16/7/2013, [*] Norman
Pollack, Counterpunch
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
A
estratégia política de “Mão Oculta” de Obama entra agora no segundo mandato.
Peter Baker, no NYTimes, 15/7/2013 em: In
Second Term, Obama Is Seen as Using “Hidden Hand” Approach (port.
No segundo
mandato, Obama mostra como usar a abordagem da “Mão oculta”)
merece ser lembrado pelo extraordinário cinismo e pela extraordinariamente
suspeita ingenuidade / ignorância / arrogância da dupla NYT/Baker, dado
que, embora em tom menor, foi ele o colunista designado pelo jornal para elevar
ao status de uma das Belas Artes o que jamais passou de reforma
desossada, embora dura, que jamais alterou sequer uma vírgula em todo o governo,
o qual, desde o início, manifestou o mais arrogante corporativismo, com todas
suas implicações, políticas e consequências antiprogressistas.
O
legado de Obama – e agora já é tarde demais para mudar, supondo-se que quisesse
mudar – será determinado por ter traído os eleitores, como líder e como tribuno
putativo do povo.
Comparados
a Obama, Nixon e Bush 2 parecem coroinhas de igreja, não por causa de alguma
“inteligência” de Obama (que é esperto como qualquer chefão mafioso, o que,
atualmente, se compra e vende-se como inteligência), mas porque Obama soube usar
o liberalismo como bengala apoiado na qual partiu para suas políticas
consistentemente reacionárias, tanto no país como no exterior.
Liberais
e progressistas foram todos empurrados para a armadilha: o mais recente e
descomunal crime de espionagem doméstica massiva que, depois de revelado, já
descamba hoje para as páginas internas e rodapés dos jornais, com toda a atenção
da “imprensa democrática” já desviada para a captura de Snowden. Mais um exemplo
clássico de golpe em que o verdadeiro criminoso tenta fazer condenar qualquer
outro, para se autoabsolver de qualquer crime.
Esquerda
e progressistas estão paralisados, sentados sobre as próprias mãos para nada ter
de fazer (vai-se ver, nasceu aí a metáfora da “Mão Oculta”, como frase/slogan de venda, para esconder um
currículo vazio de feitos, que, de tão vazio, nem precisa(ria) ser (mais)
ocultado, tão avançado é hoje o estado de rigor mortis dos radicais),
enquanto avançam o roubo de dados, os número de acusados nos termos da Lei
Antiespionagem, e todas as liberdades civis são picadas e servidas em mingau.
Todos
esses são um só campo de abusos fundamentais que se desdobra em vários:
liberaram-se geral o cinismo e a mentira, para tornar o veneno palatável às
claques populares, enquanto banqueiros, militaristas, empresários fornecedores
do Departamento de Defesa, conselheiros de segurança nacional, apologistas do
Departamento de Justiça da ala da propaganda pró-crimes de guerra, e como se lê
na didascália das peças de Shakespeare, grupo sortido de figurantes, riem por
trás do guardanapo.
A
“mão oculta” combina perfeitamente com a obsessão-compulsão de Obama pelo
segredo e pelo ocultado (e Washington inteira, agora que o chefe deu o tom, já
mostrou como é fácil os bandidos se safarem), o slogan agora já intimamente combinado
com a obsessão pela super-classificação-segredo para todos os tipos de
documentos (o que já criou Estado que, de tanto defender segredos, já obteve, na
prática, total imunidade: já é Estado à prova de leis), mas também obsessão pela
vigilância per se, a necessidade, o vício de controlar, e talvez
necessidade-compulsão-vício ainda maior de agir sem risco de ser punido – como
já faz nos assassinatos predefinidos de gente listada em listas-de-matar – sem
medo de ser descoberto.
Em
que gangue de depravados nós, como nação, depositamos a confiança pública! E
quanto mais se mexe, mais piora: imposto zero sobre a riqueza e o lucro e a
fortuna herdada; desregulação, não regulação, descarado favorecimento – pode
escolher! –, enquanto a economia vai-se concentrando cada vez mais em menos
mãos, e as Boeings, GEs, Monsantos, Morgans, Chases vão bem, obrigado; em
matéria de mudança climática, só suprema estupefação; e, pior que tudo, um
aparelho militar gargantuesco, e missões, missões, cada vez mais missões
planejadas ou executadas secretamente para agradar ao mais pervertido
connoisseur (também conhecido como maníaco assassino devotado a matar,
desgraçar, tumultuar e a instrumentos letais de terror), já sem meios para
manter qualquer tipo de rede de proteção social digna do nome.
Governo
Obama = militarismo e empobrecimento planejado; ou, se não foi planejado, ainda
assim o resultado é operacionalmente contabilizado; para o país, só sofrimento
em tempo integral; os lucros das corporações crescem sempre, a infraestrutura
desaba, a educação patina, as cidades em frangalhos, os fundos privados engordam
e, tudo isso, enquanto aumenta a desumanidade e o colossal desperdício para
manter postos militares espalhados pelo mundo, forças navais no Pacífico,
agentes de Forças Especiais praticamente em todos os continentes, verdadeiro
carrossel & carnaval ao ritmo do fervor de tarantela que a contrarrevolução
é forçada a cantar.
O
governo Obama é a Nova Guarda Pretoriana do bem-estar do capitalismo global, com
especial atenção ao que se convencionou chamar de “interesse nacional dos
EUA”.
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Comentário
que escrevi à coluna de Baker no New York Times:
Tratar
como “mão oculta” a liderança presidencial não passa de ginástica de Relações
Públicas, mais uma vez, para distrair a atenção de desviá-la do conteúdo
substantivo das políticas e dos feitos de Obama.
Essa
é presidência fracassada desde o primeiro dia, quando se viu que a retórica da
campanha de 2008 (mantida a golpes de teleprompter, que reproduzia o que
Axelrod escrevia e estimulada pelo desesperado desejo dos americanos de
conseguir, afinal, virar alguma esquina) era mera conversa fiada.
A
nomeação do time Geithner-Summers de desreguladores à moda Clinton-Rubin foi a
comprovação que faltava de que Obama rendia-se ao fundamentalismo pró-mercado e
à Wall Street assaltante-saqueadora,
para garantir-lhes plena impunidade. E as relações fraternais entre Obama e CIA
e o Comando de Operações Especiais Conjuntas [orig. Joint Special Operations
Command, JSOC] e as comunidades militar e de inteligência já deixavam claro
que viria mais política exterior mais agressiva e -- o Prêmio Nobel da Paz?! – a
estratégia geopolítica de começar pelo Pacífico, escalada nas operações
paramilitares e, com John Brennan e as “Terças-feiras da morte”, o horror e a
crueldade máximos de fazer guerra pessoal (o que nem os presidentes anteriores
fizeram), armado com drones para assassinar vítimas predefinidas.
Obama
continua o que começou, com algumas caras novas (e.g., Rice, Powers) e novos slogans de propaganda, como “intervenção
humanitária”. Mas sob sua presidência, e com sua forma mental essencialmente
nihilista, oportunista, os EUA, como nação, estamos mais próximos do fascismo do
que jamais antes, em toda a nossa história.
Sejam
quais forem os “admiradores” de Obama, presumivelmente liberais, progressistas e
alguma esquerda, apenas confirmam que o radicalismo morreu nos EUA: foi vítima
do próprio pensamento raso e da própria má consciência.
[*] Norman Pollack é autor de The Populist Response to
Industrial America (Harvard) e The Just Polity (Illinois), Guggenheim
Fellow. É
Professor Emérito de História da Michigan
State University. Seu livro mais recente, Eichmann on the Potomac,
publicado pela editora CounterPunch/AK
Press, chegará às livrarias no outono de 2013.
Olá.
ResponderExcluirComo não localizei um link para contatos resolvi enviar uma mensagem por aqui mesmo.
Ontem a noite, ao acessar este blog, ocorreu algo curioso ao meu navegador (Firefox): surgiu na tela o aviso do Blogger que afirmava que o Redecastorphoto havia sido excluído. Curiosamente vários outros sites da minha lista de favoritos também não puderam mais ser acessados (Viomundo, luiz Nassif, ConversaAfiada, Doladodelá, etc - a turma dos blogs sujos). Mudando para o navegador Opera foi possível restabelecer a conexão com alguns sites, mas não todos. Cheguei até a postar um comentário no blog do Luiz Nassif, perguntando se alguém sabia de algo no Fora de Pauta das 18:00hs. Em seguida fiz uma varredura por vírus e localizei o Application.Win32.InstalCore.AB@ como o causador do problema. Feita a eliminação, o Firefox voltou a funcionar corretamente.
O que me causou muito espanto é que apenas blogs "sujos" tiveram a navegação afetada, por isso resolvi alertá-lo sobre o ocorrido. Ando meio paranoico com essas coisas desde a eleição de 2001, e tenho passado por algumas situações estranhíssimas quando uso SO Windows.
E era isso.
Abs e continue o excelente trabalho.
Roberto
Prezado Roberto
ExcluirVárias pessoas me informaram receber a mesma mensagem que você. Como eu entendo NADA, não sei explicar o que houve. Segundo fui informado só deu problemas para quem utilizou o Mozzila... P'ra mim ocorreu que tanto o blog e o g-mail ficaram inoperantes por alguns minutos, mas com a colocação das senhas algumas vezes tudo voltou ao normal. Inclusive o Mozzila.
Eu também ando MUITO preocupado com tentativas de invasão e outros bichos, mas isso, acredito, é incontrolável.
Abraço agradecido
Castor