14/11/2013, Xinhuanet
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
PEQUIM – O
papel do mercado na China passou oficialmente de “básico” para “decisivo”, e é
chave para entender a agenda da reforma.
O
Comunicado da 3ª-feira, depois da 3ª Plenária do 18º Comitê Central do PartidoComunista da China (PCC) destaca a profunda reforma econômica, com o mercado a
desempenhar o papel decisivo para a alocação de recursos.
Na economia
socialista de mercado anterior – que foi a política oficial da China desde 1992
– o mercado recebera apenas um papel “básico”.
Porcentagens de Investimento e Consumo em relação ao PIB de 1989 até 2012 |
O sinal
semântico aplica-se em vários setores, dentre os quais energia, finanças, terra
e serviços e visa a revigorar os negócios.
Zhang
Liqun, analista do Centro de Pesquisas do Desenvolvimento do Conselho de
Estado, disse que o papel “básico” do mercado, antes, não excluía coisa alguma
que pudesse estar envolvida no fluxo dos fatores de produção e na alocação de
recursos.
Zhang Liqun |
O Comunicado da 3ª-feira sugere que o papel
do mercado na economia chinesa será reforçado – disse Liqun.
Um dos
pré-requisitos para que a procura e a demanda aloquem recursos é um mercado
aberto, unificado, com concorrência organizada, nos termos do Comunicado. Devem
ser removidas as barreiras que haja no mercado, e todo o protecionismo regional
e a intervenção do governo devem ser cortados. Os preços dos fatores de
produção, como capital, energia e câmbio também serão decididos pelo mercado –
continuou Zhang Liqun.
Fazendo eco
às palavras de Zhang, o economista-chefe do Banco HSBC para a China, Qu
Hongbin, acredita que os mecanismos para os preços da energia, taxas de câmbio,
taxas de juros, preços da terra e preços dos serviços podem estar todos à beira
de mudanças.
Qu Hongbin |
Ainda não
há detalhes específicos, mas um mercado unificado para construções sejam
urbanas ou rurais, e um sistema financeiro aprimorado estão, com certeza, a
caminho. A equipe central de trabalho anunciada na 3ª-feira encaminhará a
reforma de modo coordenado e cuidará das dificuldades – disse Qu.
Quanto as
empresas estatais [ing. state-owned enterprises (SOEs)], área que apareceu pouco no Comunicado, analistas
sugerem que um ambiente que favoreça mais os negócios privados ajudará a
arrancar as grandes estatais de sua zona de conforto.
O
Comunicado, que define os dois setores, o público e o privado, como componentes
importantes da economia socialista de mercado, prometeu que as empresas
privadas serão “encorajadas, apoiadas e orientadas”.
Peng Wensheng |
Peng
Wensheng, da empresa China International
Capital, acredita que a ênfase no mercado e na concorrência sugere que as
estatais estarão operando num ambiente aprimorado de mercado, e ele espera que
outros passos virão para quebrar os monopólios do Estado e modernizar as
empresas estatais.
Lin Caiyi,
da Seguradora Guotai Junan, também
espera mais facilidades de acesso ao mercado para os investidores privados.
Para ele, os monopólios estatais nas telecomunicações e no setor financeiro
serão os primeiros a acabar.
A
reorientação para o mercado já está em andamento. Em julho, o banco central chancelou
o piso das taxas de empréstimo, e em setembro, foi lançada a Zona Piloto de
Livre Comércio da China (Xangai).
Paralelamente
ao papel do mercado, o Comunicado também deixou claro que há espaço para
melhorar o modo como o governo faz seu trabalho, e declarou abertamente que o
núcleo da reforma econômica é o relacionamento entre governo e mercado.
Zhang Zhuoyuan |
Zhang
Zhuoyuan, economista e membro da Academia Chinesa de Ciências Sociais [orig. Chinese
Academy of Social Sciences (CASS)], observou que a ênfase no mercado não
implica automaticamente redução no papel do governo. “Significa que as funções
do governo devem ser executadas de modo melhor, mais adequado”.
Melhor
orientação pelo governo no macrocontrole, na regulação, nos serviços públicos e
na governança social é crucialmente importante para uma economia socialista de
mercado e para um saudável desenvolvimento econômico – disse o economista da CASS.
A liderança
central trabalha já na reforma da administração, abrindo e descentralizando o
poder, e já aboliu mais de 200 procedimentos administrativos ou transferiu-os
para governos locais.
No final de
outubro, o Conselho de Estado racionalizou o sistema de registro de empresas,
para abrir o mercado e mobilizar os recursos sociais, passo concreto para
melhorar o ambiente de negócios.
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