ocupou, como
jornalista autodidata, cargos destacados nos principais órgãos da imprensa
brasileira, especialmente na mídia impressa, como Folha de S. Paulo, Gazeta
Mercantil, Correio Brasiliense e Jornal do Brasil, no qual mantém uma coluna
sobre Política. Também escreve regularmente para a Carta Maior, é comentarista
de televisão e mantêm um blog, onde escreve artigos e crônicas sobre política,economia
e relações internacionais, cujo endereço na internet é maurosantayana.com. Além
de inúmeros artigos publicou os seguntes livros: A Tragédia Argentina- Poder e violência de Rosas ao Peronismo; Conciliação
e transição: as armas de Tancredo; Mar Negro - Nação e Governo Em Nosso Tempo; Dossiê
da guerra do Saara
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