21/4/2015, [*] Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Obama diz que... |
O governo Obama diz que quer deter os sauditas e impedir que matem mais gente no Iêmen:
Altos funcionários do governo Obama não conseguiram, apesar de tentativas durante vários dias, persuadir o governo da Arábia Saudita a limitar o alcance de seus ataques aéreos contra cidades e vilas no Iêmen, campanha que, dizem as autoridades, mataram perto de 50 pessoas na 2ª-feira, na capital Sana.
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A Casa Branca quer que os sauditas e seus aliados árabes sunitas limtem os ataques e fechem o foco no objetivo de proteger a fronteira saudita, segundo um alto funcionário que pediu que seu nome não fosse citado, em comentários sobre deliberações internas do governo.
O problema com essa conversa é o fato já admitido de que os EUA continuam a dar apoio pesado aos ataques dos sauditas:
Funcionários do governo dos EUA em Riad e no Qatar estão partilhando inteligência de drones de vigilância e satélites espiões, com funcionários da coalizão liderada pelos sauditas, mas não decidem sobre alvos individuais, segundo funcionários do Pentágono.
O componente aéreo está fornecendo à inteligência saudita indicação de alvos potenciais que incluem (...) procedimentos para mitigar baixas entre os civis” – disse na 2ª-feira (20/4/2015) a tenenta-coronela Kristi Beckman, porta-voz da Força Aérea no Comando Central dos EUA.
Se a Casa Branca realmente quisesse impedir que prossiga a matança que os sauditas estão fazendo, bastaria parar de apoiá-los. Sem a inteligência norte-americana, os sauditas são cegos. Podiam também parar de fornecer bombas – e os sauditas ficariam sem munição.
A verdade é que o governo Obama está sendo leviano. Não dá a mínima bola nem à vida dos iemenitas nem ao crescimento da Al-Qaeda na Península Árabe (ex-AQAP, que agora mudou de nome e passou a chamar-se “Filhos de Hadramout”, para poder receber mais apoio oficial dos sauditas). Assista vídeo (21/4/2015) a seguir do USS Theodore Roosevelt e o escolta USS Normandy operando no Mar da Arábia próximo à costa iemenita.
Simultaneamente, os EUA estão concentrando uma frota de navios de guerra no Mar da Arábia, perto do Iêmen. Coisa como de 10 a 12 grandes navios logo estarão ali. Vários destroiers. Três helicópteros de transporte com carros anfíbios, cada um transportando um batalhão de Marines, um avião de transporte e número não conhecido de submarinos nucleares. Tudo isso para impedir que se concretize a inexistente ameaça a rotas marítimas internacionais e impedir a passagem de comboios também inexistentes de suprimentos que o Irã estaria enviando aos “houthis” (que é como os sauditas chamam o Movimento Ansarullah). Tudo o que a Casa Branca diz sobre suprimentos que o Irã estaria enviando aos “houthis” não passa jamais de pura propaganda. Nenhum amor existe entre “houtis” e o Irã; o Iêmen já está cheio de armas, mesmo sem quaisquer “novos suprimentos”, e nunca alguém apresentou qualquer prova de suprimentos que o Irã teria enviado aos “houthis”. Por quê, então, toda essa propaganda e a concentração da frota de guerra norte-americana?
Ups! O governo dos EUA está com um problema. As sanções contra o Irã estão para acabar, não importa como terminem as conversações nucleares com o Irã. O Irã mostrou disposição para superar a questão. Quem impede qualquer acordo são os EUA. Se houver pacto assinado, em junho as sanções acabarão. Se não houver pacto assinado em junho, os EUA levarão a culpa e o regime de sanções desmoronará. – A decisão dos russos, de finalmente entregar ao Irã o sistema S-300 de defesa aérea, é sinal explícito de que, sim, o regime de sanções desabará.
Os chineses estão subornando pesadamente o Paquistão, para obter uma via terrestre até o gás iraniano. Os EUA em breve não mais conseguirão “conter” o Irã com “sanções incapacitantes” apoiadas internacionalmente.
Xi Jinping, Pres. da China, e Nawaz Sharif , PM do Paquistão, assinam acordo comercial de US$ 46 bilhões (20/4/2015) |
Antes de os EUA atacarem o Iraque, o regime de sanções também estava caindo aos pedaços. Sem sanções mais duras, a produção iraquiana de petróleo teria derrubado o preço do petróleo. O pessoal “do petróleo”, e havia muitos deles no governo Bush, deixaria de ganhar a mesma montanha de dinheiro. O ataque ao Iraque impediu esse “desastre’’.
Condições semelhantes aplicam-se ao regime de sanções contra o Irã. No momento em que o Irã puder vender tanto petróleo quanto deseje, os preços cairão ainda mais. As “grandes do petróleo” padecerão terrivelmente. Os sauditas perderão mercados. Será que o governo Obama está tentando inventar uma guerra, ou, no mínimo, algum “incidente”, que impeça essa sucessão de eventos?
O que mais, se não isso, faz essa frota norte-americana monstro no Mar da Arábia? Pat Lang teme que esteja em preparação algum novo incidente do Golfo de Tonkin. Mas... por quê? De onde tirou tal ideia?!
[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como “Whisky Bar ou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). A seguir podemos ver/ouvir versão em performance de David Johansen com legendas em português.
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