12/3/2013, Charlie Reed e
Jennifer H. Svan, Stars and Stripes
Excerto traduzido pelo pessoal da
Vila Vudu
Entreouvido
no Beco da Fome da Vila Vudu: Os
EUA, abrindo o bico...
Imagine que você é soldado da “única superpotência”, está no deserto do Sudão ou
do Afeganistão e recebe um e-mail do comando, nos gabinetes com ar
condicionado, em Washington, informando que acabôsse-o-que-era-dôce... Pois é.
Aconteceu.
Taí!
Em matéria de detonar os EUA por dentro, os Republicanos são muuuito mais
eficientes que o PSDB-Br: detonaram as bolsas de estudo, mas salvaram os cortes
de impostos da era Bush só para os ricos. “PSDB?!” Que PSDB?! “Papa”? Que papa?!
Papa Who?!
Charlie Reed |
Depois
da Marinha e do Exército, a Força Aérea dos EUA também já cancelou todas as
bolsas de estudo para militares, por causa dos cortes no orçamento federal.
O
pessoal da Força Aérea no Pacífico começou a ouvir as primeiras notícias na
3ª-feira pela manhã. Em fala do comandante na Base Aérea de Yokota, o comandante
do 374th Airlift Wing, coronel Mark
August, disse ao pessoal que todos os pedidos de bolsas de estudo apresentados
depois de 12/3 seriam rejeitados pela Força Aérea.
“Sugiro
que telefonem para saber em que pé estão os pedidos de bolsas” – disse ele.
Segundo
o coronel August, por causa da estrita limitação que a Força Aérea está
aplicando, a educação profissional da Academia para Oficiais Não Comissionados e
a Escola para Oficiais de Esquadrão também sofrerá cortes.
Os
comandantes – ainda segundo August – terão de dar prioridade ao pessoal da Força
Aérea já inscritos para frequentar aquelas escolas.
Um aviador fala com um
representante da Grande Canyon
University em uma feira de educação na Vandenberg Air Force Base, Califórnia,
16 de agosto de 2012. |
Na
Base Aérea em Ramstein, na Alemanha, os telefones não pararam de tocar no centro
de educação, durante toda a manhã de 3ª-feira. As vozes dos que telefonavam iam
da fúria à descrença: “Como assim?! Por que não posso me inscrever?!”.
“Foi,
provavelmente, uma das manhãs mais alucinadas da minha carreira” – disse Keith
Davis, diretor de educação e treinamento em Ramstein, que atendeu alguns
daqueles telefonemas. “O que está acontecendo é inacreditável”.
A
mensagem oficial de que a Força Aérea dos EUA já havia suspendido todas as
bolsas e estava devolvendo todos os pedidos de assistência e bolsa para educação
“chegou ontem, em horário dos EUA ”, disse Davis
na 3ª-feira. “Recebemos um e-mail essa manhã, do centro de educação”, informando
o pessoal da Força Aérea sobre a mudança.
Quando
o pessoal acordou, na manhã de 3ª-feira na Alemanha, já ninguém conseguiu
apresentar novos pedidos de bolsas de estudo pelo portal da Força Aérea. Uma
mensagem, no portal, dizia, em letras vermelhas: “O serviço de Assistência da
Força Aérea para Bolsas de Estudo não está disponível”.
O capitão Nicholas Plante, um dos
porta-vozes da Força Aérea no Pentágono, disse na 3ª-fiera que o secretário da
FA Michael Donley tomou a decisão de cortar as bolsas na 2ª-feira às 17h, hora
de Washington. Os oficiais dos serviços de educação da Força Aérea foram imediatamente
notificados e a FA decidiu distribuir declaração na 3ª-feira, para todo o mundo,
por sua página – disse Plante.
O
“sequestro” [orig. Sequestration
[1]], disse
ele, está tendo “efeito devastador” na mobilização e na prontidão da força de
trabalho. “Temos de fazer escolhas difíceis, para preservar esses tipos de
coisas”.
Plante
disse que a suspensão das bolsas de estudo atinge todos, inclusive a Força da
Reserva e a Guarda Aérea Nacional em serviço.
Semana
passada, o Exército e os Marines anunciaram movimentos semelhantes, e já
se esperava que a Marinha anunciasse mudanças no programa de bolsas de estudo.
(...) Nos próximos meses, a Força Aérea reavaliará o programa – disse Plante.
(...)
Na
base Ramstein, na Alemanha, cerca de 1.600 estudantes recebem bolsas de estudo,
segundo Davis. Há cerca de 70 pedidos à espera de aprovação. (...)
“Estamos
aconselhando o pessoal a não desistir da formação”, e procurar outros benefícios
ainda disponíveis, como a G.I. Bill [2]
– disse
Plante. Os cortes não afetam a G.I. Bill.
(...)
Notas
dos tradutores
[1]
Sequestration é um
procedimento de “política fiscal” que o Congresso dos EUA adota, como medida
para enfrentar o déficit de orçamento. Em termos simples; é um modo de forçar
cortes de despesas em programas do governo e usar o dinheiro para reduzir o
déficit. Os EUA estão hoje sob Sequestration, depois que falharam todas
as tentativas de acordo entre senadores e deputados para aprovarem o orçamento
do governo Obama. Sem esse Sequestration, os EUA teriam caído no que
muitos chamavam de “despenhadeiro fiscal” [orig. “fiscal Cliff”] que
teria eliminado todos os cortes de impostos da era Bush [via inadmissível para a
maioria Republicana no Senado] e implantaria cortes generalizados em vários
programas federais e nos gastos da defesa. [Essa explicação é insuficiente, mas
ajuda a entender por que as forças armadas dos EUA estão fazendo os cortes nas
bolsas de estudo dos militares, como se vê aí, das três armas. Valham o que
valerem.
[2] A Servicemen’s Readjustment Act [aprox. Lei
de Reajuste de Combatentes] de 1944 (P.L. 78-346, 58 Stat. 284m), chamada
informalmente de G.I. Bill
[sigla informal de “Government Issue” ou “General Infantry”, designava os
soldados norte-americanos da 2ª Guerra Mundial], foi lei que assegurou vários
benefícios aos veteranos da 2ª GM (hipotecas mais baixas para compra de moradia,
empréstimos de juros baixos para iniciar atividade comercial ou fazenda, bolsas
de estudo e dinheiro para garantir o próprio sustento e outros benefícios.
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