6/12/2013, Partido Comunista da África do Sul, Workers World
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Nelson Mandela |
Ontem à
noite, milhões do povo da África do Sul, a maioria do qual são trabalhadores e
pobres, e bilhões, dos povos do mundo, perderam um verdadeiro revolucionário –
presidente Nelson Rolihlahla Mandela, Tata Madiba.
O Partido
Comunista da África do Sul (PCAS) une-se ao povo da África do Sul e de todo o
mundo, e manifesta suas mais sinceras condolência à Sra. Graça Machel e à
família Mandela, pela perda do homem que o presidente Zuma descreveu
corretamente como o maior filho da África do Sul, camarada Mandela.
Queremos
também nessa ocasião manifestar nossa solidariedade com o Congresso Nacional
Africano, organização que produziu o camarada Mandela e à qual ele também
serviu com honra, e a todos nossos companheiros e camaradas do nosso tão amplo
movimento de libertação. Como disse Tata Madiba, “Não são os reis e os generais
que fazem a história, mas o povo, os trabalhadores, os camponeses”.
O
falecimento do camarada Mandela marca o fim da vida de um dos maiores
revolucionários do século 20, que lutou pela liberdade e contra todas as formas
de opressão, no seu país e globalmente. Como elemento das massas que fazem a
história, a contribuição do camarada Mandela na luta pela liberdade nasceu e
consolidou-se, tanto como membro quanto como comandante de nosso movimento
revolucionário nacional de libertação conduzido pelo Congresso Nacional
Africano – porque Mandela nunca foi uma ilha.
No camarada
Mandela tivemos um soldado bravo, corajoso; patriota e internacionalista que,
tomando emprestada a frase de Che Guevara, foi “um verdadeiro revolucionário
guiado por profundo sentimento de amor” [1] por seu povo, traço marcante em
todos os genuínos revolucionários do povo.
Quando foi
preso em agosto de 1962, Nelson Mandela não era apenas membro do então
clandestino PCAS; era também membro do Comitê Central do PCAS.
Para nós,
comunistas sul-africanos, o camarada Mandela simbolizará para sempre a
monumental contribuição do PCAS em nossa luta de libertação. A contribuição dos
comunistas na luta pela liberdade da África do Sul tem raros paralelos na
história de nosso país. Ao deixar a prisão, em 1990, o camarada continuou
grande e próximo amigo dos comunistas, até seus últimos dias.
A maior
lição que temos de aprender de Mandela e daquela geração de líderes é seu
compromisso, por princípio, com a unidade dentro de cada uma das formações que
constituem nossas formações em aliança, elas mesmas, e dentro de todo o
movimento democrático de massas. Aquela geração lutou para construir e cimentar
a unidade de nossa Aliança e nós devemos hoje, à memória do camarada Madiba,
preservar a unidade de nossa Aliança. Os que não sabem quanto sangue foi
derramado para manter a unidade da Aliança, que aprendam, para que não
enlameiem o legado e a memória de homens como Madiba. Que não brinquem nem
sejam levianos, no que tenha a ver com a unidade de nossa Aliança.
O Partido
Comunista da África do Sul apoiou Madiba em sua luta pela reconciliação
nacional. Mas, para ele, reconciliação nacional jamais significou fazer-se de
cego ante as desigualdades sociais, de classe, que há em nossa sociedade, como
há quem insista em fazer hoje.
Para
Madiba, a reconciliação nacional sempre foi uma plataforma a partir da qual
insistir no objetivo de construir uma sociedade sul-africana mais igualitária,
livre da desgraça do racismo, do patriarcado e de terríveis desigualdades. E
nenhuma verdadeira reconciliação nacional será jamais alcançada numa sociedade
ainda marcada por desigualdades e pela exploração capitalista.
Em honra a
esse grande combatente, o PCAS intensificará sua luta contra todas as formas de
desigualdade e pelo socialismo, como única solução política e econômica para os
problemas que a humanidade enfrenta.
O PCAS
entende que a morte de Madiba deve ser – para todos os sul-africanos que ainda
não abraçaram plenamente a causa de uma África do Sul democrática, e que ainda,
de um modo ou de outro, vivem na nostalgia da era da dominação branca – como
uma segunda chance para que se aproximem da causa de uma África do Sul
democrática fundada sobre o princípio do governo da maioria.
Conclamamos
todos os sul-africanos a seguir o exemplo que Madiba nos deixa, de desapego,
desprendimento, autossacrifício, compromisso e disposição para servir ao seu
povo.
Hamba kahle
Mkhonto. [“Siga bem, bravo guerreiro”]
Nota dos tradutores
[1] Che Guevara, 12/3/1965, em artigo escrito na
Argélia, sob o título “El socialismo y el
hombre en Cuba”:
Com o risco de parecer ridículo,
permitam-me dizer que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos
de amor.
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