Traduzido
pelo pessoal da Vila Vudu
Quiosque do Barufa na Vila Vudu |
Para
piorar, os autoproclamados “grandes” “jornais” brasileiros [só rindo!],
escrevem “Agência Nacional de Segurança”, o que a tal agência NÃO É, posto que
ela é Agência [federal] de Segurança Nacional dos EUA.
Quem
duvide, pode conferir todinho o Grupo GAFE:
- n’O Globo, em: “Brasil
e Alemanha vão apresentar resolução antiespionagem na ONU”;
- na revista-aquela, em: “NSA
espionou conversas telefônicas de 35 líderes mundiais”;
- na Folha de S.Paulo, em: “Conversa
‘off the record’ de ex-diretor da NSA com jornalistas termina no Twitter”
- n’O Estado de S.Paulo, em: “Obama
e Hollande discutem espionagem da NSA na França”.
Diga-se,
a favor da revista-aquela que ela, pelo menos, não distorce também o nome da
Agência de Segurança Nacional dos EUA (os demais “jornais” brasileiros
distorcem também isso).
A verdadeira utilidade da "grande imprensa" |
Com
isso, cuidamos de informar que sempre que se ler ou ouvir falar de “Ene Ece A”,
em português do Brasil, trata-se do interesse da segurança nacional
dos EUA, contra os interesses da segurança nacional de todas as demais nações
do mundo, no resto do planeta.
Mas vamos ao artigo do Madsen:
__________________________
Sede da NSA - National Security Agency (Agência de Segurança Nacional) |
Uma
organização híbrida, composta, na maioria, por pessoal da Agência de Segurança
Nacional dos EUA, mas, também, por pessoal da Agência de Inteligência Central [Central
Intelligence Agency (CIA)],
o Serviço de Coleta Especial, conhecido como F6 dentro da Agência de Segurança
Nacional dos EUA, está aquartelada em Beltsville, Maryland.
A sede do
Serviço de Coleta Especial, num prédio em cuja fachada se leem as iniciais
“CSSG”, fica próxima do Serviço de Comunicações Diplomáticas do Departamento de
Estado dos EUA [orig. State
Department’s Diplomatic Telecommunications Service (DTS)]. Um cabo subterrâneo de comunicações seguras que une os
dois prédios permite que o Serviço de Coleta Especial comunique-se em perfeita
segurança com os postos de escuta clandestina da Agência de Segurança Nacional
dos EUA estabelecidos dentro das embaixadas dos EUA em todo o mundo. Essas
“estações externas” da Agência de Segurança Nacional dos EUA, também conhecidas
como “Elementos de Coleta Especial” e “Unidades de Coleta Especial” podem ser
encontradas em embaixadas dos EUA de Brasília e Cidade do México, a Nova Delhi
e Tóquio...
Como hoje se
sabe graças a documentos de Snowden, o Serviço de Coleta Especial também
grampeou a infraestrutura de comunicações por internet, por telefones celulares
e por telefonia convencional em grande número de países, especialmente na
América Latina.
Trabalhando
com o Serviço de Coleta Especial da Agência de Segurança Nacional dos EUA está
o Communications Security Establishment Canada (CSEC), agência parceira, uma dos “Cinco Olhos”, da Agência de
Segurança Nacional dos EUA, para a escuta clandestina de alguns alvos
especiais, como o Ministério de Minas e Energia do Brasil.
Por muitos
anos, numa operação batizada PILGRIM [peregrino/a], a agência CSEC do Canadá manteve grampeadas as redes de
comunicações na América Latina e no Caribe, a partir de estações de escuta
instaladas dentro de embaixadas do Canadá e altas comissões no hemisfério
ocidental. Essas instalações recebem nomes codificados, como CORNFLOWER
[centáurea, a flor] para a Cidade do México; ARTICHOKE [alcachofra] para
Caracas, e EGRET [garça] para Kingston, Jamaica.
A ampla
coleta de dados digitais da Agência de Segurança Nacional dos EUA por linhas de
fibras óticas, dos provedores de serviços de Internet, de conexões com empresas
de telecomunicações, e de sistemas de telefonia celular na América Latina
jamais seria possível sem a presença de quadros especialistas em inteligência
dentro das empresas de comunicações e de outros provedores de serviços de rede.
Entre as nações que partilham sinais de inteligência [ing. SIGINT], EUA,
Grã-Bretanha, Austrália, Canadá e Nova Zelândia [todos esses países falantes da língua inglesa, também conhecidos como
“os anglos” (NTs)], essa cooperação com as empresas comerciais é
relativamente fácil. Elas cooperam com as respectivas agências SIGINT, ou em
troca de favores, ou para evitar perseguição pelos respectivos governos.
Nos EUA, a
Agência de Segurança Nacional conta com a cooperação das empresas Microsoft,
AT&T, Yahoo, Google, Facebook, Twitter, Apple, Verizon e algumas outras,
para levar avante a vigilância massiva do programa PRISM, de coleta de
metadados.
Britain’s Government Communications Headquarters (GCHQ) |
É
inconcebível que a coleta, pela Agência de Segurança Nacional dos EUA, de 70
milhões de comunicações interceptadas de chamadas telefônicas e mensagens de
texto, de cidadãos franceses, num único mês, tenha sido feita sem que houvesse
agentes de inteligência implantados dentro dos quadros técnicos da empresa
francesa de telecomunicação que foi alvo da coleta, o Serviço de Provedor de
Internet Wanadoo, e da empresa de telecomunicações Alcatel-Lucent.
Também é
altamente improvável que a inteligência francesa não soubesse das atividades da
Agência de Segurança Nacional dos EUA e de seu Serviço de Coleta Especial ativo
na França.
Assim
também, é altamente improvável que a infiltração pela Agência de Segurança
Nacional dos EUA nas telecomunicações da Alemanha fosse ignorada pelas
autoridades alemãs – sobretudo se se sabe que o serviço federal de inteligência
da Alemanha, o Bundesnachrichtendiesnt
(BND), forneceu dois programas de interceptação seus, Veras e Mira-4, e os
dados interceptados, em troca do acesso assegurado ao BND a todos os sinais de inteligência das
comunicações alemãs interceptados e armazenados numa base de dados da Agência
de Segurança Nacional dos EUA conhecida como XKEYSCORE.
Praticamente
não há dúvida alguma de que a Agência de Segurança Nacional dos EUA e sua
equivalente alemã, o BND, têm
agentes que trabalham dentro de empresas alemãs de telecomunicações, como a
Deutsche Telekom.
Slides secretos
preparados pelo serviço britânico GCHQ confirmam o uso de pessoal de engenharia e
apoio para invadir a rede BELGACOM na Bélgica. Um slide sobre o projeto secreto MERION ZETA para “furar”
redes descreve a operação do GCHQ britânico:
“O
acesso do Engenheiro Certificado de Rede Interno [Internal CNE (Certified
Network Engineer) acess] continua a expandir-se – aproximando-se de ter
acesso aos roteadores-núcleo [GRX (General Radio Packet Services, GPRS),
Roaming Exchange] – atualmente em hosts com acesso”.
Outro slide revela o alvo da penetração no roteador
núcleo da empresa BELGACOM: “roaming [procurando] alvos que usam smart phones”.
Em países
nos quais a Agência de Segurança Nacional dos EUA e seus parceiros não tenham
aliança formal com as autoridades nacionais de inteligência, o elemento
Operações de Fonte Especial [Special Source Operations (SSO)] da Agência
de Segurança Nacional dos EUA e a unidade Operações de Acesso “Sob-medida” [Tailored
Access Operations (TAO)] procuram o Serviço de Coleta Especial e seus
parceiros da CIA para infiltrar agentes no corpo técnico dos provedores de
telecomunicações, especialmente como administradores de sistema, e os contrata
como consultores; ou suborna empregados já ativos na empresa e setor que
interesse, com dinheiro ou favores, ou por chantagem, servindo-se de informação
pessoal embaraçosa ou comprometedora. Informações pessoais que possam ser
usadas para chantagem estão constantemente sendo recolhidas pela Agência de
Segurança Nacional dos EUA, de mensagens de texto, buscas na Internet, visitas
a websites, listas de endereços
e outras comunicações grampeadas.
Nas
operações do Serviço de Coleta Especial, os sinais de inteligência (SIGINT)
reúnem-se à “inteligência humana” (HUMINT). Em alguns países, como, por
exemplo, no Afeganistão, a invasão da rede de celulares Roshan GSM é facilitada
pela ampla presença de pessoal militar e de inteligência dos EUA e aliados. Em
outros países, como, por exemplo, nos Emirados Árabes Unidos, a invasão da rede
de celulares Thuraya foi facilitada pelo fato de que uma empresa grande
fornecedora do Departamento de Defesa dos EUA, a Boeing, instalou a rede. A
empresa Boeing também é grande fornecedora da Agência de Segurança Nacional dos
EUA.
Essa
interface SIGINT/HUMINT tem sido encontrada em aparelhos de escuta clandestina
colocadas em máquinas de fax e computadores, em várias missões diplomáticas em New
York e Washington, DC. Em vez de arriscar-se para “grampear”
instalações diplomáticas na calada da noite, como faziam antes as equipes “da
mala preta” do Serviço de Coleta Especial, muito mais fácil é infiltrar-se
entre o pessoal de serviço de telecomunicações ou em empresas contratadas de
suporte técnico.
O Serviço de
Coleta Especial da Agência de Segurança Nacional dos EUA implantou equipamento
de escuta e interceptação (e respectivos nomes-código dos respectivos projetos
de interceptação) nos seguintes locais-alvo: na Missão Europeia na ONU
(PERDIDO/APALACHEE), na embaixada da Itália em Washington (BRUNEAU/HEMLOCK); na
Missão Francesa na ONU (BLACKFOOT), na Missão Grega na ONU (POWELL); na
embaixada da França em Washington (WABASH/MAGOTHY); na embaixada grega em
Washington (KLONDYKE); na Missão Brasileira na ONU (POCOMOKE); e na embaixada
do Brasil em Washington (KATEEL).
O Designador
de Atividade de Sinais de Inteligência da Agência de Segurança Nacional dos EUA
“US3273”, codinome SILVERZEPHYR, é a unidade de coleta de dados do Serviço de
Coleta Especial localizada dentro da embaixada dos EUA em Brasília, capital do
Brasil. Além de vigiar as redes de telecomunicações do Brasil, a unidade de
coleta SILVERZEPHYR também pode monitorar as transmissões por satélite
estrangeiro (FORNSAT), a partir da embaixada, e possivelmente há outras
unidades clandestinas que operam sem a cobertura diplomática, dentro do
território brasileiro. Um desses pontos de acesso clandestino a redes
encontrados nos documentos distribuídos por Snowden tem o nome, em código, de
STEELKNIGHT.
Há cerca de
60 unidades similares do Serviço de Coleta Especial da Agência de Segurança
Nacional dos EUA em operação a partir de outras embaixadas e missões dos EUA em
todo o mundo, dentre outras, em
Nova Delhi, Pequim, Moscou, Nairóbi, Cairo, Bagdá, Cabul,
Caracas, Bogotá, São Jose, Cidade do México e Bangkok.
Foi por obra
da infiltração clandestina em redes brasileiras, usando uma combinação de meios
técnicos de inteligência de sinais (SIGINT) e de inteligência humana (HUMINT),
que a Agência de Segurança Nacional dos EUA conseguiu ouvir e ler comunicações
da presidenta Dilma Rousseff, de seus principais conselheiros e de ministros do
Brasil, inclusive do ministro de Minas e Energia. As operações de grampeamento
e escuta clandestina e interceptação de comunicações do ministro de Minas e
Energia foram delegadas à canadense CSEC,
que batizou de “Projeto OLYMPIA”, o projeto de invasão das comunicações do
Ministério de Minas e Energia e da empresa estatal brasileira de Petróleo,
PETROBRAS.
As operações
RAMPART, DISHFIRE e SCIMITAR da Agência de Segurança Nacional dos EUA atacaram
especificamente as comunicações pessoais de chefes de governo e chefes de
estado como Rousseff do Brasil; do presidente da Rússia, Vladimir Putin; do
presidente da China Xi Jinping; do presidente do Equador, Rafael Correa; do
presidente do Irã, Hasan Rouhani; do presidente da Bolívia, Evo Morales; do
primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan; do primeiro-ministro da
Índia, Manmohan Singh; do presidente do Quênia, Uhuru Kenyatta; e do presidente
da Venezuela, Nicolas Maduro, dentre outros.
Uma unidade
especial de inteligência de sinais da Agência de Segurança Nacional dos EUA, de
nome “Equipe Liderança México” [Mexico Leadership Team] usou infiltração
semelhante nas empresas Telmex e Satmex do México, para vigiar as comunicações
privadas do atual presidente, Enrique Pena Nieto, e de seu antecessor, Felipe
Calderón; a operação contra esse último recebeu o nome-código de FLATLIQUID. A
operação de escuta clandestina da Agência de Segurança Nacional dos EUA contra
o Secretariado Mexicano de Segurança Pública levou o nome-código de WHITETAMALE
e tem de ter usado colaboradores internos, porque oficiais de segurança
mexicanos, em alguns níveis, usam métodos de comunicação encriptados.
O Serviço de
Coleta Especial da Agência de Segurança Nacional dos EUA com certeza contou com
agentes infiltrados em posições chaves para capturar as comunicações por redes
de telefone celular no México, numa operação clandestina que teve o nome-código
de EVENINGEASEL.
Embora haja
vários meios técnicos e contramedidas que podem conter a espionagem pela Agência
de Segurança Nacional dos EUA e seus “Cinco Olhos” contra comunicações de
governo e comunicações empresariais em qualquer lugar do mundo, uma simples
medida de controle de vulnerabilidades, que se concentre no pessoal oficial e
contratado [“terceirizados”, no Brasil] e na segurança física das comunicações
é a primeira linha de defesa contra os milhões de olhos e ouvidos do “Big
Brother”.
______________________
[*] Wayne Madsen é jornalista investigativo, autor
e colunista. Tem cerca de vinte anos de experiência em questões de
segurança. Como oficial da Marinha dos EUA projetou um dos primeiros
programas de segurança de computadores para a Marinha os EUA. Tem sido
comentarista freqüente da política de segurança nacional na Fox News e também nas
redes ABC, NBC, CBS, PBS, CNN, BBC, Al Jazeera, e MS-NBC. Foi convidado a depor
como testemunha perante a Câmara dos Deputados dos EUA, o Tribunal Penal da ONU
para Ruanda, e num painel de investigação de terrorismo do governo francês. É membro
da Sociedade de Jornalistas Profissionais (SPJ) e no National Press Club. Mora em Washington, DC.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.