27/8/2012, Du Yuanjiang, Yang Shuyi, Zhu Xiaolong, Xinhuanet, Pequim
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Entreouvido na Vila Vudu: O artigo
abaixo é simples matéria jornalística, sem nada de excepcional, além do fato de
que é jornalismo não copiado do New York
Times ou de releases do Departamento de Estado da Hilária Clinton.
Além do
mais, informa um pouco sobre essa importante conferência do Movimento dos Não
Alinhados que está acontecendo no Irã, e nos protege do risco de só sabermos,
sobre o Movimento dos Não Alinhados, hoje e amanhã, o mesmo NAAADA que a
Patrícia Poeta & Bonner, a Zileide Silva & Renato Machado (não) sabem,
mas falam como se soubessem.
Interessante, também, aprender
que, para os chineses, não existe “Oriente Médio”, invenção ocidentalista. Para
os chineses, ali fica “a Ásia Ocidental”.
Mais um
detalhe interessante, que NÓS conhecemos, e que o William Waack, o Celso Lafer,
o Villa e outros eternos convidados e “professores” de repetição de
ideias-feitas, do canal GloboNews, ignoram totalmente.
TEERÃ,
26/8 – A 16ª Conferência de chefes de estado ou governo dos países do Movimento
dos Não Alinhados (MNA) acontecerá dias 30-31 de agosto em Teerã. São esperados
governantes e altos funcionários de mais de 100 países.
Antes
da Conferência, haverá encontro de ministros dos países membros do MNA, logo
depois de um dia de discussões entre especialistas convidados, que aconteceu no
domingo.
Esse
ano, a Conferência dos Não Alinhados acontece contra o pano de fundo de vários
levantes na Ásia Ocidental e no Norte da África.
Para
os analistas, além das questões já tradicionais, como direitos humanos, combate
ao terrorismo, desarmamento das Armas de Destruição em Massa, a questão
palestina e reformas na estrutura da ONU, três outras questões serão objeto de
atenção concentrada, no entorno da Conferência.
A
crise na Síria
Alaeddin Boroujerdi |
Os
analistas preveem que, com a crise na Síria ainda sem solução à vista, o Irã,
aliado muito próximo dos sírios, tentará usar o fato de hospedar essa rodada da
Conferência do MNA para obter apoio para o governo sírio.
O
secretário de Segurança Nacional e Relações Exteriores do Parlamento iraniano,
Alaeddin Boroujerdi disse no domingo que o Irã opõe-se a qualquer intervenção
externa na Síria, destacando que a Conferência do MNA em Teerã visa a criar um
modo de ajudar a resolver a crise síria, que já dura 18 meses.
No
sábado, o porta-voz do ministro de Relações Exteriores do Irã Ramin Mehmanparast
disse que o Irã apresentará proposta “extensa e compreensiva” para o fim da
crise síria, e que a proposta iraniana seria discutida no entorno da 16ª
Conferência dos Não Alinhados.
Ali-Akbar Salehi |
Na
quinta-feira, o ministro das Relações Exteriores do Irã Ali-Akbar Salehi já
anunciara a proposta de Teerã, dizendo que seria “aceitável e racional”.
A
posição do Irã é que todos devem recuar, evitar qualquer violência e tentar
construir algum tipo de solução de convivência entre os vários partidos
políticos na Síria – disse em recente entrevista à rede Xinhua o Dr. Sadeq
Zibakalam, professor de ciência política na Universidade de Teerã. “O Irã sabe
que, se Bashar al-Assad for deposto, aumentarão as pressões sobre o Irã” – disse
o professor Zibakalam.
A
questão nuclear iraniana
Recentemente,
altos funcionários israelenses ameaçaram com ataque militar de Israel às
instalações nucleares iranianas. A ameaça foi respondida com firmeza pelo Irã,
que disse que o país retaliaria com plena força, se fosse atacado. O ministro da
Defesa do Irã, brigadeiro-general Ahmad Vahidi disse, dia 22 de agosto, que, se
atacado por exército estrangeiro, o país defenderia a própria soberania e a
integridade de seu território.
Já
há anos, o Irã opera para obter apoio internacional para seu programa nuclear.
Durante essa rodada da Conferência, outra vez tentará obter apoio do maior
número possível de países para sua posição relativa à questão nuclear – contra
sanções e ameaças militares e apoio ao diálogo e à negociação –, de modo a
conter a crescente pressão ocidental.
Mohamed Mursi |
O
Irã tentará usar a reunião dos Não Alinhados, para obter que pelo menos alguns
dos participantes manifestem apoio à busca de solução negociada e de diálogo,
disse o professor Zibakalam. “O Irã tentará usar essa oportunidade para tentar
obter alguma espécie de contrapeso à pressão que virá especialmente dos EUA” –
acrescentou.
Relações
Irã-Egito
Há
notícias de que o presidente do Egito, Mohamed Mursi, visitará Teerã durante a
reunião dos Não Alinhados, para entregar a presidência rotativa do grupo ao Irã.
É visita significativa, se se considera que os dois países romperam relações
diplomáticas há mais de trinta anos.
Egito
e Irã romperam relações diplomáticas depois da Revolução Popular Islâmica de
1979, quando o Egito deu asilo no Cairo ao deposto Xá Pahlavi e assinou tratado
de paz com Israel. Há dois anos, funcionários dos dois países fizeram
comentários considerados “de boa vontade” sobre laços bilaterais, e há rumores
de que é possível uma normalização das relações. Desde a posse de Mursi, esse
ano, têm-se renovado sinais, dos dois lados, de que há interesse nessa direção.
Sadeq Zibakalam |
Há
anos o Irã vem expandindo sua influência na região, e o Egito ocupa posição
muito importante no mundo árabe. Para muitos especialistas, o aquecimento de
relações bilaterais entre os dois países afetará significativamente a estrutura
geopolítica da região. Por isso, tudo que Mursi diga ou faça, ou se participará
de reuniões com representantes do Irã enquanto acontece a 16ª Conferência dos
Não Alinhados, será objeto de observação atenta.
Para
o professor Zibakalam, “do ponto de vista dos líderes iranianos, não há motivo
que impeça o pleno restabelecimento de relações diplomáticas com o Egito, depois
da posse do novo governo egípcio”.
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