domingo, 8 de dezembro de 2013

Sobre o camarada Mandela


6/12/2013, Partido Comunista da África do Sul, Workers World
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu

Nelson Mandela
Ontem à noite, milhões do povo da África do Sul, a maioria do qual são trabalhadores e pobres, e bilhões, dos povos do mundo, perderam um verdadeiro revolucionário – presidente Nelson Rolihlahla Mandela, Tata Madiba.

O Partido Comunista da África do Sul (PCAS) une-se ao povo da África do Sul e de todo o mundo, e manifesta suas mais sinceras condolência à Sra. Graça Machel e à família Mandela, pela perda do homem que o presidente Zuma descreveu corretamente como o maior filho da África do Sul, camarada Mandela.

Queremos também nessa ocasião manifestar nossa solidariedade com o Congresso Nacional Africano, organização que produziu o camarada Mandela e à qual ele também serviu com honra, e a todos nossos companheiros e camaradas do nosso tão amplo movimento de libertação. Como disse Tata Madiba, “Não são os reis e os generais que fazem a história, mas o povo, os trabalhadores, os camponeses”.

O falecimento do camarada Mandela marca o fim da vida de um dos maiores revolucionários do século 20, que lutou pela liberdade e contra todas as formas de opressão, no seu país e globalmente. Como elemento das massas que fazem a história, a contribuição do camarada Mandela na luta pela liberdade nasceu e consolidou-se, tanto como membro quanto como comandante de nosso movimento revolucionário nacional de libertação conduzido pelo Congresso Nacional Africano – porque Mandela nunca foi uma ilha.

No camarada Mandela tivemos um soldado bravo, corajoso; patriota e internacionalista que, tomando emprestada a frase de Che Guevara, foi “um verdadeiro revolucionário guiado por profundo sentimento de amor” [1] por seu povo, traço marcante em todos os genuínos revolucionários do povo.

Quando foi preso em agosto de 1962, Nelson Mandela não era apenas membro do então clandestino PCAS; era também membro do Comitê Central do PCAS.

Para nós, comunistas sul-africanos, o camarada Mandela simbolizará para sempre a monumental contribuição do PCAS em nossa luta de libertação. A contribuição dos comunistas na luta pela liberdade da África do Sul tem raros paralelos na história de nosso país. Ao deixar a prisão, em 1990, o camarada continuou grande e próximo amigo dos comunistas, até seus últimos dias.

A maior lição que temos de aprender de Mandela e daquela geração de líderes é seu compromisso, por princípio, com a unidade dentro de cada uma das formações que constituem nossas formações em aliança, elas mesmas, e dentro de todo o movimento democrático de massas. Aquela geração lutou para construir e cimentar a unidade de nossa Aliança e nós devemos hoje, à memória do camarada Madiba, preservar a unidade de nossa Aliança. Os que não sabem quanto sangue foi derramado para manter a unidade da Aliança, que aprendam, para que não enlameiem o legado e a memória de homens como Madiba. Que não brinquem nem sejam levianos, no que tenha a ver com a unidade de nossa Aliança.

O Partido Comunista da África do Sul apoiou Madiba em sua luta pela reconciliação nacional. Mas, para ele, reconciliação nacional jamais significou fazer-se de cego ante as desigualdades sociais, de classe, que há em nossa sociedade, como há quem insista em fazer hoje.

Para Madiba, a reconciliação nacional sempre foi uma plataforma a partir da qual insistir no objetivo de construir uma sociedade sul-africana mais igualitária, livre da desgraça do racismo, do patriarcado e de terríveis desigualdades. E nenhuma verdadeira reconciliação nacional será jamais alcançada numa sociedade ainda marcada por desigualdades e pela exploração capitalista.

Em honra a esse grande combatente, o PCAS intensificará sua luta contra todas as formas de desigualdade e pelo socialismo, como única solução política e econômica para os problemas que a humanidade enfrenta.

O PCAS entende que a morte de Madiba deve ser – para todos os sul-africanos que ainda não abraçaram plenamente a causa de uma África do Sul democrática, e que ainda, de um modo ou de outro, vivem na nostalgia da era da dominação branca – como uma segunda chance para que se aproximem da causa de uma África do Sul democrática fundada sobre o princípio do governo da maioria.

Conclamamos todos os sul-africanos a seguir o exemplo que Madiba nos deixa, de desapego, desprendimento, autossacrifício, compromisso e disposição para servir ao seu povo.

Hamba kahle Mkhonto. [“Siga bem, bravo guerreiro”]



Nota dos tradutores
[1] Che Guevara, 12/3/1965, em artigo escrito na Argélia, sob o título El socialismo y el hombre en Cuba:
Com o risco de parecer ridículo, permitam-me dizer que o verdadeiro revolucionário é guiado por grandes sentimentos de amor.


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