10/12/2013, [*] Moon of Alabama
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Plano Prawer por Latuff |
O governo
de Israel quer “limpar”
a terra dos beduínos, varrendo os 70
mil beduínos que lá vivem desde tempos imemoriais e empurrá-los para
algumas cidades desoladas. Em seguida, entregará as terras dos beduínos para
colonos judeus e alguma mísera compensação para os beduínos. Esse plano é
chamado “Plano
Prawer-Begin”. O governo
israelense precisa que o Parlamento aprove e, para facilitar a aprovação,
mentiu que os beduínos haviam concordado com o plano.
Na verdade,
os
beduínos não concordaram.
Assim, o projeto foi aprovado em primeira
votação baseada na suposição de que os beduínos teriam concordado, disse
Levin em carta dirigida a Begin. Mas – como hoje se sabe – os beduínos não aceitaram o plano, que agora será usado como ponto de
partida, não como o fim das demandas deles, disse Levin.
Mas a
atitude do Parlamento de Israel nada tem a ver com oposição à limpeza étnica,
nem com reconhecer a necessidade de solicitar a aprovação dos beduínos. Nada
disso. Os deputados israelenses sentem-se ultrajados, porque o plano prevê
compensação (parcial) aos beduínos proprietários da terra. Os deputados do
Parlamento de Israel preferem o genocídio, matar os beduínos:
Deputados árabes do Parlamento mostraram-se
muito agitados durante a discussão do Plano, e alguns foram retirados da sala
por estarem promovendo tumulto. O deputado Taleb Abu Arar, do partido UAL-Ta’al (Movimento Árabe para a
Renovação), disse que as palavras de Begin “são a prova de que ele é racista.
Begin odeia árabes.
Essa lei causará uma Intifada no Negev – disse ele.
Vocês querem transferir uma população
inteira! – disse a deputada Hanna Swaid (do partido Frente
Democrática de Paz e Igualdade, Hadash).
A deputada
Miri Regev, presidente da Comissão e membro do partido Likud, respondeu: Exatamente. Como os norte-americanos fizeram
com os índios.
John Kerry, a caráter |
Essas
ideias parecem já ter o apoio do secretário de Estado dos EUA, John Kerry, o
qual, há poucos dias, declarou que a população de não judeus na Palestina seria
“uma
bomba-relógio”:
Quero agora voltar um momento ao processo de
paz, porque há nova ameaça existencial contra Israel, da qual a diplomacia pode
dar melhor conta que o uso da força. Refiro-me à dinâmica demográfica que
bloqueia o futuro de Israel como estado democrático, a menos que se resolva o
conflito Israel-Palestinos por uma solução de dois estados.
A força não conseguirá nem derrotar nem
desativar a bomba-relógio demográfica.
Assim
sendo, dado que, para John Kerry, as crianças palestinas e beduínas são “uma
ameaça” e “uma bomba”, o que mais os sionistas poderiam fazer, além de
desativar aquelas crianças... fazendo a elas o que “os norte-americanos fizeram
com os índios”?!
_____________________________________
[*] “Moon of Alabama” é título popular de “Alabama Song” (também conhecida como“Whisky
Bar” ou “Moon over Alabama”) dentre outras formas. Essa canção aparece na
peça Hauspostille (1927) de Bertolt Brecht, com
música de Kurt Weil; e foi novamente usada pelos dois autores, em 1930, na
ópera A Ascensão e a Queda da
Cidade de Mahoganny. Nessa utilização, aparece cantada pela personagem
Jenny e suas colegas putas no primeiro ato. Apesar de a ópera ter sido escrita
em alemão, essa canção sempre aparece cantada em inglês. Foi regravada por
vários grandes artistas, dentre os quais David Bowie (1978) e The Doors (1967).
No Brasil, produzimos versão SENSACIONAL, na voz de Cida Moreira, gravada em
“Cida Moreira canta Brecht”, que incorporamos às nossas traduções desse blog Moon of Alabama, à guisa de
homenagem. Pode ser ouvida a seguir:
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Registre seus comentários com seu nome ou apelido. Não utilize o anonimato. Não serão permitidos comentários com "links" ou que contenham o símbolo @.