sábado, 4 de abril de 2015

Reflexões sobre aquele talvez acordo sobre os feitos nucleares do Irã

3/4/2015, [*] Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu


A MENTIRA

Algum pré-acordo foi acertado em Genebra, que restringirá a pesquisa nuclear civil do Irã e o programa de produção de isótopos, em troca de as sanções serem canceladas.

O acordo não está concluído. O diabo vive nos detalhes e nenhum detalhe está sacramentado até agora. Em junho, o acordo fracassará, quando se revelar impossível qualquer concordância sobre os tais detalhes.

Há quantidade espantosa de omissões, distorções e mentiras no relato “jornalístico” ocidental de toda essa questão. Dentre os fatos omitidos até agora se destacam os seguintes:

●– Toda a dita crise sobre um “Irã nuclear” é discurso fabricado, baseado em mentiras distribuídas pelos serviços de inteligência de Israel e dos EUA. O alvo das operações de EUA e Israel jamais foi algum “Irã nuclear”, mas uma República Islâmica Iraniana que insiste em manter independentes as suas políticas interna e exterior.

●– Os líderes iranianos declararam que qualquer arma de destruição de massa contradiz a base filosófica e religiosa do Estado Islâmico do Irã. Insistiram nisso e não retaliaram nem quando suas cidades foram atacadas com armas químicas de destruição em massa durante a guerra Iraque-Irã.

●– Todas as agências de inteligência dos EUA concordam que o Irã não tem qualquer tipo de programa nuclear militar. Não há o que temer de um programa nuclear puramente civil, no Irã.

●– Para começar, todas as sanções contra o Irã são, como sempre foram, ilegais. Nenhum delas tem qualquer base em lei ou fato.

A CANALHICE

Agora está aparecendo uma nova tendência, muito preocupante, nos comentaristas e analistas norte-americanos: seguindo o mote de Obama, ninguém se cansa de “lembrar” que teria de ser o acordo (mesmo inacabado)... ou a guerra.

Mas:

●– Quem daria o primeiro tiro na tal guerra?
●– Que fundamento legal teria a tal guerra?
●– Que finalidade teria a tal guerra, uma vez que bem evidentemente o Irã não tem qualquer programa nuclear militar?

Essa opção estúpida, “ou acordo ou guerra”, usada como argumento para forçar algum acordo é perigosa, porque o acordo existente até agora pode ainda fracassar, e os linha-dura argumentarão que “até os comentaristas liberais [liberal, nos EUA, significa “de esquerda”; qualquer ser ou entidade que se posicione meio passo à esquerda de Victoria Nuland, rainha do Nulandistão, é considerado liberal, quer dizer, “de esquerda” (NTs)] disseram que era acordo ou guerra. Sem acordo, tem de ser guerra”.

O SIONISMO

De fato, considerando a política externa super violenta de Obama até agora, não se pode excluir a possibilidade de que o objetivo real (apenas disfarçado por trás de negociações cenográficas, aparentemente muito “públicas”, mas completamente falsas) sempre tenha sido a guerra contra o Irã; as negociações serviriam para criar a ilusão de que teria havido alguma “discussão social”.
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[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como “Whisky Barou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na peça Hauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na ópera A Ascensão e a Queda da Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967). A seguir podemos ver/ouvir versão em performance de David Johansen com legendas em português.

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