21/9/2014, The Saker, The Vineyard of the Saker
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
The Saker |
“Manifestações” na Rússia:
Segundo RT (“Moscou: milhares marcham pela paz na Ucrânia” [ing.]), número entre 5 mil e 26 mil pessoas marcharam pelas ruas de Moscou exigindo a paz na Ucrânia.
Segundo Vzgliad, 20 pessoas fizeram um comício em Petrozavodsk e Saratov, 50 em Perm, mais de 100 em Ekaterinburg, 10 em Novosibirsk, 15 em Syktyvkar e uns poucos em Barnaul.
Importante aqui não são os números verdadeiros, mas a ordem de grandeza: são manifestação muito pequenas, pelo menos para os padrões de russos. E se Anissa Naouai do jornal RT noticia que o “comparecimento de pessoas” foi “muito alto”, ela, simplesmente, informa erradamente. Além disso e não menos importante, é preciso prestar sempre muita atenção aos “slogans” dessas “manifestações”: qualquer um, exceto uma meia dúzia de doidos, sempre será “pela paz na Ucrânia” e “contra a guerra”. Com esse tipo de “slogan” vagamente “do bem em geral”, até refugiados de Donetsk bombardeada (e talvez até principalmente esses) concordariam.
O que se vê aí é movimento típico de propaganda: ponha gente na rua para “manifestar-se'’ a favor da paz-amor-felicidade (ou da Tradição, Família e Propriedade, como se viu no Brasil-64; ou contra a "kurrupção" ou algum "kurrupto", como se vê no Brasil-2014 [NTs]) em todo o planeta, e, na sequência, exiba a coisa como “protesto” feito por alguma “oposição” contra qualquer “governo” a ser derrubado.
Ora bolas... Fala sério-aê! Quem quer guerra na Ucrânia? O Kremlin, quem sabe?
Outro ponto importante é o seguinte: ainda que se aceite, para argumentar, que 100% dos manifestantes fossem ferozes opositores de Putin ou das políticas russas para a Ucrânia, toda a tal “manifestação” ainda é insignificante comparada aos 80% de aprovação que Putin continua a merecer da opinião pública russa.
Assim sendo, o que foi que NÃO aconteceu nas “manifestações” de Moscou?
O que NÃO aconteceu foi a “Maidan russa” prevista por Evgenii Fedorov e seus apoiadores. Vídeo a seguir com legendas em inglês:
Abaixo, o que Fedorov previu que aconteceria, dia 14/9/ 2014:
Escolheram São Petersburgo como ponto inicial. O processo já começou. O processo está sendo ajudado: toda a história, como “inauguração” em São Petersburgo não é acaso! (...) Enviarão pra Petersburg o mesmo pessoal jovem treinado e os combatentes armados que já foram preparados na Ucrânia. Se necessário, receberão passaportes russos. O número total de combatentes na Rússia, preparados pelos EUA está entre 50 mil e 100 mil. A base é a Ucrânia. Claro, ninguém vai saber quem são eles: são russos, em perfeita forma. Eles irão para Petersburg, alugam apartamentos. A tarefa deles será gerar provocações, se necessário, provocações militares. O que significa tudo isso? Significa atividade terrorista! O Setor Direita, como vocês sabem, não têm nenhum problema com atividades terroristas.
E o que, disso tudo, realmente aconteceu? Nada de nada
Onde está a tal Maidan Nacionalista? Não apareceu
Como está o regime russo? Tão estável como sempre.
Em Perm o painel foi maior que o número (50) de pessoas |
Fedorov não parou aí. No mesmo artigo (por favor, leia toda a entrevista), ele até disse o seguinte:
Primeiro, há um novo fator ucraniano: mais de 100 mil cérebros submetidos à devida lavagem cerebral. A propaganda está operando a todo o vapor, convertendo gente em bicho adestrado. As posições foram reforçadas (caso você não tenha percebido). Você sabe, as pessoas estão assistindo a tudo e muitas estão gostando dos avanços na Ucrânia. Mas não há avanço algum, nem vitória alguma! Só algums ganhos táticos, não são vitórias. Há apenas seis meses, tínhamos um país vizinho neutro. Agora, temos um país de 40 milhões de pessoas e absolutamente hostil, em termos militares, contra a Rússia! Que tipo de vitória seria essa? Além do mais, há a população de russos que vivem lá. A Ucrânia é pais que pode muito bem servir como base para invadirem a Rússia, esses invasores “laranjas” modernos... Nada disso era assim há apenas seis meses! Significa que o balanço de poder aqui em torno da Rússia mudou. Sofremos enorme derrota no sentido geopolítico. Ontem não tínhamos inimigo, hoje nossos inimigos estão bem próximos. De fato, é clara vitória da 5ª coluna. Conseguiram vitória política, militar e, daí, se aproximam de invadir militarmente a Rússia.
Nada mais, nada menos, que invadir militarmente a Rússia!
Evgenii Fedorov é ótimo sujeito e tem ótimas ideias. Sinceramente, gosto dele. Mas, como analista, vive firmemente plantado no campo da “desgraça, tragédia, horror e total pânico” e, francamente, nada do que ele diga faz sentido para mim. Até que tentei alertar contra esse tipo de posição, mas fui ou ignorado ou atacado. Espero que agora, depois do total fracasso da tal “Maidan Russa” do sábado, as pessoas vejam que Fedorov tem de ser ouvido com muita cautela, com extremo, extremo cuidado.
Banderastão: Poroshenko suando com a situação em Kiev |
Estratégia russa na Ucrânia
Vários leitores protestaram contra a aparente contradição entre o que eu disse sobre o real objetivo da Rússia na Ucrânia (mudança de regime) enquanto, ao mesmo tempo, a Rússia mantém-se fora da Ucrânia e deixa o peso da libertação e da des-nazificação sobre as costas do povo ucraniano. A contradição aí, se existe, é só aparente. Eis o que a Rússia pode fazer (e provavelmente fará):
1) Opor-se politicamente ao regime ucraniano: na ONU, na mídia, para a opinião pública, etc..
2) Expressar apoio político à Novorrússia e à oposição ucraniana.
3) Continuar a guerra de informação (a mídia russa faz excelente serviço).
4) Impedir que a Novorrússia caia (ajuda militar secreta).
5) Manter, sem alívio, a pressão econômica sobre a Ucrânia.
6) Bloquear, o mais possível, o “eixo de gentilezas” de EUA-União Europeia.
7) Ajudar a Crimeia e a Novorrússia a prosperar econômica e financeiramente.
Em outras palavras: dar a impressão de que está fora, enquanto está MUITO dentro.
A chave aqui é criar as condições que tornem possível que o povo ucraniano derrube os nazistas que estão hoje no poder, mande passear o pró-cônsul da CIA em Kiev e comecem, os próprios ucranianos, a des-nazificação do país. Ah, sim, é tarefa difícil, de longo prazo, mas a Rússia não tem outras opções viáveis. Jamais haverá estabilidade ou segurança para a Rússia, se houver nazistas no poder em Kiev. Claro, um cessar-fogo temporário, alguma trégua ou até algum tratado, podem vir a ser assinados com os nazistas, mas nada será jamais viável e no máximo garantirá algum tempo, curto, para respirar. Repito, mais uma vez e sempre: a mudança de regime e a des-nazificação na Ucrânia são objetivo estratégico vital para a Rússia. Só isso interessa e nada menos que isso.
Em conclusão, alguns itens aqui listados:
Business Insider diz que “Ucrânia está a um passo do colapso econômico total”.
O time de basquete do Banderastão tão camuflado que ninguém viu... |
O time de basquete de Kiev jogou na Lituânia usando uniforme de jogo feito em tecido de camuflagem usado para uniformes militares.
Perderam, 77 a 102:-))
E aqui, por fim, mas não menos importantes, as notícias realmente ótimas!!
Mikhail Khodorkovksy (quando em "cana") |
Segundo noticia Yahoo, o conhecido oligarca judeu, capo mafioso, arqui-inimigo icônico de Putin, Mikhail Khodorkovksy, apresentou-se para liderar a oposição anti-Putin, e considera, inclusive, candidatar-se pessoalmente à presidência da Rússia. É notícia absolutamente sensacional, porque, agora que Berezovsky está morto, Khodorkovsky pode reivindicar legitimamente o título de oligarca mais detestado na Rússia. Conseguir que ele declare que quer “comandar” (leia-se: financiar) a oposição russa “não sistêmica” (que sequer obteve votos para ter representantes no Parlamento) é sonho que se torna realidade do pessoal das “relações públicas’ de Putin. Vão se divertir muito, doravante, apresentando a oposição pró-EUA como “agentes de Khodorkovsky”. Claro que é boa notícia!
Saudações,
The Saker
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