Conferência da Comunidade Mundial
Muçulmana e Despertar Islâmico em 29/4/2013
Traduzido do inglês pelo pessoal
da Vila Vudu
Aiatolá Ali Khamenei |
Todas
as honras a Alá, Senhor dos Mundos. Que cubra de paz e recompensas nosso Mestre,
Maomé al-Mustafa, e sua família imaculada, seus companheiros escolhidos e os que
os seguem, até o Dia do Julgamento.
Recebam
nossas boas-vindas, honrados hóspedes. Peço a Deus, Superior e Generoso, que
abençoe esse esforço coletivo e faça dele um passo efetivo para a felicidade dos
muçulmanos. “Ele sempre ouve e responde.”
Hoje,
o assunto do Despertar Islâmico, que vocês discutirão nessa conferência, ocupa o
primeiro lugar dentre as questões do mundo islâmico e da Ummah
[comunidade] islâmica, bem-vindo fenômeno, que resultará na re-emergência da
civilização islâmica – para a Ummah e, portanto, para todo o mundo – em
futuro não muito distante, desde que, se Alá o permitir, permaneça saudável e
promissora.
Hoje,
o que todos vemos à frente dos olhos e não pode ser negado por nenhum indivíduo
informado e inteligente é que o mundo do Islã emergiu da periferia das equações
sociais e políticas do mundo; que tem hoje posição proeminente, destacada, no
centro de eventos globais decisivos; e que oferece modo novo de ver a vida, a
política, o governo e os desenvolvimentos sociais. É fenômeno considerado
importante e significativo no mundo contemporâneo, que sofre num profundo vácuo
intelectual e teórico, depois do fracasso do comunismo e do liberalismo.
Esse
é o primeiro sinal de eventos políticos e revolucionários no Norte da África e
da região árabe em escala global, sinal, ele próprio, de grandes verdades que
virão à luz no futuro.
O
Despertar Islâmico, que as vozes no campo reacionário e arrogante sequer ousam
pôr em palavras, é verdade cujos sinais se veem em quase todos os pontos do
mundo islâmico.
O
sinal mais óbvio é o entusiasmo na opinião pública, sobretudo entre os jovens,
para reviver a glória e a grandeza do Islã, para tomar consciência da natureza
da ordem internacional, que é ordem de dominação, e para remover a máscara que
esconde os rostos desavergonhados, opressores e arrogantes de governos e centros
que nada fazem além de torturar em suas garras o Oriente islâmico e não
islâmico, há mais de 200 anos; e que expõem países à ânsia deles, brutal e
agressiva, cada vez por mais poder, ânsia que mostram disfarçada sob uma máscara
de civilização e cultura.
As
dimensões desse auspicioso despertar são amplas e misteriosas, mas o que se viu
de seus feitos recentes em alguns poucos países do Norte da África basta para
nos fazer confiar que haverá resultados notáveis, no futuro.
O
miraculoso cumprimento de promessas divinas é sempre sinal inspirador de
esperanças de que grandes promessas também se cumprirão.
O
relato corânico das duas promessas que Alá o Misericordioso fez à mãe do Profeta
Moisés é exemplo dessa tática divina. Naquele momento difícil, quando lhe foi
ordenado que ela jogasse ao rio o próprio filho, numa cesta, Alá o
Misericordioso disse: “Nós com certeza O traremos de volta a você e faremos Dele
um dos mensageiros” [Santo Corão, Sura al-Qasas, Ayah 7].
O
cumprimento da primeira promessa, que foi a menor, e causa de felicidade para a
mãe, tornou-se o signo do cumprimento da missão profética, que era muito maior
e, claro, exigia muito sofrimento, muita luta e muita paciência: “Assim Nós o
devolveremos à mãe, cujos olhos serão refrescados, e ela não sofrerá e saberá
que é verdadeira a promessa de Alá” [Santo Corão, Sura al-Qasas, Ayah 13].
Essa
verdadeira promessa foi a grande missão que foi cumprida muitos anos depois e
mudou o curso da história.
Outro
exemplo é a recordação do superior poder de Deus para expulsar os invasores da
Casa Santa: para estimular Seu público mediante o Santo Profeta, a submeter-se à
Sua ordem, Alá o Misericordioso usa esse exemplo, “então eles serviram o Senhor
na casa Dele” [Santo Corão, Sura Quraysh, Ayah 3] e diz, “Não fará Ele que a
guerra deles termine em confusão?” [Santo Corão, Sura al-Fil, Ayah 2].
Assim
também, para elevar o espírito de Seu amado Profeta e convencê-lo da verdade da
promessa, “o seu Senhor não o abandonou, nem está desagradado” [Santo Corão,
Sura ad-Dhuha, Ayah 3], Alá o Misericordioso faz-nos lembrar da bênção
miraculosa: “Ele não encontrou você, órfão, e deu-lhe abrigo? Ele encontrou você
perdido e guiou-o.” [Santo Corão, Sura ad-Dhuha, Ayah 6-7]. E o Santo Corão é
farto de exemplos como esses.
No
dia em que o
Islã venceu no Irã e conseguiu tomar a fortaleza ocupada por
EUA e pelo sionismo, num dos mais importantes países do mundo, nessa região tão
extremamente sensível, os lúcidos e inteligentes rapidamente entenderam que, se
tivessem visão e paciência, outras vitórias viriam, uma depois da outra.
As
verdades luminosas da República Islâmica, reconhecidas por nossos inimigos,
foram alcançadas, todas, com confiança nas promessas divinas, com paciência,
resistência e a ajuda de Deus. À face de tentações que os fracos traziam
durantes esses tempos tensos e gritavam que “seremos derrotados, sem dúvida”,
[Santo Corão, Sura ash-Shuara, Ayah 61], nosso povo sempre gritou, em resposta:
“nunca nos derrotarão. Meu Senhor está comigo e Ele me guiará” [Santo Corão,
Sura ash-Shuara, Ayah 62].
Hoje,
essa é preciosa experiência acessível aos povos que se levantam contra a
arrogância e a tirania e conseguiram derrubar e abalar governos corruptos,
subservientes e dependentes dos EUA.
Resistência,
paciência, visão e fé na promessa divina “Alá com certeza ajudará os que ajudam
Sua causa” pavimentarão o caminho da glória da Ummah Islâmica, até que
alcance o pico da civilização islâmica.
Nessa
importante reunião, da qual participam intelectuais e pensadores religiosos da
Ummah Islâmica de diferentes países e denominações islamistas, parece-me
adequado discutir alguns pontos necessários, relacionados ao Despertar Islâmico.
O
primeiro ponto é que nas ondas iniciais do Despertar Islâmico nos países dessa
região, que começaram simultaneamente com a entrada dos pioneiros do
colonialismo, foram provocadas principalmente pela religião ou por reformadores
religiosos.
Os
nomes dos principais líderes e personalidades – como Sayyid Jamal ad-Din,
Muhammad Abduh, Mirza-e Shirazi, Akhund-e Khorasani, Mahmoud al-Hassan, Muhammad
Ali, Sheikh Fazlollah, Hajj Agha Noorullah, AbulA’laMaududi e dezenas de
afamados, grandes mujahid e clérigos influentes do Irã, Egito, Índia e
Iraque – serão lembrados para sempre nos livros de História. Do mesmo modo, na
era contemporânea, o brilhante nome do grande Imã Khomeini brilha como estrela
luminosa do futuro da Revolução Islâmica.
Assim
também, hoje e no passado, centenas de intelectuais religiosos famosos e
milhares de outros menos conhecidos, desempenharam e desempenham papel
importante em grandes e pequenos movimentos de reforma em diferentes países. A
lista de reformadores religiosos não clérigos, como Hassan al-Banna e
IqbalLahori, também é longa e impressionante.
Praticamente
por toda parte, clérigos e teólogos atuam como autoridade intelectual e suporte
espiritual para o povo, e por onde surgiram brilharam no papel de guias e
pioneiros ao tempo dos grandes desenvolvimentos e têm feio andar avante as
linhas de vanguarda de movimentos populares, enfrentando todo o tipo de perigo;
o laço intelectual entre eles e o povo só faz fortalecer-se e desempenham papel
crucial, no trabalho de indicar o caminho ao povo.
Isso
é tão benéfico à onda do Despertar Islâmico quando desagrada e perturba os
inimigos da Ummah Islâmica, os que têm preconceito contra o Islã e os que
se opõem aos valores islâmicos. E esses estão tentando roubar essa autoridade
intelectual dos centros religiosos, e criar novos centros para substituí-los.
Sabem, porque aprenderam da experiência, que podem facilmente interferir nesses
centros, onde tentam quebrar os princípios e valores nacionais – o que de modo
algum conseguiriam no caso de intelectuais religiosos e personalidades
religiosas devotas.
Esse
processo torna ainda mais pesada a responsabilidade dos intelectuais religiosos.
Com cautela e espírito vigilante, e desmascarando os métodos e maquinações do
inimigo, devem fechar completamente a porta a qualquer infiltração, e devem,
assim, fazer gorar os projetos do inimigo.
Um
dos grandes riscos é deixar-se atrair pela riqueza mundana. Exposição aos
favores dos ricos e dos poderosos, endividar-se em antros de ganância e poder
são a causa mais perigosa da separação que acontece, quando eles separam-se do
povo, perdem a amizade do povo e a confiança do povo.
O
autocentrismo e a sede de poder, que arrasta indivíduos fracos a inclinar-se na
direção dos polos de poder, preparam o terreno para que se deixem envolver em
corrupção e vícios. É preciso manter em mente sempre esse santo ayah corânico: “[quanto ao futuro] Nós o
reservamos aos que não desejem se autoexaltar na terra nem fazer o mal. E o bom
resultado final é reservado aos que se guardem [contra o mal]” [Santo Corão,
Sura al-Qasas, Ayah 83].
Hoje,
em tempos de tantos movimentos inspiradores no Despertar Islâmico, veem-se, às
vezes, algumas coisas que, por um lado, mostram os esforços que fazem os agentes
dos EUA e do sionismo para inventar autoridades intelectuais em quem ninguém
pode confiar; e mostram também, por outro lado, os esforços de infelizes
Qaruns,
[1]
para
arrastar gente religiosa e pia na direção de suas atividades envenenadas e
contaminadas. Intelectuais religiosos e os homens pios devem ser extremamente
cuidadosos e vigilantes.
O
segundo ponto é a necessidade de delinear-se uma meta de longo prazo para o
Despertar Islâmico em países muçulmanos – alto e nobre objetivo que dará
orientação ao despertar nas nações e ajudá-las-á a chegar a um dado ponto
proposto. Ao identificar esse ponto específico, será então possível preparar um
mapa do caminho, especificando nele os objetivos de médio prazo e de longo
prazo.
Esse
objetivo final só pode ser a criação de uma brilhante civilização islâmica.
Todas as partes da Ummah Islâmica – sob a forma de diferentes nações e
países – devem alcançar tal posição civilizacional especificada no Santo Corão.
A característica geral e principal dessa civilização é permitir que os seres
humanos usem plenamente as capacidades materiais e espirituais que Alá o
Misericordioso depositou neles, como ferramentas para criar felicidade e
transcendência para toda a humanidade.
A
estrutura de superfície dessa civilização pode e deve estar presente no governo
popular, nas leis extraídas do Santo Corão, no trabalho de identificar e cuidar
de suprir as diferentes necessidades humanas, evitando atitudes rígidas e
reacionárias, tanto quanto a inovação ou adulteração intestadas, gerando riqueza
pública e bem-estar social, implantando a justiça, libertando-nos de uma
economia baseada em privilégios especiais e na usura e que se orgulha de
ostentar riqueza, promovendo valores humanos, defendendo os povos oprimidos do
mundo, com imaginação e muito trabalho. Adotar uma abordagem ijtihadi [2]
e de
especialista nas diversas áreas – das humanidades ao sistema de educação formal;
da economia e banking à produção técnica e tecnológica; da moderna mídia
à arte e ao cinema e às relações internacionais e outros campos – é uma das
exigências inevitáveis para construir essa civilização.
A
experiência já mostrou que tudo isso é possível e está ao alcance das
capacidades das comunidades muçulmanas. Essa visão não deve ser discutida com
pressa, nem com espírito pessimista. Ser pessimista quanto às próprias
capacidades é ingratidão, ante as bênçãos que recebemos de Deus; é fazer pouco
caso da ajuda de Deus e cultivar “pensamentos do mal sobre Alá” [Santo Corão,
Sura al-Fath, Ayah 6].
Podemos
quebrar a cadeia dos monopólios científicos, econômicos e políticos das
potências dominantes e ajudar a Ummah a ser pioneira na restauração dos
direitos da maioria das nações do mundo – até hoje dominada por um punhado de
potências arrogantes, minoritárias.
Pela
fé religiosa, pelo conhecimento, pela ética e pela luta constante, a civilização
islâmica pode oferecer um presente avançado e códigos nobres de comportamento à
Ummah islâmica e a toda a humanidade.
E pode ser o ponto de libertação da visão materialista e opressiva e dos códigos
corrompidos de comportamento que são os tristes pilares da atual civilização
ocidental.
O
terceiro ponto é que nos movimentos do Despertar Islâmico é preciso prestar
atenção constante à amarga, horrenda experiência de seguir o ocidente na
política, no comportamento e no estilo de vida.
Em
mais de um século de seguir a cultura e a política das potências arrogantes,
países muçulmanos sofreram calamidades mortais, como a humilhação e a
dependência política, pragas econômicas e miséria, declínio das virtudes morais
e éticas e vergonhoso atraso científico e, isso, enquanto a Ummah
muçulmana vivia história gloriosa em todos esses campos.
Essa
declaração não deve ser interpretada como hostilidade contra o ocidente. Não
somos hostis a nenhum grupo de seres humanos por causa de diferenças
geográficas. Aprendemos as lições de Ali [que todas as bênçãos recaiam sobre
ele], que assim descreve os seres humanos: “Os que têm a mesma religião que
você, são seus irmãos; e os que têm outras religiões diferentes da sua, são
também seres humanos, como você”.
Nossa
voz clama contra a opressão e a arrogância e contra os abusos e transgressões na
moral, e contra a degeneração prática que foi imposta a nossas nações pelas
potências coloniais e arrogantes.
Atualmente,
todos testemunham os abusos e a interferência dos EUA e de alguns de seus
seguidores na região e nos países nos quais a brisa do despertar converteu-se
numa tempestade de levantes e revoluções. As promessas que fazem não devem
afetar as decisões nem as ações de destacadas personalidades políticas nem o
grande movimento do povo.
Também
nesse caso, precisamos nos servir das lições que aprendemos de nossa
experiência: os que depositaram suas esperanças nas promessas dos EUA durante
anos, e basearam seu comportamento e suas políticas na inclinação a favor do
opressor e da opressão, não conseguiram resolver nenhum dos problemas de suas
nações ou eliminar a injustiça contra eles mesmos ou contra outros.
Renderam-se
aos EUA. Nem por isso conseguiram impedir a demolição de uma única casa, que
fosse, de palestinos, num território que pertence aos palestinos. Políticos e
autoridades que se deixaram enganar por suborno ou intimidar pelas ameaças das
potências arrogantes e perderam a grande oportunidade do Despertar Islâmico têm
muito com que se preocupar, ante essa ameaça divina: “Não viram os que trocaram
o favor de Alá por ingratidão e empurraram o próprio povo, pela perdição, para o
inferno? Eles lá entrarão e aquele é mau lugar para viver” [Santo Corão, Sura
Ibrahim, Ayah 28-29].
O
quarto ponto é que hoje uma das coisas mais perigosas que ameaçam os movimentos
do Despertar Islâmico são os esforços para fomentar a discórdia e fazer,
daqueles movimentos, conflitos sectários, étnicos e nacionais sangrentos.
Hoje
esse é o complô no qual trabalham empenhadamente os serviços de inteligência
ocidentais e o sionismo, com a ajuda de petrodólares e políticos subornados, do
Leste da Ásia ao Norte da África, particularmente na região árabe. E o dinheiro
que poderia ter sido usado para trazer felicidade à humanidade está sendo usado
para ameaçar, excomungar, assassinar, bombardear, derramar sangue muçulmano e
fazer crescer o fogo de lutas que se arrastam por muito tempo.
Os que
consideram o poder unificado do Islã como obstáculo na via para alcançarem seus
objetivos do mal chegaram à conclusão de que soprar as chamas de conflitos e
disputas dentro da Ummah Islâmica é o caminho mais fácil para alcançar
seus objetivos satânicos. E usaram diferenças de opinião na jurisprudência
islâmica, kalaam, [3] história
e hadith [4] –
diferenças que são naturais e inevitáveis – como pretexto para excomungar,
matar, ferir e causar fitna
[5] e
corrupção.
Um
olhar atento sobre a cena de conflitos domésticos perceberá claramente as mãos
do inimigo por trás dessas tragédias. São mãos de falsidade e burla, que, sem
dúvida, tiram vantagem da ignorância, do preconceito e da superficialidade que
há em nossas sociedades; e jogam gasolina nas fogueiras. Quanto a isso, é enorme
e pesadíssima a responsabilidade de reformadores religiosos e políticos e de
personalidades de destaque.
Hoje,
a Líbia, o Egito e Tunísia, a Síria, o Paquistão, e Iraque e Líbano estão, de um
ou de outro modo, envolvidos ou expostos a essas chamas perigosas.
É
preciso ser extremamente cauteloso e buscar remédio. Seria ingenuidade pensar
que todas essas coisas devem-se a fatores ou motivos ideológicos e étnicos.
Campanhas
de propaganda do ocidente e da imprensa-empresa mercenária e dependente na
região insiste em repetir que a guerra que está destruindo a Síria seria
conflito xiitas versus sunitas; criaram uma cerca de proteção atrás da
qual se acocoram os sionistas e os inimigos da resistência na Síria e no Líbano.
Isso, quando se sabe que os lados em guerra na Síria não são
xiitas e sunitas: são os apoiadores e os que se opõem à resistência
antissionistas. Nem o governo sírio é governo xiita, nem a oposição anti-Islã,
secular, que luta contra o governo é grupo sunita.
A
única coisa que esses criadores de ardis e complôs e do atual cenário calamitoso
fizeram foi usar os sentimentos religiosos do povo mais simples para atear fogo
assassino à região. Basta examinar a cena e os envolvidos nela em diferentes
níveis, para entender claramente a questão e poder explicá-la a qualquer pessoa.
Também
no caso do Bahrain, essa onda de propaganda se espalha, distribuindo mentiras e
falsidades, mas de outro modo. No Bahrain, a maioria oprimida – privada do
direito de votar, além de outros direitos fundamentais de qualquer nação –
ergueram-se e exigem direitos que são deles. Por que inventar que seria conflito
xiita-sunita, que não é? A verdade é que no Bahrain a maioria oprimida é xiita;
e o governo opressor secular finge ser sunita. Claro que os colonialistas
europeus e norte-americanos e seus amigos na região querem fazer-crer que a
realidade seria o que não é. Mas por que não dizem a verdade?
Esses
são os temas que reclamam a atenção de intelectuais religiosos e reformadores
justos, sobre os quais devem pensar cuidadosamente, sentir a real
responsabilidade que lhes cabe e identificar com clareza os objetivos do inimigo
que tanto se empenha em acirrar diferenças sectárias, étnicas e partidárias.
Esse é dever de todos.
O
quinto ponto é que um dos padrões pelos quais avaliar se os movimentos do
Despertar Islâmico estão no caminho correto são as posições que adotarem na
questão da Palestina.
Faz
60 anos, sem parar, até hoje, a ocupação da Palestina é a maior e mais terrível
tragédia que se abateu sobre a Ummah Islâmica.
Desde
o primeiro dia, até hoje, a tragédia da Palestina é uma combinação de matança,
assassinatos, destruição, usurpação e transgressão contra tudo que é sagrado no
Islã.
A
necessidade de construir uma resistência contra esse inimigo belicista e
usurpador e combatê-lo sem trégua é dado sobre o qual há perfeito acordo, entre
todas as denominações islâmicas e todas as correntes políticas nacionais
saudáveis.
Grupo
ou corrente, em país islâmico, que descuide dessa responsabilidade religiosa,
política e nacional, por qualquer tipo de consideração ao que digam ou exijam os
EUA, ou sob o pretexto de “justificativas” irracionais, que não espere ser visto
como leal ao Islã ou sincero, em suas reivindicações nacionalistas.
É
um teste. Quem diga que não aceita a bandeira da libertação de Jerusalém, da
salvação da nação palestina e dos territórios palestinos, ou que desminta ou
traia essa bandeira, e dê as costas ao campo da Resistência, será condenado. A
Ummah Islâmica tem de manter em mente, com perfeita e fundamental
clareza, esse padrão, onde for e quando for.
Queridos
hóspedes, irmãos e irmãs, nunca percam de vista o ardil do inimigo. Cada vez que
nossa vigilância diminui, surgem oportunidades para nossos inimigos.
A
lição que Ali (que todas as bênçãos desçam sobre ele) nos ensina é que “quem
desleixa a própria causa, não conte com que o inimigo durma sobre essa
vantagem”. Quanto a isso, nossa experiência na Revolução Islâmica também é fonte
de lições.
Depois
da vitória da Revolução Islâmica no Irã, os arrogantes governos do ocidente e
dos EUA – que há muito tempo mantinham pleno controle sobre taghuts
iranianos e dedicavam-se a tentar determinar o destino político, econômico e
cultural de nosso país, mas subestimaram o enorme poder da fé islâmica em nossa
sociedade, e que não conhecem o poder do Islã e do Santo Corão para mobilizar
forças e guiá-las – perceberam, de repente, que não sabiam muito mais do que
sabiam. Então, suas organizações estatais, governamentais, serviços de
inteligência e salas de controle recomeçaram o serviço, tentando recuperar-se da
arrasadora derrota que haviam sofrido.
Vimos
uma variedade enorme de complôs e maquinações deles, ao longo dos últimos mais
de 30 anos. De fato, sempre houve dois fatores que sempre derrotaram os complôs,
ardis e maquinações deles: insistimos na defesa dos princípios islâmicos; e o
povo iraniano sempre esteve em cena. Esses dois fatores são chaves para os
problemas, por toda parte.
O
primeiro fator é garantido por sincera fé religiosa nas promessas divinas.
O
segundo fator é garantido por esforços sinceros e honesto trabalho de
esclarecimento e explicação.
Nação
que acredite na honestidade e sinceridade de seus líderes levará suas lutas
adiante, com entusiasmo; e onde e quando uma nação mantém-se em cena com sólida
determinação, nenhuma potência de fora terá capacidade para derrotá-la.
Essa
é uma experiência de sucesso, útil a todas as nações que viveram e vivem o
Despertar Islâmico.
Que
Alá o Misericordioso espalhe sua orientação, seu socorro e sua generosidade
sobre vocês e sobre todas as nações muçulmanas.
Que
as bênçãos de Alá estejam com vocês.
Notas
dos tradutores
[1]
“Na verdade, Qaru
(Korah) foi do povo de Moisés, mas agiu com arrogância contra o próprio
povo”.
[2]
Ijtihad
(Arabic اجتهاد) é termo técnico do Direito islâmico; descreve o
processo para tomar uma decisão legal mediante interpretação independente das
fontes legais, do Corão e da Sunnah. O antônimo de ijtihad é
taqlid, palavra em árabe para “imitação”. Quem aplica o ijtihad é
chamado mujtahid e, tradicionalmente, tinha de ser especialista em
Direito islâmico. É palavra derivada de uma raiz verbal do árabe, jahada-
(“luta”), a mesma raiz que aparece em jihad (mais sobre o conceito, em Ijtihad
, à falta de melhor fonte. Em
árabe na versão em ing. ).
[3]
As palavras Kalam e Qur’an [Corão] têm hoje significados próximos, mas na aplicação legal
original tinham significados diferentes. Usava-se Qur’an para o Livro
Sagrado, revelado por Alá a Maomé. E dizia-se Kalam para designar o
atributo fundante do Criador, traduzível por “Seu ‘discurso’”. Em árabe na
versão em ing.
[4]
Pode-se
ler sobre hadith.
Em árabe na versão em ing.
[5]
A palavra fitna
deriva de um verbo em árabe que significa “seduzir, tentar ou enganar”.
Há várias nuances de significado, todos referentes a “desordem”, “agitação”. Em árabe na versão em
ing.