18/12/2013, Russia Today
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
A Suécia não terá Ibrahimovic no Brasil em 2014, mas terá o contrato de 36 Gripen JAS 39 (recorte de jornal e comentário enviados por Pepe Escobar via Facebook) |
O Brasil descartou
um contrato para compra de jatos F/A-18 da empresa Boeing, para comprar Gripens
JAS 39 da empresa sueca Saab. A inesperada decisão de descartar a proposta dos
EUA acontece na sequência do escândalo global sobre o envolvimento da Agência de
Segurança Nacional dos EUA em atividades de espionagem econômica.
O anúncio da compra
dos 36 jatos foi feito ontem pelo Ministro da Defesa, Celso Amorim, e pelo
Comandante da Força Aérea do Brasil, Juniti Saito. Os jatos custarão US$4,5
bilhões, bem menos que o valor estimado de mercado (cerca de US$7 bilhões).
Gripen JAS 39 pronto para decolar |
Saito disse que o
desenvolvimento dos jatos acontecerá em conjunto com a Embraer e outras
empresas não especificadas.
Os 12 jatos Mirage
atualmente em uso na Força Aérea Brasileira (FAB) serão aposentados até o final
desse ano. Foram comprados em 2005. Enquanto espera pelos novos aviões, a FAB
usará os jatos estilo F5, viáveis até 2025.
Em visita a
Brasília semana passada, o presidente da França, François Hollande, fez-se
acompanhar de uma comitiva da qual fazia parte o presidente do Grupo Dassault,
o que gerou especulações segundo as quais o fabricante francês teria vencido a
disputa contra as empresas Saab e Boeing.
A disputa em torno
de qual empresa venderia ao Brasil esses jatos começou no final da década de
1990, ainda durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, continuou durante
os governos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e chegou ao governo da
atual presidenta Rousseff. Mas relatório da FAB de 2010 já indicava a
preferência pelos jatos da Saab sueca, embora se dissesse que o então
presidente Lula preferiria os Rafale, da Dassault, mais baratos.
Gripen JAS 39 em voo |
No início desse
ano, dizia-se que a Boeing norte-americana estaria bem próxima de consumar a
venda, mas a descoberta, pelo governo do Brasil, de que a Agência de Segurança
Nacional dos EUA estava espionando, inclusive, as comunicações do gabinete da
presidenta Dilma, levaram o governo brasileiro a descartar a possibilidade de
qualquer negócio com a empresa norte-americana.
A intromissão dos espiões da
Agência de Segurança Nacional dos EUA pôs fim às chances da Boeing – disse à Reuters uma fonte do governo do
Brasil.
O Ministro da
Defesa, Celso Amorim, disse à rede Bloomberg que a proposta da Boeing, empresa
com sede em Chicago, foi rejeitada em função do melhor desempenho e melhor
preço dos aviões da sueca Saab e, também, porque os suecos “aceitaram a
cláusula de transferência de tecnologia”.
O fracasso da “espionagem
econômica”
O Brasil atualmente
examina material divulgado pelo ex-empregado (terceirizado) da Agência de
Segurança Nacional dos EUA, Edward Snowden, que comprova que a agência de
espiões norte-americanos monitorou comunicações pessoais da Presidenta Rousseff
e invadiu as redes de comunicações de ministérios brasileiros, procurando obter
informação secreta. Dentre as instituições que foram alvo da espionagem
norte-americana estão a gigante brasileira de petróleo, Petrobras, e o
Ministério de Minas e Energia – o que desmente o que Washington disse, que não
estaria interessada em “espionagem econômica”.
Dilma Rousseff e Barack Obama cumprimentam-se em 6/9/2013 (reunião do G20) |
Em setembro, em
discurso à Assembleia Geral da ONU, a Presidenta Rousseff reagiu com severidade
contra a espionagem dos EUA contra seu país, classificando-a como “violação da
legislação internacional”. E alertou que a espionagem norte-americana, já
descoberta desde junho, ameaça a liberdade de expressão e a democracia.
Snowden prometeu
ajudar o Brasil a contestar o programa de espionagem dos EUA contra o Brasil
Vários senadores brasileiros
têm-me pedido que colabore nas investigações de crimes contra cidadãos
brasileiros – escreveu
Snowden em carta aberta publicada pelo jornal [só rindo! 8-)) (NTs)] Folha
de S.Paulo.
Glenn Greenwald (E) e Edward Snowden (D) |
Snowden está
atualmente sob asilo temporário na Rússia. O jornalista Glenn Greenwald, ex-Guardian,
e que vem publicando o material de Snowden, criticou na 4a-feira a nenhuma
reação dos governos da União Europeia às revelações sobre o aparato de
vigilância em massa da Agência de Segurança Nacional dos EUA.
Greenwald também
desmentiu declarações de Washington, de que não haveria nenhuma atividade de
espionagem econômica na ação da Agência de Segurança Nacional dos EUA.
Grande parte daquela
espionagem nada tem a ver nem com terrorismo nem com segurança nacional. Esse é
o pretexto. Ali se trata, sempre, de manipulação diplomática e de obter
vantagem econômica – disse
ele.
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