Michel Chossudovsky |
por Michel
Chossudovsky
A
administração Obama, em ligação com Londres ,
Paris, Tel Aviv e o quartel-general da OTAN em Bruxelas, está contemplando várias "opções de intervenções" militares contra a Síria, incluindo a realização
de operações navais e aéreas em apoio às forças rebeldes de “oposição” sobre o
terreno.
Os EUA e o
seu impassível aliado britânico estão num “pé de guerra humanitário”.
Forças
aliadas, incluindo operativos de inteligências e forças especiais, reforçaram a
sua presença no terreno em apoio ao “Exército Livre da Síria” (ELS). Fui
informado que o Ministério da Defesa britânico está “formulando planos de
contingência para o caso de o Reino Unido decidir instalar tropas nesta região
volátil”.
Posicionamentos
de forças navais e aéreas já foram anunciados pelo Ministério da Defesa
britânico. Segundo notícias de tablóides de Londres, citando fontes militares
“confiáveis”, “... a escalada da guerra civil [na Síria] torna cada vez mais
provável que o Ocidente seja forçado a intervir”. ( Daily Mail, Julho 24, 2012).
Uma campanha
de bombardeio no estilo “pavor e choque” do Iraque não está, por razões
práticas, sendo contemplada: “analistas da defesa advertiram que uma força de
pelo menos 300 mil soldados seria necessária para executar uma intervenção em
plena escala [na Síria]. Mesmo assim, esta enfrentaria resistência feroz. ...”
(ibid).
Ao invés de
executar uma operação relâmpago total, a aliança militar EUA-OTAN-Israel optou
por intervir sob o diabólico enquadramento do R2P, da “guerra humanitária”.
Modelado na Líbia, as seguintes grandes etapas estão a ser encaradas:
1- Uma
rebelião apoiada pelos EUA-OTAN, integrada por esquadrões da morte, é lançada
sob o disfarce de "movimento de protesto (meados de Março de 2011 em Daraa)
2- Forças
especiais britânicas, francesas, qataris e turcas estão sobre o terreno na
Síria, aconselhando e treinando os rebeldes bem como supervisionando operações
especiais. Mercenários contratados por companhias de segurança privada também
são envolvidos no apoio às forças rebeldes.
3- As matanças de civis inocentes pelo Exército
Livre Sírio (ELS) são deliberadamente executadas como parte de uma operação
encoberta de inteligência (Ver: SYRIA: Killing Innocent Civilians as part of a US Covert Op. Mobilizing Public Support for a R2P
War against Syria, Global Research, May 2012)
4- O governo
sírio é então culpabilizado pelas atrocidades resultantes. A desinformação da imprensa-empresa internacional articulada para a demonização do governo sírio. A opinião pública é levada
a endossar uma intervenção militar com fundamentos humanitários.
5-
Respondendo à indignação pública, os EUA-OTAN são então "forçados a intervir"
sob o mandato humanitário da “Responsibility to Protect” (R2P). A
propaganda da imprensa-empresa internacional entra então em alta velocidade. “A
Comunidade Internacional vem para o resgate do povo sírio”.
6- Navios de
guerra e caças de combate são então posicionados no Mediterrâneo Oriental. Estas
ações são coordenadas com o apoio logístico aos rebeldes e das forças especiais
no terreno.
7- O objetivo
final é “mudança de regime” que leve à “ruptura do país” de acordo com linhas
sectárias e/ou a instalação de um “regime dominado ou influenciado por
islamistas” modelado no Qatar e na Arábia Saudita.
8- Os planos
de guerra para a Síria são integrados com aqueles referentes ao Irã. A estrada
para Teerã passa por Damasco. As implicações mais vastas da intervenção
EUA-OTAN são escalada militar e o possível desencadeamento de uma guerra
regional estendendo-se desde o Mediterrâneo Oriental até a Ásia Central, na qual
a China e a Rússia poderiam ser direta ou indiretamente envolvidas.
As etapas de
1 até 4 já foram implementadas.
A etapa 5 foi
anunciada.
A etapa 6, envolvendo o posicionamento de navios de
guerra britânicos e francesas no Mediterrâneo Oriental está destinada a ser
lançada, segundo o Ministério da Defesa britânico, “ainda neste Verão”.
(Ver Michel Chossudovsky, The US-NATO War on
Syria: Western Naval Forces Confront Russia Off the Syrian
Coastline? Global
Research, July 26, 2012.
A fase 7,
nomeadamente a “mudança de regime” – a qual constitui o fim do jogo da guerra
humanitária – foi anunciada por Washington em numerosas ocasiões.
Nas palavras do Secretário da Defesa, Leon Panetta,
referindo-se ao presidente Bashar Al Assad: “Já não é mais uma questão de se ele
está chegar ao fim, é de quando”.
O fim do jogo: Desestabilizar o estado laico,
instalar o “Islã político”
O Royal United Services Institute for Defence and Security
(RUSI), um think-tank
instalado em Londres, com laços estreitos tanto com o Ministério da Defesa
britânico como com o Pentágono, sugeriu que “alguma espécie de intervenção
[militar] ocidental na Síria está parecendo cada vez mais provável...”. O que o
RUSI tem em mente no seu Resumo sobre a crise síria intitulado, A
Collision Course for Intervention, é o que pode ser descrito como “Uma
invasão suave”, levando ou a uma “ruptura do país” de acordo com linhas
sectárias e/ou a instalação de um “regime dominado ou influenciado por
islamistas” modelado no Qatar e na Arábia Saudita.
Vários
“cenários” envolvendo operações de inteligência “clandestina” são avançados. O
objetivo não mencionado destas opções militares e de inteligência é
desestabilizar o Estado leigo e implementar, através de meios militares, a
transição rumo a um “regime pós-Assad dominado ou influenciando pelo Islã”
modelado no Qatar e na Arábia Saudita.
Mapa da Síria com suas fronteiras |
“É necessária
uma melhor observação das atividades e relacionamento da Al-Qaeda e os outros jihadistas salafistas internacionais que
estão, agora, entrando no país em números crescentes. É provável que as
comportas se abram ainda mais, pois jihadistas internacionais são
fortalecidos por sinais de progresso significativo da oposição contra o regime.
Tais elementos têm o apoio da Arábia Saudita e do Qatar e teriam sem dúvida um
papel na Síria a seguir ao colapso de Assad. O âmbito do seu envolvimento
precisaria ser considerado no planejamento da intervenção”. (Ibid, p. 9, negrito
acrescentado)
Se bem que
reconhecendo que os combatentes rebeldes são rematados terroristas envolvidos na
matança de civis, o Resumo RUSI, mencionando considerações tácticas e de
inteligência, sugere que as forças aliadas no entanto deveriam apoiar os
terroristas (isto é, as brigadas terroristas foram apoiadas pela coligação
dirigida pelos EUA desde o início da rebelião em meados de Março de 2011.
Forças Especiais integraram a rebelião):
“Que desafios militares, políticos e de segurança
apresentariam eles [os jihadistas] ao
país, à região e ao Ocidente? Questões que incluem a possibilidade de um
regime dominado ou influenciado por islamistas herdando armamento refinado,
incluindo sistemas de mísseis anti-aviões e anti-navios e armas químicas e
biológicas que podiam ser transferidas para as mãos de terroristas
internacionais. Ao nível táctico, seria necessária inteligência para
identificar os grupos mais eficazes e como melhor apoiá-los. Também seria
essencial saber como eles operam e se o apoio pode ajudá-los a massacrar rivais
ou a executar ataques indiscriminados contra civis, algo que já testemunhámos
entre grupos da oposição síria". ( RUSI - SYRIA
CRISIS BRIEFING: A Collision Course for Intervention, London, July
2012, ênfase acrescentada, p. 9 )
O
reconhecimento acima confirma a resolução dos EUA-OTAN de utilizar o “Islã
político” – incluindo o posicionamento grupos terroristas filiados à Al Qaeda
apoiados pela CIA e o MI6 – para realizar suas ambições hegemônicas na Síria.
Operações
encobertas da inteligência ocidental em apoio a entidades terroristas da
“oposição” são lançadas para enfraquecer o estado laico, fomentar violência
sectária e criar divisões sociais. Recordaremos que na Líbia, os rebeldes “pró
democracia” foram conduzidos por brigadas paramilitares filiadas à Al Qaeda sob
a supervisão de Forças Especiais da OTAN. A muito apregoada “Libertação" de
Trípoli foi executada por antigos membros do Libya Islamic Fighting Group (LIFG).
Opções e ações militares. Rumo a uma “invasão
suave”?
Várias opções
militares concretas – as quais em grande medida refletem o pensamento
em curso do
Pentágono-OTAN sobre a matéria – são contempladas no RUSI Syria Crisis Briefing. Todas estas
opções são baseadas num cenário de “mudança de regime” exigindo a intervenção de
forças aliadas em
território sírio. O que é contemplado como uma “invasão suave”
modeladas na Líbia sob um mandato humanitário R2P ao invés de uma blitzkrieg total estilo “pavor e
choque”.
O Resumo
RUSI, contudo, confirma que apoio continuado e eficaz aos rebeldes do Exército
Livre Sírio exigirá finalmente a utilização de “poder aéreo na forma de caças
a jato e sistema de mísseis lançados do mar, da terra e do ar” combinado com
a entrada de Forças Especiais e a aterragem de “infantaria anfíbia
aerotransportada” (Ibid, p 16.).
Esta
transição rumo ao apoio naval e aéreo concreto ao rebeldes é sem dúvida motivada
também pelas derrotas da insurgência (incluindo substanciais perdas rebeldes)
que se seguiram à reação adversa das forças do governo na esteira do ataque
terrorista de 18 de Julho contra a sede da Segurança Nacional em Damasco, o qual
levou à morte do Ministro da Defesa, general Daoud Rajha e de outros altos
membros da equipe defesa nacional do país.
Várias ações
militares entrecruzadas são encaradas, a serem executadas sequencialmente tanto
antes como na esteira da proposta “mudança de regime”.
“A opção
avançada, destruição das forças armadas sírias através de uma invasão “pavor e
choque” estilo Iraque, poderia sem dúvida ser cumprida por uma coligação
dirigida pelos EUA. Como com todas as outras formas de intervenção, contudo,
manusear os resultados seria muito menos previsível e poderia arrastar as forças
da coligação a um pântano duradouro e sangrento. Atualmente essa opção pode ser
excluída como possibilidade realista. ... Não há dúvida de que a neutralização
substancial da infraestrutura de defesa aérea da Síria poderia ser alcançada por
uma operação aérea dirigida pelos EUA. Mas isto exigiria uma campanha grande,
sustentada e extremamente custosa incluindo Forças Especiais posicionadas no
terreno para apontar alvos.
As opções de
intervenção que restam caem, grosso modo, em três categorias que por vezes se
sobrepõem. ... A primeira categoria é ação de imposição militar para reduzir ou
acabar a violência na Síria, ... impedir forças de Assad de atacarem população
civil por ação [militar] direta. [O RUSI
ignora o fato de que as matanças são cometidas pelo ESL e não por forças do
governo, M.C.].
A segunda é
tentar provocar mudança de regime por uma combinação de apoio a forças de
oposição e ação militar direta. A segunda categoria pode ser aplicada na
sequência do colapso do regime. O objetivo seria apoiar um governo pós Assad
ajudando a estabilizar o país e proteger a população contra violência
inter-facções e represálias. ... Uma força de estabilização seria posicionada a
pedido do novo governo. Em qualquer cenário de intervenção pode ser necessário
ou destruir ou proteger armas químicas da Síria, se elas estiverem prestes a
serem utilizadas, transferidas ou de outras formas tornadas inseguras. Isto
exigiria forças de combate especializadas e potencialmente tão substanciais que
provavelmente seria uma missão que só os EUA poderiam executar. [Recordando as ADM do Iraque, o pretexto das
armas químicas da Síria está sendo utilizado para justificar uma intervenção
militar mais musculada, M.C.]
A terceira categoria é socorro humanitário – trazer
abastecimento e ajuda médica para populações assediadas. ... Esta forma de
intervenção, a qual mais provavelmente seria conduzida sob os auspícios da ONU,
exigiria agências de ajuda tais como o Crescente Vermelho Internacional bem como
forças militares armadas incluindo poder aéreo, mais uma vez baseado numa
coligação OTAN. O socorro humanitário pode ser necessário antes ou após uma
mudança de regime. (Ver RUSI - SYRIA
CRISIS BRIEFING: A Collision Course for Intervention , London
Julho2012, emphasis added, p.9-10 )
O “socorro
humanitário” é muitas vezes utilizado como pretexto para o envio de unidades de
combate. Forças especiais e operativos de inteligência são frequentemente
despachados sob cobertura de ONGs.
Ações militares concretas EUA-OTAN
Será que o
Resumo RUSI reflete a perspectiva atual do planejamento militar EUA-OTAN
em relação à
Síria ?
Que ações
militares e de inteligência concretas foram tomadas pela aliança militar
ocidental na sequência dos vetos chinês e russo no Conselho de Segurança das
Nações Unidas?
O posicionamento de uma poderosa armada de navios de
guerra franceses e britânicos já é encarada numa data não especificada “ainda
neste Verão”. (Ver Michel Chossudovsky, The US-NATO War on
Syria: Western Naval Forces Confront Russia Off the Syrian
Coastline?, Global Research, Julho 26, 2012) .
O Ministério
da Defesa britânico, contudo, sugeriu que os deslocamentos da Royal Navy para o Oriente Médio só
podiam ser ativados “após” os jogos olímpicos de Londres. Dois dos maiores
navios de guerra britânicos, o HMS Bullwark e o HMS Illustrious foram
designados, a um tremendo custo para os contribuintes britânicos, para “garantir
a segurança” dos Jogos Olímpicos. O HMS Bulwark está atracado em Weymouth Bay
durante os jogos. O HMS Illustrious está “atualmente ancorado no Tâmisa no
centro de Londres”. (Ibid)
Estas
planejadas operações navais são cuidadosamente coordenadas com avançado apoio
aliado ao “Exército Livre da Síria”, integrado por jihadistas mercenários estrangeiros
treinados no Qatar, Iraque, Turquia e Arábia Saudita por conta da aliança
militar ocidental.
Será que os
EUA-OTAN lançarão uma operação aérea total?
As
capacidades de defesa aérea da Síria, segundo informações, baseiam-se no
avançado sistema S-300 da Rússia? (Informações não confirmadas apontam para o
cancelamento da entrega pela Rússia, a seguir à pressão de Israel, do avançado
sistema míssil S300 terra-ar à Síria) (Ver Israel convinces Russia to cancel Syrian S-300 missile deal:
official, Xinhua , Junho 28, 2012) Outras informações também sugerem a
instalação de um avançado sistema russo de radar (Ver Report: Russia Sent Syria Advanced S-300 Missiles , Israel National News, Novembro 24,
2011).
O papel das Forças Especiais
Nos próximos
meses, forças aliadas não terão dúvida em concentrar-se na desativação das
capacidades militares do país incluindo sua defesa aérea, sistemas de
comunicações, através de uma combinação de ações encobertas, guerra cibernética
e ataques terroristas do ESL patrocinado pelos EUA-OTAN.
Os rebeldes
do “Exército Sírio Livre” são a infantaria da OTAN. Comandantes do ESFL, muitos
dos quais são parte de entidades filiadas à Al Qaeda, estão em ligação
permanente com Forças Especiais britânicas e francesas dentro da Síria. O
relatório RUSI recomenda que os rebeldes deveriam ser apoiados através do
“posicionamento dentro do país de conselheiros das Forças Especiais com apoio
aéreo a pedido:
“Conselheiros
trabalhando ao lado de comandantes rebeldes, acompanhados talvez por pequenas
unidades de tropas das Forças Especiais, podiam ser táctica e estrategicamente
decisivo, como se provou tanto no Afeganistão em 2001 como na Líbia em
2011.”
(RUSI, op cit, p. 10)
Forças
Especiais têm estado no terreno na Síria desde o princípio da insurgência.
Relatórios também confirmam o papel de companhia de segurança privadas,
incluindo antigos mercenários Blackwater, no treino dos rebeldes do ESL. No que
é descrito como “Guerra da América debaixo da mesa”, Forças Especiais no terreno
estão em ligação permanente com os militares e a inteligência aliada.
O influxo de combatentes jihadistas mercenários
Desde o
impasse no Conselho de Segurança da ONU, uma aceleração no recrutamento e treino
de combatentes jihadistas mercenários
está se verificando.
Segundo uma
fonte do exército britânico, British
Special Forces (SAS) estão agora treinando “rebeldes” sírios no Iraque “em
tácticas militares, manuseamento de armas e sistemas de comunicações”. A
informação também confirma que treino militar de comandos está sendo realizado
na Arábia Saudita por conta da aliança militar ocidental:
“Forças
Especiais britânicas e francesas têm estado a treinar activamente mercenários do
ESL, a partir de uma base na Turquia. Algumas informações indicam que o treino
está a ter lugar também em locais na Líbia e no Norte do
Líbano. Operativos britânicos do MI6 e pessoal do UKSF (SAS/SBS) tem
confirmadamente estado a treinar os rebeldes em guerra urbana bem como a
fornecer-lhes armas e equipamento. Acredita-se que operativos estado-unidenses
da CIA e forças especiais providenciam assistência em comunicações aos
rebeldes”. (Elite Forces UK , Janeiro 5, 2012)
“Mais de 300
[rebeldes sírios] passaram por uma base dentro do Iraque próxima à fronteira,
enquanto um curso de comandos está a ser dado na Arábia Saudita. Grupos de 50
rebeldes de cada vez estão a ser treinados por duas firmas de segurança privada
que empregam antigo pessoal de Forças Especiais. Nosso papel é puramente de
instrutores ensinando tácticas, técnicas e procedimentos”, disse um antigo
membro da SAS”.
“Se podemos
ensinar-lhes como encobrir-se, atirar e evitar serem localizados por snipers
será uma ajuda esperançosa”. ( Daily Mail, Julho 22, 2012)
O papel da Turquia e de Israel
O alto
comando militar da Turquia tem estado em ligação com a sede da OTAN desde Agosto
de 2011 relativamente ao recrutamento ativo de milhares de "combatentes da
liberdade" islamistas, o que recorda o alistamento de mujahideen pra travar a jihad (guerra sagrada) da CIA no auge da
guerra soviético-afegã.
“Também
discutido em Bruxelas
e Ancara , relatam nossas fontes, está uma campanha para
alistar milhares de voluntários muçulmanos em países do Médio
Oriente e do mundo muçulmano para combater junto aos
rebeldes sírios. O exército turco abrigaria estes voluntários, treinaria e
asseguraria a sua passagem para dentro da Síria. ( DEBKAfile, NATO to give rebels anti-tank weapons,
Agosto 14, 2011, negrito acrescentado)
O recente
influxo de combatentes estrangeiros numa escala significativa sugere que este
diabólico programa de recrutamento mujahiden, desenvolvido há mais de um
ano atrás, tem frutificado.
A Turquia
também está apoiando combatentes da Fraternidade Muçulmana no Norte da Síria.
Como parte do seu apoio aos rebeldes do ESL, “a Turquia estabeleceu uma base
secreta com aliados da Arábia Saudita e do Qatar para dirigir ajuda militar e de
comunicações para rebeldes da Síria a partir de uma cidade próxima à fronteira”
Exclusive: Secret Turkish nerve center leads aid to Syria
rebels | Reuters, Julho 27,
2012).
O papel de Israel no apoio aos rebeldes, em grande
medida caracterizado por operações encobertas de inteligência, tem sido
“discreto” mas significativo. Desde o início, o Mossad apoiou grupos terroristas
salafistas, os quais se tornaram ativos no Sul da Síria no início do movimento
de protesto em Daraa em meados de Março.
Informações sugerem que o financiamento para a insurgência
salafista está vindo da Arábia Saudita. (Ver Syrian army closes
in on Damascus suburbs , The Irish
Times, Maio 10, 2011).
Enquanto
canaliza apoio encoberto ao ELS, Israel também está apoiando separatistas curdos
no Norte da Síria. O grupo de oposição curda (KNC) tem ligações estreitas com o
Governo Regional Curto de Massoud Barzani no Norte do Iraque, o qual é
diretamente apoiado por Israel.
A agenda separatista curda se destina a ser
utilizada por Washington e Tel Aviv para procurar a ruptura da Síria de acordo
com linhas étnicas e religiosas – em várias entidades políticas separadas e
“independentes”. Convém notar que Washington também facilitou o despacho de
“militantes da oposição” curda síria para o Kosovo em maio último para
participar de sessões de treinamento utilizando a “perícia terrorista” do Kosovo Liberation Army (KLA).
(Ver Michel Chossudovsky, Hidden US-Israeli
Military Agenda: “Break Syria into Pieces”, Global Research, Junho 2012).
A não tão
oculta agenda militar estadunidense-israelense é “Romper a Síria em pedaços",
tendo em vista apoiar o expansionismo de Israel. ( The Jerusalem Post, May 16, 2012).
Confronto com a Russia
O que se pode
esperar nos próximos meses:
1) Um
posicionamento naval no Mediterrâneo Oriental, cujo objetivo militar não foi
claramente definido pelas forças aliadas.
2) Um
maior influxo de combatentes estrangeiros e esquadrões da morte para dentro da
Síria e a execução de ataques terroristas cuidadosamente visados em coordenação
com os EUA-OTAN.
3) Uma
escalada no posicionamento de forças especiais aliadas, incluindo mercenários de
companhias de segurança privadas contratadas pela inteligência ocidental.
O objetivo, sob a operação “Vulcão Damasco e
Terremoto Sírio”, em última análise consistir em estender os ataques terroristas
do ESL à capital da Síria, sob a supervisão de Forças Especiais ocidentais e de
operativos de inteligência no terreno. (Ver Thierry
Meyssan, The battle of
Damascus has begun, Voltaire Net,
Julho 19, 2012). Esta opção de alvejar
Damasco fracassou. Os rebeldes também foram empurrados para trás em combates
intensos na segunda maior cidade da Síria, Alepo.
4) O
enfraquecimento do papel da Rússia na Síria – incluindo suas funções sob o
acordo de cooperação militar bilateral com Damasco – também é parte da agenda
militar e de inteligência dos EUA-OTAN. Isto podia resultar em ataques
terroristas contra nacionais russos a viverem na Síria.
Um ataque
terrorista contra a base naval da Rússia em Tartus foi anunciado menos de duas
semanas após o confronto directo no Conselho de Segurança, sem dúvida por ordem
dos EUA-OTAN tendo em vista ameaçar a Rússia.
A seguir à
chegada da flotilha naval russa de dez navios estacionados ao largo da costa
síria, um porta-voz do ESL confirmou (26 de Julho) a sua intenção de atacar a
base naval da Rússia em Tartus:
“Temos uma
advertência às forças russas: se enviarem mais quaisquer armas que matem nossas
famílias e o povo sírio nós os atingiremos duramente dentro da Síria”, disse
Louay al-Mokdad, coordenador logístico do Exército Livre da Síria (ELS).
Informantes
dentro do regime contam-nos que há grandes carregamentos de armas a chegarem a
Tartus nas próximas duas semanas. Não queremos atacar o porto, não somos
terroristas, mas se eles continuarem a atuar dessa forma não teremos opção.
O ELS formou
uma “Brigada naval”, composta de desertores da Marinha síria, a qual opera
próximo de Tartus. “Muitos dos nossos homens costumavam trabalhar no porto de
Tartus e conhecem-no bem”, disse o capitão Walid, um antigo oficial da Marinha
Síria. “Estamos observando muito atentamente os movimentos dos russos”.
“Podemos facilmente destruir o porto. Se atingirmos
os armazéns de armas com mísseis anti-tanque ou outra arma isso dispararia uma
explosão devastadora”, disse um representante do ELS. “Ou podemos atacar os
navios diretamente”. ( Syrian rebels
threaten to attack Russian naval base - World - DNA, Julho 26,
2012)
Se a base
naval da Rússia viesse a ser atacada, isto, com toda probabilidade, seria
empreendido sob a supervisão de forças especiais e operativos de inteligência
aliados.
Se bem que a
Rússia tenha as capacidades militares necessárias para defender eficazmente sua
base naval de Tartus, um ataque à base naval da Rússia constituiria um ato de
provocação, o qual podia preparar o cenário para um envolvimento mais visível de
forças russas dentro da Síria. Um rumo assim também podia potencialmente levar a
uma confrontação direta entre forças russas e forças especiais ocidentais e
mercenários a operarem dentro das fileiras rebeldes.
Segundo o RUSI Syria Crisis Briefing citado acima:
“Antecipar a ação e contra-ação russa teria de ser um fator importante em
qualquer plano de intervenção [militar] do Ocidente [na Síria]. Os russos
certamente são capazes de movimentos arrojados e inesperados...” (RUSI, op cit,
p. 5).
O mundo numa encruzilhada perigosa
Uma “guerra
humanitária” total contra a Síria está em cima da mesa do Pentágono, a qual, se
executada, podia levar o mundo a uma guerra regional estendendo-se desde o
Mediterrâneo Oriental ao coração da Ásia Central.
Um programa
de propaganda refinado e super abrangente apoia a guerra em nome da paz mundial
e da segurança global.
O cenário
subjacente de conflito mundial vai muito além da concepção diabólica do 1984
de Orwell.
O Ministério
da Verdade sustenta a guerra como um empreendimento para fazer a paz invertendo
realidades.
Por sua vez,
as mentiras e fabricações dos “jornalistas de referência” são apresentadas com
variadas insinuações numa complexa teia de enganos.
Numa
deturpação cínica, atrocidades documentadas contra civis sírios cometidas pela
“oposição” do Ocidente estão agora sendo reconhecidas (ao invés de culpabilizar
forças governamentais) como “inevitáveis” na penosa transição rumo à
“democracia”.
As
consequências mais vastas da “Grande Mentira” são obscurecidas.
A “guerra
humanitária” global torna-se um consenso ao qual ninguém pode desafiar.
A guerra à
Síria é parte de uma agenda militar integrada à escala mundial. A estrada para
Teerã passa por Damasco. O Irã, a Rússia, a China e a Coreia do Norte também
estão sendo ameaçados.
Com o posicionamento da armada naval
franco-britânica ainda este Verão, navios de guerra ocidentais no Mediterrâneo
Oriental estariam contíguos àqueles posicionados pela Rússia, a qual está a
conduzir os seus próprios jogos de guerra, levando a uma potencial “confrontação
estilo Guerra fria” entre forças navais russas e ocidentais. Ver Michel
Chossudovsky, The US-NATO War on Syria:
Western Naval Forces Confront Russia Off the Syrian
Coastline? , Global Research, Julho 26, 2012).
Uma guerra à
Síria, a qual inevitavelmente envolveria Israel e Turquia, podia constituir a
fagulha rumo à guerra regional dirigida contra o Irã, na qual a Rússia e a China
podiam ser (direta ou indiretamente) envolvidas.
É crucial
difundir estas palavras e romper os canais de desinformação da imprensa-empresa
internacional.
Um
entendimento crítico e não enviesado do que está acontecendo na Síria é de
importância crucial na reversão da maré da escalada militar.
Difunda este
artigo o mais amplamente possível.
Ver também:
Exclusive: Obama authorizes secret US support for Syrian
rebels, Reuters, 1/8/2012
Obama faz Syriana, 03/Ago/2012
redecastorphoto, (o título é alusão
ao filme Syriana
)
O artigo original, em inglês,
encontra-se em: Towards
A “Soft Invasion”? The Launching of a “Humanitarian War” against
Syria
Esta tradução foi extraída de Resistir e
ligeiramente adaptada pela redecastorphoto.
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