O que está,
realmente, por trás da perseguição à memória e à obra de Monteiro Lobato?
Inventam-se
formas de fazer publicidade do racismo contra brasileiros. Uma lástima. Pior, um
arranjo que envolve uma instituição que tem como finalidade a luta pela extinção
do racismo, sendo uma delas uma Secretaria do Governo, todos sustentados pelos
impostos pagos pelos pobres, e negros.
Pergunta-se,
ainda uma vez, por que essas instituições não promovem ações contra o Estado e
seu racismo institucionalizado? Um jovem servidor público negro perdeu seu
emprego por ter ofendido um Ministro do Judiciário com sua presença, quando à
espera do uso de um caixa eletrônico. Alguma instituição decidiu processar o
Ministro? Na Líbia, cidadãos negros estão sendo mortos e perseguidos por
nazi-sionistas internacionais e não conheço nenhuma manifestação das
instituições contra o genocídio organizado em defesa de uma
raça.
José Bento Monteiro Lobato |
Os livros
escolares, secularmente, adestram as crianças para o racismo e preconceito,
elogiando heróis-genocidas e mantendo na ignorância das revoluções da
resistência, negando conhecimento da vida e obra de nossos heróis nacionais,
índios, negros e mestiços.
O que está,
realmente, por trás da perseguição à memória e à obra de Monteiro
Lobato?
Nas DEZENAS
de obras nas quais a criança, o jovem e o adulto têm a possibilidade de conhecer
a mitologia, a filosofia dos povos, as lendas, a história e o folclore nacional,
a ciência, a antropologia, enfim, a todo o leitor poderá abrir as portas ao
conhecimento e, portanto, à liberdade que a verdadeira cultura promove.
As
Instituições são remuneradas para lutar contra o racismo, ao desconhecer a obra,
limitam-se a cumprir as ordens da estrutura racista de poder, no qual, a
premissa é manter o brasileiro na ignorância do trabalho desenvolvido por seus
irmãos, seus iguais, seus heróis nacionais e, no caso de Monteiro Lobato, um
gênio da literatura mundial, gerado em terras brasileiras.
Uma prova da
perseguição e condenação das obras de Monteiro Lobato. O precioso livro “A
ONDA VERDE O PRESIDENTE NEGRO” não é citado, aliás, esconde-se esta obra
como o mapa de um tesouro.
Algumas
frases encontradas no livro explicam a condenação dos capitães do mato a serviço
da institucionalização do racismo:
No conteúdo
da ONDA VERDE, Monteiro Lobato analisa e destrói toda a fantasia da exploração
das terras paulistas, um grito em favor da natureza e da verdade, jamais citado
pelos autodenominados verdes:
A região era
todo um mataréu virgem de majestosa beleza.
Rasgara-o a
facão o bandeirante antigo, por meio de picadas; o bandeirante moderno, machado
ao ombro e facho incendiário na mão, vinha agora, não penetrá-lo, mas
destruí-lo.
Desfez em
decênios a obra prima que a natureza vinha compondo desde a infância da
terra.
Nada mais
soberbo – e nada desculpa tanto o orgulho paulista – do que o mar de cafeeiros
em linha, postos em substituição da floresta nativa.
Nada lhe
detém a ofensiva irresistível... nem a mentalidade altista, loucamente
esbanjadora, do fazendeiro.
A
propriedade, cria-se hoje, como outrora, pela conquista do mais forte, pela
espoliação levada a cabo pelo mais audacioso, pelo mais despido de
escrúpulos.
Mas surge o
grileiro e tudo se transforma... terras legitimamente, legalmente “apropriadas”.
Ao partir para o sertão ele deixou em casa, na gaveta, os escrúpulos da
consciência. Vem firme, vem “feito” como um gavião. Opera as maiores falcatruas;
fabrica firmas, papéis, selos; falsifica rios e montanhas; falsifica árvores e
marcos; falsifica juízes e cartórios; falsifica o fiel da balança de Temis;
falsifica o céu, a terra as águas; falsifica Deus e o Diabo. Mas vence. E por
arte dessa obra-prima de malabarismo, espoliando posseiros ou donos, sempre
firmados na gazua da lei, os grileiros expelem das terras, num estupendo
parigato, todos os “barbas ralas” que ali vivem parasitariamente, tentando
resistir ao arranque da civilização.”
Responde o
café:
- Minha forme
está acima da moral, e eu só conheço as leis do meu
apetite.
Ora, se
mudarmos os cafezais por plantações de soja, milho e algodão transgênicos, o
assunto é o mesmo, o grilo foi transformado em agronegócio e a falsificação
depende ainda dos negócios da instituição dentro do Congresso e nas lutas
perdidas por tradição nos tribunais dos latifúndios.
Na mesma
obra, ao tentar explicitar os mecanismos do GRILO, Monteiro Lobato afirma que o
grilo é o “viveiro onde se fermenta a aristocracia dinheirosa de
amanhã.”
As velhas
fidalguias da Europa entrocam no banditismo dos cruzados. Ter na linhagem um
facínora encoscorado de ferro, que saqueou, queimou, violou, matou à larga no
Oriente, é o maior padrão de glória de um marquês na França. Ter entre os avós
um grileiro de hoje vai ser o orgulho supremo dos nossos milionários futuros.
Matarás, roubarás, são os mandamentos de alto bordo do decálogo humano, eternos
e irredutíveis...
GRILO É UMA
PROPRIEDADE TERRITORIAL legalizada por meio de um título falso; grileiro é o
advogado ou “águia” qualquer manipulador de grilos; terras “grilentas” ou
“engriladas”, as que têm maromba de alquimia forense no
título.
O grileiro é
um alquimista. Envelhece papéis.
Não há
exagero no cálculo de três milhões, sabendo-se que há grilos de 200, 300 e 400
mil alqueires – territórios equivalentes à metade da Bélgica, quase a Saxônia, e
tamanhos como antigos ducados e principados alemães.
... Jeca Tatu
aprenderá nela a perdoar com generosidade o erro dos fracos e a punir com dureza
o crime dos fortes. E aprenderá ainda a mover-se, a correr, a nadar, a ser homem
com H maiúsculo em todas as situações da vida.
O Brasil de
amanhã não se elabora, pois, aqui. Vem em películas de Los
Angeles , enlatado como goiabada. E a denominação yankee vai se
operando de maneira agradável, sem que o assimilado o
perceba.
O Presidente
Negro
Nesta obra,
que mereceria um simpósio para discussão, Monteiro Lobato mistura conhecimento
científico, a política eugenista dos americanos, exportada à América Latina, e a
vitória sempre anunciada da raça branca contra uma população negra cujos
cérebros perderam a capacidade do pensamento individual e
solidário.
E como a
denúncia de racismo contra a memória de um dos maiores brasileiros, tem por
desculpa educação, verifique-se que o ano da ficção é 2228, todavia, a política
da escola hospício continua em todos os continentes e tem a pretensão da
imortalidade.
A criança
tinha na América de 2228 uma importância capital. Toda a vida do país girava-lhe
em torno. Era a criança, além do encanto do presente, o futuro plasmável como a
cera. Os maiores gênios da raça se consagravam a estudá-la, para com tão dúctil
matéria prima ir esculpindo a obra única que apaixonava o americano – o
Amanhã... Sua Majestade Baby era o Luiz 14 do século.
... A raça
branca, afeita à guerra como a última ratio da sua majestade, desviava-se
da velha trilha e impunha um manso ponto final étnico ao grupo que a ajudara a
criar a América, mas com o qual não mais podia viver em comum. Tinha-o como
obstáculo ao ideal da Super-Civilização ariana que naquele território começava a
desabrochar, e, pois não iria render-se a fraquezas de
sentimento.
A raça ferida
na fonte vital pendeu sobre o peito a cabeça como a planta a que opodador
estrangula a circulação da seiva. Ia passar. Estéril como a pedra, iria
extinguir-se num crepúsculo indolor, mas de trágica
melancolia.
E
passou...
Monteiro
Lobato, um Gênio
Monteiro
Lobato é um gênio que está além de quaisquer acordos judiciais. Nem os
denunciantes – que evidentemente desconhecem sua obra- tampouco os julga-dores
que, na origem, pertencem à tradicional aristocracia ariana nascida do engodo e
da ignorância, têm direito, cultura ou competência para julgar sua obra. As
verdades ali contidas não podem ser aprisionadas em tempos processuais, tampouco
em políticas de alienação das massas, ou suas palavras podem ser manipuladas
fora do tempo e do contexto.
Esse processo
contra sua memória nada mais é do que uma das facetas do arianismo psicopata que
têm como finalidade manter essa artificial supremacia branca, tão nefasta ao
afastar os brasileiros do espírito de solidariedade, sob a fachada do racismo,
como se nada mais houvesse a fazer do que macular a honra de um sábio brasileiro
que, por sua obra, denúncia com seu silêncio iluminador, os atores desse circo
montado como seres imbecilizados e imbeciliza-dores.
Monteiro
Lobato está além, muito além do Sítio do Pica-pau Amarelo.
A
moto-serra-caneta tenta derrubar sua árvore do conhecimento, mas Lobato
sobrevive apesar da perseguição dos capitães do mato de todas as raças, de todos
os matizes e de todas as instituições.
(comentário enviado por e-mail e postado por Castor)
ResponderExcluirApoiado! Tia Anastácia é um modelo de Negra brasileira, correta e educadora perspicaz. Não há o mínimo preconceito étnico ou social na obra do notável escritor. Estão malucos, sô?! Não é por aí que se desfiam os problemas do nosso País: é na desigualdade gritante do seu povo!
Abraços do
ArnaC
Olá,
ResponderExcluirQuero deixar aqui meus apreço e apoio a este blog que reputo como um dos poucos a trazer uma visão mais ampla e universal dos fatos. Em se tratando de Brasil, é uma raridade esta perspectiva.
Continuem com o excelente trabalho.
Marroni
Prezado Marroni
ExcluirÉ que nós descobrimos que o verdadeiro inimigo da DEMOCRACIA é o jornalismo praticado pela imprensa-empresa. Aí resolvemos escolher nós mesmos nosso próprio jornalismo... Tá dando certo até agora.
Abração
Castor