9/9/2013, Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
O
secretário de Estado Kerry fez discurso
inacreditavelmente ridículo (abaixo, em inglês)) hoje na Grã-Bretanha, que está gerando
gargalhadas em todo o planeta. Há três pontos a discutir, e começo pelos
menores.
Na
fala [em 4’20] Kerry diz como o governo Obama atacará a
Síria:
(...)
de modo muito limitado, esforço super
focado, de curto prazo, para degradar a capacidade [da Síria] para usar armas
químicas, sem assumir a responsabilidade pela guerra civil síria. É exatamente o
que estamos dizendo que faremos. Esforço inacreditavelmente limitado. Ora... Já
fizemos isso outras vezes! O presidente Reagan teve várias horas e fez vários
esforços para mandar um recado a Gaddafi depois, eu acho, da explosão do Pan Am
103 e outras atividades terroristas.
Deixando
de lado o cômico “ataques inacreditavelmente limitados”, que, seja o que forem,
seriam sempre atos de guerra e matariam povo sírio, a lição a extrair do ataque
de Reagan à Líbia é exatamente o contrário do que disse
Kerry.
Reagan
não atacou a Líbia por causa da explosão do avião Pan Am
103 sobre
Lockerbie! O Pan Am 103 foi explodido em ataque terrorista em dezembro de 1988
DEPOIS que Reagan atacou a Líbia (“um aviso”) e a família de Gaddafi,
em 1986.
A
explosão do Pan Am 103 foi CONSEQUÊNCIA dos ataques de Reagan, não a causa
deles. Se se mantém a comparação de Kerry com os ataques à Síria e os EUA
atacarem a Síria, então todos devemos esperar mais ataques terroristas a aviões
norte-americanos. O Pan An 103 é argumento para NÃO ATACAR a Síria. Kerry, como
se vê, não sabe (nem) disso.
Outro
ponto são os comentários de Kerry nos quais zomba da credibilidade do presidente
sírio [em 1’25, do vídeo]:
Pessoalmente
já o visitei, mandado pela Casa Branca, para confrontá-lo sobre a transferência
dos mísseis Scud para o Hezbollah que sabíamos que estava acontecendo e vários
tipos de fatos e ele simplesmente negou tudo, na minha cara, apesar das provas
que apresentei e do que lhe mostramos.
Por
mais que funcionários de Israel e dos EUA tenham dito tais coisas, há muitas
dúvidas de que a Síria transferiu os tais Scuds para o Hezbollah. Os Scuds operam com combustível líquido e,
assim, são de difícil operação em combate. Exigem vários caminhões para
transportar os mísseis e o combustível corrosivo e horas de preparação. Se a
Síria ou o Irã forneceram mísseis ao Hezbollah, do mesmo padrão que os Scuds,
teria de ser os Fateh-110, mais modernos e movidos a combustível sólido, muito
mais fáceis e rápidos para manusear.
A
terceira e maior mancada na fala de Kerry aparece em 0’04 do
vídeo:
(...)
[Assad] poderia entregar cada uma de suas
armas químicas à comunidade internacional ainda essa semana. Entregue. Entregue
tudo. E sem demora. E permita total transparência. Mas é claro que ele não fará
isso, nem a coisa pode ser feita, é óbvio.
Soou
como fala à toa. Mas já houve notícias na imprensa israelense, de planos para
pressionar a Síria a entregar suas armas estratégicas, o que, é claro, deixaria
a Síria sem meios para retaliar contra ataques israelenses.
John Kerry preocupado com sua ignorância? |
Imediatamente depois da fala de
Kerry sobre a Síria entregar as armas químicas, o Departamento
de Estado tentou desdizer tudo. Segundos depois da fala, uma
porta-voz tentou “contextualizar” o que Kerry
dissera:
O
secretário Kerry servia-se de argumento retórico sobre a impossibilidade e a
improbabilidade de Assad entregar as armas químicas que negou ter
usado –
disse Jen Psaki, porta-voz do DE.
Sergey Lavrov |
Mas
era tarde! O tal “argumento
retórico” já fora capturado em voo pelo ministro de Relações Exteriores
da Rússia, Sergei Lavrov.
Já
encaminhamos ao Ministro sírio de Relações Exteriores o oferecimento para que a
Rússia trate dessa transferência das armas químicas, e esperamos receber
resposta rápida e positiva. E estamos preparados para trabalhar imediatamente
com Damasco –
disse Lavrov.
[Nesse
momento, 14h08, hora do Brasil, já se sabe que a Síria já aceitou a oferta dos
russos (NTs)]
Não
é difícil imaginar que a Síria aceite pelo menos parte da ideia encaminhada
pelos russos. Por que não? Os russos fariam a operação, em nome da “comunidade
internacional”. Com os russos na Síria para essa finalidade, a Síria teria um
“escudo humano” que a protegerá de ataques norte-americanos junto ao seu
armamento. Por que a Síria não aceitaria se, assim, até a Rússia estaria
prestando grande serviço à humanidade, impedindo que os EUA se envolvam na
guerra da Síria? Kerry armou uma arapuca, entrou nela com as quatro patas, e a
Rússia usou a fala de Kerry para dar-lhe o xeque-mate.
Como
Obama convencerá o Congresso a autorizá-lo a bombardear a Síria, se já se criou
via tão fácil (em termos) para evitar mais uma guerra?
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