16/4/2015, [*] Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Mapa estimado da situação da guerra no
Iêmen
(mapa de 16/4/2015 a ser visto com reservas pois eleborado pela BBC) |
Se não é isso, como explicar o silêncio que protege a campanha saudita de furioso bombardeio que levará a fome devastadora no Iêmen e fará do país outra, uma segunda Gaza, ainda maior?
O sicofanta Secretário-Geral da ONU, Ban Ki Moon despediu o enviado da ONU ao Iêmen, Jamal Benomar, porque Benomar não aprovou a campanha saudita de bombardeio. Será substituído por Ismail Ould Cheikh Ahmad, da Mauritânia, escolhido dos sauditas:
Antes, no Iêmen, Ismail Ould Cheikh Ahmad foi “um problema”, como várias fontes disseram a Inner City Press. Mas... seja como os sauditas ordenam.
Uma resolução do Conselho de Segurança da ONU contra o povo do Iêmen, praticamente avalizou o bloqueio imposto pelos sauditas, o bombardeio e a campanha de fome, por 14 votos a zero. A Rússia foi criticada por ter-se abstido, não votado contra, a Resolução.
Vejo duas razões para o voto russo. Uma, a Rússia pode estar prevendo que a campanha saudita acabará por ter impacto gravíssimo sobre a Arábia Saudita, com vantagem para a Rússia. E também é possível que a Rússia não tenha vetado porque a China, sabe-se lá por quê, votou a favor da Resolução. China e Rússia preferem votar juntas a correr o risco de ficar cada uma de um lado, ou fora, e sozinhas, responsabilizadas pelo que aconteça.
Os sauditas bombardearam não só campos de refugiados e depósitos de alimentos no Iêmen, mas também redes de comunicação, estações de notícias e redes de eletricidade. Sanaa está sem eletricidade já há 60 horas, no momento em que escrevo. Na 2ª-feira (13/4/2015), os estádios de futebol em Ibb, Aden e Sanaa foram bombardeados. Ontem, 16 postos de gasolina, onde havia longas filas de carros esperando para serem abastecidos, ação que deixou no mínimo 17 mortos e 50 feridos.
Os sauditas bombardearam até estádios de futebol |
Entre 26 de março e 11 de abril de 2015, os sauditas bombardearam 1.200 vezes o Iêmen. Segundo relatório anterior do porta-voz do exército iemenita, 2.571 foram mortos, dos quais 381 crianças e 455 mulheres. 1.200 instituições oficiais e 72 escolas foram destruídas. Nas últimas 24 horas, outros 56 civis foram mortos.
O preço do combustível aumentou 600%, o pão, no mínimo 300%. Gás de cozinha já não há, e sem combustível ou eletricidade as bombas d’água não funcionam. As pessoas estão morrendo de fome, mas, por falta de competências “jornalísticas” no país, ninguém perceberá.
Enquanto os sauditas dizem que estariam bombardeando o grupo Ansarullah [“houthis”, para os sauditas], mas só destroem infraestrutura do Iêmen, a al-Qaeda já tem controle total sobre a cidade portuária de al-Mukalla e massacrou 15 soldados iemenitas na província de Shabwa no sul do Iêmen. A 2ª brigada iemenita, comandada por homem dos sauditas, entregou todas as suas armas à al-Qaeda. Os paquistaneses foram espertos o bastante para rejeitar o pedido dos sauditas de que fornecessem soldados paquistaneses de infantaria para morrer no Iêmen. O plano B dos sauditas agora é contratar “forças locais” para fazer o serviço mais sujo, o que significa que os sauditas, como na Síria, financiarão e apoiarão a tomada do Iêmen pela al-Qaeda.
Massacre de civis em Sanaa (14/4/2015) |
O Paquistão pode mandar para lá os Talibã, para mostrar aos sauditas as mais modernas técnicas de combate de hiper lunáticos religiosos.
Os EUA estão ajudando os sauditas, não só com armas e munição. Pelo menos 20 oficiais norte-americanos foram mandados para um quartel-general conjunto em Riad, e lá estão, ajudando a construir as listas de matar dos sauditas.
Ninguém, nem em Washington nem em lugar algum acredita que a campanha saudita resolverá alguma coisa no Iêmen. Mas... por que então tanta gente apoia e avaliza e endossa os ataques sauditas e todo o sofrimento que produzem?!
[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como “Whisky Barou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). A seguir podemos ver/ouvir versão em performance de David Johansen com legendas em português.
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