sexta-feira, 8 de abril de 2011

Para o Hamás, a primavera começou mais cedo

 Khaled Amayreh

7-13/4/2011, Khaled Amayreh [da Cisjordânia], Al-Ahram, Cairo, n, 1.042 
Traduzido e comentado pelo pessoal da Vila Vudu
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NOTA DOS TRADUTORES: O artigo abaixo não tem novidades. Mas é interessante, porque aí se ouvem vozes que estão totalmente varridas da ridícula imprensa brasileira. A ridícula imprensa brasileira tenta fazer-crer que o destino do mundo se jogaria exclusivamente em Washington ou no Pentágono (os quais, se se acredita no que se lê/vê na ridícula imprensa brasileira, dariam alto crédito às opiniões dos ridículos O Estado de S.Paulo e Folha de S.Paulo e Rede Globo). Como se só importasse ao Brasil o que pensam que pensam as tristes Donas Danuzas, Doras, Elianes, saias-justas, papos-calcinha, Jabores, ou os hiperridículos Mervais Pereiras, Datenas, Waacks, BBBs, Magnollis, pânico-na-TV, Lampreias e que-tais). 
O artigo abaixo, hoje publicado no Cairo, mostra, pelo menos, com clareza de algum bom jornalismo, que o mundo se vai rearranjando, apesar do que “declarem” as Clintons, os Obamas, as OTANs e coisa-e-tal, divulgados pelas grandes agências de notícias, religiosamente papagaiadas aqui pelos “noticiários” e “analistas” (só rindo!) ainda tucanos (mas... tucanos?! Como assim?! Que tucanos?! Cadê os tucanos?! O DEM?! Mas... mas... Cadê o DEM?! Que DEM, sô?! [risos, risos]).
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Apesar das muitas afirmativas na direção contrária, os mais recentes esforços para restaurar a unidade nacional dos palestinos, entre Fatah e Hamas, parecem não estar trazendo resultados estimulantes. Fatah e Hamas têm trocado acusações sobre as respectivas sinceridades no trabalho de por fim aos três anos de disputas.

O Hamás ainda não anunciou data definitiva para a hoje já duvidosa visita que consta que  Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, estaria planejando fazer à Faixa de Gaza. Alguns dos líderes do Hamás acusaram Abbas e a liderança do [partido] Fatah na Cisjordânia de planejar “visita de relações públicas”, para deixar a sempre referida ‘bola do jogo’ no ‘campo’ do Hamás.

O Hamás, que não tem posição unânime sobre essa visita, exigiu que a visita não seja anunciada antes de que se possam tomar medidas necessárias para que a visita tenha sucesso. Entre essas medidas, é preciso algum acordo sobre pontos políticos controversos, o fim das prisões políticas, a libertação dos presos políticos e fim à atmosfera ditatorial, de estado policial, na Cisjordânia.

Para o Hamas, a recusa do Fatah, que não aceita negociar seriamente essas exigências, implica que o Fatah não tem intenção séria de reconciliar-se com o Hamas.

“Já várias vezes solicitamos que Abbas envie delegação precursora a Gaza, ou a outro lugar que escolham, para que se possa planejar a visita. Parte desse planejamento implica acertar posições sobre pontos não consensuais, de modo que a visita possa ser, de fato, o coroamento de um acordo entre as duas partes [Fatah e Hamas]. Mas Abbas parece desejar fazer mera visita protocolar e formal, sem associá-la à reconciliação. A posição do Hamás é: primeiro o acordo, depois a reconciliação oficial.” 

Como seria de prever, o Fatah reagiu em fúria. Disse que o Hamás opõe-se à reconciliação, porque teme o resultado de eleições livres e democráticas na Palestina, quando o eleitor dirá a última palavra. “As objeções do Hamás implicam rejeição tácita do gesto de generosidade do presidente Abbas, que quer ir a Gaza e firmar o acordo, para virar definitivamente essa página de nossa história”, disse o deputado Azzam Al-Ahmed.

Mahmoud Al-Zahar, do Hamas desqualificou os comentários do Fatah; disse que “não estão alinhados nem com a verdade nem com a realidade”. “Podemos facilmente firmar um acordo, desde que não se discutam as questões importantes. E o acordo não durará cinco minutos. O Hamás está decidido a não repetir os velhos erros.” 

De fato, parece que os dois lados estão à espera de que o Egito reinicie as conversações de reconciliação, que chegaram a ser iniciadas há algum tempo, coordenadas pelo ex-chefe de segurança do Egito general Omar Suleiman. O Alto Conselho das Forças Armadas [ing. Higher Council of the Armed Forces (HCAF)] que governa atualmente o Egito, recebeu recentemente líderes do Fatah e do Hamas, entre os quais Al-Ahmed e Al-Zahar.

Al-Zahar, que esteve no Cairo essa semana, disse que o Egito não parece inclinado a participar do diálogo entre Fatah e Hamas. “Os irmãos egípcios preferem a posição de observadores. Querem que os palestinos construam o acordo eles mesmos, sem qualquer interferência ou pressa externa. Pedem apenas que a declaração final e a cerimônia de reconciliação sejam feitas no Cairo.”

O Hamas já convidou o Fatah e outros grupos palestinos para “um importante encontro” em Gaza, para discutir os esforços de reconcliliação. Durante esse encontro, que aconteceu na 3ª.-feira, 5/4, Ismail Radwan, do Hamás, disse que o governo egípcio prometeu levantar o sítio de Gaza e permitir o trânsito de bens e pessoas pela passagem de Rafah.

Outro líder islâmico, Ismail Al-Ashkar, revelou que teve dois outros encontros, dois dias antes, no Cairo: um foi coordenado pelo presidente da Liga Árabe Amr Moussa; o outro, com vários líderes do atual governo egípcio. O governo do Egito também convidou  Abbas a visitar o Cairo, provavelmente dia 6/4, 4ª-feira, para revisão dos esforços de reconciliação.

Segundo fontes palestinas, os esforços em curso visam a reestruturar a OLP (Organização de Libertação da Palestina), de modo a garantir representação justa para todos os grupos palestinos, incluindo o Hamás e a Jihad Islâmica.

O Hamas sempre relutou em assinar qualquer documento preparado pelo regime deposto de Hosni Mubarak. Mas o Hamas tem poucas ou nenhuma reserva em relação ao novo governo do Egito, considerado isento de qualquer ranço anti-islâmico, característico do governo deposto de Mubarak.

Quanto ao governo do Egito, tem dito que não favorece nenhuma das organizações palestinas e visa, exclusivamente, a restaurar a unidade dos palestinos.

Os palestinos, de modo geral, investem grandes esperanças nas mudanças revolucionárias em curso no mundo árabe, sobretudo no Egito, que veem como benéficas à causa palestina e militam contra a hegemonia militarista de Israel, na região. Israel sempre considerou o governo de Mubarak como aliado estratégico crucialmente importante do estado judeu.

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